segunda-feira, 31 de agosto de 2015
sábado, 29 de agosto de 2015
O Summorum Pontificum nos Estados Unidos
Mons. Slattery visita a paróquia do Pe. Davison |
1 – É difícil encontrar melhores palavras do que as do Pe. Timothy Davison para expressar a atracção que a missa tradicional exerce sobre um tão grande número de sacerdotes: “feitos” para celebrarem o santo sacrifício, os sacerdotes, no seio da liturgia nova, acabam por se sentir sem rito – no sentido mais nobre do termo, segundo o qual ele é expressão visível e invisível desse acontecimento sagrado de que, no altar, eles são ministros. O Pe. Tim diz-nos ainda, como o faz um grande número de sacerdotes diocesanos que começaram a celebrar segundo o rito tradicional, que a atracão da forma extraordinária é contagiosa: os outros sacerdotes vêem a alegria de quem a celebra e os frutos que daí se retira, e vem-lhes a vontade de os imitar.
2 – De acordo com o Pe. Tim, desde 2007 e da publicação do Summorum Pontificum, houve já 2000 sacerdotes americanos que antes só celebravam na forma ordinária, entretanto também já aprenderam a celebrar na forma extraordinária. Não é possível louvar o suficiente a importância do Motu Proprio de Bento XVI no que diz respeito ao lento mas profundo movimento que ele pôs em marcha. Cabe também sublinhar o papel notável desempenhado pelas comunidades com capacidade de levarem a cabo uma pedagogia litúrgica, neste caso a dos Cónegos da São João de Câncio e da Fraternidade de S. Pedro (mas nos Estados Unidos, podíamos ainda citar o Instituto de Cristo-Rei e os mosteiros tradicionais). É bem sabido como são importantes, em todo o processo de educação restauradora, este tipo de apoios.
3 – O bispo do Pe. Davison, Mons. Edward Slattery, mostrou ser particularmente acolhedor. Convém lembrar que a situação nos Estados Unidos é bem diferente da que se vive no velho continente, e em especial da que se vive em França e em Portugal, já que nos Estados Unidos não é a ideologia que impera. Enquanto que na Europa – descrita há pouco tempo pelo Papa Francisco como uma periferia envelhecida já sem sacerdotes e sem religiosas (2) –, muitos bispos preferem ver diminuir, cada ano que passa, o número de vocações e o número de fiéis, em vez de abrirem o seu coração e as suas igrejas à forma extraordinária, já do outro lado do Atlântico, a maioria dos bispos, mesmo os que não são ligados à tradição, mostram uma atitude pragmática, e por isso, vendo que a liturgia tradicional atrai os fiéis e gera novas vocações, não hesitam em dar-lhe um espaço adequado para que se possa desenvolver, e nem sequer o fazem de má cara. Que bom exemplo!
4 – A respeito dessa paz paroquial que nos é descrita pelo Pe. Tim, fica claro que ela vem, em primeiro lugar, da paz litúrgica que enche o coração deste pároco. Sem dúvida que, estando assim as coisas, não tem de lidar com esses comités de leigos transformados em “clérigos substitutos” que se encontram em redor da nova liturgia. Resta pois sublinhar a naturalidade com que, desta maneira, a forma tradicional readquire o seu lugar próprio na vida da Igreja, da qual, em certo sentido, esta pequena paróquia do Oklahoma constitui um microcosmos.
(1) Dom Mark Kirby é o prior do mosteiro de Nossa Senhora do Cenáculo, que se dedica à adoração perpétua do Santíssimo Sacramento. Erigido a princípio na Diocese de Tulsa logo depois do Ano da Eucaristia instituído por João Paulo II (2004-2005), ele encontra-se agora em Silverstream, no condado de Meath, na Irlanda. A liturgia ordinária do mosteiro segue a forma extraordinária.
(2) Por ocasião do encontro com os novos bispos de Propaganda Fide, a 20 de Setembro de 2014.
in Paix Liturgique
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
Todos os homens querem ser felizes - Santo Agostinho
Todos os homens querem ser felizes; não há ninguém que não o queira, e com tanta intensidade que o deseja acima de tudo. Melhor ainda: tudo o que querem para além disso querem-no para isso. Os homens perseguem paixões diferentes, um esta, outro aquela; também existem muitas maneiras de ganhar a vida neste mundo: cada um escolhe a sua profissão e exerce-a. Mas quer adoptem este ou aquele género de vida, todos os homens agem nesta vida para serem felizes. O que há então nesta vida capaz de nos fazer felizes, que todos desejam mas que nem todos alcançam? Procuremo-lo.
Se eu perguntar a alguém: «Queres viver?», ninguém se sentiria tentado a responder-me: «Não quero». Do mesmo modo, se eu perguntar: «Queres ser saudável?», ninguém me responderá: «Não quero». A saúde é um bem precioso aos olhos do rico e, para o pobre, ela é muitas vezes o único bem que ele possui. Todos concordam no amor pela vida e pela saúde. Ora quando o homem desfruta da vida e é saudável, poderá contentar-se com isso?
Um homem rico perguntou ao Senhor: «Mestre, que devo fazer para ter a vida eterna?» (Mc 10, 17) Ele temia morrer e era forçado a morrer. Ele sabia que uma vida de dor e de tormentos não é vida, e que se lhe deveria antes dar o nome de morte. Apenas a vida eterna pode ser feliz. A saúde e a vida neste mundo não a garantem, tememos demasiado perdê-las: chamai a isto «temer sempre» e não «viver sempre». Se a nossa vida não é eterna, se não satisfaz eternamente os nossos desejos, não pode ser feliz, nem sequer é vida. Quando entrarmos nessa vida, teremos a certeza de aí ficar para sempre. Teremos a certeza de possuir eternamente a verdadeira vida sem qualquer temor, pois encontrar-nos-emos naquele Reino sobre o qual se diz: «E o Seu reino não terá fim» (Lc 1, 33).
in Sermão 306
in Sermão 306
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
Aprenderemos a servir - Beata Teresa de Calcutá
Seja o que for que fizeres, nem que seja ajudar alguém a atravessar a rua, é a Jesus que o fazes. Dás um copo de água, e é a Jesus que o dás (Mt 25, 35) – pequeno preceito de nada, mas crucial, sempre mais esclarecedor. Não devemos temer o amor de Cristo, amar como Ele amou. Pouco importa que o nosso trabalho seja modesto, humilde; façamo-lo com o amor do próprio Cristo.
Por mais belo que possa ser o teu trabalho, permanece desapegado, sempre pronto a renunciares a ele. O que tu fazes não é teu. Os talentos que Deus te deu não são teus; foram-te dados para os usares para a glória de Deus. Sê generoso e leva a efeito tudo o que tens em ti para agradar ao bom Mestre.
Que temos de aprender? A ser mansos e humildes (Mt 11,29); se nos tornarmos mansos e humildes, aprenderemos a rezar; e aprendendo-o, pertenceremos a Jesus; e pertencendo-Lhe, aprenderemos a acreditar; e acreditando, aprenderemos a amar; e amando, aprenderemos a servir.
in Não há amor maior ('No Greater Love')
terça-feira, 25 de agosto de 2015
Falsa liberdade
São almas que fazem barricadas com a liberdade. A minha liberdade, a minha liberdade! Têm-na e não a seguem; olham-na e põem-na como um ídolo de barro dentro do seu entendimento mesquinho. É isso liberdade? Que aproveitam dessa riqueza sem um compromisso sério, que oriente toda a existência?
Um tal comportamento opõe-se à categoria própria, à nobreza, da pessoa humana. Falta a rota, o caminho claro que oriente os seus passos na terra; essas almas – decerto já as encontraram, como eu – depressa se deixarão arrastar pela vaidade pueril, pela presunção egoísta, pela sensualidade.
S. Josemaria Escrivá in Amigos de Deus, 28–29
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
Rezar pelos que nos ofendem e magoam
"Rezarei todos os dias por aqueles que me ofenderam e magoaram, perdoando generosamente, por amor a Jesus, todo o mal que me fizeram."
Padre Felice Cappello SJ
domingo, 23 de agosto de 2015
O jovem que revelou o escândalo Planned Parenthood
David Daleiden, que fingiu ser comprador de fetos, permaneceu durante dois anos na grande indústria do aborto e assistiu as práticas macabras. Tudo isso por "vocação" ...
Partes do corpo de fetos abortados vendidas como se fossem mercadoria. Passou um mês desde que saiu o primeiro vídeo que incriminou a maior provedora de aborto dos Estados Unidos - a Planned Parenthood - o escândalo já é agora de domínio público no mundo inteiro. E o crédito por expor essa realidade terrível é do jovem de 26 anos, David Daleiden.
Pertencente à ONG Center for Medical Progress, este jovem pegou numa câmara, e durante dois anos e meio filmou os bastidores da Planned Parenthood. A sua pesquisa jornalística, à qual chamou “Capital Humano”, produziu 12 vídeos. Até agora foram apenas divulgados 5 porque os outros receberam uma proibição judicial a pedido de uma outra empresa envolvida, a StemExpress, sociedade californiana que fornece tecido fetal a pesquisadores.
Entrevistado pelo jornal National Catholic Register, Daleiden falou sobre a sua iniciativa e a sua fé católica. Confidenciou que a sua fé foi surgindo gradualmente através do trabalho a favor da Vida que desempenha no Center for Medical Progress. O jovem explicou que ele mesmo é “filho de uma gravidez difícil": a sua mãe ficou grávida, ainda solteira, durante o primeiro ano da faculdade. O matrimónio dos seus pais aconteceu quando ele já tinha nascido. Ele considera-se um “sobrevivente do aborto”, como o "são todos os americanos nascidos depois de 1973”, ano em que o aborto foi descriminalizado nos Estados Unidos.
Terá sido por causa desta dificuldade da sua mãe durante a gravidez que Daleiden decidiu iniciar a sua militância entre os grupos pró-vida quando ainda era ainda muito jovem, com quinze anos. Continuou durante anos a conjugar a actividade escolar com aquela a favor dos nascituros, até amadurecer a consciência, juntamente com a maturidade religiosa, que esta sua atitude fosse uma vocação. "Tinha uma paixão pela actividade pró-vida, e ficou claro que isso era o que Deus queria que fizesse”, declara.
Falando do seu jornalismo investigativo, Daleiden afirma que ter entrado no coração da indústria do aborto e ter assistido a tais operações, “foi a coisa mais difícil” que teve que suportar. O seu testemunho contradiz aqueles que acreditam que alguns lugares são inacessíveis para a maioria. "Dissemos as ‘palavras mágicas’, ou seja, que queríamos comprar algumas partes de fetos – explica – , e assim tivemos acesso aos mais altos níveis da Planned Parenthood."
Daleiden ficou surpreso com a atitude dos médicos que realizam estas operações. Ele explicou que vivem uma situação de conflito; tentam “racionalizar” o trabalho que realizam para exorcizar “a dor e o remorso que, na verdade, sentem”. Contou que um dos médicos com o qual conversou, tinha os “olhos molhados” enquanto contava os detalhes do procedimento para a remoção por aspiração das partes do corpo dos fetos.
Um movimento de repulsa por uma actividade que evidentemente afecta a consciência humana, mas que prestigiosas empresas realizam normalmente. Daleiden move a este respeito uma chocante acusação: Afirma que um dos principais executivos de uma empresa envolvida no escândalo lhe revelou numa conversa que tinha recebido fetos "totalmente intactos".
E considerando que os meios químicos utilizados para o aborto matam as células e fazem o feto inutilizável, o jovem pró-vida acredita que esses não eram fetos, mas crianças entregues vivas e assassinadas para comercializar os órgãos. "A maneira pela qual as crianças são mortas é uma questão jurídica, estamos a falar de infanticídio: a delação é utilizada para cobrir as provas de uma actividade criminosa”. Com estas palavras Daleiden comenta a acção legal que ele moveu contra a sociedade que menciona.
Que a sua investigação tenha irritado alguém de cima é evidenciado pelas ameaças que constantemente vem recebendo, com muitos avisos de perseguição. No entanto, Daleiden está pronto para continuar o seu compromisso a favor da vida. O medo das ameaças é compensado pelo apoio e admiração de muitos cidadãos americanos: se, até recentemente, acreditavam na propaganda da Planned Parenthood, depois de terem visto estes vídeos pedem às instituições intervenção para deter essa carnificina.
in Zenit
sábado, 22 de agosto de 2015
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
Aprender boa teologia em pouco tempo - Catecismo de S. Pio X
Certo dia um amigo meu, seminarista, dizia-me que no seu último ano de seminário, antes de se ordenar, queria dedicar algum tempo a estudar. Fiquei intrigado, porque a verdade é que nos cinco anos anteriores este meu amigo tinha estado a fazer um curso superior de teologia.
Sem considerar se há cursos de teologia bons ou maus (numa universidade Católica deviam ser sempre bons), quando uma pessoa estuda muito um tema pode cair no erro de não ligar à simplicidade dos assuntos que está a estudar. Isto é típico em muitos alunos de doutoramento, que são uns génios mas depois têm dificuldade em explicar o que sabem às pessoas que não estudaram o mesmo que ele.
Este problema pode também surgir em quem estuda teologia só que, quando olhamos para o caso dos Cristãos, o problema é mais grave.
Um cristão, seja sacerdote ou leigo, tem que saber explicar a doutrina Cristã a todas as pessoas. E às vezes custa ver sacerdotes a fazer homilias com palavras muito confusas e técnicas, pouco perceptíveis pela pessoa comum. Se calhar até nós, leigos, quando tentámos explicar certos ensinamentos da Igreja a amigos, tornámos uma coisa que é simples numa confusão.
Uma das formas de aprender teologia Católica de uma forma simples e rápida é ler o Catecismo de S. Pio X. O Pe. Giuseppe Sarto, durante muitos anos da sua vida, foi um simples e santo pároco de uma aldeia, o que lhe permitiu conhecer a catequese que os fiéis tinham. A Graça de Deus levou-o a tomar a Cátedra de S. Pedro em 1903, escrevendo depois um Catecismo (de S. Pio X) que muito contribui para a formação dos Católicos em todo o mundo, praticamente até ao pontificado de S. João Paulo II.
Para não perder tempo, S. Pio X aceitou ser pintado, mas enquanto estudava. De notar a imagem do Sto. Cura d'Ars em cima da sua secretária. |
É muito provável que as nossas avós conheçam bem este Catecismo. Na verdade, até é provável que algumas avós o tenham em casa, nalguma prateleira com livros antigos. Comparado com os Catecismos de hoje, mesmo com o YouCat, é muito pequenino e lê-se rapidamente.
O livro pode ser encontrado online aqui, no site da diocese de Braga.
E recomendo também a versão inglesa que tem um índice com links, talvez mais fácil.
Quando começou a escrever o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, o Cardeal Ratzinger, poucos anos antes de ser eleito Papa, deu uma entrevista, na qual recomendou o Catecismo de S. Pio X:
"A fé como tal é sempre idêntica. Portanto, o Catecismo de São Pio X conserva sempre o seu valor. O que pode mudar é a maneira de transmitir os conteúdos da fé. (...) É preciso não esquecer que aquele Catecismo derivava de um texto preparado pelo próprio Papa quando fora bispo de Mântua. O texto era fruto da experiência catequética pessoal de Giuseppe Sarto, e tinha como características a simplicidade de exposição e a profundidade de conteúdos. Também por isso, o Catecismo de São Pio X poderá continuar a ter no futuro alguns amigos." Entrevista ao Cardeal Ratzinger, 30Giorni (Abril 2003)
Para mostrar a simplicidade e clareza do Catecismo de S. Pio X, deixo aqui alguns pontos do mesmo livro.
4) Que é a Doutrina Cristã? A Doutrina Cristã é a doutrina que Jesus Cristo Nosso Senhor nos ensinou, para nos mostrar o caminho da salvação.
8) Como é que temos a certeza de que a Doutrina Cristã, que recebemos da Santa Igreja Católica, é verdadeira? Temos a certeza de que a Doutrina Cristã, que recebemos da Igreja Católica, é verdadeira, porque Jesus Cristo, autor divino desta doutrina, a confiou por meio dos seus Apóstolos à Igreja Católica, por Ele fundada e constituída Mestra infalível de todos os homens, prometendo-Lhe a sua divina assistência até à consumação dos séculos.
9) Há mais provas da verdade da Doutrina Cristã? A verdade da Doutrina Cristã é demonstrada ainda pela santidade eminente de tantos que a professaram e professam, pela heróica fortaleza dos mártires, pela sua rápida e admirável propagação no mundo, e pela sua plena conservação através de tantos séculos de muitas e contínuas lutas.
49) Que é o homem? O homem é uma criatura racional, composta de alma e corpo.
50) Que é a alma? A alma é a parte mais nobre do homem, porque é substância espiritual, dotada de inteligência e de vontade, capaz de conhecer a Deus e de O possuir eternamente.
51) Pode-se ver e apalpar a alma humana? Não se pode ver nem apalpar a nossa alma, porque é espírito.
52) Morre a alma humana com o corpo? A alma humana nunca morre; a fé e a mesma razão provam que ela é imortal.
53) É livre o homem nas suas acções? Sim, o homem é livre nas suas acções; e cada qual sente, dentro de si mesmo, que pode fazer uma acção e deixar de fazê-la, ou fazer antes uma que outra.
649) Deve considerar-se a Eucaristia só como Sacramento? A Eucaristia não é somente um Sacramento; é também o sacrifício permanente da Nova Lei, que Jesus Cristo deixou à Igreja, para ser oferecido a Deus pelas mãos dos seus sacerdotes.
652) Que é então a santa Missa? A santa Missa é o sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, oferecido sobre os nossos altares, debaixo das espécies de pão e de vinho, em memória do sacrifício da Cruz.
657) Para que fins se oferece o Santo Sacrifício da Missa? Oferece-se a Deus o Santo Sacrifício da Missa para quatro fins:
1º para honrá-Lo como convém, e sob este ponto de vista o sacrifício é latrêutico; [Adoração]
2º para Lhe dar graças pelos seus benefícios, e sob este ponto de vista o sacrifício é eucarístico; [Acção de Graças]
3º para aplacá-Lo, dar-Lhe a devida satisfação pelos nossos pecados, para sufragar as almas do Purgatório, e sob este ponto de vista o sacrifício é propiciatório; [Expiação]
4º para alcançar todas as graças que nos são necessárias, e sob este ponto de vista o sacrifício é impetratório. [Petição]
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
Milagre em Espanha: Imagem de Nossa Senhora escapa a incêndio
No passado dia 30 de Julho, deflagrou um incêndio na base militar de El Goloso, perto de Madrid (Espanha). Para espanto geral dos militares, apagado o fogo, constataram que a imagem de Nossa Senhora que se encontrava no centro do jardim tinha sido poupada ao incêndio. Tanto a imagem como o terreno e as flores que a rodeavam ficaram incólumes, sem a mínima marca do fogo que consumiu toda a vegetação.
A informação foi divulgada pelo escritor e jornalista José Maria Zavala e posteriormente confirmada pelos militares daquela Base.
Francisco quer milagres (mas milagres a sério)
Julho de 2015: um milhão de fiéis na Missa em Guayaquil, Equador |
O Papa espera muito deste próximo sínodo sobre a família. A parte mais interessante será a conclusão final, que o Papa reservou para si. Pediu aos bispos colaborações francas, leais, que o ajudassem na sua missão, mas explicou-lhes que essa missão – confiada pelo próprio Cristo ao Papa – não era delegável.
Alguns sentiram a falta da participação activa do Papa durante as primeiras controvérsias, quando ele, em vez de tomar partido, insistia em que cada um ouvisse os outros e, sobretudo, pedia orações, orações, orações. Parece que o povo cristão tem correspondido, a julgar pelas pessoas que retomaram o terço e as paróquias que organizaram tempos de adoração eucarística.
Noutro plano, o Papa Francisco começou uma catequese muito serena, muito profunda, sobre a família. Sem dar a entender que criticava este ou aquele, propôs-se ajudar a Igreja a olhar a família numa perspectiva diferente. Passou a ser regra que, nos encontros mais concorridos do pontificado (por exemplo nas Filipinas, ou há dias em Guayaquil), o Papa escolha este tema, sempre numa perspectiva evangélica, jamais em tom polémico.
Um dos apelos surpreendentes do Papa Francisco é chorar. Num encontro memorável com milhares de padres da diocese de Roma, perguntava-lhes directamente se, naquele presbitério, se tinham secado as lágrimas. As ofensas à dignidade humana, a deslealdade na quebra dos compromissos deviam comover-nos. Onde é que estão as lágrimas?
Este apelo foi tão genuíno que ninguém o tomou por um recurso de retórica. Pelo contrário, vejo gente que finalmente percebeu a doutrina da Igreja, gente que não se convencia com declarações de direitos e de deveres, mas ficou desarmada com um Papa que admite publicamente que chora e apela aos seus padres para se comoverem.
Outro dos apelos do Papa é para experimentarmos a misericórdia de Deus, para confiarmos no seu projecto de felicidade e abrirmo-nos à contrição e à emenda de vida.
Em Guayaquil, comentando a cena das bodas de Caná, o Papa falou assim das bacias de água destinadas às limpezas. «O vinho novo, o melhor vinho, como diz o mestre-sala, nasce das tinas da purificação, quer dizer, do lugar onde todos tinham deixado o seu pecado; nasce do “piorzinho”, porque “onde abundou o pecado, aí sobreabundou a graça”. Em cada uma das nossas famílias e na família comum que todos formamos, não se descarta ninguém, ninguém é inútil. Pouco antes de começar o ano jubilar da misericórdia, a Igreja celebrará o sínodo dedicado às famílias (...). Convido-vos a intensificar as vossas orações por esta intenção, para que até aquilo que nos parece impuro – a água das tinas –, aquilo que nos escandaliza ou nos assusta, Deus o possa transformar em milagre, fazendo-o passar através da sua “hora” [o Papa explicou que a “hora” de Jesus se referia à sua Paixão]. A família tem hoje necessidade deste milagre».
Outro ponto importante da mensagem do Papa Francisco é que quer milagres, milagres a sério. Não se contenta com falsas soluções, aposta no milagre completo. A embrulhada já não tem remédio? Está tudo perdido? Pelo contrário, tudo se recompõe! O Papa acredita em milagres, quer uma coisa verdadeiramente divina, que nos vai chegar pelas mãos de Maria.
«Toda esta história começou porque “não tinham vinho” e tudo se resolveu porque uma mulher – Nossa Senhora – esteve atenta, soube deixar as suas preocupações nas mãos de Deus e actuou com sensatez e coragem».
O caminho de reconciliação que Deus nos aponta pode parecer áspero, na direcção oposta à felicidade. Mas não, o milagre acontece:
«O vinho melhor está para vir, para aqueles que hoje vêem tudo a derrubar-se. Segredem aos ouvidos, até acreditarem: o melhor vinho está para vir. Sussurre-o, cada um no seu coração: o vinho melhor está para vir. Digam aos desesperados e àqueles com pouco amor: tenham paciência, tenham esperança, façam como Maria, rezem, trabalhem, abram o coração, porque vai chegar o melhor dos vinhos. Deus abeira-Se sempre das periferias daqueles que ficaram sem vinho, daqueles que só têm desencorajamento para beber; Jesus tem predilecção por oferecer o melhor dos vinhos àqueles que, por uma razão ou por outra, sentem que já partiram todas as ânforas».
Por algum motivo o Papa insiste tanto na oração.
José Maria André in Correio dos Açores, Verdadeiro Olhar, ABC Portuguese Canadian Newspaper, Spe Deus, 2-VIII-2015
terça-feira, 18 de agosto de 2015
Meryl Streep e Anne Hathaway contra legislação da prostituição: Percebam porquê
Amnistia Internacional e Prostituição
Pedro Vaz Patto
A Amnistia Internacional passou a adotar uma posição favorável à legalização da prostituição e da descriminalização do proxenetismo (punível pela legislação penal portuguesa e de muitos países), assim como da conduta do cliente (punível na legislação sueca e de países que seguem este modelo). Considera que o exercício consentido da prostituição é expressão de um direito fundamental de autonomia pessoal («com o meu corpo, posso fazer o que quero»). E a legalização seria uma forma de garantir às pessoas que se prostituem o exercício de direitos laborais e de segurança social.
Esta postura esquece, porém, que a raiz dos direitos fundamentais é a dignidade humana e que esta exige que a pessoa nunca seja tratada como objeto, mas sempre como sujeito. Da mesma forma que a escravatura nunca pode justificar-se, mesmo que consentida, porque contrária à dignidade da pessoa, assim também a prostituição como forma de instrumentalização da pessoa, reduzida a objeto de comércio (porque a pessoa éum corpo, não tem um corpo, este não é um seu acessório). E da mesma forma que o eventual consentimento na escravatura não será autenticamente livre, mas condicionado por situação existenciais de extrema precariedade e pobreza (a escravatura até poderá ser consentida, se for condição de sobrevivência), assim também, como regra (poderá haver exceções, mas não é nelas que deve basear-se o legislador), o consentimento na prostituição é também condicionado por situações existenciais de extrema precariedade e pobreza.
O documento em que se baseou a tomada de posição da Amnistia Internacional alega que a prostituição será uma forma de permitir a expressão sexual de pessoas com deficiência. Como se a aspiração das pessoas com deficiência não fosse a de uma sexualidade humanizada, integrada numa comunhão de afetos e doação interpessoal a que a prostituição é totalmente alheia. Uma argumentação certamente ofensiva para com as pessoas com deficiência e para com as pessoas que se prostituem (que também aspiram a uma sexualidade humanizada, como todas as pessoas).
Contra esta tomada de posição da Amnistia Internacional, manifestou-se um agrupamento de associações de várias tendências, unidas pelo objetivo de combate à prostituição encarada, esta sim, como violação dos direitos humanos: Coalition against trafficking on women (ver www.catwinternational.org). A esta carta aderiram celebridades do cinema como Meryl Streep, Anne Hathaway, Emily Blunt e Kate Winsle.
Esta carta sublinha os efeitos nocivos da legalização da prostituição na Alemanha (a partir de 2002) e na Holanda (a partir de 2000).
Cita documentos do próprio governo alemão que reconhecem que o objetivo de tutela dos direitos laborais e de segurança social das mulheres prostitutas ficou muito longe de ser atingido. Um número insignificante dessas mulheres celebrou contratos de trabalho. Uma explicação plausível para tal reside no facto de quase sempre as mulheres encararem o exercício da prostituição como fase transitória, a ocultar no presente e no futuro, não certamente como parte integrante do seu curriculum vitae.
A legalização contribuiu para o crescimento exponencial da prostituição na Alemanha (que alguns já designam por “bordel da Europa”), com o consequente aumento dos lucros dos proxenetas (respeitosamente designados por “empresários da indústria do sexo”). Como “mão de obra” disponível, são recrutadas as mulheres dos países mais pobres da Europa de Leste. O tráfico de pessoas também se intensificou grandemente (aproveitando as dificuldades da prova do tráfico no confronto com a simples exploração da prostituição, esta coberta legalmente). Pelo contrário, na Suécia, apesar de alguma prostituição clandestina se manter, esta tem uma dimensão reduzida, sendo também muito menores as vítimas de tráfico.
As consequências do exercício da prostituição no plano da saúde mental das mulheres prostituídas não se atenuam com a legalização, antes se intensificam, devido ao crescimento exponencial da atividade. Por esse motivo, também na Alemanha, um grupo de especialistas apresentou, no ano passado, uma petição de revogação dessa legalização, alegando que não basta a “redução do dano”, há que visar a “eliminação do dano”. Na verdade, não há uma prostituição “maligna” e uma prostituição “benigna”. A violência (psíquica e muitas vezes física) é-lhe intrínseca.
No plano pedagógico, da mensagem cultural inerente a qualquer lei, a legalização contribui para a indiferença perante os dramas das mulheres prostituídas (que seriam fruto de uma opção autenticamente livre), quando no modelo sueco se alerta para a exploração de que são necessariamente vítimas.
Esta tomada de posição contrasta – assinala com razão a Coalition against trafficking on women - com a histórica função da Amnistia Internacional de combate global pelos direitos humanos.
in Público, 16.Agosto.2015
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
Papa: Fidelidade matrimonial é o fundamento da vida familiar
"Neste sacramento [do matrimónio], quem se casa diz: «Prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida». Naquele momento, os esposos não sabem o que vai acontecer, não sabem quais são as alegrias e as tristezas que os esperam. Partem, como Abraão; põem-se juntos a caminho. E isto é o matrimónio! Partir e caminhar juntos, de mãos dadas, entregando- se na mão grande do Senhor. De mãos dadas, sempre e por toda a vida. E não façais caso desta cultura do provisório, que nos põe a vida em pedaços.
Com esta confiança na fidelidade de Deus, tudo se enfrenta, sem medo, com responsabilidade. Os esposos cristãos não são ingénuos, conhecem os problemas e os perigos da vida. Mas não têm medo de assumir a própria responsabilidade, diante de Deus e da sociedade. Sem fugir nem isolar-se, sem renunciar à missão de formar uma família e trazer ao mundo filhos. - Mas hoje, Padre, é difícil... - Sem dúvida que é difícil! Por isso, é precisa a graça, a graça que nos dá o sacramento! Os sacramentos não servem para decorar a vida – mas que lindo matrimónio, que linda cerimónia, que linda festa!... Mas aquilo não é o sacramento, aquela não é a graça do sacramento. Aquela é uma decoração! E a graça não é para decorar a vida, é para nos fazer fortes na vida, para nos fazer corajosos, para podermos seguir em frente! Sem nos isolarmos, sempre juntos. Os cristãos casam-se sacramentalmente, porque estão cientes de precisarem do sacramento! Precisam dele para viver unidos entre si e cumprir a missão de pais. «Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença». Assim dizem os esposos no sacramento e, no seu Matrimónio, rezam juntos e com a comunidade, porquê? Porque é costume fazer assim? Não! Fazem-no, porque lhes serve para a longa viagem que devem fazer juntos: uma longa viagem, que não é feita de pedaços, dura a vida inteira! E precisam da ajuda de Jesus, para caminharem juntos com confiança, acolherem-se um ao outro cada dia e perdoarem-se cada dia. E isto é importante!"
Discurso às famílias em peregrinação no Ano da Fé, 26 de Outubro de 2013
"Um campo importante do nosso trabalho de pastores é a família. Ela insere-se no âmago da Igreja evangelizadora. «Com efeito, a família cristã é a primeira comunidade chamada a anunciar o Evangelho à pessoa humana em crescimento e a levá-la, através de uma catequese e educação progressivas, à plenitude da maturidade humana e cristã» (Familiaris consortio, 2). O fundamento sobre o qual se pode desenvolver uma vida familiar harmoniosa é, sobretudo, a fidelidade matrimonial. Infelizmente, no nosso tempo vemos que a família e o matrimónio, nos países do mundo ocidental, padecem uma profunda crise interior.
Discurso aos Bispos da Áustria, 30 de Janeiro de 2014
domingo, 16 de agosto de 2015
Satanás e a freira
Michela conta na primeira pessoa uma história trepidante. O livro chama-se «Fuggita da Satana. La mia lotta per scappare dall'inferno» (Fugida de Satanás. A minha luta para escapar do inferno).
Michela nasceu em 1970. Os pais deixaram-na abandonada na maternidade. Viveu 6 anos num orfanato, que foi encerrado por maus tratos a menores. Michela conheceu tudo, menos o afecto. Talvez não tenha ajudado o facto (que ela própria reconhece) de ter sido, na escola, uma verdadeira peste.
Mas nem tudo correu mal. Aos 18 anos viu-se livre de todas as tutelas e começou a ganhar dinheiro. Alcançou uma certa fama como «chef» de cozinha internacional e, à conta disso, viajou pela Europa. Ganhou cada vez mais dinheiro, mas chegava ao fim do mês sem nada. Arranjava um namorado para cada estação do ano; dizia que eram namoros de «usar e deitar fora», mas cada história deixava-lhe o coração mais ferido.
Finalmente, encontrou um rapaz especial. Inteligente, boa pessoa, diferente de todos os outros pelas qualidades e também por um defeito que ela achava desagradável: era católico praticante. Essa característica estragava o sonho, porque quando Michela lhe perguntava quando é que iam para a cama, Luca respondia que depois do casamento. Ela pôs os pontos nos is: «Luca, percebe-me isto bem. Relações a 3 não funcionam. Somos tu e eu. Ponto. Deus fica fora». Mas Luca era realmente diferente dos outros.
Ao fim de 2 anos, Luca apareceu em casa de Michela, sem avisar. «Finalmente, vamos para a cama!», pensou ela. No entanto, o plano de Luca era outro: «Estive a falar com o pároco e podemos casar...». «Perfeito, vamos ao registo civil». «Não, o sacramento é importante para mim, quero casar-me contigo na igreja». «Quanto é que isso custa?». «Nada». «Nesse caso...».
Combinou-se a data. O entusiasmo crescia, Luca era realmente fantástico. Apesar disso, nunca chegaram a casar. Luca morreu 4 dias antes da data marcada.
A reacção de Michela foi pensar que, afinal, o dinheiro não chegava para comprar tudo o que lhe apetecia: a vida de Luca não estava à venda. Na noite do funeral foi à praia e ali jurou aos céus: «Deus, vou passar a minha vida a dizer a toda a gente que não existes; mas se existires realmente, vou empenhar-me em destruir-te». Assim começou a guerra.
Uma guerra à beira de várias experiências-limite, até chegar junto da sacerdotisa de uma seita satânica. Nessa última etapa, que durou 2 anos, viu degradações horrorosas, viu a morte e a violência. Na noite de Natal de 1996, no meio de um ritual satânico, propuseram-lhe ser também sacerdotisa. A prova de fogo era simples: ir a Roma matar uma rapariga, chamada Chiara Amirante, que tinha fundado uma comunidade – recente, mas muito protegida pela Igreja – responsável por ter afastado algumas pessoas da seita.
Na tarde de 5 de Janeiro de 1997, Michela partiu para Roma, com a morada da comunidade. Às 8 horas da noite tocou à porta. Entretanto, do outro lado da porta, aconteceram coisas estranhas. Chiara estava a jantar com as outras quando ouviu uma voz interior: «Vai tu abrir a porta, que esta minha filha precisa muito de ajuda». Chiara abriu a porta e abraçou Michela: «Por fim chegaste à tua casa!».
Pegou-lhe na mão, levou-a para o quarto e perguntou-lhe como estava. Em silêncio, Michela abriu a mão e entregou-lhe a arma com que a ia matar. Depois disso, acrescentou «Já não há esperança».
Chiara respondeu com a conversa de sempre: «Deus perdoa tudo!...». Michela foi mais explícita: «Chiara, eu conheço-os. Tenho pouco tempo. Vão matar-me. E a ti também». «Não, Michela, Nossa Senhora quis que viesses para esta casa».
Realmente, havia um truque. Michela lembrava-se do que tinha aprendido na seita: «Chiara, vocês têm uma rodela branca onde está Jesus. Quem come aquilo, salva-se». (Na altura, Michela não sabia como é que os católicos chamavam à tal rodela branca). «Sim, mas precisas de te confessar, para receber bem Nosso Senhor». (Era preciso explicar tudo à Michela).
Naquele caso, não bastava a confissão para arrumar completamente o passado. Por causa de todos os sacrilégios em que andara envolvida, era preciso informar por escrito a Santa Sé, através da Congregação para a Doutrina da Fé. A resposta chegou passados 2 dias, assinada por um tal Joseph Card. Ratzinger: «Hoje, a Igreja está em festa, porque um Filho regressou a casa».
Poucos dias depois, na capela das irmãs da Madre Teresa, em Roma, Michela recebia a Comunhão e consagrava o seu coração ao Coração Imaculado de Maria, disposta a entrar para a comunidade de Chiara.
José Maria C.S. André in Correio dos Açores
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
Homilia na canonização de S. Maximiliano Kolbe
1. "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos" (Jo 15, 13).
A partir de hoje a Igreja deseja chamar "Santo" um homem a quem foi concedido realizar de maneira absolutamente literal as referidas palavras do Redentor.
De facto, no final de Julho de 1941, quando por ordem do chefe do campo foram colocados em fila os prisioneiros destinados a morrer de fome, este homem, Maximiliano Maria Kolbe, apresentou-se espontaneamente, declarando-se pronto a morrer em substituição a um deles. Esta disponibilidade foi acolhida, e ao Padre Maximiliano, após mais de duas semanas de tormentos por causa da fome, foi enfim tirada a vida com uma injecção mortal, a 14 de Agosto de 1941.
Tudo isto ocorreu no campo de concentração de Auschwitz, onde foram levadas à morte durante a última guerra cerca de quatro milhões de pessoas, entre as quais também a Serva de Deus Edith Stein (a carmelitana Irmã Teresa Benedita da Cruz), cuja causa de Beatificação está em andamento junto da competente Congregação. A desobediência a Deus, Criador da vida, que disse "não matarás", causou nesse lugar o imenso morticínio de tantos inocentes Contemporaneamente, então, a nossa época permaneceu assinalada de maneira tão horrível pelo extermínio do homem inocente.
2. Padre Maximiliano Kolbe, sendo também ele um prisioneiro do campo de concentração, reivindicou, em lugar da morte, o direito à vida de um homem inocente, um dos quatro milhões. Este homem (Franciszek Gajowniczek) vive ainda e está presente entre nós. Padre Kolbe reivindicou em favor dele o direito à vida, ao declarar a disponibilidade de morrer em lugar dele, porque era um pai de família e a sua vida era necessária aos seus entes queridos. Padre Maximiliano Maria Kolbe reafirmou assim o direito exclusivo do Criador à vida do homem inocente e deu testemunho a Cristo e ao amor. Escreve de facto o apóstolo João: "Nisto conhecemos a caridade: Ele (Jesus) deu a Sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos" (1 Jo 3, 16).
Dando a sua vida por um irmão, Padre Maximiliano, que a Igreja já desde 1971 venera como "beato", de modo particular tornou-se semelhante a Cristo.
3. Nós, portanto, que hoje, domingo 10 de Outubro, nos reunimos diante da basílica de São Pedro em Roma, desejamos exprimir o especial valor que aos olhos de Deus tem a morte por martírio do Padre Maximiliano Kolbe:
"É preciosa aos olhos do Senhor a morte dos Seus fiéis" (Sl 115/116 15), assim repetimos no salmo responsorial. Verdadeiramente é preciosa e inestimável! Mediante a morte que Cristo sofreu na Cruz completou-se a redenção do mundo pois esta morte tem o valor do amor supremo. Mediante a morte, sofrida pelo Padre Maximiliano Kolbe, um límpido sinal deste amor foi renovado no nosso século, que em grau tão elevado e de múltiplos modos é ameaçado pelo pecado e pela morte.
Eis que, nesta solene liturgia da canonização, parece apresentar-se entre nós aquele "mártir do amor" de Oswiecim (como o chamou Paulo VI) e dizer:
"eu sou Vosso servo, Senhor, sou Vosso servo nascido da Vossa serva, a quem quebrastes as cadeiras" (Sl 115/116, 16).
E, quase recolhendo num só o sacrifício de toda a sua vida, ele, sacerdote e filho espiritual de São Francisco, parece dizer:
"Que darei eu ao Senhor por todos os Seus benefícios?
Elevarei o cálice da salvação invocando o nome do Senhor" (Sl 115/116, 12 s.).
São, estas, palavras de gratidão. A morte sofrida por amor, em lugar do irmão, é um acto heróico do homem mediante o qual, juntamente com o novo Santo, glorificamos a Deus. D'Ele de facto provém a Graça de tal heroísmo, deste martírio.
4. Glorificamos portanto, hoje, a grande obra de Deus no homem. Diante de todos nós, aqui reunidos, Padre Maximiliano Kolbe eleva o seu "cálice da salvação", no qual está contido o sacrifício de toda a sua vida, ratificada com a morte de mártir "por um irmão".
Para este definitivo sacrifício, Maximiliano preparou-se seguindo a Cristo desde os primeiros anos da sua vida na Polónia. Daqueles anos provém o misterioso sonho de duas cordas: uma branca e outra vermelha, entre as quais o nosso santo não escolhe, mas aceita as duas. Desde os anos da juventude, de facto, permeava-o um grande amor por Cristo e o desejo do martírio.
Este amor e este martírio acompanharam-no na vocação franciscana e sacerdotal, para a qual se preparava tanto na Polónia como em Roma. Este amor e este desejo seguiram-no através de todos os lugares do serviço sacerdotal e franciscano na Polónia, e também do serviço missionário no Japão.
5. A inspiração de toda a sua vida foi a Imaculada, à qual confiava o seu amor por Cristo e o seu desejo de martírio. No mistério da Imaculada Conceição manifestava-se diante dos olhos da sua alma aquele mundo maravilhoso e sobrenatural da Graça de Deusoferecida ao homem. A fé e as obras de toda a vida do Padre Maximiliano indicam que ele entendia a sua colaboração com a Graça divina como uma milícia sob o sinal da Imaculada Conceição. A característica mariana é particularmente expressiva na vida e na santidade do Padre Kolbe. Com esta característica foi marcado também todo o seu apostolado, tanto na Pátria como nas missões. Na Polónia e no Japão foram centro deste apostolado as especiais cidades da Imaculada ("Niepokalanow" polaco, "Mugenzai no Sono" japonês).
