segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Halloween - Aura Miguel
Aí está a invasão publicitária, como em todos os anos nesta época: abóboras, disfarces de bruxas, de fantasmas, de esqueletos, diabos e de morte. E com nomes sugestivos: “Filha das trevas”, “A morte branca”, “Emissário da morte”, “Fantasma do Inferno”.
Para as carteiras menos recheadas, também há forquilhas, cornos e caveiras luminosas e também perucas de lobisomen e dentes de vampiro. Basta entrar nos supermercados e centros comerciais e até mesmo nas lojas de bairro que adultos, crianças e jovens têm uma panóplia para celebrar o Halloween.
A festa das bruxas, que se celebra na noite de 31 de Outubro, coincide com a véspera de todos os santos. Todos os anos a Santa Sé alerta para o carácter pagão do Halloween que "tem um pano de fundo de ocultismo e é absolutamente anticristã" (L’Osservatore Romano). Alguns bispos na Europa alertam os pais para esta onda de paganismo e apresentam alternativas curiosas: as Holywins - que brinca com as palavras "Santo" e "Vencer" - lançada pela diocese de Paris para juntar os jovens e crianças na noite de 31 de Outubro.
Também os bispos do Reino Unido deixam um apelo para que as crianças se disfarcem de santos, em vez de bruxos e diabos, porque a palavra Halloween deriva da expressão inglesa “All Hallow’s Eve”, ou seja “Véspera de Todos os Santos”.
Que bom seria se os portugueses encontrassem alternativas para testemunhar a fé e a esperança cristã diante da morte, em vez de celebrarem o Dia das Bruxas.
Frase do dia
"O que será de nós, quando tivermos de comparecer com todas as acções que praticamos à presença de Deus no juízo final?"
S. Pio de Pietrelcina
S. Pio de Pietrelcina
domingo, 30 de outubro de 2011
Anti-histamínicos chineses feitos com pó de bebés abortados
Um documentário da cadeia de SBS TV, da Coreia do Sul, desvendou o esquema de empresas farmacêuticas chinesas para vender pílulas feitas com cinzas de bebês abortados como sendo anti-histamínicos. A equipa da SBS, segundo informa o jornal “International Business Times”, de San Francisco, mostrou que a verdade por trás da “pílula de bebé morto” é horrorosa e perturbadora.
Os hospitais e as clínicas abortistas estatais chinesas participam diretamente do macabro negócio, informando as empresas da morte de um bebê em decorrência de parto ou de aborto. As empresas então compram os corpos das crianças e os guardam no congelador de alguma família para não causar suspeita.
O passo seguinte consiste num processo realizado secretamente. Os corpos são colocados num secador hospitalar de microondas até serem reduzidos a um pó básico, o qual é colocado em cápsulas para serem vendidas como anti-histamínico, explicou a equipa da SBS.
A mesma equipa comprou cápsulas de bebé morto e mandou fazer testes de DNA ao seu conteúdo. Os resultados dos testes revelaram que o material encapsulado era humano numa proporção de 99,7%. Os testes também encontraram restos de cabelo e unhas, e até o sexo do bebé pôde ser identificado. in IPCO
Ajoelhar-se na Missa ajuda a vencer idolatria
O perito em liturgia e arte sacra, Monsenhor Marco Agostini, assegurou que ajoelhar-se na Missa é uma boa maneira de vencer a idolatria pois é uma resposta do homem à "Epifania de Cristo".
Mons. Agostini, oficial da segunda secção da secretaria de Estado e um dos mestres de cerimónia pontifícios, escreveu no jornal L'Osservatore Romano, que os formosos pavimentos de muitas igrejas antigas foram "feitos para os joelhos dos fiéis" como um "tapete perene de pedras" para a oração e a humildade.
"Hoje os genuflexórios desapareceram em muitas igrejas e se tende a remover os balaustres diante dos quais alguém podia se aproximar da comunhão de joelhos", sustenta o perito segundo uma tradução do texto divulgada pelo vaticanista Sandro Magister.
"Entretanto no Novo Testamento o gesto de ajoelhar-se apresenta cada vez que se apresenta a divindade de Cristo a alguém: pense-se por exemplo nos Magos, o cego de nascimento, a unção de Betânia, a Madalena no jardim na manhã de Páscoa", acrescenta Mons. Agostini.
O perito recorda que "Jesus mesmo disse a Satanás, que queria impor-lhe uma genuflexão enganosa, pois só a Deus se deve dobrar o joelho. Satanás pede ainda hoje que se escolha entre Deus ou o poder, Deus ou a riqueza, e trata ainda mais profundamente. Mas assim não se dará glória a Deus de maneira nenhuma; os joelhos se dobrarão para aqueles que o poder lhes favoreceu, para aqueles aos quais se tem o coração unido através de um acto".
"Voltar a ajoelhar-se na Missa é um bom exercício de aprendizagem para vencer a idolatria na vida, além de ser um dos modos da ‘actuosa participatio’ dos que fala o último Concílio. A prática é útil também para perceber a beleza dos pavimentos (ao menos dos antigos) de nossas igrejas. Frente a alguns dá vontade de tirar os sapatos como fez Moisés diante de Deus que lhe falava da sarça ardente", assinala.
Para Magister, "ajoelhar-se hoje – especialmente sobre o piso – caiu em desuso. Tanto é assim que suscita surpresa o desejo de Bento XVI de dar a comunhão aos fiéis na boca e de joelhos".
"Mas mais que de uma novidade, se trata de um retorno à tradição. As outras são o crucifixo ao centro do altar, ‘para que todos na missa olhem para Cristo e não para uns aos outros’, e o uso frequente do latim ‘para sublinhar a universalidade da fé e a continuidade da Igreja’", explica Magister.
O vaticanista sustenta que "perdeu-se de vista também o sentido da pavimentação das igrejas. Tradicionalmente muitas delas foram ornamentadas precisamente para servir de fundamento e guia à grandeza e profundidade dos mistérios celebrados".
"Hoje poucos são os que advertem que pavimentos tão formosos e preciosos são feitos também para os joelhos dos fiéis: um tapete de pedra sobre o qual prostrar-se diante do esplendor da epifania divina", acrescenta.
in ACI Digital
in ACI Digital
sábado, 29 de outubro de 2011
Papa Bento XVI em Assis
Existe, no mundo do agnosticismo em expansão, outra orientação de fundo: pessoas às quais não foi concedido o dom de poder crer e todavia procuram a verdade, estão à procura de Deus. Tais pessoas não se limitam a afirmar «Não existe nenhum Deus», mas elas sofrem devido à sua ausência e, procurando a verdade e o bem, estão, intimamente estão a caminho d’Ele. São «peregrinos da verdade, peregrinos da paz».
Colocam questões tanto a uma parte como à outra. Aos ateus combativos, tiram-lhes aquela falsa certeza com que pretendem saber que não existe um Deus, e convidam-nos a tornar-se, em lugar de polémicos, pessoas à procura, que não perdem a esperança de que a verdade exista e que nós podemos e devemos viver em função dela. Mas, tais pessoas chamam em causa também os membros das religiões, para que não considerem Deus como uma propriedade que de tal modo lhes pertence que se sintam autorizados à violência contra os demais.
Estas pessoas procuram a verdade, procuram o verdadeiro Deus, cuja imagem não raramente fica escondida nas religiões, devido ao modo como eventualmente são praticadas. Que os agnósticos não consigam encontrar a Deus depende também dos que crêem, com a sua imagem diminuída ou mesmo deturpada de Deus. Assim, a sua luta interior e o seu interrogar-se constituem para os que crêem também um apelo a purificarem a sua fé, para que Deus – o verdadeiro Deus – se torne acessível.
Discurso completo: Peregrinos da verdade, peregrinos da paz
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Irmã Dulce dormiu durante 30 anos numa cadeira
As curiosidades sobre a vida e obra de Irmã Dulce, agora Beata, são inúmeras. A religiosa, que não media esforços para ver os mais necessitados felizes, chegou a dormir durante 30 anos numa cadeira de madeira para cumprir uma promessa.
A penitência foi feita em agradecimento da recuperação da sua irmã Dulcinha, que, em 1955, teve uma gravidez de alto risco e poderia morrer. “Ela cumpriu essa promessa por 30 anos, com muita dificuldade porque tinha um enfisema pulmonar. Em 1985, os médicos convenceram-na de quebrar a penitência devido ao estado de saúde. Mas foi difícil, ela não queria”, partilhou o assessor de Memória e Cultura das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), Osvaldo Gouveia.
