quinta-feira, 31 de maio de 2012

Frase do dia

"Que Nossa Senhora, que sempre conciliou exemplarmente a vida espiritual com as tarefas temporais, te ajude a fazer o mesmo." 

S. Pio de Pietrelcina

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Frase do dia

"Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo e quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos." 

Evangelho de hoje

terça-feira, 29 de maio de 2012

Filho Único do Pai - São Nersés Snorhali

Como o rico que amava a vida de prazeres,
Eu amei os prazeres efémeros,
Com este meu corpo animal,
Nos prazeres insensatos. [...]

E, de tantas benfeitorias
Que me deste gratuitamente,
Não Te devolvi o dízimo
Que de Ti tinha recebido.

Mas tudo o que estava sob o meu tecto
Feito de terra, ar e mar,
As Tuas benfeitorias inumeráveis,
Pensava que eram propriedade minha.

De tudo isso nada dei ao pobre
E para as suas necessidades nada pus de lado:
Nem comida, para o esfomeado
Nem roupa, para o corpo nu.

Nem abrigo, para o indigente,
Nem morada, para o hóspede estrangeiro,
Nem visitei os doentes,
Nem cuidei dos prisioneiros (cf Mt 25,31ss).

Não me entristeci com a tristeza
do homem triste, por causa do que lhe pesava;
Nem partilhei a alegria do homem feliz
Mas ardi de inveja dele.

Todos eles são outros Lázaros [...]
Que jazem à minha porta. [...]
Quanto a mim, surdo ao seu apelo,
Não lhes dei as migalhas da minha mesa. [...]

Lá fora, pelo menos, os cães da Tua lei
consolavam-nos com a língua;
E eu, que ouvia o Teu mandamento,
Com a língua feri aquele que se Te assemelhava (cf. Mt 25,45). [...]

Mas dá-me aqui na terra arrependimento,
Para que faça penitência pelos meus pecados. [...]
Para que as minhas lágrimas parem
A fornalha ardente e as suas chamas. [...]

E, em vez da conduta de um homem sem misericórdia,
Estabelece, no mais fundo de mim, a piedade misericordiosa,
Para que, ao praticar a misericórdia com o pobre,
Eu possa obter misericórdia.

Frase do dia

"Quantas mães conheceste como protagonistas de um acto heróico, extraordinário? Poucas, muito poucas. E contudo, mães heróicas, verdadeiramente heróicas, que não aparecem como figuras de nada espectacular, que nunca serão notícia – como se diz – tu e eu conhecemos muitas: vivem sacrificando-se a toda a hora, renunciando com alegria aos seus gostos e passatempos pessoais, ao seu tempo, às suas possibilidades de afirmação ou de êxito, para encher de felicidade os dias dos seus filhos." 

S. Josemaria Escrivá

sábado, 26 de maio de 2012

Frase do dia

“Do contemplar o céu a Deus há um curto trecho.” 

Angelo Secchi, astrónomo

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Frase do dia

“Não devemos ter medo de sujar as mãos, ajudando os miseráveis da terra. Para que servirá ter as mãos limpas, se as temos no bolso?” 

Mons. Gianfranco Ravasi, 13 de Maio de 2012 em Fátima

Parábola do Filho Pródigo - Beato João Paulo II

O homem — cada um dos homens — é este filho pródigo: fascinado pela tentação de se separar do Pai para viver de modo independente a própria existência; caído na tentação; desiludido do nada que, como miragem, o tinha deslumbrado; sozinho, desonrado e explorado no momento em que tenta construir um mundo só para si; atormentado, mesmo no mais profundo da própria miséria, pelo desejo de voltar à comunhão com o Pai. Como o pai da parábola, Deus fica à espreita do regresso do filho, abraça-o à sua chegada e põe a mesa para o banquete do novo encontro, com que se festeja a reconciliação.

Mas a parábola faz entrar em cena também o irmão mais velho, que se recusa a ocupar o seu lugar no banquete. Reprova ao irmão mais novo os seus extravios e ao pai o acolhimento que lhe dispensou, enquanto a ele, morigerado e trabalhador, fiel ao pai e à casa, nunca foi permitido — diz ele — fazer uma festa com os amigos. Sinal de que não compreende a bondade do pai. Enquanto este irmão, demasiado seguro de si mesmo e dos próprios méritos, ciumento e desdenhoso, cheio de azedume e de raiva, não se converteu e se reconciliou com o pai e com o irmão, o banquete ainda não era, no sentido pleno, a festa do encontro e do convívio recuperado.

O homem — cada um dos homens — é também este irmão mais velho. O egoísmo torna-o ciumento, endurece-lhe o coração, cega-o e leva-o a fechar-se aos outros e a Deus.

A parábola do filho pródigo é, antes de mais, a história inefável do grande amor de um Pai. [...] E ao evocar, na figura do irmão mais velho, o egoísmo que divide os irmãos entre si, ela torna-se também a história da família humana. [...] Ela retrata a situação da família humana dividida pelos egoísmos, põe em evidência a dificuldade em secundar o desejo e a nostalgia de uma só família reconciliada e unida; apela para a necessidade de uma profunda transformação dos corações, pela redescoberta da misericórdia do Pai e pela vitória sobre a incompreensão e a hostilidade entre irmãos. in Exortação Apostólica "Reconciliação e Penitência"

quarta-feira, 23 de maio de 2012

A insólita inversão - João César das Neves

A relevância da homossexualidade na nossa sociedade é surpreendente. Um assunto do foro privado, igual ao que sempre foi, saltou para o centro da actualidade. Mais estranha ainda a inversão de atitude. De prática condenada e repudiada passou a algo que todos se esforçam por considerar normal. Aliás, qualquer outra avaliação é inaceitável. É verdade que, apesar dos importantes avanços na tolerância, ainda se encontram aí casos graves de discriminação e violência que devem ser denunciados e resolvidos. Mas no meio de tantos problemas sociais, económicos e políticos, vivendo-se fortes conflitos de muitos tipos, é inusitada a atenção e a inversão. Um paralelo resolve a estranheza. O horror nazi ensinou ao Ocidente a suprema injustiça do racismo. Alguém que é desprezado por ser judeu, mulher ou negro sofre por algo inevitável, que não depende da sua escolha. Mas isso é muito diferente da crítica contra atitudes pessoais, como cristão, comunista ou engenheiro. Em ambos os casos, a injustiça é comparável, mas no primeiro existe pura arbitrariedade, enquanto o segundo visa actos da responsabilidade da pessoa, que deve assumir as suas escolhas. 

Como diz o velho provérbio jurídico, "ninguém é preso por ser ladrão, mas por ser apanhado a roubar". A chamada "ideologia do género" tem feito o impossível para conseguir que a opção sexual seja classificada como congénita, identificando assim a homofobia com o racismo. No entanto, nesse campo, a única coisa demonstrável é a existência de uma tendência. Todos temos múltiplas inclinações pessoais, que o nosso comportamento depois promove ou contraria. Não existe no acto sexual uma necessidade inelutável. Cada um continua senhor das suas escolhas e nunca pode atribuir o seu estilo de vida a uma predeterminação genética. Aqui surge uma segunda confusão entre discriminação e opinião. Existe realmente o crime grave de homofobia, que consiste no tratamento injusto, ou pior a agressão, a alguém por opção sexual. Isso é muito diferente da opinião que cada um possa ter sobre essa actividade. 

Chamando "homófobo" a quem quer que, sem prejudicar ninguém, considere a prática uma perversão, confundem-se as coisas e comete-se uma outra discriminação, aqui por delito de opinião. Também existem no mundo graves perseguições contra católicos, que não podem ser confundidas com o repúdio particular por essa religião, manifestado de forma civilizada. A fúria actual contra qualquer pessoa que não alinhe com a visão dominante da naturalidade e equivalência de todas as opções sexuais é, ela sim, uma forma grave de totalitarismo cultural. Ultimamente, esta ideologia tornou-se institucional. Aquilo de que tratam os jornais não é sexualidade, mas decretos. O problema não é erótico, é jurídico. Esta terceira confusão vem de deduzir do repúdio da homofobia a exigência de leis que concedam a esses casais uma paridade com as famílias. O erro abandona o campo especulativo e torna-se político. 

O Estado não regula amor e paixão. Se assim fosse, teria de criar muitos contratos para além do casamento. O motivo por que instituiu apenas este tem razões político-sociais, não sentimentais. De facto, a família é a célula base da sociedade, e convém que a lei a estatua, regulamentando os direitos básicos. Fora disso há múltiplas formas de amizade e relação que seguem as partes genéricas do Código Civil. A razão do interesse jurídico está na paternidade, nascimento e educação de futuros cidadãos, que apenas a família estável realiza com qualidade. Isso não significa que o casamento só se aplique a casais férteis; também o contrato de sociedade é dirigido à produção e lucros, mas uma empresa não deixa de o ser se estiver inactiva. Estas considerações são óbvias, mas a lógica cede num tempo em que as questões da sexualidade têm impetuosidade doentia. O prazer venéreo adquiriu estatuto absoluto, e a regra suprema é "vida sexual e reprodutiva saudável, gratificante e responsável". Que significa gozo sem regras. Esta é a verdadeira causa das confusões.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Frase do dia

"Amar as pessoas difíceis aperfeiçoa-nos. Talvez só no Céu o nosso amor se tenha aperfeiçoado tanto que realmente cheguemos a 'gostar' também dessas pessoas. Santo Agostinho falava de um homem que, na Terra, tinha problemas crónicos de gases; no Céu a sua flatulência converteu-se numa música perfeita." 

Scott Hahn

A morte da formosura - Pat Archbold

A formosura está a morrer. