sábado, 31 de agosto de 2019

Concílio Vaticano II: Os dogmas que não proclamou e erros que não condenou

Os Bispos italianos, que eram os mais numerosos, queriam que o Concílio proclamasse o dogma da «Mediação Universal da Bem-Aventurada Virgem Maria»; o segundo dogma cuja definição pediam era o da Realeza de Cristo, para ser contraposto ao laicismo dominante. 

Muitos pediam ainda ao Concílio a condenação de erros doutrinais: 

91 queriam ver reiterada a condenação do comunismo; 
57 exprimiam-se contra o existencialismo ateu; 
47 contra o relativismo moral; 
31 contra o materialismo;
24 contra o modernismo. 

«Nos milhares de cartas chegadas a Roma e enviadas de todo o mundo, o comunismo era referido como o erro mais grave que o Concilio deveria condenar. Eram 286 os bispos que a ele se referiam. Para além das numerosas referências ao socialismo, ao materialismo e ao ateísmo», refere Giovanni Turbanti. 

No Relatório sintetico, que enuncia os votos dos Bispos por nações, elaborado pela Secretaria-Geral das Comissões Preparatórias, o comunismo também figura como o primeiro erro que o Concilio deveria condenar.

Roberto de Mattei in 'Concílio Vaticano II - Uma história nunca escrita'


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sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Divórcio e quantidade de "parceiros" sexuais

Este estudo conduzido pela National Survey of Family Growth, nos Estados Unidos, demonstra a unidade da família após os primeiros cinco anos de casamento - dado o número de "parceiros" sexuais dos cônjuges que tiveram durante a sua vida. 

Usando números arredondados: 95% dos que são monogâmicos, que tiveram apenas um parceiro sexual na vida - ou seja, apenas o cônjuge - estão juntos após os primeiros cinco anos de casamento. Mas quando a mulher teve um "parceiro" sexual extra que não o marido (quase sempre antes do casamento) a percentagem cai para 62% e com dois "parceiros" cai quase para 50%. Para os homens, são necessárias cinco "parceiras" sexuais para atingir o mesmo nível de separação.

Este estudo demonstra o que ensina a doutrina católica: a virtude da castidade prepara as pessoas para o casamento e ajuda a que as pessoas se mantenham juntas depois de casarem, formando famílias unidas e estáveis.


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quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Martírio de São João Baptista

Caravaggio (1607)
São João Baptista foi decapitado por defender a indissolubilidade do matrimónio, que é de direito divino, revelado por Deus aos homens. Esta doutrina perene e imutável foi sendo combatida na sociedade ocidental e hoje existe quem combata contra ela dentro da própria Igreja. Mas Deus não Se engana nem nos engana. João não pode ter morrido em vão.


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quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Será possível amar os inimigos?

Ao amares o teu inimigo, desejas que ele seja para ti um irmão. Não amas o que ele é, mas aquilo em que queres que ele se torne. Imaginemos um pedaço de madeira de carvalho em bruto. Um artesão hábil vê essa madeira, cortada na floresta; a madeira agrada-lhe; não sei o que quer fazer dela, mas não é para a deixar como está que o artista gosta dela. A sua arte faz com que pense em que é que se pode transformar essa madeira; o seu amor não é dirigido à madeira em bruto: ele ama o que fará com ela e não a madeira em bruto. 


Foi assim que Deus nos amou quando éramos pecadores. Na verdade, Ele disse: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes». Ter-nos-á Ele amado pecadores para que permaneçamos pecadores? O Artesão viu-nos como um pedaço de madeira em bruto, vindo da floresta; porém, o que Ele tinha em vista era a obra que nela faria e não a madeira em si, nem a floresta. 

Contigo passa-se a mesma coisa: vês o teu inimigo opor-se a ti, encher-te de palavras mordazes, tornar-se rude nas afrontas que te faz, perseguir-te com o seu ódio. Mas tu sabes que ele é um homem. Vês tudo o que esse homem fez contra ti, mas também vês nele aquilo que foi feito por Deus. Aquilo que ele é, enquanto homem, é obra de Deus; o ódio que te tem é obra dele. 


E que dizes tu para contigo? «Senhor sê benevolente para com ele, perdoa-lhe os pecados, inspira-lhe o teu temor, converte-o.» Não amas nesse homem aquilo que ele é, mas aquilo que queres que ele venha a ser. Assim, quando amas um inimigo, amas nele um irmão.


Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja in 'Comentário sobre a primeira carta de João' (§ 8,10)


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3 tiradas de bom humor do Papa Bento XIV (Prospero Lambertini)

1. Ao superior dos jesuítas: "É de fé que terei um sucessor, sobre vocês isso não foi dito."

2. Falando sobre a graça de ser o Vigário de Cristo: "Apesar de ter toda a verdade no meu peito, devo confessar que não encontro a chave." 

3. No seu leito de morte: "Padeci sob Pôncio" (era o nome do médico que o assistia)


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terça-feira, 27 de agosto de 2019

A Inquisição exterminou 30 milhões de pessoas?

É comum vermos na literatura secular, em filmes e documentários, e pior ainda, nas escolas do ensino fundamental e médio e até em faculdades e universidades, a afirmação de que a Igreja “torturou e matou milhares”. Alguns dizem milhões de pessoas aniquiladas pela Inquisição. Há também diversos ambientes académicos em que é visível tal interpretação; são muitos autores e professores universitários a partilhar dessas objecções.

É inegável a actuação da Inquisição, assim como os julgamentos, qualquer contraposição é uma aberração, um erro grotesco de história. A crítica veiculada neste texto é dirigida aos números de mortes e incidentes referentes aos cerca de 386 anos de actuação deste tribunal eclesiástico.