6. Que aconteceu no Bunker da fome no campo de concentração em Oswiecim (Auschwitz), a 14 de Agosto de 1941?
A isto responde a presente liturgia: "Deus provou" Maximiliano Maria "e achou-o digno de Si" (cf. Sab 3, 5). Provou-o "como ouro na fornalha e aceitou-o como holocausto" (cf. Sab 3, 6).
Embora "aos olhos dos homens tenha sido atormentado", todavia "a sua esperança está cheia de imortalidade", pois "as almas dos justos estão na mão de Deus e nenhum tormento as tocará". E quando, humanamente falando, lhes chegam o tormento e a morte, quando "aparentemente estão mortos aos olhos dos insensatos...", quando "a sua saída deste mundo é considerada uma desgraça...", "eles estão em paz": eles experimentam a vida e a glória "na mão de Deus" (cf. Sab 3, 1-4).
Tal vida é fruto da morte à semelhança da morte de Cristo. A glória é a participação na Sua ressurreição.
Que aconteceu, então, no Bunker da fome, no dia 14 de Agosto de 1941?
Cumpriram-se as palavras dirigidas por Cristo aos Apóstolos para que "fossem e dessem fruto e o seu fruto permanecesse" (cf. Jo15, 16). De modo admirável perdura na Igreja e no mundo o fruto da morte heróica de Maximiliano Kolbe!
7. Para quanto ocorreu no campo de "Auschwitz" olhavam os homens. E embora aos olhos deles devesse parecer que "tivesse morrido" um companheiro de tormento, e de maneira humana pudessem considerar "a sua saída" como "uma desgraça", todavia na consciência deles esta não era simplesmente "a morte". Maximiliano não morreu, mas "deu a vida... pelo irmão".
Manifestava-se nesta morte, terrível sob o ponto de vista humano, toda a definitiva grandeza do acto humano e da escolha humana: ele, por amor, ofereceu-se espontaneamente à morte.
E nesta sua morte humana manifestava-se o transparente testemunho dado a Cristo:
o testemunho dado em Cristo à dignidade do homem, à santidade da sua vida e à força salvífica da morte, na qual se manifesta o poder do amor.
Precisamente por isto a morte de Maximiliano Kolbe se tornou um sinal de vitória. Foi esta a vitória alcançada sobre o inteiro sistema do desprezo e do ódio para com o homem e o que é divino no homem, vitória semelhante àquela obtida por Nosso Senhor Jesus Cristo no Calvário. "Vós sereis Meus amigos se fizerdes o que Eu vos mando" (Jo 15,14).
8. A Igreja aceita este sinal de vitória, obtida mediante a força da Redenção de Cristo, com veneração e gratidão. Procura decifrar a sua eloquência com toda a humildade e amor.
Como sempre, quando proclama a santidade dos seus filhos e das suas filhas, assim também neste caso, ela procura agir com toda a precisão e a responsabilidade devidas, penetrando em todos os aspectos da vida e da morte do Servo de Deus.
Todavia a Igreja deve, ao mesmo tempo, estar atenta, entendendo o sinal da santidade dado por Deus no seu Servo terreno, para não deixar perderem-se a sua plena eloquência e o seu significado definitivo.
E por isso, ao julgar a causa do Beato Maximiliano Kolbe tiveram de ser tomadas em consideração — já depois da beatificação — as inúmeras vozes do Povo de Deus, e sobretudo dos nossos Irmãos no episcopado, tanto da Polónia como também da Alemanha, que pediam fosse Maximiliano Kolbe proclamado santo como mártir.
Diante da eloquência da vida e da morte do Beato Maximiliano, não se pode não reconhecer o que parece constituir o principal e essencial conteúdo do sinal dado por Deus à Igreja e ao mundo na sua morte.
Não constitui esta morte enfrentada espontaneamente, por amor ao homem, um particular cumprimento das palavras de Cristo?
Não torna ela Maximiliano particularmente semelhante a Cristo, Modelo de todos os Mártires, que na Cruz dá a própria vida pelos irmãos?
Não possui precisamente tal morte uma especial e penetrante eloquência para a nossa época?
Não constitui ela um testemunho particularmente autêntico da Igreja no mundo contemporâneo?
9. E por isso, em virtude da minha autoridade apostólica decretei que Maximiliano Maria Kolbe, venerado que era como Confessor a partir da Beatificação, fosse de agora em diante venerado também como Mártir!
"É preciosa aos olhos do Senhor a morte dos Seus fiéis!".
Amén.
SOLENE RITO DE CANONIZAÇÃO DE SÃO MAXIMILIANO MARIA KOLBE
HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II
Praça de São Pedro
Domingo, 10 de Outubro de 1982
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
Adão e Eva depois da Pílula: os paradoxos da revolução sexual
A descoberta da pílula anticoncepcional permitiu a revolução sexual. Essa revolução parece que trouxe felicidade para muitas pessoas. Não fosse assim não se venderia tanta pílula nem o mundo teria mudado tanto.
Mas essa é uma felicidade peculiar, do mesmo tipo que se consegue pelo álcool. Uma felicidade que vem acompanhada de outras coisas que não são queridas, que são tristes.
Alguns reconhecem isso, outros não. Afinal todos procuramos justificar as nossas escolhas e, uma vez feitas, viver com elas. Nem gostamos de pensar que as nossas escolhas não foram boas.
A partir dos anos 60 a libertação sexual foi acompanhada por um crescimento expressivo das estatísticas de divórcios, abortos, gravidez precoce, abuso de menores, etc. que trazem um custo não só para o indivíduo como para a sociedade. Há também aqueles custos difíceis de mensurar como o trauma das crianças com lares desfeitos, depressão, solidão, etc. A correlação causal entre esses dois fenómenos – libertação e sofrimento – é apontada em muitos estudos. É certo que podem ser rejeitados e contra-argumentados, como acontece com todo o saber social, no entanto parece incontestável que a libertação – esse é o nome que damos – sexual deveria fazer as pessoas mais felizes, mas os estudos sobre felicidade apontam que a mulher de hoje considera-se menos feliz que a sua avó.
Em 2009, por exemplo, dois economistas de Wharton, Betsey Stevenson e Justin Wolfers publicaram o paper “The paradox of declining female happiness” onde, usando dados recolhidos durante 35 anos pela General Social Survey, concluem que as mulheres – relativamente e absolutamente - tem sido menos felizes que os homens, sobretudo no mundo industrializado e emancipado. O que aconteceu? Onde errámos?
Marry him! é um livro que fez muito sucesso recentemente. A autora, Lori Gottlieb, é a personificação da mulher pós-libertação sexual. Carreira bem sucedida, muitos namorados, vida sexual intensa, independente financeiramente. Perto dos 40 anos, não encontrando um parceiro adequado foi a um banco de esperma e fabricou um filho. Passado um par de anos arrepende-se profundamente das decisões que tomou. Escreve para as mulheres se casarem ou se juntarem logo com qualquer homem razoável sem esperar pelo príncipe encantado. Ter um filho por conta própria tornou difícil encontrar um homem e tem pena da criança que não tem um pai para brincar com ela. Lori seguiu a cartilha escrita dos anos 1960 para cá. Por que se frustrou?
