Um grupo de jovens católicos foi detido pela polícia por ter interrompido as comemorações dos 500 anos da 'Reforma' Protestante na Catedral de Bruxelas. Quando o Pastor Protestante iniciou o seu discurso os jovens começaram a rezar o Terço, uma oração "ofensiva" para os protestantes, que desprezam qualquer tipo de culto a Nossa Senhora. Encontrava-se presente o Cardeal de Bruxelas, Jozef De Kesel. Esperemos que mais católicos sigam o exemplo destes bravos rapazes.
segunda-feira, 30 de outubro de 2017
domingo, 29 de outubro de 2017
Seria Lutero um reformador humanista?
O ano de 1517 marcou o início de uma ruptura contínua e profunda, muitas vezes violenta, no Cristianismo. Nesse ano, o sacerdote Agostiniano, e professor de teologia, Martinho Lutero (1483-1546) propôs as suas famosas "Noventa e Cinco Teses" na cidade universitária de Wittenberg. (...)
Apesar de no início ter sido bastante suave, as reivindicações de Lutero tornaram-se cada vez mais ousadas e conflituosas, mudando de problemas relativamente menores sobre práticas locais [a venda de indulgências na Alemanha] para matérias doutrinais sérias. (...) Um protesto local tornou-se inesperadamente o Protestantismo. O Protestantismo quase imediatamente dividiu-se em grupos opostos. As controvérsias Católico-Luteranas rapidamente se somaram às Calvino-Luteranas, e depois a controvérsias dentro do próprio Calvinismo, e assim sucessivamente. As supostas "Guerras de Religião" - muitas vezes motivadas mais por manobras políticas e dinásticas do que por problemas doutrinais - assaltaram a Europa no século e meio seguinte, particularmente a Alemanha, França e Inglaterra.
O próprio Lutero não era nenhum humanista, apesar de algumas das suas ideias, tais como o ênfase na leitura literal da Bíblia, em oposição às leituras alegóricas favorecidas pelos Católicos, terem algumas semelhanças ao ênfase humanista pelos textos. Mas estas semelhanças são superadas pela sua suspeita pelas ideias e literatura Clássica ('pagã') e o seu desejo de expurgar livros da Bíblia (tal como a Epístola de Tiago) que não batiam certo com as suas ideias pessoais.
Lawrence M. Principe in 'The Scientific Revolution: A Very Short Introduction'. Oxford University Press, 2011
3 estátuas de Cristo Rei
Cristo Redentor, no morro do Corcovado (Brasil) |
Existem dezenas de imagens de Cristo Rei no mundo, a pedir o dom da paz, mas há três especiais: O Cristo Redentor do Corcovado, no Brasil, o Cristo Rei em Lisboa e o Cristo Rei da cidade de Díli, em Timor Lorosae. Há outros monumentos dedicados a Cristo Rei, alguns tão grandes ou maiores, mas estes são os meus preferidos.
O primeiro, inaugurado em 1931, já foi classificado pela Unesco como uma das sete novas maravilhas do mundo. Ergue-se a 800 metros acima do mar, sobre um penhasco magmático quase vertical, chamado morro do Corcovado. A escultura, de betão revestido com pedra, tem 38 metros de altura. O desenho, da autoria de Carlos Oswald, representa Jesus de braços abertos ao mundo inteiro, dando a impressão de ser, de longe, uma cruz plantada no maciço rochoso. O molde da estátua veio do «atelier» do escultor franco-polaco Paul Landowski.
Cristo Rei, em Almada, na margem Sul do Tejo |
O segundo Cristo Rei da minha devoção é o de Almada, uns 215 metros acima do estuário do Tejo. Inspirou-se directamente no modelo brasileiro e no mesmo desejo de paz. Naqueles anos, Portugal ansiava pela paz, de todo o coração. A Igreja portuguesa aguentara a perseguição do último século de monarquia e o anti-clericalismo da Primeira República. Sucediam-se os atentados, os golpes, as revoluções. Lá fora, o comunismo fazia multidões de vítimas na Rússia e nas regiões por ela ocupadas, a perseguição no México produzia milhares de mártires, a Alemanha estava dominada por um regime pagão que preparava a guerra, o marxismo mergulhava a Espanha em guerra civil.
