segunda-feira, 25 de julho de 2011

Missa com o Papa Bento em San Marino: todos comungaram na boca

Cerca de dois terços da população de San Marino assistiu a Santa Missa celebrada pelo Papa Bento XVI. A Missa celebrada com as já conhecidas práticas do actual cerimonial pontifício: amplo uso do latim, canto gregoriano, cânon romano, etc. Foi anunciado logo no início da celebração:

“Queremos viver este momento em comunhão com a Igreja universal, presidida na caridade por Sua Santidade, o Papa Bento XVI. Por esta razão, chamamos a atenção agora sobre o modo de receber a Sagrada Comunhão. (…) Os fiéis que, depois de ter confessado, se encontram actualmente em estado de graça e que, então, apenas eles, podem receber o Santíssimo Corpo do Senhor, se aproximarão do ministro que lhes estiver mais próximo. A Comunhão, segundo as disposições universais vigentes, será distribuída exclusivamente na língüa, a fim de evitar profanações mas sobretudo de educar a se ter uma sempre maior e mais alta consideração para com o Santo Mistério que é a Presença Real de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não será permitido a ninguém receber a Comunhão em suas próprias mãos. Após ter feito a devida reverência, adoremos a Hóstia que então é apoiada sobre a língua. Aos que não estão impedidos por motivos de espaço ou de saúde, a Comunhão pode ser recebida também de joelhos“. in fratres in unum

10 comentários:

  1. A mIssa foi celebrada no Rito Antigo pelo que a Comunhão só poderia ser dada na língua, conforme as normas.

    "Em 15 de junho, um católico de Munique encaminhou uma pergunta à Comissão pontifícia ‘Ecclesia Dei’, responsável pelos católicos tradicionais.

    Essa indagação diz respeito à forma de dar da Comunhão no Rito Antigo:

    “É permitido dar a Comunhão na mão, se o fiel assim o solicitar, na forma extraordinária do rito romano?” – dizia a indagação.

    A Comissão respondeu por carta em 21 de junho.

    A carta é assinada com letra de máquina de escrever pelo “Secretariado da Comissão Pontifícia ‘Ecclesia Dei’“.

    Eis o texto:

    “Relativamente a sua carta com data do último (sic) dia 15 de junho, essa Comissão Pontifícia gostaria de salientar que a celebração da Santa Missa na forma extraordinária do rito romano prevê a recepção da Comunhão de joelhos, na qual a Sagrada Hóstia é colocada diretamente sobre a língua do fiel comungante.

    Nessa forma da Santa Missa não está prevista a distribuição da Sagrada Comunhão na (sic) mão”.

    É portanto uma norma que faz parte desse Rito de celebração da Santa Missa salvo melhor opinião.

    Quanto à comunhão na mão, é prefitamente legitima como nos diz o Secretariado Nacional de Liturgia, chamando a atenção para diversos pormenores, que são "por maiores".

    Em 10 de Outubro de 1975, a Conferência Episcopal Portuguesa obteve licença para os fiéis de Portugal poderem comungar na mão. O texto respectivo é acompanhado das seguintes normas:

    a) A introdução do rito da comunhão na mão deve ser precedida de uma catequese oportuna, capaz de renovar o espírito de fé na Eucaristia, que se há-de manifestar até na maneira de os fiéis aceitarem em suas próprias mãos o Corpo do Senhor.

    b) Esta maneira de comungar não deve ser imposta aos fiéis, pois a eles se deve deixar a escolha sobre a forma de receber a Eucaristia. Deste modo, não será de estranhar que, numa mesma celebração, haja quem receba a sagrada partícula na língua e quem a receba na mão. O ministro que distribui a comunhão nunca deve impor os seus gostos e preferências, nem substituir-se à vontade livre dos comungantes.

    c) Quanto à comunhão na mão, pastores e fiéis devem preocupar-se em realizar o gesto de maneira digna e significativa. Para tanto, e segundo a antiga tradição, o ministro colocará o Pão consagrado na mão do fiel, o qual comungará antes de regressar ao seu lugar, por não parecer conveniente que o faça enquanto caminha, devendo ter ainda todo o cuidado com os fragmentos que eventualmente se desprendam (Nota pastoral do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa: Lumen, 1975, p. 460: EDREL 2823).