Segundo o assessor, que há 16 anos estuda a vida da religiosa, o 'Anjo bom da Bahia' dormia no máximo quatro horas por dia e costumava dizer que gostaria de não precisar descansar, pois assim teria mais tempo para ajudar os pobres. “Irmã Dulce vivia a radicalidade em todos os momentos. Fazia jejum, sacrifícios e passou também por muita humilhação, pois tinha um objectivo bem definido: entendia a humilhação como um crescimento espiritual”, completou.
A futura beata brasileira começou cedo a fazer caridade, precisamente aos 13 anos, depois de visitar uma favela no interior da capital baiana. Nos seus quase 78 anos de vida, dedicou todo seu tempo aos mais necessitados, exercendo a missão de “amar e servir”, que se tornou o lema de suas obras. Extremamente bem humorada, Irmã Dulce chegou a tocar acordeão e a cantar nas ruas de Salvador para arrecadar dinheiro.
“Irmã Dulce é a brasileira que eu conheço que mais venceu barreiras e quebrou paradigmas. Ela criou o bandejão, em 1950, para dar comida aos pobres; criou a rede de aleitamento materno; fundou cinemas. Era uma grande empreendedora!”, acrescentou Gouveia, que acredita que a maior virtude da religiosa seja a perseverança. in Canção Nova
Evitar a decadência - Aura Miguel
A decadência do homem contemporâneo foi ontem definida pelo Papa, em Assis: resulta da ausência e negação de Deus e realiza-se silenciosamente, de modo subtil e, por isso, perigoso. Gradualmente, o Homem, em vez de adorar a Deus, passa a adorar o dinheiro, o ter e o poder. Passa a sobrepor o interesse pessoal a tudo o resto, tornando-se cada vez mais violento. E assim se destrói a paz. E, ao destruir a paz, o Homem destrói-se a si mesmo.
É um terrível retrato, perante o qual nenhum de nós está imune, pois, mesmo que teoricamente nos afirmemos do lado de Deus, a Sua ausência no concreto da nossa vida é uma triste possibilidade. Como aqueles que dizem ter de uma religião, mas não praticam...Está, pois, nas nossas mãos evitar a nossa própria decadência!
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Frase do dia
“Patience is power. Patience is not an absence of action; rather it is 'timing' it waits on the right time to act, for the right principles and in the right way.”
Archbishop Fulton Sheen
A Igreja Católica e a SIDA - Luis María Ansón
Onde quer que haja um hospital dedicado à SIDA, tanto em África como na Ásia ou na América Latina, também na Europa, são monjas e padres católicos que estão à cabeceira da cama para atender os doentes. Por motivo de trabalho profissional, percorri mais de cem países. Leprosários em todo o mundo, recantos para idosos terminais, hospitais para doentes infecciosos, só há um e com missionárias e missionários católicos. Essa é a pura verdade. Nunca encontrei nesses lugares um só comunista militante, um desses manifestantes que vociferam contra a Igreja. Os missionários e missionárias permanecem à margem dos cartazes e dos discursos políticos.
Derramam o seu amor sobre os leprosos, os aidéticos, os doentes terminais, os idosos sem tecto, os desfavorecidos e desamparados. Mesmo assim, todos os profissionais do jornalismo, sabemos que quando ocorre uma tragédia do tipo das que ocorrem no terceiro mundo, encontraremos com certeza uma missionária ou um missionário espanhóis, que exercem seu ministério nos lugares mais miseráveis. Nunca falham, essa é a realidade. José Luis Rodríguez Zapatero, para dar uma lição à Igreja Católica, decidiu presentear a África com um milhão de preservativos pagos através dos impostos com que sangra os cidadãos espanhóis.
Quantos militantes do Partido Socialista Obrero Español - PSOE, encabeçados por Bibiana Aído, vai enviar para que sejam instalados durante dez anos nos hospitais especializados em SIDA, para que convivam com os doentes, os atendam, lhes dêem de comer, os higienizem, os acompanhem? O Papa instalou na África enferma, muitos milhares de monjas e padres, de missionários e missionárias. Obras são amor. Essa é a diferença entre os que vociferam e os que derramam carinho e atenções. Em janeiro de 1967, conheci Teresa de Calcutá, quando ainda não alcançara a celebridade.
Passei um dia com ela a visitar os seus hangares para doentes terminais. Escutei com atenção o que me dizia. Foi uma lição de quem sabia melhor que ninguém no que consiste as terras duras da fome, o mundo dos desfavorecidos profundos. Soube que estava a falar com uma santa. E assim o escrevi. Pois bem, no inferno africano, nas cidades esterqueiras da África, nos povoados de escombros da Ásia, nas favelas brasileiras ou nos paupérrimos povoados peruanos, trabalham para os mais pobres, para os mais desfavorecidos, milhares e milhares de teresitas de Calcuta.
O Papa crê que a melhor forma de combater a SIDA na África é a monogamia e a fidelidade. Não levou em conta que as africanas são maravilhosas e o difícil que é para os africanos - politeístas e polígamos , ante o espetáculo de tanta beleza e atracção, praticarem a virtude da monogamia. Entretanto, ironias à parte, os que combatem a SIDA em África são as missionárias, os missionários católicos. Ouvi numa transmissão de rádio, um simpático gay dizer muito mal do Papa e também contra a Igreja. Resolvi esclarecê-lo: “Dizem que a SIDA está especialmente expandida entre os homosexuais, mesmo que já afecte os heterosexuais. Certamente você nunca ficará doente. Mas tenha a certeza de que se ficar, quem o atenderá com amor e dedicação no hospital será uma monja católica”. Ficou calado e o simpático gay e os participantes da tertúlia se apressaram em mudar de tema.
Derramam o seu amor sobre os leprosos, os aidéticos, os doentes terminais, os idosos sem tecto, os desfavorecidos e desamparados. Mesmo assim, todos os profissionais do jornalismo, sabemos que quando ocorre uma tragédia do tipo das que ocorrem no terceiro mundo, encontraremos com certeza uma missionária ou um missionário espanhóis, que exercem seu ministério nos lugares mais miseráveis. Nunca falham, essa é a realidade. José Luis Rodríguez Zapatero, para dar uma lição à Igreja Católica, decidiu presentear a África com um milhão de preservativos pagos através dos impostos com que sangra os cidadãos espanhóis.
Quantos militantes do Partido Socialista Obrero Español - PSOE, encabeçados por Bibiana Aído, vai enviar para que sejam instalados durante dez anos nos hospitais especializados em SIDA, para que convivam com os doentes, os atendam, lhes dêem de comer, os higienizem, os acompanhem? O Papa instalou na África enferma, muitos milhares de monjas e padres, de missionários e missionárias. Obras são amor. Essa é a diferença entre os que vociferam e os que derramam carinho e atenções. Em janeiro de 1967, conheci Teresa de Calcutá, quando ainda não alcançara a celebridade.
Passei um dia com ela a visitar os seus hangares para doentes terminais. Escutei com atenção o que me dizia. Foi uma lição de quem sabia melhor que ninguém no que consiste as terras duras da fome, o mundo dos desfavorecidos profundos. Soube que estava a falar com uma santa. E assim o escrevi. Pois bem, no inferno africano, nas cidades esterqueiras da África, nos povoados de escombros da Ásia, nas favelas brasileiras ou nos paupérrimos povoados peruanos, trabalham para os mais pobres, para os mais desfavorecidos, milhares e milhares de teresitas de Calcuta.
O Papa crê que a melhor forma de combater a SIDA na África é a monogamia e a fidelidade. Não levou em conta que as africanas são maravilhosas e o difícil que é para os africanos - politeístas e polígamos , ante o espetáculo de tanta beleza e atracção, praticarem a virtude da monogamia. Entretanto, ironias à parte, os que combatem a SIDA em África são as missionárias, os missionários católicos. Ouvi numa transmissão de rádio, um simpático gay dizer muito mal do Papa e também contra a Igreja. Resolvi esclarecê-lo: “Dizem que a SIDA está especialmente expandida entre os homosexuais, mesmo que já afecte os heterosexuais. Certamente você nunca ficará doente. Mas tenha a certeza de que se ficar, quem o atenderá com amor e dedicação no hospital será uma monja católica”. Ficou calado e o simpático gay e os participantes da tertúlia se apressaram em mudar de tema.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Frase do dia
“Os cristãos nunca devem cair na tentação de se tornarem lobos com os lobos; não é com o poder, com a força, com a violência que se estende o reino de paz, de Cristo, mas sim com o dom de si, com o amor levado até ao extremos, mesmo em relação aos inimigos. Jesus não vence o mundo com a força das armas, mas com a força da Cruz, que é a verdadeira garantia da vitória."