A Segunda Guerra Mundial atrasou a construção do Cristo Rei, mas a decisão estava tomada. Os bispos portugueses fizeram a promessa pública, em nome de todo o país, de erguer aquela imagem, para (1) pedir perdão a Deus por tantos pecados contra a dignidade humana; (2) agradecer a Deus se Portugal não viesse a sofrer directamente os horrores da Segunda Guerra Mundial; (3) expressar o propósito colectivo de nos portarmos doravante de forma honesta e santa.
O Cristo Rei de Lisboa representa Jesus de braços abertos, como o do Corcovado, mas a escultura é diferente. A imagem brasileira segue o cânone «art déco» da época, de linhas mais geométricas, enquanto a de Lisboa, da autoria do escultor Francisco Franco, é uma obra clássica, temperada de vanguardismo modernista. Francisco Franco só teve tempo de realizar o boceto da escultura, em ponto pequeno; a peça final foi vazada em betão no próprio local, em moldes de gesso ampliados do boceto, e acabada a escopro.
Cristo Rei em Díli, Timor Lorosae |
O Cristo Rei de Díli também é enorme – mede 27 metros de altura – e também está situado sobre um grande monte junto ao mar, sobre um pedestal que neste caso é um globo terrestre. A atitude é semelhante à dos monumentos anteriores, mas o artista muçulmano Mochamad Syailillah fez a escultura em cobre. A estátua foi inaugurada pelo então Bispo de Díli D. Ximenes Belo no ano de 1996, ainda durante a ocupação Indonésia, ainda durante o governo de Suharto. Mais uma vez, o Cristo Rei falava de paz. O monumento, oferecido pela Indonésia ao povo de Timor, era um pedido de desculpa implícito pelos cerca de 100.000 timorenses massacrados pouco tempo antes; o gesto do povo de Timor de aceitar das mãos dos ocupantes muçulmanos o seu Cristo Rei monumental significava: já perdoámos.
José Maria André in Correio dos Açores
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
Riquezas do Catolicismo: Consciência das próprias misérias
Acho que é de Chesterton a frase segundo a qual tornar-se católico é o único meio que o ser humano tem de escapar à condição de ser escravo do seu tempo. Ao converter-se à Igreja Católica todo o fiel coloca-se, imediatamente, sobre os ombros de vinte séculos de humanidade, e adquire uma visão de mundo de um tal alcance que não seria capaz de obter de outra maneira.
Isso tem incontáveis implicações. Uma delas — fundamental, aliás, para qualquer processo de conversão sério — é notar que não existe nenhum pecado que não seja alcançado pela misericórdia de Deus. Nenhuma ofensa, por grande que nos pareça, é capaz de oferecer obstáculo verdadeiro à Graça alcançada por Cristo na Cruz do Calvário; não existe nenhum pecado que não possa ser verdadeiramente remido (e faço um parêntesis: é por isso que rezamos, no Credo, que cremos “na remissão dos pecados”, remissão verdadeira e própria, i.e., extinção, aniquilamento, destruição, desaparecimento. Isto é muito mais forte do que “ficar quite” após o cumprimento de uma pena: a remissão dos pecados é o fim da própria dívida que implicava na pena); não existe, dizia, nenhum pecado que não possa ser perdoado pelo Deus que é Todo-Poderoso exactamente para cancelar o pagamento que, por dívida de justiça, incumbe-nos prestar pelo mal que praticamos.
Não há pecado algum que não possa ser perdoado: esta é uma verdade que nos deve reconfortar. Mas a ela corresponde uma outra verdade, infelizmente menos lembrada mas nem por isso menos verdadeira, e que deveria nos fazer vigilantes e cuidadosos: do mesmo modo que não há pecado que não possa ser perdoado, não há também pecado, por grave que seja, que não possa ser cometido. Ninguém está imune a ofender a Deus! Ao contrário até: se não o fazemos, é porque Ele nos sustenta com a Sua Graça. Se não fosse por Ela, se Ela nos faltasse um instante sequer, pereceríamos verdadeira e miseravelmente, sem que nada pudéssemos fazer.