    Um abraço amigo em Cristo

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  2. Nem mais, Joaquim.

    A comunhão nas mãos pode ser feita de maneira tão ou mais digna que a comunhão directamente na língua.

    Não imagino nada Jesus a distribuir o Pão directamente na língua aos 12 Apóstolos...

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  3. Caro Joaquim e Pedro C-B,

    Claro que não se imagina Jesus a dar a comunhão na boca aos 12 Apóstolos, mas note-se que eles são bispos! Não é por acaso que, para os fiés, durante largos anos a comunhão nunca tenha sido nas mãos.
    «Os Padres do Concílio de Trento definiram o Santíssimo Sacramento com precisão e cuidado. S. Tomás de Aquino ensinou-nos que, por respeito para com este Sacramento, tocar n’Ele e ministrá-Lo compete apenas ao Sacerdote.
    Na "Missa de Dom A. Nocent", sugerida por este monge beneditino em 1961, já estava recomendado que a comunhão deveria ser feita sob ambas as espécies — costume que havia sido abolido "por graves e justas causas", como afirmou o Concílio de Trento, mas que a Constituição "Sacrosanctum Concílium" sobre a Sagrada Liturgia, de 1963, tornou novamente possível 2 — e, mais ainda, de pé e na mão.» É preciso ter cuidado com estes abusos!

    Um abraço em Cristo

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  4. Miguel,

    Há vários documentos que relatam como era a comunhão nos primórdios do cristianismo, e era feita, na maior parte das vezes, nas mãos.

    O problema foi que se começaram a verificar abusos: pessoas que levavam o pão consagrado para casa, que usavam a S. Eucaristia como espécie de amuleto, etc. Assim, de forma a obrigar que o pão consagrado fosse realmente consumido, foi instituída a obrigação de se comungar directamente na língua.

    Não teve nada que ver com qualquer tipo de "indignidade" do órgão mãos em relação ao órgão língua.

    Hoje em dia cabe a cada diocese decidir se a sua comunidade está ou não preparada para comungar nas mãos. Penso que em Portugal, salvo raríssimas excepções de pessoas com perturbações mentais, não se corre grande risco de má utilização da Santíssima Eucaristia, sendo por isso adequada a comunhão nas mãos (tal como entenderam os bispos).

    Não é bonito este texto de São Cirilo (século IV) acerca da comunhão nas mãos?

    "Quando te aproximares, não caminhes com as mãos estendidas ou com os dedos separados, mas faz com a esquerda um trono para a direita, que está para receber o Rei; e logo, com a palma da mão, forma um recipiente; recolhe o corpo do Senhor; e diz: 'Amen'. A seguir santifica com todo o cuidado os teus olhos pelo contacto do Corpo Sagrado, e toma-o. Contudo cuida de que nada caia por terra, pois, o que caísse, tu o perderias como se fossem os teus próprios membros. Responde-me: se alguém te houvesse dado ouro em pó, não o guardarias com todo o esmero e não tomarias cuidado para que não te caísse das mãos e para que nada se perdesse? Sendo assim, não deves com muito esmero cuidar de que não caia nem uma migalha daquilo que é mais precioso do que o ouro e que as pedras preciosas?"

    Não quero de qualquer forma dizer que comungar nas mãos é mais ou menos correcto que comungar na língua, o importante é estar preparado espiritualmente e consciente que se está a tomar o Corpo de Jesus.

    Mas acho particularmente bonito poder contemplar, no trono (ou berço!) formado pelas minhas mãos, o corpo de Jesus, antes de comungar.

    Um abraço!

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  5. Caro Miguel B.

    Claro que é preciso ter cuidado com os abusos, não só na Comunhão, mas em toda liturgia.

    Isso no entnato não significa que a Comunhão na mão não seja legitima, e menos digna, pelo menos até haver alguma directiva vinda da Santa Sé, que anule as normas anteriormente aprovadas.

    O Concílio de Trento, como o Concílio Vaticano II são ambos Concílios da Igreja e com igual "validade".