Papa Bento XVI, hoje na Audiência Geral
Papa Bento XVI, hoje na Audiência Geral
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Carta a um filho sobre estes dias que correm - José M. Fernandes
Nasceste, como eu nasci, num país de cultura atávica. Num país onde se prefere a protecção do nepotismo ao risco da emancipação. Um país habituado à segurança, mesmo que na pobreza relativa. A revolução não nos mudou, apenas transformou tudo em direitos. Os empregos tinham de ser para a vida, de preferência empregos no Estado. Ninguém pôde tocar nas rendas antigas, pelo que a minha geração teve de ir á procura de casa própria e a tua… nem isso. Os despedimentos são tabu. Houve até quem assumisse “direitos” como a reforma aos 55 ou 56 anos.
Neste país não há profissões: há posições. Quem as ocupa chama-lhes suas, e barra os caminho a todos os competidores. Neste país não há feriados: há “pontes” e fins-de-semana alargados. Neste país detesta-se a avaliação: somos todos “bons” ou “muito bons”. Neste país fala-se muito dos jovens, mas não há oportunidades nem bons olhos para os mais novos.
Este é um trecho. O artigo completo pode ser lido aqui: Carta a um filho sobre estes dias que correm
Frase do dia
"Nunca se deite sem antes examinar a sua consciência sobre o dia que passou. Enderece todos os seus pensamentos a Deus, consagre-Lhe todo o seu ser e também todos os seus irmãos. Ofereça à glória de Deus o repouso que vai iniciar e não se esqueça do seu Anjo da Guarda, que está sempre consigo."
S. Pio de Pietrelcina
S. Pio de Pietrelcina
Porta Fidei - Carta de convocação do Ano da Fé
Nesta feliz ocorrência, pretendo convidar os Irmãos Bisposde todo o mundo para que se unam ao Sucessor de Pedro, no tempo de graça espiritual que o Senhor nos oferece, a fim de comemorar o dom precioso da fé. Queremos celebrar este Ano de forma digna e fecunda. (n.8)
Desejamos que este Ano suscite, em cada crente, o anseio de confessar a fé plenamente e com renovada convicção, com confiança e esperança.. (n.9)
Queria agora delinear um percurso que ajude a compreender de maneira mais profunda os conteúdos da fé e, juntamente com eles, também o acto pelo qual decidimos, com plena liberdade, entregar-nos totalmente a Deus. (n. 10)
Para chegar a um conhecimento sistemático da fé, todos podem encontrar um subsídio precioso e indispensável no Catecismo da Igreja Católica. Este constitui um dos frutos mais importantes do Concílio Vaticano II. (n. 11)
Assim, no Ano em questão, o Catecismo da Igreja Católica poderá ser um verdadeiro instrumento de apoio da fé, sobretudo para quantos têm a peito a formação dos cristãos, tão determinante no nosso contexto cultural. (n 12)
A Carta Apostólica está aqui: Porta Fidei
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
A vergonha - João César das Neves
Cada época vive valores que considera supremos, descurando os complementares. A França da revolução dedicou-se à liberdade e igualdade, cometendo atrocidades em seu nome, como os imperialistas de Oitocentos deixaram o amor pela glória e honra cair na opressão. As gerações seguintes costumam condenar as tristes consequências das omissões, esquecendo a grandiosidade dos objectivos.
Uma sociedade deve sempre envergonhar-se de tudo o que faz de mal, mesmo se o sacrificou a belos ideais. A pior vergonha cultural não está, porém, nos crimes cometidos em nomes de grandes princípios. A degradação máxima é ser infiel àquilo mesmo que se erigiu como supremo. Robespierre, que assassinou centenas em nome da liberdade, é menos vil que Napoleão, que assassinou a liberdade em nome da liberdade. A maior baixeza é trair o próprio ideal.
A geração actual é herdeira de outras que cometeram terríveis violações dos direitos humanos. A nossa marca de dignidade é ter proclamado esses princípios como referência fundamental. Os futuros certamente terão muito a criticar-nos, como nós o fazemos aos antigos, mas nunca nos poderão tirar a glória dos largos esforços em prol da dignidade, liberdade e realização pessoal de todos os seres humanos. Este é o padrão por que queremos ser julgados, a referência que tomámos como guia.
É verdade que, apesar disso, na era dos direitos humanos permanecem muitas e graves violações. Todas são de lamentar, mas as mais infames são cometidas pelos que juram seguir esses ideais. Os terríveis abusos de Kadhafi, Mugabe e Chávez envergonham menos esta geração que as atrocidades de Guantánamo, defendidas por George W. Bush em nome da lei. Os primeiros atacam os direitos, enquanto o segundo os manipula dizendo defendê-los.
Nem estes casos isolados são os piores. A maior traição, a vergonha máxima seria uma sociedade que, defendendo um princípio sagrado, viesse a aceitar toda ela uma clara violação de tal valor por puro interesse. A situação mais ignóbil seria uma cultura que hipocritamente aceitasse, aberta e assumidamente, a institucionalização daquilo mesmo que jura repudiar, só porque dá jeito. Não é fácil encontrar situações dessas, mas o nosso tempo conseguiu-o. Existem seres humanos correntemente privados por lei dos seus mais elementares direitos, perante a passividade geral e o aplauso de alguns.
Ninguém pode duvidar de que um embrião constitui uma vida humana. E ela pode ser legalmente assassinada. Qualquer que seja o prisma de onde se aborde, o aborto é matar uma pessoa em gestação, violação gravíssima do direito supremo à vida. Alguém que, segundo o Código Civil pode ser perfilhado (arts. 1847.º, 1854.º e 1855.º), receber doações (952.º) e heranças (2033.º), mas a quem não se respeita a mais elementar defesa, e cuja morte é subsidiada pelo Estado. Simplesmente porque essa vida é inconveniente. Aplicada a qualquer outra, tais raciocínios levantariam objecções enfurecidas em nome dos valores actuais. Indignamo-nos pelo menor atropelo à dignidade de alguém, mas isto aceitamos sem problemas.
É verdade que tal incongruência tem razões ponderosas. Neste caso, a sociedade foi apanhada num terrível conflito de referências básicas. Dentro dos direitos humanos, o nosso tempo apregoa acima de tudo a liberdade pessoal. Somos visceralmente contra qualquer limite e opressão. Orgulhamo-nos de combater as tiranias político-económicas, mas existe outra que, sendo de foro íntimo, gostamos ainda mais de desafiar. O império do pudor e decência é muito forte; daí o axioma básico que no campo sexual deve vigorar a mais completa liberdade. Todos os comportamentos voluntários são admissíveis, e até equivalentes, em nome da sagrada liberdade erótica.
O drama surge quando esse ideal choca com os direitos básicos de alguém, que para mais não tem voz nem voto. Nesse confronto, o nosso tempo já fez a escolha. Perdeu o direito à vida. Temos toneladas de elaborações retóricas para justificar a injúria. É precisamente por isso que esta é a nossa maior vergonha.
domingo, 23 de outubro de 2011
sábado, 22 de outubro de 2011
Dia do Beato João Paulo II - Homilia da Missa de início de pontificado
Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo! (Mt. 16, 16).
Estas palavras foram pronunciadas por Simão, filho de Jonas, na região de Cesareia de Filipe. Sim, ele exprimiu-as na sua própria língua, com uma profunda, vivida e sentida convicção; mas elas não tiveram nele a sua fonte, a sua nascente: .., porque não foram a carne nem o sangue quem to revelaram, mas o Meu Pai que está nos céus (Mt. 16, 17). Tais palavras eram palavras de Fé.