A tradição da Igreja é rica neste tipo de meditação, desde a advertência paulina (qui se existimat stare videat ne cadat — “quem julga estar de pé cuide para que não caia”, 1Cor 10, 12) até, por exemplo, esta eloquente passagem de S. Luís de Montfort que sempre me pareceu comovente:
«Ah! Quantos cedros do Líbano, quantas estrelas do firmamento não têm-se visto cair miseravelmente e, em pouco tempo, perder toda a sua elevação e claridade! Donde proveio esta estranha mudança? O que faltou não foi a graça, que não falta a ninguém, foi a humildade. Julgaram-se mais fortes e mais capazes do que eram; julgaram que podiam guardar os seus tesouros. Fiaram-se e apoiaram-se em si mesmos. Acharam a sua casa bastante segura e os seus cofres bastante fortes para guardar o precioso tesouro da graça.» Tratado da Verdadeira Devoção, 89
Somos fracos, ainda que não o experimentemos, ainda que as pessoas que nos são próximas não o sejam capazes de perceber. Temos no nosso interior o desejo do infinito, sim, e uma capacidade extraordinária de abertura à graça de Deus; mas temos também, inafastavelmente, o poder de pecar, a capacidade da mesquinharia, a possibilidade da traição vil e covarde, a aptidão para os mais horrendos pecados. Tal consciência é uma riqueza da experiência cristã multissecular, parte do tesouro atemporal que se recebe ao tornar-se católico. (...)
Quantos cedros do Líbano não têm caído por terra…! Que ninguém se julgue bom demais, perfeito demais, evoluído demais, auto-suficiente demais. Não o somos, e a realidade nos grita aos ouvidos, o tempo inteiro, que não o somos. Há sempre espaço para o arrependimento — esta é a grande maravilha da misericórdia de Deus! Mas há também sempre espaço para a queda. O demónio anda à nossa espreita, procurando devorar-nos…! Tomemos cuidado. Vigiemos, que são muitos os melhores que nós que já caíram nas suas suas garras.
Jorge Ferraz in 'Deus lo vult'
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
Como o Papa Francisco citou S. Vicente de Lérins a propósito do «progresso» na doutrina e da «nova compreensão da verdade cristã»
No dia 11 de Outubro celebrou-se no Vaticano o 25º aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica (CIC) numa sessão promovida pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, durante a qual o Papa Francisco fez um discurso, pronunciado em italiano, que naturalmente não passou indiferente a muitos comentadores atentos à vida da Igreja; comentários esses que maioritariamente se ocuparam da questão teológica levantada pela novidade, ao que parece agora introduzida pelo Santo Padre, relativamente ao entendimento da malícia «em si mesma»(sic) da pena de morte.
Neste seu discurso, a pretexto do progresso, por ele referido, na abordagem da pena de morte pelos «últimos Pontífices» e da necessidade de uma eventual revisão do CIC sobre este tema – introduzir nele «um espaço mais adequado e coerente com as finalidades agora expressas» (sic) -, Francisco comenta a questão maior do progresso na doutrina, sem o qual, como disse, «não se pode conservar a doutrina» (sic). Questão esta, aliás, me parece ter sido o verdadeiro núcleo e objectivo final desta alocução.
Sobre a novidade que o Papa agora avança a respeito da moralidade em si da pena de morte já outros comentaram. O que nesse discurso acabou por chamar particularmente a minha atenção foi o modo como o célebre tratado de São Vicente de Lérins, intitulado Commonitorium, é citado. E é só sobre isso que aqui resumo algumas das minhas observações, achadas já depois de ter lido na íntegra este belíssimo texto do monge de Lérins (na actual França) e que ali viveu em meados do século V.
Leiam-se então os dois seguintes excertos onde Francisco, no referido discurso, cita São Vicente de Lérins, os quais aqui transcrevo na versão em português (com sublinhados meus):
1º) “Aliás, como já recordava São Vicente de Lérins, «talvez alguém pergunte: Não haverá progresso algum dos conhecimentos religiosos na Igreja de Cristo? Há, sem dúvida, e muito grande. Com efeito, quem será tão malévolo para com a humanidade e tão inimigo de Deus que pretenda impedir este progresso?» (Commonitorium, 23.1: PL 50, 667). Por isso é necessário reiterar que, por muito grave que possa ter sido o delito cometido, a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa.” (sic).
2º) “A Tradição é uma realidade viva; e somente uma visão parcial pode conceber o «depósito da fé» como algo de estático. A Palavra de Deus não pode ser conservada em naftalina, como se se tratasse de uma velha coberta que é preciso proteger da traça! Não. A Palavra de Deus é uma realidade dinâmica, sempre viva, que progride e cresce, porque tende para uma perfeição que os homens não podem deter. Esta lei do progresso – segundo a fórmula feliz de São Vicente de Lérins: «annis consolidetur, dilatetur tempore, sublimetur aetate – fortalece-se com o decorrer dos anos, cresce com o andar dos tempos, desenvolve-se através das idades» (Commonitorium, 23.9: PL 50, 668) – pertence à condição peculiar da verdade revelada, enquanto transmitida pela Igreja, e não significa de modo algum uma mudança de doutrina.” (sic).