Muitos podem até dizer que os números não importam, que o que importa é que ela “matou e torturou”. Mas a questão é que nesta situação os números representam o maior pretexto e fonte de contradições sobre esta temática, pois tendem a alimentar e propagar a ideia de uma tragédia histórica, sem controle, um crime, um perverso e criminoso acto, perpetrado pela Igreja contra a humanidade. Não levando em conta os factores, o contexto e as posições religiosas da época seria correcto colaborar com estas argumentações e afirmações? Teria sido uma ferramenta de perseguição e extermínio de quem ousava pensar diferente? Ou trata-se de posições subjectivas oriundas do homem contemporâneo?



Vale a pena salientar que estas sociedades estavam claramente ligadas ao bem e ‘alegria social’ (Pernoud, 1997) e à religião “em função da fé cristã” (Daniel Rops, Vol. III. p. 43). Tinham como ferramentas de prevenção a condenação de grupo ou do individuo, para evitar a contaminação de confusões e divisões que ruíam ‘todo o sistema e ordem social da época’ (Gonzaga, 1994) além de evitar a propagação de heresias e divisões entre os fieis na Cristandade. Sendo assim, os códigos penais abraçavam e previam comumente a tortura e a morte do réu. E o povo entendia que estes eram os princípios jurídicos e inquisidores (cf. Mt 18,6-7) que evitavam a expansão de cismas e heresias.

Mas seriam verdadeiros estes dados sobre a Inquisição? Ou é maquinação vinda dos inimigos da religião que tiram proveito não só da Inquisição ou das Cruzadas, centrando-se também nos erros e falhas morais de alguns filhos da Igreja e fazer disso um “cavalo de batalha na sua guerra contra a religião e para perpetuamente as lançar à cara da Igreja” como disse o historiador W. Devivier, S.J. Um facto é que "é da natureza da Igreja provocar ira e ataque do mundo" segundo Hilaire Belloc.

A principal finalidade do artigo não é amenizar os efeitos da Instituição ou fazê-la mais branda, mas trazer à tona os factos e verdadeiros números da referida instituição, cujos estudiosos sérios testemunham para que possamos construir uma justa interpretação do tema, sem nos veicularmos a nenhuma propaganda anti-católica.

Vamos tomar como referência as Actas do grande Simpósio Internacional sobre a Inquisição, em que participaram 30 grandes historiadores vindos de diversas confissões religiosas, para tratar historicamente da Inquisição, proposta motivada pela Igreja. O Papa João Paulo II afirmou certa vez: “Na opinião do público, a imagem da Inquisição representa praticamente o símbolo do escândalo”. E perguntou “Até que ponto essa imagem é fiel à realidade?”

O encontro realizou-se entre os dias 29 e 31 de Outubro de 1998. Com total abertura dos arquivos da Congregação do Santo Oficio e da Congregação do Índice. As Actas deste Simpósio, foram anos depois reunidas e apresentadas ao público, sob forma de livro contendo 783 paginas, intitulado originalmente de “L’Inquisione” pelo historiador Agostinho Borromeo, professor da Universidade de La Sapienza de Roma.

As actas documentais do Simpósio já foram utilizadas em várias obras de historiadores, e continuam a ser pois tais documentos resultaram duma profunda pesquisa sobre os dados de processos inquisitórias. As afirmações seguintes foram feitas pelo historiador Agostinho Borromeo.

Sobre a “famigerada e terrível” Inquisição Espanhola

“A Inquisição na Espanha emitiu, entre 1540 e 1700, 44.674 juízos. Os acusados condenados à morte foram apenas 1,8% (804) e, destes, 1,7% (13) foram condenados em “contumácia”, ou seja, pessoas de paradeiro desconhecido ou mortos que em seu lugar se queimavam ou enforcavam bonecos.”

Sobre as famosas “caças as bruxas”

“Dos 125.000 processos da sua história [tribunais eclesiásticos], a Inquisição espanhola condenou à morte 59 “bruxas”. Em Itália, 36 e em Portugal 4.”

E a propaganda de que “foram milhões”

Constatou-se que os tribunais religiosos eram mais brandos do que os tribunais civis, tiveram poucas participações nestes casos, o que não aconteceu com os tribunais civis que mataram milhares de pessoas.

Sentenças de uma famoso inquisidor

“Em 930 sentenças que o Inquisidor Bernardo Guy pronunciou em 15 anos, houve 139 absolvições, 132 penitências canónicas, 152 obrigações de peregrinações, 307 prisões e 42 “entregas ao braço secular” ([citado em] AQUINO, Felipe. Para entender a Inquisição. 1 ed. Cleofas. Lorena. 2009, p. 23).

O Simpósio conclui que as penas de morte e os processos em que se usava a tortura, representam números pouco expressivos, ao contrario do se imaginava e foi propagado. Os dados são uma verdadeira demolição e extirpação de muitas ideias falsas e fantasiosas sobre a Inquisição.

“Hoje em dia, os historiadores já não utilizam o tema da Inquisição como instrumento para defender ou atacar a Igreja. Diferentemente do que antes sucedia, o debate encaminhou-se para o ambiente histórico com estatísticas sérias.” (Historiador Agostinho Borromeo, presidente do Instituto Italiano de Estudos Ibéricos: AS, 1998).

É bom que tudo isto tenha mudado a forma de olhar para a Inquisição  é sinal de esperança. Tomara que haja uma nova reconstrução “hermenêutica”, é um necessidade histórica. Que com uma justa crítica acurada, se superem as ambiguidades historiográficas.

É pena que as correntes históricas se pendurem aos teóricos antigos. Os "conceituados” continuam a ser as referencias “fidelíssimas” na prática pedagógica e histórica; seja superior (académica) ou média e fundamental (ensinos públicos), continua a ritualista tradição a-histórica, não transparente sobre os acontecimentos e de tom alienado, incluindo dentre destes, muitos estudiosos, professores, e jornalistas. “Há milhões de pessoas que odeiam o que erradamente supõem que seja a Igreja Católica.” (John Fulton Sheen, Bispo americano).

Referências:

AQUINO, Felipe. Para entender a Inquisição. 1º ed. Cleofas. Lorena. 2009.