Elas assinalam o início da missão de Pedro na história da Salvação, na história do Povo de Deus. E a partir de então, de uma tal confissão de Fé, a história sagrada da Salvação e do Povo de Deus devia adquirir uma nova dimensão: exprimir-se na caminhada histórica da Igreja. Esta dimensão eclesial da história do Povo de Deus tem as suas origens, nasce efectivamente dessas palavras de Fé e está vinculada ao homem que as pronunciou, Pedro: Tu és Pedro — rocha, pedra — e sobre ti, como sobre uma pedra, Eu edificarei a Minha Igreja (Cfr. Mt. 16, 18). Hoje e neste lugar é necessário que novamente sejam pronunciadas e ouvidas as mesmas palavras: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo! Sim, Irmãos e Filhos, antes de mais nada estas palavras.
O seu conteúdo desvela aos nossos olhos o mistério de Deus vivo, aquele mistério que o Filho veio colocar mais perto de nós. Ninguém como Ele, de facto, tornou o Deus vivo assim próximo dos homens e ninguém O revelou como o fez só Ele mesmo. No nosso conhecimento de Deus, no nosso caminhar para Deus, estamos totalmente dependentes do poder destas palavras: Quem me vê a Mim, vê também o Pai (Jo. 14, 9). Aquele que é infinito, imperscrutável e inefável veio para junto de nós em Jesus Cristo, o Filho unigénito, nascido de Maria Virgem no presépio de Belém. O vós, todos os que já tendes a dita inestimável de crer; vós, todos os que ainda andais a buscar a Deus; e vós também, os atormentados pela dúvida:
— procurai acolher uma vez mais — hoje e neste local sagrado — as palavras pronunciadas por Simão Pedro. Naquelas mesmas palavras está a fé da Igreja; em tais palavras, ainda, encontra-se a verdade nova, ou melhor, a última e definitiva verdade — sobre o homem: o filho de Deus vivo. — Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo!
Hoje o novo Bispo de Roma inicia solenemente o seu ministério e a missão de Pedro. Nesta Cidade, de facto, Pedro desempenhou e realizou a missão que lhe foi confiada pelo Senhor. Alguma vez, o mesmo Senhor dirigiu-se a ele e disse-lhe: Quando eras mais jovem, tu próprio te cingias e andavas por onde querias; mas quando fores velho, estenderás as mãos e outro cingir-te-á e levar-te-á para onde tu não queres (Jo. 21, 18).
Pedro, depois, veio para Roma! E o que foi que o guiou e o conduziu para esta Urbe, o coração do Império Romano, senão a obediência à inspiração recebida do Senhor? — Talvez aquele pescador da Galileia não tivesse tido nunca vontade de vir até aqui; teria preferido, quiçá, permanecer lá onde estava, nas margens do lago de Genesaré, com a sua barca e com as suas redes. Mas, guiado pelo Senhor e obediente à sua inspiração, chegou até aqui.
Segundo uma antiga tradição (e, qual foi objecto de uma expressão literária magnífica num romance de Henryk Sienkiewicz), durante a perseguição de Nero, Pedro teria tido vontade de deixar Roma. Mas o Senhor interveio e teria vindo ao encontro dele. Pedro, então, dirigindo-se ao mesmo Senhor perguntou: "Quo vadis Domine? — Onde ides, Senhor?". E o Senhor imediatamente lhe respondeu: "Vou para Roma, para ser crucificado pela segunda vez". Pedro voltou então para Roma e aí permaneceu até à sua crucifixão.
Sim, Irmãos e Filhos, Roma é a Sede de Pedro. No decorrer dos séculos sucederam-se nesta Sede sempre novos Bispos. E hoje um outro novo Bispo sobe à Cátedra de Pedro, um Bispo cheio de trepidação e consciente da sua indignidade. E como não havia ele de trepidar perante a grandeza de tal chamamento e perante a missão universal desta Sede Romana?
Depois, passou a ocupar hoje a Sé de Pedro em Roma um Bispo que não é romano, um Bispo que é filho da Polónia. Mas, a partir deste momento também ele se torna romano. Sim, romano! Até porque é filho de uma nação cuja história, desde os seus alvores, e cujas tradições milenárias estão marcadas por um ligame vivo, forte, jamais interrompido, sentido e vivido com a Sé de Pedro, de uma nação que a esta mesma Sé de Roma permaneceu sempre fiel. Oh, como é insondável o desígnio da Divina Providência!
Nos séculos passados, quando o Sucessor de Pedro tomava posse da sua Sede, era colocado sobre a sua cabeça o símbolo do trirregno, a tiara papal. O último a ser assim coroado foi o Papa Paulo VI em 1963, o qual, porém, após o rito solene da coroação, nunca mais usou esse símbolo do trirregno, deixando aos seus sucessores a liberdade para decidirem a tal respeito.
O Papa João Paulo I, cuja memória está ainda tão viva nos nossos corações, houve por bem não querer o trirregno; e hoje igualmente o declina o seu Sucessor. Efectivamente, não é o tempo em que vivemos tempo para se retornar a um rito e àquilo que, talvez injustamente, foi considerado como símbolo do poder temporal dos Papas. O nosso tempo convida-nos, impele-nos e obriga-nos a olhar para o Senhor e a imergir-nos numa humilde e devota meditação do mistério cio supremo poder do mesmo Cristo.
Aquele que nasceu da Virgem Maria, o filho do carpinteiro — como se considerava —, o Filho de Deus vivo — confessado por Pedro — veio para fazer de todos nós um reino de sacerdotes (Cfr. Ex. 19, 6).
O II Concílio do Vaticano recordou-nos o mistério de um tal poder e o facto de que a missão de Cristo — Sacerdote, Profeta, Mestre e Rei — continua na Igreja. Todos, todo o Povo de Deus é participe desta tríplice missão. E talvez que no passado se pusesse sobre a cabeça do Papa o trirregno, aquela tríplice coroa, para exprimir, mediante tal símbolo, o desígnio do Senhor sobre a sua Igreja; ou seja, que toda a ordem hierárquica da Igreja de Cristo, todo o seu "sagrado poder" que nela é exercitado mais não é do que o serviço, aquele serviço que tem como finalidade uma só coisa: que todo o Povo de Deus seja participe daquela tríplice missão de Cristo e que permaneça sempre sob a soberania do Senhor, a qual não tem as suas origens nas potências deste mundo, mas sim no Pai celeste e no mistério da Cruz e da Ressurreição.
O poder absoluto e ao mesmo tempo doce e suave do Senhor corresponde a quanto é o mais — profundo do homem, às suas mais elevadas aspirações da inteligência, da vontade e do coração. Esse poder não fala com a linguagem da força, mas exprime-se na caridade e na verdade. O novo Sucessor de Pedro na Sé de Roma, neste dia, eleva uma prece ardente, humilde e confiante: O Cristo! Fazei com que eu possa tornar-me e ser sempre servidor do Vosso único poder! Servidor do Vosso suave poder! Servidor do vosso poder que não conhece ocaso! Fazei com que eu possa ser um servo! Mais ainda: servo dos Vossos servos.
Irmãos e Irmãs: não tenhais medo de acolher Cristo e de aceitar o Seu poder! E ajudai o Papa e todos aqueles que querem servir a Cristo e, com o poder de Cristo, servir o homem e a humanidade inteira! Não, não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo! Ao Seu poder salvador abri os confins dos Estados, os sistemas económicos assim como os políticos, os vastos campos de cultura, de civilização e de progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem "o que é que está dentro do homem". Somente Ele o sabe!
Hoje em dia muito frequentemente o homem não sabe o que traz no interior de si mesmo, no profundo do seu ânimo e do seu coração, muito frequentemente se encontra incerto acerca do sentido da sua vida sobre esta terra. E sucede que é invadido pela dúvida que se transmuta em desespero. Permiti, pois — peço-vos e vo-lo imploro com humildade e com confiança — permiti a Cristo falar ao homem. Somente Ele tem palavras de vida; sim, de vida eterna.
Precisamente neste dia, a Igreja inteira celebra o seu "Dia Missionário Mundial"; ou seja, reza, medita e age a fim de que as palavras de vida de Cristo possam chegar a todos os homens e por eles sejam. acolhidas como mensagem de salvação, de esperança e de libertação total.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Comemorar, sem medo! - Aura Miguel
Pela primeira vez, amanhã, a Igreja assinala a festa do beato João Paulo II. A data escolhida tem a ver com o início oficial do seu Pontificado. De facto, a 22 de Outubro de 1978, o mundo ficou suspenso quando o primeiro Papa polaco da História nos pediu para não termos medo de acolher Cristo e aceitar o seu poder. Ora aí está uma boa sugestão para comemorar, amanhã, esta festa em sua honra: escancarar, sem medo, as portas a Cristo!