Confronte-se agora com os excertos A e B, paralelos da referida versão bilíngue do texto de São Vicente, que transcrevo na sua integridade e onde sublinho de novo e apenas as partes citadas pelo Papa (a numeração é a constante da versão bilingue transcrita), constituindo as partes não-sublinhadas aquelas que o Santo Padre omitiu:
A) Latim e francês e português:
XXIII . 1. Sed forsitan dicit aliquis : 'Nullusne ergo in ecclesia Christi profectus habebitur religionis ?' – Habeatur plane et maximus. Nam quis ille est tam inuidus hominibus, tam exosus Deo, qui istud prohibere conetur ? 2. Sed ita tamen, ut uere profectus sit ille fidei, non permutatio, siquidem ad profectum pertinet ut in semetipsa unaquaeque res amplificetur, ad permutationem uero ut aliquid ex alio in aliud transuertatur.
XXIII . 1. Mais peut-être dira-t-on : 'N'y aura-t-il alors, dans Église du Christ, aucun progrès de la religion ? - Certes, il faut qu'il y en ait un, et considérable ! Qui serait assez ennemi de l'humanité, assez hostile à Dieu, pour essayer de s'y opposer ? 2. Mais cela à condition que ce soit vraiment pour la foi un progrès et non un changement, étant donné que ce qui constitue le progrès c'est que chaque chose soit augmentée en restant elle-même, tandis que le changement, c'est que s'y ajoute quelque chose venue d'ailleurs.
XXIII . 1. Mas talvez alguém pergunte: Não haverá progresso algum dos conhecimentos religiosos na Igreja de Cristo, nenhum progresso na religião? Certamente, é necessário que ele haja e considerável! Quem seria tão inimigo da humanidade, tão hostil a Deus, para tentar opor-se a isso? 2. Mas isso, na condição que seja verdadeiramente um progresso para a fé e não uma mudança, sendo que o que constitui o progresso é que cada coisa/realidade seja aumentada permanecendo ela mesma, enquanto que a mudança é quando se acrescente a ela qualquer coisa vinda de fora. (Tradução do francês-português minha).
B) Latim e francês e português:
XXIII . 9. Ita etiam christianae religionis dogma sequatur has decet profectuum leges, ut annis scilicet consolidetur, dilatetur tempore, sublimetur aetate, incorruptum tamen inlibatumque permaneat et uniuersis partium suarum mensuris cunctisque quasi membris ac sensibus propriis plenum atque perfectum sit, quod nihil praeterea permutationis admittat, nulla proprietatis dispendia, nullam definitionis sustineat uarietatem.
XXIII . 9. Ces lois du progrès doivent normalement s'appliquer également au dogme chrétien ; qu'il soit consolidé par les années, développé par le temps, rendu plus auguste par l'âge, mais qu'il demeure sans corruption et inentamé, qu'il soit complet et parfait dans toutes les dimensions de ses parties et, pour ainsi parler, dans tous les membres et dans tous les sens qui lui sont propres, qu'il n'admette après coup aucune altération, aucune perte de ses caractères spécifiques, aucune variation dans ce qu'il a de défini.
XXIII .9. Estas leis do progresso devem normalmente aplicar-se ao dogma cristão; [de modo] que ele seja consolidado pelos anos, desenvolvido pelo tempo, tornando-se mais augusto/sublime/venerável pela idade, mas que ele permaneça sem corrupção e incontaminado, que ele esteja completo e perfeito em todas as dimensões das suas partes e, por assim dizer, em todos os seus membros e em todos os sentidos que lhe são próprios, que ele não admita demasiadamente tarde, nenhuma alteração, nenhuma perda das suas características específicas, nenhuma variação no que ele tem de definido. (Tradução do francês-português minha).
Diz o Santo Padre que «o desenvolvimento harmónico da doutrina, porém, requer que se abandone tomadas de posição em defesa de argumentos que agora se apresentem decididamente contrários à nova compreensão da verdade cristã» (sic, com sublinhado meu). Mas lendo directamente São Vicente de Lérins não é difícil constatar que o santo monge, admitindo claramente a progressão do dogma no que respeita à inteligência, à ciência e à sabedoria (intellegentia, scientia, sapientia), jamais admite, antes nega peremptoriamente, que no dogma ou na doutrina possa haver novidade no sentido em que esta mesma novidade possa alterar, subtrair, contradizer ou refutar a verdade nem o seu significado.