DEVEVIER, W. A Historia da Inquisição, curso de apologética cristã. Melhoramentos, São Paulo, 1925.

L’INQUISIONI. Atas do Simpósio sobre a Inquisição, 1998.

PERNOUD, Régine. A Idade Média: Que não nos ensinaram. Ed. Agir, SP, 1964.

ROPS. Henri-Daniel. A Igreja das Catedrais e das Cruzadas. Vol. III. Ed. Quadrante, São Paulo. 1993.

adaptado de veritatis.com.br


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segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Cronologia de acontecimentos até à condenação do Cardeal Pell

Em Março de 2019 o Cardeal George Pell foi preso por supostos abusos sexuais de menores, num processo que tem sido acusado de ser uma farsa e uma autêntica caça ao homem. O Cardeal de 78 anos ficou confinado a uma cela em isolamento, durante 23 horas por dia, impedido de rezar Missa e rezar o Breviário. 

Há poucos dias soube-se que o apelo contra a sentença foi negado. Apresentamos aqui uma cronologia das acusações, juntamente com algumas descobertas "estranhas" feitas pelo Cardeal Pell enquanto chefe das finanças do Vaticano:

Março de 2013 - A polícia de Victoria organizou a “Operação Tethering”, uma investigação que atacou o Cardeal Pell antes de quaisquer alegações formais de delitos sexuais históricos terem sido feitas. A investigação transformou-se em “operação” em Abril de 2015 com base em alegações de “comportamento inadequado” por Pell, mas sem acusações de conduta criminosa.

Fevereiro de 2014 - O Papa Francisco nomeia o Cardeal Pell Prefeito da Secretaria da Economia, tornando-o chefe das finanças do Vaticano e a terceira figura mais importante da hierarquia da Igreja.

Março de 2014 - Pell compareceu perante a comissão real em Sydney, que afirmou que ele deveria ter exercido maior supervisão sobre a luta contra uma reivindicação legal da vítima de abuso, John Ellis. O litígio "foi muito disputado, talvez muito bem combatido pelos nossos representantes legais", disse ele.

Agosto de 2014 - Pell comparece diante da comissão real em Melbourne e defende o seu programa de resposta em Melbourne para vítimas de abuso sexual.

Dezembro de 2014 - O cardeal Pell diz que o seu departamento encontrou milhões de euros "escondidos" em Dicastérios vaticanos, fora dos balanços patrimoniais. O montante consistia em 94 milhões de euros na Secretaria de Estado, mais tarde seguido pela descoberta de quase mil milhões de euros em vários outros Dicastérios.

Junho de 2015 - A comissão real anuncia que o Cardeal Pell comparecerá num segundo conjunto de audiências na arquidiocese de Ballarat. O Cardeal diz que está preparado para voltar à Austrália para prestar depoimento, mas razões de saúde impedem-no de fazê-lo, e por isso ele testemunha por vídeo a partir de Roma.

Abril de 2016 - A Secretaria de Estado do Vaticano anuncia a suspensão da primeira auditoria externa do Vaticano sem consultar o Cardeal Pell. "Eles temem que a auditoria descubra informações que não querem descobrir e estão preocupados em perder o controle soberano sobre as finanças do Vaticano", disse uma fonte ao National Catholic Register. "O que eles querem é livrar-se do Cardeal Pell."

Julho de 2016 - O Papa Francisco emite um motu proprio, devolvendo a administração dos bens da Santa Sé à APSA, contrariando o processo de remoção de poderes que havia sido entregue à Secretaria da Economia quando foi criado, em 2014.

Outubro de 2016 - Detectives australianos voam para Roma para entrevistar Pell sobre alegações de abuso sexual infantil, incluindo abuso de dois coristas na catedral de Melbourne. Durante a entrevista, Pell rejeita as alegações como "uma carga de lixo absoluto e vergonhoso". 

10 de Maio de 2017 - A APSA instrui, unilateralmente, os departamentos do Vaticano a fornecer informações a um auditor externo, uma medida rejeitada pelo Cardeal Pell e pelo auditor geral do Vaticano, Libero Milone. Numa carta ao Papa obtida pelo National Catholic Register, o Cardeal Pell diz acreditar que "graves irregularidades" na APSA indicam que o Vaticano poderia estar a aproximar-se do "momento da verdade" nas reformas económicas.

29 de Junho de 2017 - O cardeal Pell é acusado de múltiplas ofensas sexuais e e intimado a comparecer na corte de magistrados de Melbourne a 26 de Julho. Ele protesta vigorosamente a sua inocência mas voluntaria-se para voar para a Austrália para limpar o seu nome, embora pudesse invocar imunidade diplomática.

1 de Maio de 2018 - A magistrada Belinda Wallington ordena que o Cardeal Pell seja julgado por um júri por alegações de múltiplas ofensas sexuais, embora muitas das alegações mais sérias sejam rejeitadas. O primeiro julgamento está relacionado a alegações de que Pell abusou sexualmente de dois meninos do coro na Catedral de St. Patrick, em 1996 e 1997, quando era Arcebispo de Melbourne. O segundo julgamento está relacionado a alegações de que o Padre Pell molestou meninos na piscina de Ballarat nos anos 70.

20 de Setembro de 2018 - O julgamento é declarado nulo, porque os jurados não conseguiram chegar a um veredicto de maioria. Alguns relatos dizem que o veredicto foi de 10 a 2 a favor de Pell, mas isso não foi totalmente provado.

11 de Dezembro de 2018 - Outro júri emite um veredicto unânime de culpa em todas as cinco acusações de abusar de dois rapazes na Catedral de St. Patrick, depois de menos de quatro dias de deliberação. 