Peçamos-lhe ajuda para Portugal e os portugueses, para a própria Europa e os outros continentes, para que o poder salvador de Cristo penetre os sistemas económicos e políticos, os vastos campos da cultura, da civilização e progresso. Peçamos-lhe, também, por nós, para não termos medo de abrir o coração a Cristo – única resposta plena ao desejo do Homem. Tenho a certeza que, no dia da sua festa, o beato João Paulo II estará super-disponível para acolher os nossos pedidos.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
A imodéstia: o que tem de imprudente e ofensivo - Charles Pope
Um polícia de Toronto terá observado que «As mulheres podiam evitar ser violadas se não andassem vestidas como se fossem prostitutas».
O comentário suscitou protestos por parte de mulheres que organizaram aquilo a que elas próprias chamam «Slut Walks» [em Portugal «Marcha das Galdérias»], durante as quais se apresentam vestidas de forma provocatória e ostentam cartazes condenando a atitude do polícia, que acusam de transferir para a vítima a responsabilidade pelo crime. Mas a reacção passou para o extremo oposto, salientando que as mulheres não têm nada que ter em consideração a maneira como se vestem e o efeito que isso tem nos outros.
Um problema central. [Num debate televisivo] uma das intervenientes mulheres observou: «Quando se veste de forma provocatória, uma mulher está a pedir que olhem para ela como objecto sexual, e não como uma mulher digna de respeito.» Ao que a outra mulher responde: «E qual é o mal de ser um objecto sexual?», uma resposta que põe o dedo na ferida relativamente a muitos dos nossos contemporâneos.
Algumas jovens parecem não fazer a mínima ideia. Dito isto, cheguei à conclusão, depois de conversar com várias mulheres sobre a questão da modéstia, de que muitas delas (em especial as jovens) não têm ideia nenhuma do efeito que provocam nos homens. E confirmei esta impressão assistindo a debates com as adolescentes da catequese, em que reparei que muitas raparigas ainda não perceberam o que está em jogo. Quando uma mulher lhes pergunta: «Porque é que te vestes dessa maneira (provocatória)?», elas respondem quase sempre: «Não sei; é…tipo… tá a ver… confortável! É tipo… cool!»
É possível que algumas não estejam a ser sinceras, e que saibam perfeitamente porque se vestem daquela maneira, mas não duvido de que, até certo ponto, há em tudo aquilo uma inocência que tem de ser formada. Lembro-me de ter lido, aqui há uns anos, uma passagem notável de Wild at Heart, de John Eldridge, que descodificava uma realidade de que me tenho apercebido mesmo nas raparigas mais jovens: «Em última análise, todas as mulheres desejam ter uma beleza a revelar. A maioria das mulheres sente, desde muito cedo, a pressão de ser bela, mas não é a isso que me refiro.
Há também um desejo profundo de ser simples e verdadeiramente bela, e de gostar de o ser. A maior parte recordar-se-á de ter brincado aos vestidos, ao dia do casamento, de ter feito rodopiar o vestido no tempo em que as saias tinham roda e era uma maravilha fazê-las rodopiar: as pequenitas vestiam aqueles vestidos, vinham até à sala de estar e faziam-nos rodopiar.
Aquilo que uma mulher deseja é recuperar o encantamento com que o pai olhava para ela. A minha mulher lembra-se perfeitamente de a porem em cima da mesa de centro da sala, tinha ela uns cinco ou seis anos, a cantar a plenos pulmões. Estão a olhar para mim?, pergunta esta miúda. E gostam do que vêem?» (Kindle edition Loc 367-83).
Talvez seja esta inocência que teve maus resultados, porque não foi dominada; talvez seja por isso que algumas jovens são imodestas no vestir. E depois, muitas delas continuam a sê-lo quando chegam à idade adulta. Mas, mesmo que as suas intenções sejam inocentes, não nos custa nada explicar-lhes que nem toda a gente olha para elas com a mesma inocência e, mais ainda, que há quem se sinta profundamente perturbado pela tentação que ela suscita, em especial quando estas pequenitas já não são nada pequenitas, mas jovens vivazes.
Frase do dia
"Todo o espaço de uma existência é pouco para alargar as fronteiras da tua caridade. Desde os primeiríssimos começos do Opus Dei, manifestei o meu grande empenho em repetir sem cessar, para as almas generosas que se decidam a traduzi-lo em obras, aquele grito de Cristo: nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros. Conhecer-nos-ão precisamente por isso, porque a caridade é o ponto de arranque de qualquer actividade de um cristão."
S. Josemaria Escrivá
S. Josemaria Escrivá
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Não há uma Igreja pré e outra pós-concílio - Cardeal Piacenza
O Prefeito para a Congregação do Clero afirma que o Segundo Concílio Vaticano deve ser lido à luz dos textos que produziu e não de um qualquer “espírito”. O Cardeal Mauro Piacenza, prefeito para a Congregação do Clero, afirmou anteontem que não se pode distinguir a Igreja antes do Segundo Concílio Vaticano da Igreja pós-conciliar.
“Não pode haver, nem poderia, uma Igreja pré-conciliar e outra pós-conciliar. Se assim fosse a segunda, a nossa, seria histórica e teologicamente ilegítima!”, afirmou Piacenza num discurso feito no seminário de Los Angeles, nos EUA.
O Cardeal atacou também a noção de que existe um “espírito” do Concílio que justifique a adopção de reformas ou ideias que não estão presentes nos seus textos: “Não existe um Vaticano II diferente daquele que produziu os textos que temos hoje. É nesses textos que encontramos a vontade de Deus para a sua Igreja e a eles nos devemos referir, acompanhados de dois mil anos de tradição e vida cristã”.
Aos seminaristas, a quem se dirigia, Piacenza afirmou que talvez eles fossem os primeiros a conseguir fazer uma verdadeira interpretação dos textos conciliares: “A vossa será provavelmente a primeira geração a fazer uma correcta interpretação do Segundo Concílio Vaticano, não de acordo com o 'espírito' do Concílio, que trouxe tanta desorientação à Igreja, mas de acordo com aquilo que o evento disse mesmo, nos seus textos à Igreja e ao mundo”.
Enquanto prefeito para a Congregação do Clero, o cardeal Mauro Piacenza é responsável por todos os assuntos que dizem respeito a padres e diáconos diocesanos. Os bispos têm a sua própria congregação. Piacenza foi nomeado em 2010 por Bento XVI e estas suas palavras reflectem fielmente as linhas orientadoras que o Papa tem aplicado à Igreja.
Em 2005, num discurso à Curia Romana, o Papa falou da necessidade de ver a Igreja antes e depois do concílio não numa lógica de ruptura, mas de uma “hermenêutica de continuidade”. Foi nessa lógica que Bento XVI publicou o motu proprio Summorum Pontificum a liberalizar a celebração da missa pelo rito tridentino.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Parabéns ao Spe Deus pelos 5 anos de existência
Guiado pelo Espírito Santo pedi ajuda, por e-mail imaginem, ao Opus Dei, para me reencaminhar, me ajudar a reaprender a fé, retomar actos de devoção e gratidão, combater a soberba, ser um transmissor da esperança, amar o Senhor e o próximo, enfim para lutar por ser um bom cristão.
Tendo-me declarado previamente aquilo que era e ainda sou, um pecador, receberam-me de braços abertos, com paciência, amor e foram-me guiando. Desde então frequento assiduamente os meios de formação que disponibilizam e só tenho que dar graças a Nosso Senhor pelo Caminho que me mostrou.
Não sou um fiel da Prelatura do Opus Dei, mas apenas alguém, como muitos outros, que usufrui dos excelentes e sólidos meios de formação que a Obra disponibiliza mensalmente a quem o desejar, e recorro com muita frequência à boa palavra e conselho dos leigos e sacerdotes fiéis do Opus Dei.
Este blogue se existe, deve-se a um sacerdote da Obra, que sem me dizer o quê, me motivou a dar mais, e mais tarde a um outro sacerdote, este quando o blogue já existia, incentivando-me a ter uma maior intervenção pessoal; jamais alguém tentou interferir nas minhas opções editoriais e as únicas correcções que têm sido feitas são ortográficas.