    Um abraço amigo em Cristo

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  6. Caríssimos, a comunhão na mão é possível por um indulto, uma excepção ao Missal Romano, que apenas considera válida a comunhão na boca.

    Acho significativo que esse indulto tenha sido retirado nas Missas papais, não acham?

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  7. Meu caro amigo João

    Eu não sei se é significativo ou não, o que eu faço é aceitar, tal como aceito a Comunhão na mão enquanto não for revogada essa "autorização" pela Santa Sé.

    A verdade é que a CEP em Portugal o autorizou e não está em desacordo com a Santa Sé, por isso é legitima a Comunhão na mão.

    Pessoalmente, e atendidas todas as normas instituídas e o respeito e dignidade necessárias, não vejo nenhum problema na Comunhão na mão.

    Jesus Cristo veio ao nosso encontro, fez-se um como nós, excepto no pecado, quis ser tocado pelos homens e tocou os homens, veio "mostrar-nos" revelar-nos um Deus que é Pai e com isso escandalizou as "normas" da época, por isso para mim, tem tudo a ver com adignidade e o respeito com que se comunga o Senhor seja na língua, seja na mão.

    Ambas as comunhões podem e devem ser momentos de interioridade e adoração.

    Se a Santa Sé retirar essa "autorização" aceitá-la-ei de coração aberto, com aceitei a Comunhão na mão.

    Um abraço amigo em Cristo

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  8. Caro amigo Joaquim,

    Obrigado pela contribuição que tem trazido, e concordo totalmente consigo. Não digo que comungar na mão é pecado, muito longe disso, se é aceite pela conferência episcopal, é tão válida como a comunhão na boca. Mas parece-me necessário perceber porque é que a comunhão na mão apareceu, só isso já dá para desconfiar.

    Depois, é preciso estar atento aos sinais dos tempos. A partir de Dezembro de 2010 a comunhão nas missas papais passou a ser feita exclusivamente na boca. O Cardeal Cañizares, perfeito da Congregação do Culto Divino e dos Sacramentos, acabou de dar uma entrevista à ACI onde diz: "es la señal de adoración que es necesario recuperar. Yo creo que es necesario para toda la Iglesia que la comunión se haga de rodillas".

    A seguir ao concílio não se fez uma reforma litúrgica, tentou fazer-se uma revolução (no pior sentido do termo) litúrgica. E todas as revoluções cometem excessos. Esses têm vindo a ser resolvidos nos últimos anos, na chamada “reforma da reforma”. O Papa sabe o que faz, e nada disto é por acaso. Não digo para ninguém para de comungar nas mãos, mas que saiba porque o faz, e que esteja atento a todas estas indicações de quem sabe mais do que nós.

    Abraço em Cristo

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  9. Caro amigo João

    Não resisto a deixar aqui, ainda, este maravilhoso excerto de uma Catequese Mistagógica de São Cirilo de Jerusalém.

    21 Ao te aproximares [da comunhão], não vás com as palmas das mãos estendidas, nem com os dedos separados; mas faze com a mão esquerda um trono para a direita como quem deve receber um Rei e no côncavo da mão espalmada recebe o corpo de Cristo, dizendo: «Amém». Com segurança, então, santificando teus olhos pelo contato do corpo sagrado, toma-o e cuida de nada se perder. Pois se algo perderes é como se tivesses perdido um dos próprios membros. Dize-me, se alguém te oferecesse lâminas de ouro, não as guardarias com toda segurança, cuidando que nada delas se perdesse e fosses prejudicado? Não cuidarás, pois, com muito mais segurança de um objeto mais precioso que ouro e pedras preciosas, para dele não perderes uma migalha sequer?

    Um abraço amigo em Cristo

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  10. Amigo Joaquim, tem razão, o texto é belíssimo, e oxalá todos pudessemos comungar com este fervor. Como isso não acontece, e muitos abusos decorrem da comunhão na mão, deixei de o fazer há algum tempo. E hoje em dia tento fazê-lo sempre de joelhos e na boca, para que eu próprio tenha um pequeno vislumbre da minha pequenez perante aquela Presença.

    Abraço em Cristo

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