Edward Pentin in National Catholic Register 


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domingo, 25 de agosto de 2019

Brincando com o fogo



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Liturgia Tradicional no Mundo no final de 2018: Os Sacerdotes

A Carta de Paix Liturgique - Carta 97 de 25 Agosto 2019

Na anterior carta (96) apresentámos a situação da missa tradicional no mundo actual. Depois de termos sobrevoado os países do planeta onde se celebra regularmente a missa tradicional e constatado que, hoje em dia, ela está presente em mais de 80 países – sem contar as regiões dependentes de uma metrópole, como é o caso da Martinica ou da Nova Caledónia em relação à França, ou de Porto Rico para os Estados Unidos –, vamos hoje tratar da segunda página deste nosso inquérito de 2018, debruçando-nos desta feita sobre o número de sacerdotes que, em todo o mundo, celebram a missa tradicional. Fá-lo-emos, também desta vez, à conversa com Christian Marquant, que apresentou estas suas reflexões durante as quintas jornadas Summorum Pontificum, em Roma, a 29 de Outubro de 2018.

Paix Liturgique – Dispomos de uma ideia de quantos são os sacerdotes que celebram a missa tradicional no mundo inteiro?

Christian Marquant – Este é um tema ainda mais difícil de tratar do que o dos lugares do mundo em que se celebra a missa tradicional, e mesmo considerando apenas os sacerdotes associados a institutos tradicionais. Além disso, para este inquérito, apenas tivemos à disposição estatísticas algo flutuantes ou incompletas, além de informações muito superficiais no que respeita aos sacerdotes diocesanos, que, geralmente, não desejam fazer publicidade da sua ligação ao usus antiquior. É por isso que, da mesma maneira que já o havia feito para a primeira parte deste inquérito, quero agradecer desde já a todos quantos nos queiram ajudar a corrigir e melhorar estas informações.

Paix Liturgique – Mas, no que toca à Fraternidade São Pio X, dispomos de dados bastante precisos, não é verdade?

Christian Marquant – De facto, trata-se de uma instituição que publica estatísticas bastante exactas (1). Segundo tais dados, os sacerdotes ligados à FSSPX seriam cerca de 660 a finais de 2018. Já é mais difícil precisar o número de sacerdotes pertencentes aos grupos religiosos associados à FSSPX, como os capuchinhos de Morgon, os beneditinos de Bellaigue, a Fraternidadde da Transfiguração e muitos outros, dos quais se conhece a existência, mas nem sempre o número de sacerdotes. Com alguma prudência, poderíamos contudo avançar o número de 50 para os sacerdotes "aliados" à FSSPX. Mas a este grupo de cerca de 710 sacerdotes, há ainda que acrescentar os sacerdotes da assim dita "Resistência", que, pese embora já não pertencerem à FSSPX, continuam ainda a gravitar dentro do mesmo universo. Para estes, o número de 50 também parece ser a cifra razoável. Assim, parace ser correcto afirmar que o conjunto deste grupo reúne hoje um total de cerca de 760 sacerdotes.

Paix Liturgique – E no que respeita às comunidades que hoje chamamos "Ecclesia Dei"?

Christian Marquant – Também neste caso, há alguns elementos de fácil acesso, enquanto outros o são menos. De facto, se os grandes institutos "Ecclesia Dei" fornecem dados de bom grado, há outros grupos cujos números são mais difíceis de conhecer.
Por conseguinte, sabemos que a Fraternidade São Pedro juntava mais de 300 sacerdotes a finais de 2018, o Instituto de Cristo Rei contava com 112, o Insituto do Bom Pastor tinha 45 e a Administração São João Maria Vianney, 35. Isto dá-nos um primeiro total de 500 sacerdotes. Se estimarmos que o resto dos sacerdotes da nebulosa ED será de uma centena, número que creio ser avisado, teríamos então um total de cerca de 600 sacerdotes neste sector.

Paix Liturgique – Neste cálculo, já incluiu os religiosos tradicionais?

Christian Marquant – Os institutos "Ecclesia Dei" reentram, de facto, na categoria dos sacerdotes não diocesanos, isto é, o mesmo grupo que abrange as sociedades de vida apostólica e, claro, os "religiosos". Mas a sua questão visa, segundo creio, os mosteiros e, em especial, os beneditinos ligados à forma tradicional como os de Fontgombault, Clear Creek ou Norcia (e tantos outros!), que são de fundação anterior a 1988 (ou que são responsáveis por comunidades tradicionais criadas antes ou após essa data: penso, em particular, no caso de Riaumont), e que sempre ficaram independentes da ex-Comissão "Ecclesia Dei", excepto no que respeita à regulação de questões litúrgicas. Não será irrazoável estinar que possam reunir cerca de 130 sacerdotes em todo o mundo. Assim, o sector "oficial", reunindo os sacerdotes das comunidades ED e os religiosos de liturgia tradicional, contaria com cerca de 750 sacerdotes (600 ED 130 religiosos não ED).

Paix Liturgique – Estima então que o conjunto total do universo tradicional abrange 1.400 sacerdotes?

Christian Marquant – Sim, falando apenas de sacerdotes pertencentes a institutos "especializados" na missa tradicional e já não de sacerdotes diocesanos que também a celebrem. De facto, juntando os 760 sacerdotes do universo da FSSPX e os 730 do universo tradicional "oficial", chegamos a um total de quase 1.500 sacerdotes. E terá notado também que as duas "famílias" tradicionais reúnem hoje cada uma um número de sacerdotes equivalente.

Paix Liturgique – Acha que isso tem um significado especial?

Christian Marquant – O significado mais evidente é o da notável vitalidade demonstrada pelo mundo tradicional. Ela parece aliás muito considerável, se, pelo menos no Ocidente, compararmos a "fecundidade" do mundo da forma extraordinária com o da forma ordinária. "Fecundidade" que vai aqui entendida como relação entre o número de fiéis que praticam a liturgia e o número de sacerdotes que eles "engendram". No Ocidente, esta "taxa de fecundidade" é dramaticamente fraca no âmbito da forma ordinária, ao passo que, na forma extraordinária, ela se mantém muito parecida aos números de antes do Concílio. Em França, segundo as estimativas mais baixas: 1% dos lugares de culto franceses estão dedicados ao culto tradicional; o número dos praticantes é de, pelo menos, 5% do conjunto total dos católicos praticantes, mas com uma idade média consideravelmente mais baixa do que a média geral; e, todos os anos, eles "geram" entre 15 e 20% dos sacerdotes do universo assimilável ao dos sacerdotes diocesanos (em 2017: 22 ordenações sacerdotais para a missa tradicional e 84 para a missa nova).