Aqueles de vós que acompanham o ‘Spe Deus’ há já algum tempo, sabeis bem, que tenho cometido erros, dos quais sempre que me apercebo procuro com humildade pedir perdão ao Senhor e aos visados. O meu coração hoje está pleno de alegria e gratidão, desde logo ao Senhor, mas também aos tantos e bons amigos que Ele me ofereceu nos últimos cinco anos. Obrigado meu Senhor e meu Deus pelas infinitas bênçãos e graças que me tens concedido ao longo da vida! JPR (http://spedeus.blogspot.com/)
Frase do dia
"Drinking beer is easy. Trashing your hotel room is easy. But being a Christian, that's a tough call. That's real rebellion!"
Alice Cooper
Livres em Deus - Aura Miguel
O poder deste mundo odeia a religiosidade. E porquê? Porque tudo o que dá glória a Deus incomoda quem tem pretensões de dominar a vida dos outros.
A razão é óbvia: é que a raiz da verdadeira liberdade dos homens está na ligação ao Absoluto, ao Mistério de Deus que define o rosto, a memória e identidade daqueles que O seguem. Por isso, o poder tenta arrancar da nossa vida essa raiz, tenta cortar Deus da nossa consciência, especialmente, quando a dimensão religiosa está ligada à nossa História.
O alerta do Arcebispo de Moscovo em Fátima, não se aplica só aos russos, nem perdeu actualidade: também nós, hoje, quanto mais enraizados em Deus estivermos mais livres seremos em tudo na vida. Até mesmo para ir contra-corrente, se for caso disso.
domingo, 16 de outubro de 2011
Oração pelos amigos - Pe. José Tolentino de Mendonça
Obrigado, Senhor, pelos amigos que nos deste. Os amigos que nos fazem sentir amados sem porquê. Que têm o jeito especial de nos fazer sorrir. Que sabem tudo de nós, perguntando pouco. Que conhecem o segredo das pequenas coisas que nos deixam felizes. Obrigado, Senhor, por essas e esses, sem os quais, caminhar pela vida não seria o mesmo. Que nos aguentam quando o mundo parece um sítio incerto. Que nos incitam à coragem só com a sua presença. Que nos surpreendem, de propósito, porque acham mal tanta rotina. Que nos dão a ver um outro lado das coisas, um lado fantástico, diga-se.
Obrigado pelos amigos incondicionais. Que discordam de nós permanecendo connosco. Que esperam o tempo que for preciso. Que perdoam antes das desculpas. Essas e esses são os irmãos que escolhemos. Os que colocas a nosso lado para nos devolverem a luz aérea da alegria. Os que trazem, até nós, o imprevisível do teu coração, Senhor.
sábado, 15 de outubro de 2011
Que nunca deixe de praticar a caridade - S. Josemaria Escrivá
Não é compatível amar a Deus com perfeição e deixar-se dominar pelo egoísmo – ou pela apatia – na relação com o próximo. (Sulco, 745)
A verdadeira amizade implica também um esforço cordial por compreender as convicções dos nossos amigos, mesmo que não cheguemos a partilhá-las nem a aceitá-las. (Sulco, 746)
Nunca permitas que a erva ruim cresça no caminho da amizade: sê leal. (Sulco, 747)
Um propósito firme na amizade: que no meu pensamento, nas minhas palavras, nas minhas obras para com o próximo – seja ele quem for –, não me comporte como até agora, quer dizer, nunca deixe de praticar a caridade, nunca dê entrada na minha alma à indiferença. (Sulco, 748)
A tua caridade deve ser adequada, ajustada, às necessidades dos outros...; não às tuas. (Sulco, 749)
Filhos de Deus! Uma condição que nos transforma em algo mais transcendente do que em simples pessoas que se suportam mutuamente... Escuta o Senhor: "Vos autem dixi amicos!" – somos seus amigos, que, como Ele, dão gostosamente a vida pelos outros, tanto nas horas heróicas como na convivência corrente. (Sulco, 750)
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Como (até) um repórter pode encontrar a fé
Li com atenção o relato de Tom Breen, jornalista que agora trabalha na Associated Press¸ sobre o surpreendente efeito que teve na sua vida a cobertura de notícias relacionadas com os abusos sexuais cometidos por alguns sacerdotes. Foi o trabalhar essas notícias que o levaria a aproximar-se da fé católica, em que fora baptizado mas que deixara de praticar.
O facto é que quando o redactor-chefe do diário em que então trabalhava o incumbiu de seguir essas notícias, respeitantes à zona de Boston, Breen tomou consciência de que "não sabia nada sobre o catolicismo". Confessa que para evitar cair no ridículo (ele e o jornal), resolveu agir com profissionalismo: informar-se, aprender, ler, perguntar... Dessa maneira veio a descobrir um âmbito profissional e pessoal até então desconhecido. "Aprendi tudo o que era possível sobre a fé, para ter a certeza de que as minhas histórias eram correctas, e esta aprendizagem convenceu-me de que era aí que estava a verdade".
É curioso o comentário que fez um dos seus chefes a propósito da cobertura da religião na imprensa: "compara a quantidade de recursos que a imprensa gasta na cobertura das eleições primárias [nos EUA] com o número de votantes nessas eleições. E agora compara os recursos que se gastam em cobrir religião com o número de pessoas que assiste semanalmente a um serviço religioso".
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Senhora Pobreza - Um companheiro de S. Francisco de Assis
Ó Senhora Pobreza, o filho do Pai soberano enamorou-Se da tua formosura (Sb 8,2) [...], sabendo que serias a mais fiel das companheiras. Antes de Ele ter descido da Sua pátria luminosa, foste tu quem lhe preparou um lugar conveniente, um trono onde Se sentar, um leito onde descansar: a paupérrima Virgem, de quem nasceu. Desde o Seu nascimento estiveste à Sua cabeceira; deitaram-nO «numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria» (Lc 2,7). E tu acompanhaste-O sempre, enquanto Ele esteve na terra: «as raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça». Quando começou a ensinar, depois de ter deixado os profetas falarem em Seu nome, foi a ti quem primeiro Ele elogiou: «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu!» (Mt 5,3).
Depois, ao escolher alguns amigos como Suas testemunhas para a salvação da humanidade, não foi por comerciantes ricos que optou, mas por modestos pescadores, para a todos mostrar o quanto a estima que te tem, Senhora Pobreza, devia gerar amor por ti. Por fim, como se fosse necessária uma prova gloriosa e definitiva do teu valor, da tua nobreza, da tua coragem e da tua proeminência sobre as outras virtudes, foste a única a manter-te ligada ao Rei da glória, enquanto os amigos escolhidos o abandonaram.
Companheira fiel, terna amante, nem por um instante O deixaste; a Ele cada vez mais ligada ficaste, à medida que O vias mais e mais universalmente desprezado [...]. Foste tu a única a consolá-lO. Não O deixaste até à morte, «e morte de cruz» (Fl 2,8), nu, com os braços abertos em esforço, com as mãos e os pés trespassados por pregos [...], de tal forma que nada mais Lhe restava para mostrar da Sua glória para além de ti.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Soluções para a "crise" da Igreja em Portugal - D.Manuel Clemente
«Divórcio entre fé e vida» e «autenticidade de muitos cristãos comprometidos» encabeçam «sombras» e «luzes» enunciados pelo bispo do Porto
O bispo do Porto considera que há 19 “pontos críticos” da Igreja Católica em Portugal, a começar pelo “divórcio entre fé e vida”, a perda do “ardor evangelizador” e a “falência” dos modelos de iniciação cristã.
A lista pessoal, baseada num documento de trabalho da Conferência Episcopal com vista à renovação da ação pastoral da Igreja em Portugal, foi apresentada por D. Manuel Clemente a 31 de agosto em Fátima, durante a 34.ª Semana Bíblica Nacional.
“A não concretização duma Igreja onde todos tenham uma missão insubstituível a desempenhar”, a “falta de alegria, entusiasmo e esperança” e as “celebrações distantes da vida”, acompanhadas por “homilias extensas e tristes”, constituem os três problemas seguintes.
O elenco das “sombras” inclui uma “Igreja envelhecida, muito clerical e sacramentalista”, onde “diminui a prática e os jovens se afastam”, prosseguindo com a referência ao “individualismo nas expressões da fé, sem responsabilização”.
D. Manuel Clemente salienta as dificuldades de comunicação da Igreja, causadas por uma “linguagem hermética” e “ausência” nos novos media, e constata “a desagregação do ambiente familiar”, com a consequente perda do seu papel na transmissão da mensagem cristã.