É muito penoso - para quem deseja e teima, de todo o coração, manter a devida fidelidade e obediência ao legítimo sucessor de Pedro - constatar um facto assim; tanto mais quanto, infelizmente, este modo intelectualmente tão discutível de citar não é inédito na pessoa do Papa Francisco.
Por exemplo, sobre o modo como São Tomás de Aquino é citado e usado na célebre Exortação Apostólica Amoris Laetitia, leia-se a análise de um sacerdote dominicano, diplomado por Oxford, numa sua recente entrevista; ou o modo como na nota 329, referente ao nº 298 da mesma Exortação, o Santo Padre aplica e utiliza, referindo-se aos «divorciados que vivem numa nova união» (sic), um excerto do nº 51 da Gaudium et Spes, sendo que este documento do Concílio Vaticano II está neste ponto a referir-se aos «esposos» (sic), obviamente de matrimónios canonicamente válidos, não sendo esta condição ou estado teologicamente indiferente para o aspecto objecto de análise pelo Papa.
Francisco pede com pertinaz insistência que rezemos por ele. Sim, rezemos implorando ao Altíssimo para que o Santo Padre Francisco seja o primeiro entre todos os cristãos a ajudar-nos na obediência religiosa; assim como a saber obedecer (ob-audire) na Fé devida por todos nós em resposta à sagrada Revelação divina (cf. CIC nn 142-144).
João Duarte Bleck, médico e leigo Católico
25 de Outubro de 2017
Notas de rodapé:
Notas de rodapé:
1. Servi-me da versão bilíngue latim-francês disponível em:
2. Versão em português e outras línguas disponível em:
3. «Crescat igitur oportet et multum uehementerque proficiat tam singulorum quam omnium, tam unius hominis quam totius ecclesiae, aetatum ac saeculorum gradibus, intellegentia, scientia, sapientia, sed in suo dumtaxat genere, in eodem scilicet dogmate, eodem sensu eadem que sententia (Cf. 1 Co 1, 10).
« Donc, que croissent et que progressent largement l'intelligence, la science, la sagesse, tant celle des individus que celle de la collectivité, tant celle d'un seul homme que celle de l'Église tout entière, selon les âges et selon les générations ! — mais à condition que ce soit exactement selon leur nature particulière, c'est-à-dire dans le même dogme, dans le même sens, et dans la même pensée.» (Commonitorium, XXIII, 3, sublinhado meu).
«Portanto, que cresçam e que progridam largamente a inteligência, a ciência, a sabedoria, tanto a dos indivíduos como a da colectividade, tanto a de um só homem como a da Igreja inteira, segundo as idades e segundo as gerações! – mas na condição que isso seja exactamente segundo a sua natureza particular, isto é, no mesmo dogma, no mesmo sentido e no mesmo pensamento.» (Tradução do francês-português minha).
Recomendo aos que sabem francês a leitura, através do site atrás referido, de todo o capítulo XXIII do tratado de São Vicente de Lérins, sobre o progresso do dogma e as suas condições.
4. Ver a entrevista do padre dominicano Thomas Crean O.P., em:
CNN desmascara involuntariamente a Ideologia de Género
A CNN lançou há 2 dias esta campanha a nível mundial. O propósito era ridicularizar as "fake news". Mas na realidade o vídeo acabou por ridicularizar a Ideologia de Género e todas as aberrações ideológicas defendidas pela grande maioria dos meios de comunicação social e pelo 'politicamente correcto'. Tiro no pé, CNN!
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
domingo, 22 de outubro de 2017
"A permissividade moral não torna os homens felizes" Papa João Paulo II
Queridos jovens, fizestes-me saber que muitas vezes considerais a Igreja como uma instituição que apenas promulga regulamentos e leis. E concluís que há um profundo hiato entre a alegria que emana da palavra de Cristo e o sentimento de opressão que suscita em vós a rigidez da Igreja.
Mas o Evangelho apresenta-nos um Cristo muito exigente, que convida a uma conversão radical do coração, ao abandono dos bens da Terra, ao perdão das ofensas, ao amor para com o inimigo, à paciente aceitação das perseguições e mesmo ao sacrifício da própria vida por amor ao próximo.
No que diz respeito ao domínio particular da sexualidade, é conhecida a posição firme que Jesus tomou em defesa da indissolubilidade do matrimónio e a condenação que pronunciou até a propósito do simples adultério cometido no coração. Poderá alguém não ficar impressionado diante do preceito de arrancar um olho ou de cortar uma mão se esses órgãos forem ocasião de escândalo?