Observa-se, além disso, que a dinâmica da FSSPX não afrouxou desde 1988 – data da criação da Comissão "Ecclesia Dei" e da erecção dos primeiros institutos ED. Já no que respeita ao desenvolvimento destes institutos ED e quejandos, ele tem vindo a crescer sem interrupção. Nota-se, assim, que não apenas ninguém se ressentiu da "concorrência", mas tudo se passou como se o desenvolvimento de uma "oferta" mais diversificada tivesse vindo incrementar a "procura", isto é, como se ela tivesse vindo estimular a manifestação das vocações. Perdoar-me-á o emprego desta terminologia algo trivial, quando estamos a tratar de uma realidade sobrenatural, o chamamento do Senhor, mas este incarna-se, como sucede com todas as coisas da Igreja, numa realidade de ordem sociológica.

Paix Liturgique – Seja como for, não é seu propósito reduzir o número dos sacerdotes ligados à liturgia tradicional aos institutos "especializados", não é assim?

Christian Marquant – Em absoluto. Bem pelo contrário, faço questão de insistir sobre o facto de que o nosso inquérito vem mostrar que, ao lado dos sacerdotes pertencentes aos instiutos tradicionais, existe um número considerável, e em franco crescimento, de sacerdotes diocesanos e religiosos que estão muito ligados à missa tradicional, que conhecem e celebram.

Paix Liturgique – Como se poderia radiografar numericamente esse universo?

Christian Marquant – Eis-nos aqui diante do busílis da dificuldade da nossa pesquisa. Ainda assim, não é impossível obter uma certa clareza, ainda que se possa não atingir uma visão precisa. Para este esforço, dispomos de várias pistas cruzadas:

A – Os celebrantes das missas Summorum Pontificum nas dioceses;
B – Os sacerdotes membros de associações sacerdotais;
C – Os sacerdotes que aprenderam a celebrar a missa tradicional;
D – Os numerosos contactos que a Paix Liturgique entabulou no terreno.

Paix Liturgique – O que entende por celebrantes das missas Summorum Pontificum?

Christian Marquant – O maior número das missas celebradas segundo o usus antiquior ao abrigo do motu proprio Summorum Pontificum não o são por sacerdotes "Ecclesia Dei", mas sim por sacerdotes diocesanos ou por religiosos que não pertencem a qualquer dos institutos tradicionais.

A título de exemplo, remeto-o para a nossa entrevista a Marco Sgroi (carta 680, em francês, de 29 de Janeiro de 2018), onde precisamente se indicou que, em Itália, 83% das missas SP são celebradas por diocesanos, o que nos diz muito sobre o aspecto escondido da tradição. Ora, como justamente refere Marco Sgroi, se, num primeiro tempo, eram muito numerosos os sacerdotes que tinham a seu cargo as celebrações sem o desejarem, ou que até aceitavam este encargo com o fito de torpedear a emergência das comunidades de fiéis, um tal fenómeno é hoje apenas marginal: os sacerdotes que dizem a missa tradicional fazem-no de muito bom grado.

E isto, podemos observá-lo em quase todas as regiões atingidas pelo fenómeno SP.
Podemos estimar que estes sacerdotes são mais de 200 em Itália, mais de 250 em França, mais de 150 na Inglaterra, etc.

Paix Liturgique – E o que entende por sociedades sacerdotais?

Christian Marquant – Penso, no caso francês, no Opus Sacerdotal, que, desde há muito tempo, reúne sacerdotes, sobretudo diocesanos, e a maioria associada à missa tradicional, aproveitando desta associação para revigorarem a vivência tradicional por ocasião de retiros ou de sessões diversas. No caso de Itália, posso também citar a Amicizia Sacerdotale Summorum Pontificum.

Os nossos contactos com estas associações ou com outros grupos mais discretos são para nós fonte de um segundo índice do número dos sacerdotes ligados em determinada região à missa tradicional, mesmo sendo evidente que esta segunda pista se entrecruza em grande medida com a primeira.

Paix Liturgique – Evocou também o caso dos sacerdotes não tradicionais que desejam e aprendem a celebrar a missa tradicional...

Christian Marquant – Com efeito. Trata-se de um fenómeno conhecido, mesmo sendo certo que as casas ligadas à FSSPX ou ao mundo tradicional "oficial" , que ajudam a esse processo, agem com toda a discrição. Mesmo assim, sabemos que, desde o motu proprio de 2007, vários milhares de sacerdotes seguiram este tipo de formação. Sabemos de uma casa nos Estados Unidos que declara ter ensinado a celebração do usus antiquior a mais de 1.000 sacerdotes americanos.

Paix Liturgique – Falou ainda de certos contactos de que dispõem?

Christian Marquant – Também temos contactos directos com sacerdotes europeus e outros contactos indirectos com amigos estrangeiros. Posso afirmar que ainda há hoje em dia muitos sacerdotes que não se sentem livres de anunciar a sua ligação à missa tradicional nas suas paróquias ou nas dioceses. Continuam a temer sanções ou, em todo o caso, aborrecimentos vários. Há ainda um número não negligenciável de sacerdotes "dissidentes", se me é permitido empregar esta analogia forte, cujas preferências litúrgicas são ignoradas pelos demais sacerdotes que os rodeiam, e eles vivem-nas no segredo!

Paix Liturgique – Conseguiria fazer-nos uma síntese a partir destas várias pistas de pesquisa?