Além do enfraquecimento “do sentido do Domingo”, o responsável pela pasta da cultura e comunicações sociais dos bispos de Portugal menciona a falta de consagrados e agentes pastorais, a “fé tradicionalista e pouco esclarecida”, o “esquecimento da Doutrina Social da Igreja” e as “romarias meramente turísticas”.
A “autenticidade de muitos cristãos comprometidos” no mundo e na Igreja, a “redescoberta” da Bíblia e “a valorização de momentos de verdadeiro encontro orante e sacramental com Cristo” encabeçam as 20 “luzes de esperança”.
O historiador destaca seguidamente “a maior atenção aos sinais dos tempos e ao diálogo com o mundo”, a “procura de pontes de diálogo com a cultura” e “o esforço de adaptação às novas linguagens e tecnologias da comunicação social”.
Depois de ressaltar os eventos de “grande vitalidade”, como a visita do Papa Bento XVI a Portugal e as Jornadas Mundiais da Juventude, D. Manuel Clemente releva “a partilha e a solidariedade manifestadas por pessoas e instituições eclesiais, bem como a grande rede de ação social da Igreja”.
O Prémio Pessoa 2009 realça também a existência de “órgãos de colegialidade e participação”, “a presença de sinais de Deus no mundo secularizado, como os santos, os mártires ou a mensagem de Fátima” e o “número crescente dos participantes em peregrinações e outras manifestações de religiosidade popular”.
Entre as 25 sugestões indicadas no documento de trabalho incluem-se “dar visibilidade ao testemunho cristão”, “fazer da caridade a prioridade” dos programas pastorais, ceder “precedência à intimidade com Deus” e formar para “problemáticas” como crentes “divorciados, recasados, em união de facto e outras situações irregulares”.
A Igreja deve igualmente “apostar na evangelização dos novos bairros e urbanizações, das grandes superfícies, das minorias e dos mais pobres”, publicar documentos “simples, breves, espaçados, atuais e voltados para as realidades concretas das pessoas” e pensar num plano evangelizador “de 3 ou 5 anos, para todas as dioceses”.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Frase do dia
“Quero um laicado não arrogante, não precipitado nos discursos, não polémico, mas homens que conheçam a sua religião, que nela penetrem, que saibam bem onde se elevam, que saibam em que é que crêem ou não crêem, que conheçam suficientemente o próprio credo ao ponto de poderem dar contas dele, que conheçam bem a história ao ponto de a defenderem."
Beato Henry Newman
Beato Henry Newman
domingo, 9 de outubro de 2011
Timo Soini, um político finlandês convertido ao catolicismo
Timo Soini, uma estrela em ascensão no firmamento político finlandês, é um convertido ao catolicismo que deixa claro que "não precisa da autorização de ninguém para ser pró-vida" e que "o casamento deve ser apenas entre um homem e uma mulher".
Nas sondagens recentes sobre a próxima eleição presidencial de janeiro, Soini aparece em segundo lugar nas intenções de voto, com 11%. Como secretário geral do partido Perussuomolaiset ele liderou o crescimento eleitoral nas eleições gerais de abril passado; conquistou 39 lugares – contra apenas 5 nas eleições anteriores numa coligação baseada em afirmar "a dignidade da vida humana".
Soini – que iniciou a sua conversão em 1987 na Irlanda, e foi recebido na Igreja Católica em maio de 1988 – saiu abertamente em defesa dos crucifixos em edifícios públicos. "Fiquei profundamente envergonhado de que tivesse sido uma pessoa de origem finlandesa a levantar a questão", disse numa entrevista recente para Catholic World News, referindo-se à queixa sobre crucifixos que foi apresentada perante o Tribunal Europeu
dos Direitos Humanos, por uma italiana nascida na Finlândia, Soili Lautsi.
dos Direitos Humanos, por uma italiana nascida na Finlândia, Soili Lautsi.
"Foi deplorável que o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos tivesse sequer apreciado essa queixa". No Parlamento Europeu foi muito activo nesta matéria, tendo colocado um crucifixo na parede do seu gabinete parlamentar, fazendo o mesmo no Parlamento da Finlândia.
Soini explica que os secularistas estão a pressionar para que a fé cristã se torne um assunto privado, "mas o Cristianismo não pode ser uma matéria privada, porque a fé é pública e não poderemos difundir o Evangelho se for uma coisa assim tão privada". E acrescenta: Pessoalmente, penso que as tradições cristãs e os valores devem ser vistosabertamente na sociedade, e ninguém é levado a acreditar em Deus ou em Jesus Cristo ou em qualquer outra coisa se essa não for a sua vontade.
O que não podemos é erradicar a fé cristã da sociedade. Por exemplo, quandohouve o debate sobre a Constituição Europeia e menção no texto às suasraízes cristas, nós perdemos essa batalha e ficou apenas uma referência aosvalores do Iluminismo, mas isso mostra que é uma batalha que ainda está emaberto – e não tanto na Finlândia – já que no Parlamento Europeu háumas tendências muito, muito secularizantes e muitos grupos que são hostisaos valores cristãs, incluindo vários deputados italianos, que são de certamaneira radicais anti-cristãos. Quanto à sua candidatura presidencial, Soini ainda não decidiu, "embora eu diria que 11% é um bom ponto de partida".
sábado, 8 de outubro de 2011
Frase do dia
"A confissão que é a purificação da alma, deve ser feita ao menos uma vez por semana. Não é possível manter a alma longe da confissão por mais de sete dias."
S. Pio de Pietrelcina
S. Pio de Pietrelcina
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Memória de Lepanto - Aura Miguel
Tudo aconteceu no dia 7 de Outubro de 1571. Nesse dia, ao largo de Lepanto (na Grécia), travou-se uma batalha naval decisiva para o futuro do Mediterrâneo e, por isso, da Europa: a 7 de Outubro de 1571, os cristãos venceram os turcos otomanos.
Nesse mesmo dia, enquanto decorria a batalha, a praça de São Pedro encheu-se para uma procissão em honra de Nossa Senhora do Rosário, pedindo-lhe que impedisse a invasão otomana da Europa.
Desde então, por causa dessa vitória, o dia 7 de Outubro ficou para sempre ligado à importância do terço e à festa de Nossa Senhora do Rosário. Devoção que, séculos mais tarde, viria a ser reforçada em Fátima pela própria Virgem: “Eu sou a Senhora do Rosário. Continuem sempre a rezar o terço todos os dias”, disse Ela aos pastorinhos. Portanto, uma dupla responsabilidade para os cristãos portugueses.
É certo que, 440 anos depois da batalha de Lepanto, o rosto da Europa já não é o que era. Aliás, modificou-se tanto que quase já nem tem rosto. Agora, se as pretensões turcas ainda se mantêm, ou não, isso é outra história…
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
O triste fim do progressismo
Espetacular esta matéria que apresenta um relatório de um grupo anglicano conservador sobre as paróquias da Igreja Episcopal nos Estados Unidos. De acordo com a manchete, uma em cada três paróquias episcopalianas desaparecerá dentro de cinco anos. O motivo? Simplesmente porque elas são doutrinariamente liberais.
«Os episcopalianos aprovaram tudo o que os “progressistas” exigiam e mais. Mas isso não atraiu fiéis. No século XVI, o anglicanismo aceitou o clero casado. Em 1930, aceitaram a anticoncepção. Em 1976, os episcopalianos aprovaram o clero feminino. Em 1989, ordenou-se a primeira bispa episcopaliana. Em 1994, proibiu toda terapia para deixar a homossexualidade. Em 2000, aceitou-se o sexo fora do matrimônio. Em 2003 ordenaram como bispo a Gene Robinson, um senhor divorciado, com dois filhos, que vivia «maritalmente» com outro homem (este ano 2011 deixou o cargo). Em 2006 o episcopalianismo admitia o matrimônio homossexual. Em 2010 presumia ordenar em Los Anjos uma bispa lésbica. Em 1 de janeiro de 2011 um bispo episcopaliano casava com pompa midiático a duas sacerdotisas lésbicas episcopalianas, uma delas a famosa militante pro-aborto, Katherine Ragsdale».