O livro Adam and Eve after the Pill (Adão e Eva depois da Pílula - Paradoxos da Revolução Sexual) de Mary Eberstadt procura levantar essa outra parte da revolução sexual, a parte que não gostamos de falar.
Uma consequência destes tempos hiper-sexuais é o hipo-romantismo. Como se escreve e se reclama, sobretudo por parte das mulheres, por mais romantismo! E não encontram resposta. E agora as casadas têm mais uma nova demanda: dizem que os seus maridos já não estão mais interessados em ter relações sexuais com elas. A pornografia disponível na internet fez com que eles vivam fantasias que não encontram paralelo na vida real ao lado da esposa.
“The social cost of Pornography” é um documento publicado em 2009 e assinado por 50 investigadores de diversas especialidades, representantes de um largo espectro – esquerda, direita, feministas, conservadores, judeus, cristãos, ateus – mostrando que a pornografia não é apenas uma questão privada e inofensiva. Pamela Paul foi jornalista da revista Time e entrevistou mais de 100 usuários de pornografia (80% homens e – sim! – 20% mulheres) para escrever “Pornofied: how pornography is transforming our lives, our relationships and our families”. Muitos dos entrevistados disseram que perderam a capacidade de se relacionarem com mulheres. Eles têm dificuldade em lidar com a mulher real e os seus casos não prosperam. Norman Doidge, psiquiatra e pesquisador, também encontrou nos homens usuários de pornografia dificuldade em ter relações sexuais com a esposa e afirma: “Os pornógrafos prometem prazer seguro e relaxamento, mas o que na verdade entregam é vício e perda de prazer.” E Roger Scruton, filósofo contemporâneo e ensaísta, acrescenta que “os usuários de pornografia se arriscam a perder algo de muito importante: a perda do amor num mundo onde só o amor traz felicidade”.
A alimentação substituiu o sexo
Talvez um dos capítulos mais interessantes do livro é sobre a transformação que nossa sociedade viveu nas últimas décadas a respeito do sexo e, inversamente, a respeito da alimentação.
A tecnologia tornou o sexo e a comida acessíveis para uma grande quantidade de pessoas como nunca se viu antes na História. O que fizemos? Vamos imaginar – diz a autora – duas pessoas em duas épocas diferentes: Betty é uma dona de casa com 30 anos em 1958, a sua neta Jennifer tem a mesma idade hoje.
Betty prepara para a sua família todo tipo de comidas incluindo carnes, massas e doces. Ela gosta de alguns pratos e menos de outros, mas não se importa muita com esse tipo de coisa. Varia os pratos para não ficarem enjoativos. Betty pensa que alimentação é apenas questão de gosto, algo subjectivo e sem muita importância. Por outro lado, pensa que o sexo fora do casamento é algo objetivamente errado e, junto com as suas amigas, comentam com pesar sobre o vizinho que largou a esposa e os filhos para ficar com outra mulher. Ela acredita que o mundo seria um lugar melhor se todos se comportassem como ela e ela procura falar com as filhas sobre isso.
Jennifer não cozinha, não tem filhos e vive com o namorado, mas dá muita atenção a alimentação e tem firmes convicções sobre esse tema. Ela é vegetariana, evita refrigerantes, comidas ricas em colesterol e calorias bem como alimentos geneticamente modificados. A sua dieta é rica em vegetais, frutas e sumos verdes. Jennifer pensa que há um certo e errado sobre alimentação. Ela não condena os que se comportam de maneira diferente, mas não entende porque fazem isso. Também crê que o mundo seria um lugar melhor se as pessoas cuidassem melhor da sua alimentação, chegando algumas vezes a catequizar amigas sobre este assunto. Por outro lado, pensa que uma pessoa deve seguir seu coração e há muitas maneiras de se formar uma família. Ela é a favor do casamento gay, do divórcio, da união consensual e do aborto. Acha que sexo é questão de gosto pessoal e que não há um certo ou errado.
Como dá para perceber, a moralidade do sexo e da comida inverteu-se totalmente. O que era importante e objectivo tornou-se indiferente e subjectivo. A palavra ‘culpa’ é mais usada hoje para quem fica obeso do que para quem comete um adultério. Para alguns, como os vegans e os macrobióticos, a relação com a comida tornou-se inclusive algo similar aos preceitos religiosos. Mas o mais importante nessa mudança de valores é refletir se isso é pertinente a realidade do ser humano ou não e quais as suas conseqüências.
Estudos apontam que uma alimentação saudável implica uma vida melhor e procuramos seguir esses conselhos. Estudos indicam que as crianças que crescem num lar onde o pai e a mãe são casados e fiéis são estatisticamente melhores estudantes, conseguem melhores empregos, tem uma vida mais estável e equilibrada psicologicamente dos que foram criados em lares desfeitos. Por que não seguimos esses conselhos? Por que temos uma civilização puritana quanto à alimentação e licenciosa quanto ao sexo?
O tabaco e a pornografia
Outra comparação interessante que mostra as incoerências e paradoxos da nossa sociedade é a inversão de valores com relação ao cigarro e a pornografia. Vamos voltar ao exemplo de Betty em 1958 e sua neta Jennifer em 2014.
Betty, como seu marido e muitas das suas amigas, fuma. E fuma no quarto das crianças, no restaurante, no carro e em qualquer lugar. Não é um assunto que dá importância. Já ouviu falar que o tabaco pode fazer mal a saúde, mas todos estão por aí fumando e vivendo. E, com certeza, não é um assunto de cunho moral, apenas de gosto pessoal. Por outro lado, Betty sabe que está no mercado uma nova revista, a Playboy, e lamenta profundamente. Ela considera isso moralmente errado e pensa que a sociedade e as autoridades deveriam tomar uma atitude a respeito. Jamais consentiria ver imagens desse tipo e sente inclusive asco e desgosto pelo tema.
Jennifer é radicalmente contra o tabaco. A mera ideia de que alguém fume a deixa irritada. Acredita que isso é moralmente errado e gostaria que a sociedade e as autoridades banissem o fumo de qualquer lugar. Já com relação à pornografia, pensa que isso é um assunto de pouca importância, sempre que seja uma escolha livre feita por adultos conscientes. Algumas vezes se sente incomodada, mas quando seu namorado a convida a ver juntos um filme pornográfico não vê muito problema.
Novamente há uma inversão completa de valores. Fumar era bonito e hoje é feio. Já a pornografia, quando chamada de sensualidade, é algo muito positivo e bonito. O status moral foi completamente invertido.
Durante muitos anos, apesar dos exaustivos estudos, a indústria tabagista se negou a aceitar qualquer relação entre fumo e câncer. Hoje a indústria da pornografia, que rende bilhões anualmente, nega os muitos estudos existentes sobre o impacto nocivo do seu produto.
Muitos gostariam de comer de tudo e ser saudáveis, ter um bom emprego e não precisar estudar, comprar tudo e ter as finanças em dia. Quando encontramos pessoas que agem assim dizemos que são insensatas. Mas quando o assunto é família, sentimentos e comportamento sexual, negamos veementemente a insensatez a despeito da experiência acumulada nestes mais de 40 anos.
Maurício Perez in correiochegou.blogspot.pt