Christian Marquant – É difícil. Vou limitar-me a fornecer um número, o mínimo, de 3.000 sacerdotes que no mundo inteiro estão hoje ligados ao usus antiquior, conquanto pense que eles ultrapassam os 5.000. O nosso "Balanço 2019", que publicaremos em Dezembro próximo, poderá demonstrá-lo sem qualquer dúvida.

Paix Liturgique – Mas este número de 3.000 é já muito importante!

Christian Marquant – E são números que avanço com prudência. Uma coisa é certa: se o universo tradicional organizado é essencial para a existência da liturgia tradicional, o dos sacerdotes, tanto seculares como religiosos, e estejam ou não visivelmente ligados ao usus antiquior, representa já um grupo considerável, pelo menos duas vez mais numeroso do que o universo de sacerdotes claramente indentificáveis dos universos FSSPX e ED. Estes últimos têm sido e continuam a ser os sustentáculos da liturgia tridentina, mantendo-a de modo habitual. Os outros representam o seu futuro, na perspectiva de um reerguer da Igreja, assim que a mesma saia da crise que agora a aflige.

Paix Liturgique – Mas qual o significado deste universo de sacerdotes se comparado com o conjunto de todos os sacerdotes da Igreja?

Christian Marquant – As últimas estatísticas atinentes ao número de sacerdotes fornecidas pelo Gabinete de estatísticas do Vaticano em 2018 (2) dizem respeito ao ano de 2016. Os números revelam que o conjunto dos sacerdotes latinos e orientais é de 414.467. Os nossos 4.500 sacerdotes ligados à missa tradicional (1.500 sacredotes "tradis" aos quais há que acrescer os 3.000 "diocesanos e regulares") representam por conseguinte, pelo menos, 1,1% do clero católico mundial (ou mais ainda, se apenas considerarmos os sacerdotes latinos, uma vez que se trata de uma liturgia latina, e mais ainda, se nos limitássemos a tomar em consideração os sacerdotes activos); 1,1% que poderia ter-se mantido ou tornado tridentino, o que está longe de ser ridículo, se levarmos em conta que esta identidade esteve por longo tempo interdita e ainda continua a ser largamente perseguida. E no entanto, ela está em manifesto crescimento...

(2) Annuaire statistique de l’Eglise 2016 , Libreria Editrice Vaticana , 2018, p. 80.


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sábado, 24 de agosto de 2019

Cartaz terrorista "corrigido" em Sintra


A organização holandesa 'The Great Decrease' achou por bem colocar um cartaz, em Portugal, para celebrar as baixas taxas de natalidade. Portugal tem uma das taxas de fecundidade mais baixas da Europa (e do Mundo), com apenas 1,2 filhos por mulher. Os holandeses queriam que os portugueses comemorassem esta desgraça como se de uma boa notícia se tratasse.

Felizmente ainda existem verdadeiros portugueses e o cartaz foi "corrigido". Neste momento celebra os nascimentos. Parabéns a quem teve a iniciativa e continuem! Há por aí muito lixo para limpar.


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quarta-feira, 21 de agosto de 2019

7 Irmãos Dominicanos

John e Anne Hinnebusch tiveram 10 filhos, 7 dos quais se tornaram dominicanos. Aqui estão esses 7, em 1947, na casa de formação dos dominicanos em Washington, D.C.


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segunda-feira, 19 de agosto de 2019

O significado do Barrete Eclesiástico

A Liturgia no Rito Romano Antigo tem uma dimensão simbólica e perfeitamente cuidada. Tudo tem uma referência mais além: o altar, os paramentos, o que porta o sacerdote.

O barrete, por exemplo, serve para que se entenda que o o sacerdote, quando o tira é para se inclinar humildemente diante do Senhor.

O barrete tem 4 ângulos para significar que o sacerdote deve pregar o Evangelhos nos 4 cantos da Terra. 

O barrete tem 3 palas que representam a Santíssima Trindade, que é o primeiro de todos os dogmas.

O clérigo deve pegar no barrete pela pala do meio que representa Cristo, Que nos deu a conhecer a Santíssima Trindade. 

A cor do tecido e da borla está de acordo com a dignidade eclesiástica de quem o usar, pois representa a autoridade de quem o usa. Os sacerdotes usam barrete todo preto; os monsenhores possuem barrete preto com a borla violeta; os bispos e arcebispos usam barrete todo violeta; já os cardeais usam barrete todo vermelho e sem a borla.

O barrete possui um significado especial quando usado pelo sacerdote na confissão porque demonstra que é um juiz quando ouve alguém em confissão, representando Cristo, o Bom Juiz. Este é o único tribunal em que a pessoa entre culpada e sai inocente.


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domingo, 18 de agosto de 2019

Cardeal Arinze celebra Missa Pontifical na Nigéria

O Cardeal Francis Arinze, ex-Prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramento, celebrou uma Missa Pontifical na paróquia Nne Enyemaka. Esta paróquia está situada em Umuaka (Imo) e pertence a sacerdotes missionários da Fraternidade Sacerdotal de São Pedro (FSSP). À celebração acorreu uma grande multidão de fiéis, sequioso do silêncio e sacralidade da Missa em latim. Uma verdadeira "Missa afro".








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Santíssimo Milagre Eucarístico de Santarém



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sábado, 17 de agosto de 2019

Se nos amamos e vamos casar, por que não podemos ter relações?

Esta é uma pergunta que alguns namorados cristãos comprometidos fazem. Se eles vivem um amor real, por que não podem expressá-lo num gesto de intimidade que poderia ajudar a crescer o afecto entre os dois? Se a união corporal será comum dentro de pouco tempo, por que não iniciá-la quando o amor parece já estar maduro? Certamente, a maioria dos cristãos aceita que uma relação realizada por pessoas que mal se conhecem é irresponsável e pecaminosa. Mas não seria exagerado dizer o mesmo do acto realizado por namorados sinceros, fiéis e que estão (quase) decididos a casar-se? 

Para responder a essa questão é preciso lembrar que a Igreja não tem autoridade para mudar o que Deus revelou. A Palavra de Deus é sempre viva e eficaz, é uma luz que guia nossos passos. E ela ensina: “O corpo não é para a fornicação, e sim para o Senhor, e o Senhor é para o corpo”; “Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o impuro peca contra o seu próprio corpo”[1]

Estes textos expressam o valor altíssimo do corpo humano, que é templo do Espírito Santo, e não algo que possa ser usado ou abusado. E a fornicação (acto sexual fora do casamento) é um acto pecaminoso, porque reduz o valor do corpo humano ao de uma coisa, a algo utilizável. As relações sexuais não são meros actos físicos, mas devem ser expressão de algo mais profundo: a doação total e incondicional de uma pessoa a outra. E essa doação é real e concretiza-se com o pacto matrimonial. Por isso, o acto sexual é bom quando procura o bem do casal e está aberto à transmissão da vida[2]. Esses são os dois fins do matrimónio.

Mas como aceitar isso nos nossos dias? Há algum motivo racional que poderia convencer-nos da verdade destes ensinamentos? Cremos que há vários motivos. Apresentamos agora alguns.

1. A relação sexual dentro do matrimónio defende especialmente a mulher e o possível fruto dessa relação: o filho. Se a geração de um filho se dá antes do matrimónio, o que geralmente ocorre? Esse novo ser passa a ser visto mais como um problema do que como um dom. Pois a concepção de um filho não obriga ao homem (o pai) a casar. Se o pai é recto e tem um sentido apurado de justiça, manterá as suas obrigações financeiras para com esse filho e para com a mulher. Mas isso não basta para a criança. Cada filho tem o direito de nascer dentro de um matrimónio sólido, no qual os pais procurem a felicidade juntos. Dentro do matrimónio, o filho é o seu fruto natural, está protegido social e juridicamente e é naturalmente visto como um dom, e não como um fruto indesejável;

2. Em geral, quem vive a castidade no namoro terá menos dificuldades de viver a fidelidade ao matrimónio. Hoje em dia, o “permissivismo” moral é grande. A “educação sexual” transmitida pelos meios de comunicação e, às vezes, pelas escolas, diz apenas: “Faz o que quiseres, desde que seja com preservativos e escondido dos teus pais”. Para vencer nesse ambiente hostil e irresponsável é necessária uma verdadeira educação à castidade, que é a protecção do amor autêntico. E o período de namoro serve para isso: para que o casal cresça no conhecimento mútuo, elabore projectos comuns e adquira virtudes indispensáveis para a vida matrimonial.

Se o casal vive bem esse período, sem chegar a ter intimidades próprias da vida matrimonial, passará por uma verdadeira escola de castidade e de fidelidade. Constatamos que pecar contra a castidade antes do matrimónio é tão fácil quanto pecar contra a fidelidade dentro dele. Assim, estará mais preparado para viver a fidelidade quem se preparou bem antes, vivendo a castidade no namoro;

3. O amor matrimonial não se reduz a um exercício físico, mas é a comunhão total de vida. Certa vez, disse Chesterton: «Em tudo o que vale a pena, até em cada prazer, há um ponto de dor ou tédio que deve ser preservado, para que o prazer possa reviver e durar. A alegria da batalha vem depois do primeiro medo da morte; a alegria em ler Virgílio vem depois do tédio de aprendê-lo; o brilho no banhista vem depois do choque gelado do banho do mar; e o sucesso do casamento vem depois da decepção com a lua-de-mel»[3]. O que diz esse autor, que foi um homem bem casado durante muitos anos, é uma verdade comprovável. O prazer do acto sexual certamente existe, mas não é tudo na vida matrimonial.

O acto sexual é, como todos os actos humanos, sempre ambíguo, pois ao mesmo tempo em que realiza quem o faz, causa certa frustração, porque o coração humano é feito para o infinito e não se contenta com actos singulares. Todo o jovem deve reconhecer isto, que faz parte de todo processo de maturação, e o ideal é que isso ocorra dentro do matrimónio. Só quem supera a “decepção” inicial pode ser feliz no matrimónio, pois a felicidade vem de Deus, do amor fiel e responsável renovado diariamente em actos de doação mútua. O amor não é o mesmo que o prazer, mas é uma entrega voluntária e fiel, que supera todas as dificuldades.

4. Boa parte dos casais que fazem planos sérios de casamento acabam por separar-se antes que isso aconteça. Nem o namoro e nem o noivado dão ao casal o mesmo nível de compromisso um com o outro que dá o matrimónio. Por isso, quem tem relações sexuais antes do casamento corre o sério risco de se entregar a alguém com quem acabrá por não se unir sacramentalmente. E tal pecado marca sempre profundamente a alma e traz sérias consequências (principalmente afectivas), ainda que seja plenamente perdoado por Deus após uma boa Confissão.

Nos tempos actuais as pessoas “usam” o sexo como se fosse um jogo. E o que acontece? Cada vez menos pessoas adquirem a capacidade de fazer escolhas definitivas, cada vez menos pessoas se casam. O acto matrimonial, ao qual Deus quis unir um prazer sensível, deve produzir um prazer superior, de natureza espiritual: a alegria de saber que se está a cumprir a vontade de Deus. E o acto de gerar um filho é algo de milagroso, no qual se dá a união das partes materiais provenientes dos pais e a criação de uma nova alma humana, directamente por Deus. O prazer que os pais têm ao saber que estão colaborando com Deus é algo único.

A resposta à pergunta diz, portanto, que o amor não é somente um sentimento vago, nem mesmo se reduz ao prazer. Mas é algo bem prático e exigente, que implica a vontade concreta de colaborar com os planos de Deus, que concebeu o acto matrimonial como a expressão perfeita de uma doação integral de duas pessoas, um homem e uma mulher, colaborando assim com a mesma obra criadora de Deus.