A permissividade moral não torna os homens felizes. Tal como a sociedade de consumo não traz alegria ao coração. O ser humano só se realiza na medida em que sabe aceitar as exigências que provêm da sua dignidade de ser criado «à imagem e semelhança de Deus» (Gn 1,27). Por isso, se hoje a Igreja diz coisas que não agradam, é porque se sente obrigada a fazê-lo. Fá-lo por dever de lealdade.
Mas então não é verdade que a mensagem evangélica é uma mensagem de alegria? Pelo contrário, é absolutamente verdade! E como é isso possível? A resposta encontra-se numa palavra, numa só palavra, numa palavra curta mas com um conteúdo vasto como o mar. Essa palavra é: amor. O rigor do preceito e a alegria do coração podem perfeitamente conciliar-se. Quem ama não receia o sacrifício. Antes procura no sacrifício a prova mais convincente da autenticidade do seu amor.
Papa João Paulo II in 'Discurso aos jovens holandeses' (14.V.1985)
sábado, 21 de outubro de 2017
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
Um exemplo para os jovens casais
Arquiduque Imre da Áustria e Kathleen Elizabeth Walker
Nascida na cidade de Cincinatti, nos Estados Unidos, a Senhorita Kathleen Elizabeth Walker sempre foi devota à sua fé católica e à luta contra a abominação que é o aborto. Passou os seus anos universitários liderando um grupo estudantil pró-vida e, após concluir os cursos de Jornalismo e Ciências Políticas, começou a trabalhar como Directora de Comunicações das Caridades Católicas da Diocese de Arlington e para a Liga Americana da Vida.
O Arquiduque Imre Emanuel Simeon Jean Carl d’Aviano da Áustria, Príncipe Real da Hungria, Croácia e Boémia, nasceu na Suíça, no dia 8 de Dezembro de 1985 – Festa da Imaculada Conceição –, sendo o segundo filho e varão primogénito do Arquiduque Carl Christian da Áustria e de sua augusta esposa, nascida Princesa Marie-Astrid de Luxemburgo. Assim sendo, o Arquiduque Imre é sobrinho do actual Soberano Luxemburguês, o Grão-Duque Henri.
A Senhorita Walker sempre se sentiu inspirada pelo exemplo de vida do Bem-Aventurado Imperador Beato Karl da Áustria (1887-1922) e de sua augusta esposa, Serva de Deus Imperatriz Zita (nascida Princesa de Bourbon e Parma; 1892-1989). De facto, a Senhorita Walker chegou a pedir para que, do Céu, a Imperatriz Serva de Deus lhe ajudasse a encontrar rumo na vida – e Sua Majestade Apostólica Imperial e Real guiou-a em direcção a ninguém mais, ninguém menos que o seu próprio bisneto.
O Arquiduque Imre da Áustria e a Senhorita Kathleen Walker conheceram-se numa Missa em memória do Imperador Beato, no ano de 2010. Os fortes valores cristãos em comum aproximaram os dois jovens, que se casaram no dia 8 de Setembro de 2012, em Washington D.C., na Igreja de St. Mary Mother of God – a mesma onde se conheceram e onde também estão as veneráveis relíquias do Imperador Beato –, em cerimónia celebrada na forma tradicional do Rito Romano.
O Arquiduque Imre e a Arquiduquesa Kathleen fixaram residência na Suíça, onde continuam a fazer a sua parte para expurgar a Europa de toda imoralidade e manter a grandeza da Cristandade. No dia 11 de Novembro de 2013, nasceu a primeira filha do casal, a Arquiduquesa Maria-Stella Elizabeth Christiana Yolande Alberta da Áustria.
in Causa Imperial
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
Secretário de Bento XVI nega que o Papa esteja às portas da morte
Nos últimos dias correram mundo várias notícias sobre o estado de saúde do Papa Bento XVI. Tornou-se viral uma mensagem atribuída a Mons. Georg Gänswein, secretário do Papa Bento, que dizia: "O Papa Bento XVI é como uma vela que, lenta e serenamente, se apaga."
Michael Hesemann, jornalista e escritor alemão, resolveu perguntar directamente a Mons. Gänswein se aqueles rumores e aquela mensagem eram verdadeiros. Esta foi a resposta que recebeu:
"Caro Dott. Hesemann,
Obrigado pelo seu email. A frase que foi colocada na minha boca é uma pura invenção. É uma falsidade e um erro! Apenas queria saber quem é o autor de tudo isto. Recebi muitos emails, de há dois dias a esta parte, que se referem a essa frase e aquelas pessoas estão preocupadas.