Isto não é novidade. O então cardeal Ratzinger já dizia (tenho quase certeza de que é n’O Sal da Terra, mas pode ser também no “A Fé em Crise?”) em resposta àqueles que vaticinavam o fim da Igreja caso Ela não Se abrisse ao mundo moderno: os protestantes já aceitaram tudo e, mesmo assim, continuam perdendo fiéis. É claro que o mundo moderno não pode ser conselheiro em questões espirituais, e é bastante evidente que os “sábios” deste século sem Fé não podem pretender dizer à Igreja de Cristo como Ela deve Se portar para manter o rebanho que Deus Lhe confiou. Na verdade, os que pedem que a Igreja Católica “adapte-Se” aos tempos modernos são exatamente os que querem que Ela desapareça. Como já aconteceu [e está acontecendo] com os protestantes.
As pessoas têm sede de Verdade, de Bondade, de Beleza – de Deus. As pessoas não desejam algo que já encontrem no mundo: no dia em que os católicos entenderem isso, então a Igreja passará a florescer de modo abundante. Houve tempos em que a mensagem do Evangelho podia contar com “concorrentes”, do paganismo pré-cristão ao catarismo medieval, etc. É impressionante que, hoje, alguns ainda se envergonhem de anunciar “de cima dos telhados” a Doutrina de Cristo – hoje, quando as pessoas são empurradas do ateísmo irracional e estéril para um progressismo relativista e, em última instância, também ateu! É um verdadeiro mysterium iniquitatis que muitos ainda hoje queiram fazer concessões ao mundo, quando já estão historicamente demonstrados os fins trágicos aos quais levam os (impossíveis) conluios do Evangelho com o mundo moderno.
A Igreja Católica cresce por atração – por aquela sobrenatural atração que Cristo dependurado no Madeiro da Cruz exerce sobre as almas honestas. Não há “concessão” que precise ser feita aqui. Não existe “especialista” sem Fé que possa ensinar à Igreja como pregar o Evangelho. Não há verdadeiro bem no mundo que se oponha ao que ensina a Esposa de Cristo. in Deus lo vult
Há 9 anos atrás era canonizado Josemaria Escrivá
"Deixemos que Deus faça maravilhas" - Artigo do Cardeal Joseph Ratzinger sobre S. Josemaria Escrivá - Suplemento de L’Osservatore Romano, 6-X-2002
Surpreendia-me sempre a interpretação que Josemaria Escrivá dava do nome Opus Dei: uma interpretação que poderíamos chamar biográfica e que nos consente compreender o fundador na sua fisionomia espiritual. Escrivá sabia que devia fundar algo, mas estava sempre consciente de que aquele algo não era obra sua, que ele não tinha inventado nada, que simplesmente o Senhor se servia dele. Por conseguinte, aquela não era a sua obra, mas o Opus Dei. Ele era unicamente um instrumento através do qual Deus teria agido.
Ao considerar este facto vieram-me à mente as palavras do Senhor transcritas no Evangelho de João (5, 17): «O meu Pai age sempre». São palavras pronunciadas por Jesus durante um debate com alguns peritos da religião que não queriam reconhecer que Deus pode trabalhar também no sábado. Eis um debate que ainda está aberto, de certa forma, entre os homens – também cristãos – do nosso tempo. Há quem pense que, depois da criação, Deus se «retirou» e não sente mais interesse pelas nossas coisas quotidianas. Segundo este modelo de pensamento, Deus já não poderia entrar no tecido da nossa vida quotidiana. Mas nas palavras de Jesus temos o desmentido. Um homem aberto à presença de Deus apercebe-se de que Deus faz maravilhas ainda hoje: portanto, devemos deixá-lo entrar e agir. E é assim que surgem as coisas que oferecem um futuro e renovam a humanidade.
Tudo isto nos ajuda a compreender por que é que Josemaria Escrivá não se considerava «fundador» de nada, mas apenas uma pessoa que quis cumprir a vontade de Deus, seguir a sua acção, a obra – precisamente – de Deus. Neste sentido, o teocentrismo de Escrivá de Balaguer, coerente com as palavras de Jesus, significa esta confiança no facto de que Deus não se retirou do mundo, que Deus age ainda agora e nós devemos apenas pôr-nos à sua disposição, estar disponíveis, ser capazes de reagir à sua chamada, o que é para mim uma mensagem de grandíssima importância. É uma mensagem que leva à superação daquela que se pode considerar a grande tentação do nosso tempo: isto é, a pretensão de que depois do big bang Deus se tenha retirado da história. A acção de Deus não «parou» no momento do big bang, mas ainda continua ao longo do tempo, quer no mundo da natureza quer no mundo humano.
Portanto, o fundador da Obra dizia: não fui eu que inventei algo; é o Outro que o faz e eu estou apenas disponível para servir de instrumento. Assim este título, e toda a realidade a que chamamos Opus Dei, estão profundamente relacionados com a vida interior do fundador que, mesmo permanecendo muito discreto neste ponto, nos faz compreender que estava em diálogo permanente, em contacto real com Aquele que nos criou e age por nós e connosco. O livro do Êxodo diz de Moisés (33, 11) que Deus falava com ele «face a face, como um amigo fala com outro amigo». Parece-me que, mesmo se o véu da discrição nos esconde tantos pormenores, contudo daqueles pequenos acenos resulta que se pode aplicar muito bem a Josemaria Escrivá este «falar como um amigo que fala com outro amigo», que abre as portas do mundo para que Deus se possa fazer presente, agir e transformar tudo.
Sob esta luz compreende-se também melhor o que significa santidade e vocação universal à santidade. Conhecendo um pouco a história dos santos, sabendo que nos processos de canonização se procura a virtude «heróica», temos quase inevitavelmente um conceito errado da santidade: «Não é para mim», somos tentados a pensar, «porque eu não me sinto capaz de realizar virtudes heróicas: é um ideal demasiado elevado para mim». Então a santidade tornase uma coisa reservada a alguns «grandes», dos quais vemos as imagens nos altares, e que são muito diferentes de nós, que somos normais pecadores. Mas este é um conceito errado de santidade, uma percepção errónea que foi corrigida – e isto parece-me o ponto central – precisamente por Josemaria Escrivá.
Virtude heróica não significa que o santo faz uma espécie de «ginástica», de santidade, algo que as pessoas normais não conseguem fazer. Ao contrário, significa que na vida de um homem se revela a presença de Deus, isto é, se revela o que o homem por si só e para si não podia fazer. Talvez se trate, no fundo, apenas de uma questão terminológica, porque o adjectivo «heróico» foi mal interpretado. Virtude heróica propriamente não significa que alguém fez grandes coisas sozinho, mas que na sua vida aparecem realidades que ele não fez, porque foi transparente e disponível para a obra de Deus. Ou, por outras palavras, ser santo não é mais do que falar com Deus como um amigo fala com outro amigo. Eis a santidade.
Ser santo não significa ser superior aos outros; antes, o santo pode ser muito débil, pode ter cometido tantos erros na sua vida. A santidade é este contacto profundo com Deus, fazer-se amigo de Deus: é deixar agir o Outro, o Único que realmente pode fazer com que o mundo seja bom e feliz. Por conseguinte, se São Josemaria Escrivá fala da chamada de todos a ser santos, parece-me que, em última análise, está a haurir desta sua experiência pessoal de não ter feito sozinho coisas incríveis, mas de ter deixado agir Deus. E por isso nasceu uma renovação, uma força de bem no mundo, mesmo que todas as debilidades humanas permaneçam sempre presentes. Deveras todos somos capazes, todos somos chamados a abrir-nos a esta amizade com Deus, a não abandonar as mãos de Deus, a não deixar de voltar sempre de novo ao Senhor, falando com Ele como se fala com um amigo, sabendo bem que o Senhor realmente é o verdadeiro amigo de todos, mesmo de quantos não podem fazer grandes coisas sozinhos.
Com tudo isto compreendi melhor a fisionomia do Opus Dei, esta ligação surpreendente entre uma absoluta fidelidade à grande tradição da Igreja, à sua fé, com desarmante simplicidade, e a abertura incondicionada a todos os desafios deste mundo, quer no âmbito académico, quer no do trabalho, da economia, etc. Quem tem este vínculo com Deus, quem mantém este diálogo ininterrupto pode ousar responder a estes desafios, e deixa de ter medo; porque quem está nas mãos de Deus cai sempre nas mãos de Deus. É assim que desaparece o medo e nasce, ao contrário, a coragem de responder ao mundo de hoje.