[1] I Cor. 6,13 e 18; cfr.: Tob. 4,13; At, 21,25; Ef. 5,3.
[2] Cfr. Catecismo da Igreja Católica, § 2361-2363.
[3] Chesterton, O que há de errado no mundo, Editora Ecclesiae,Campinas2012.

Pe. Anderson Alves in Zenit


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sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Não alimentar o ódio contra o pecador

Não alimentes o ódio contra o pecador, porque todos somos culpados. Se, por amor a Deus, tiveres contra ele motivos de censura, lamenta-o. Porque lhe terias tu ódio? É o seu pecado que deves odiar, e rezar por ele, se quiseres ser como Cristo, que, longe de Se indignar com os pecadores, rezava por eles: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem» (Lc 23,34). 

Que razão terias, pois, para odiar o pecador, tu que não passas de um homem? Seria por ele não estar à altura da tua virtude? Mas onde está a tua virtude se te falta a caridade?

Isaac o Sírio (século VII), monge perto de Mossul in Sentenças 117, 118 


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A heresia é o pecado dos pecados

A suprema deslealdade para com Deus é a heresia. É o pecado dos pecados, a mais repugnante das coisas que Deus desdenha neste mundo enfermo. No entanto, quão pouco entendemos da sua enorme odiosidade! É a poluição da verdade de Deus, o que é a pior de todas as impurezas.

Porém, quão pouca importância damos à heresia! Fitamo-la e permanecemos calmos... Tocamo-la e não trememos. Misturamos-nos com ela e não temos medo. Vemo-la tocar nas coisas sagradas e não temos nenhum sentido do sacrilégio. Inalamos o seu odor e não mostramos qualquer sinal de abominação ou de nojo. De entre nós, alguns simpatizam com ela e alguns até atenuam a sua culpa. Não amamos a Deus o suficiente para nos enraivecermos por causa da Sua glória. Não amamos os homens o suficiente para sermos caridosamente verdadeiros por causa das suas almas.

Tendo perdido o tato, o paladar, a visão e todos os sentidos das coisas celestiais, somos capazes de morar no meio desta praga odiosa, imperturbavelmente tranquilos, reconciliados com a sua repulsividade, e não sem proferirmos declarações em que nos gabamos de uma admiração liberal, talvez até com uma demonstração solícita de simpatia tolerante.

Por que estamos tão abaixo dos antigos santos, e até dos modernos apóstolos destes últimos tempos, na abundância das nossas conversões? Porque não temos a antiga firmeza! Falta-nos o velho espírito da Igreja, o velho génio eclesiástico. A nossa caridade não é sincera porque não é severa, e não é persuasiva porque não é sincera. 

Falta-nos a devoção à verdade enquanto verdade, enquanto verdade de Deus. O nosso zelo pelas almas é fraco, porque não temos zelo pela honra de Deus. Agimos como se Deus ficasse lisonjeado pelas conversões, e não pelas almas trémulas, salvas por uma abundância de misericórdia. 

Dizemos aos homens a metade da verdade, a metade que melhor convém à nossa própria pusilanimidade e aos seus próprios preconceitos. E, então, admiramo-nos que tão poucos se convertam e que, desses tão poucos, tantos apostatem. 

Somos tão fracos a ponto de nos surpreendermos que a nossa meia-verdade não tenha tanto sucesso como a verdade completa de Deus. 

Onde não há ódio à heresia, não há santidade. Um homem, que poderia ser um apóstolo, torna-se uma úlcera na Igreja por falta de reta indignação.

Pe. Frederick William Faber in 'The Precious Blood' (Tan Books and Publishers - 2009)


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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Um Santo no Campo de Concentração

Recordemos um dos exemplos admiráveis de São Maximiliano Maria Kolbe, o Santo mártir polaco, "louco da Imaculada".

Quando o Santo foi preso, fecharam-no no famigerado cárcere de Varsóvia, o Pawiak. Um dia passou pelo controlo dos prisioneiros um chefe de repartição alemão mais feroz do que qualquer outro. Entrando na cela onde estavam três deportados, ao ver o hábito de frade de São Maximiliano, aquele chefe de repartição enfureceu-se cegamente. Aproximou-se imediatamente de São Maximiliano, agarrou-lhe o crucifixo que lhe pendia do Rosário à cintura e, puxando-o aos safanões, gritou com voz de ódio:

- Mas tu acreditas nisto?

- Acredito, e de que maneira! - respondeu calmo o Santo.

Imediatamente um murro brutal acertou no rosto do Santo. Depois, novamente, por mais duas vezes, a mesma pergunta, a mesma resposta, e as mesmas violentas pancadas. Os companheiros de cela ficavam horrorizados e estremeciam de raiva contra aquele oficial, mas sem poder fazer nada; e quando ele se foi embora, foi o próprio São Maximiliano que procurou acalmar a ira dos seus companheiros, dizendo-lhes: "Deixem lá! Isto não foi nada, é tudo pela Mãezinha."

Pe. Stefano Manelli in 'A Devoção a Nossa Senhora: Vida Mariana na Escola dos Santos', Cidade do Imaculado Coração de Maria, Fátima, 2015


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terça-feira, 13 de agosto de 2019

Nossa Senhora prometeu acabar com o comunismo na Rússia


"É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os Bispos do Mundo, a Consagração da Rússia ao Meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio."


Nossa Senhora de Fátima à Irmã Lúcia (Tuy - 13.VI.1929)


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A oração é necessária à salvação da alma?



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segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Cardeal Burke ordena um Ermita de Nossa Senhora do Monte Carmelo

Graças a Deus ainda existem ermitas hoje em dia. Um deles foi hoje ordenado sacerdote pelo Cardeal Burke na Diocese de Harrisburg, no Estado da Pensilvânia (EUA). O Padre Thomas Mary pertence aos ermitas de Nossa Senhora do Monte Carmelo; uma comunidade que observa o carisma dos primeiros ermitas do Monte Carmelo e a regra primitiva de Santo Alberto de Jerusalém. 










Fotografias: An American Photographer


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