O irmão, Georg Ratzinger, voltou para casa ontem. Ambos os irmãos passaram algum tempo aqui e foram dias muito bons."
Seja como for, disse o Prefeito da Casa Pontifícia, as orações pelo Papa Bento são sempre bem-vindas.
terça-feira, 17 de outubro de 2017
A Irmã Lúcia avisou: "Se Portugal aprovar o aborto terá muito que sofrer"
"Se Portugal não aprovar o aborto, está salvo; mas se o aprovar, terá muito que sofrer. Pelo pecado da pessoa paga a pessoa que dele é responsável; mas pelo pecado da Nação paga todo o povo. Porque os governantes que promulgam as leis iníquas fazem-no em nome do povo que os elegeu."
in 'Um caminho sob o olhar de Maria - Biografia da Irmã Lúcia' - Carmelo de Coimbra (Edições Carmelo, p. 68, 2013, pp. 494)
domingo, 15 de outubro de 2017
Imagens históricas dos 100 anos de Fátima
Missa celebrada pelo Patriarca de Lisboa, o Cardeal Cerejeira, em 1950:
Fotografia de A. Silva
13 de Março de 1951:
Transladação dos restos mortais de Francisco Marto para a Basílica de N. Sra. do Rosário:
Manuel e Olímpia Marto no cortejo fúnebre: |
1 de Maio de 1951
Transladação do corpo de Jacinta Marto para a Basílica de N.Sra do Rosário:
Exumação do corpo (com D. José Alves Correia da Silva ao centro e os pais dos pastorinhos à direita)
Capelinha das Aparições num dia comum em 1951:
Bispo Pavlos Meletiev, (rito bizantino russo) 13 de Outubro de 1951:
Um sacerdote distribui a comunhão no exterior da Igreja de N. Sra do Rosário, 1955:
Bênção dos doentes na colunata (Cardeal Ottaviani) 1955:
Numerosos bispos em procissão no Santuário de Fátima (de fundo: o antigo hospital) 1955:
Fotografia de Alípio de S. Vicente
Bênção dos doentes (Cardeal Gouveia), cerca de 1955
Missa a 13 de Maio de 1956 (Cardeal Roncalli, futuro Papa João XXIII)
1958
Bênção com o Santíssimo Sacramento (Bispo do Congo, Bélgica) 1959
sem data
Doentes à espera da bênção 1960:
Duas servitas e um peregrino 1960:
Comunhão na Basílica do Rosário, 1960:
Capelinha em dias comuns em 1960:
Um 13 de Outubro, sem ano:
Deus contra as falsas religiões
Ouvi, ó casa de Israel, a palavra que o SENHOR vos dirige. Assim fala o SENHOR: «Não imiteis o procedimento dos pagãos, nem temais os sinais celestes, como temem os pagãos. De facto, a religião desses povos não é nada.
É apenas madeira cortada na floresta, obra trabalhada pelo cinzel do artista, adornada com prata e com ouro; fixam-nos com pregos e a golpes de martelo para que não se movam. Estes deuses assemelham-se a espantalhos num campo de pepinos. Devem ser conduzidos, pois não caminham. Não os temais, pois não podem fazer mal, nem podem fazer bem.»
Ninguém há semelhante a ti, SENHOR! Tu és grande! Grande é o teu nome e o teu poder. Quem não te temerá, rei dos povos? A ti é devido todo o respeito, porque entre os sábios dos povos pagãos e nos seus reinos, ninguém se assemelha a ti.
Jeremias 10, 1-7
sábado, 14 de outubro de 2017
quarta-feira, 11 de outubro de 2017
Bento XVI: A causa da crise na Igreja é Deus ter perdido a prioridade na Liturgia
Apresentamos o prefácio escrito pelo Papa Bento XVI para a edição russa do volume XI da sua Opera Omnia, publicado recentemente pela Editora do Patriarcado de Moscovo.
A nada se dê prioridade senão ao Culto Divino. Com estas palavras São Bento estabelece na regra de vida que criou a absoluta prioridade do Culto Divino em relação a todas as restantes actividades da vida monástica (ponto 43,3). Este facto não era óbvio nem mesmo para a vida monástica, pois para os monges era essencial o trabalho científico e agrícola, áreas em que podia, certamente, surgir urgências que podiam fazê-las parecer mais importantes que a liturgia. Perante tudo isto, São Bento coloca a prioridade na liturgia, realçando inequivocamente a prioridade do próprio Deus na nossa vida: “Na hora do Ofício Divino, mal se oiça o sinal, deixa-se tudo o que se tiver em mãos e corresponda-se ao chamamento com a máxima solicitude” (43,1).
Na consciência dos homens de hoje as coisas de Deus e em particular a liturgia não surgem como um assunto urgente. Há urgência para todo o tipo de coisas, mas a causa de Deus não parece que o seja alguma vez. Pode-se dizer, com justiça, que a vida monástica é diferente da vida dos homens que estão no mundo – mas ainda assim a prioridade de Deus, que esquecemos, vale em ambos os casos. Se Deus já não é importante, então alteramos os critérios para estabelecer o que é importante. Quando o homem coloca Deus numa das suas gavetas, está a colocar-se sob condicionalismos que o fazem escravos de coisas materiais e que são, portanto, opostas à sua dignidade.
Nos anos que sucederam o Concílio Vaticano II voltei a tomar consciência da prioridade de Deus e da Liturgia Divina. O mal-entendido que se difundiu abundantemente na Igreja Católica, relativamente à reforma litúrgica, levou a que se pusesse sempre em primeiro plano o aspecto da instrução, da criatividade e actividade pessoal. A actividade dos homens fez que quase ficasse esquecida a presença de Deus. Nesta situação (em que nos encontramos) fica cada vez mais claro que a existência da Igreja vive da justa celebração da liturgia e que, portanto, a Igreja está em perigo quando o primado de Deus não surge na liturgia e, daí, na vida.
A causa mais profunda da crise que se abateu sobre a Igreja está no ocultar a prioridade de Deus na liturgia. Tudo isto levou a dedicar-me ao tema da liturgia com mais afinco que no passado porque sabia que o verdadeiro renovamento da liturgia é uma condição fundamental para o renovamento da Igreja. Foi desta convicção que nasceram os estudos que estão agrupados agora no presente volume XI da Opera Omnia. No fundo, ainda que com todas as diferenças existentes, a essência da liturgia no Oriente e no Ocidente é única e a mesma. Assim espero que este livro possa ajudar também os cristãos da Rússia a compreender melhor e de uma nova forma o grande dom que nos é dado na Santa Liturgia.
(Tradução: Senza Pagare)
terça-feira, 10 de outubro de 2017
Há dois caminhos: um de vida e outro de morte
Há dois caminhos, um de vida e outro de morte, mas há uma grande diferença entre os dois. Ora o caminho da vida é o seguinte: primeiro que tudo, amarás a Deus que te criou; em segundo lugar, amarás o teu próximo como a ti mesmo, e aquilo que não queres que ele te faça não o faças tu a outrem. Eis o ensinamento contido nestas palavras: Bendizei aqueles que vos maldizem, rezai pelos vossos inimigos, jejuai pelos que vos perseguem. Com efeito, que mérito tendes em amar os que vos amam? Não o fazem também os pagãos? Quanto a vós, amai os que vos odeiam e não tereis inimigos. Abstende-vos dos desejos carnais e corporais.
Segundo mandamento da doutrina: não matarás, não cometerás adultério, não seduzirás rapazes, não cometerás fornicação, nem roubo, nem magia, nem envenenamento; não matarás nenhuma criança, por aborto ou depois do nascimento; não desejarás os bens do teu próximo. Não cometerás perjúrio, não levantarás falsos testemunhos, não terás intenções de maledicência e não guardarás rancor.
Não terás duas maneiras de pensar nem duas palavras: porque a duplicidade de linguagem é uma armadilha de morte. A tua palavra não será mentirosa nem vã, mas plena de sentido. Não serás avarento, nem ganancioso, nem hipócrita, nem maldoso, nem orgulhoso; não terás má vontade com o teu próximo. Não deves odiar ninguém: deves corrigir uns e rezar por eles e amar os outros mais do que a própria vida.
Meu filho, foge de tudo o que é mal e de tudo o que te parece mal. Vigia para que ninguém te desvie da doutrina, porque esse estará a guiar-te para longe de Deus. Se puderes suportar todo o jugo do Senhor, serás perfeito; se não, faz ao menos o que te for possível.
in Didaké (c. 60-120) - catequese dos primeiros cristãos - §§ 1-6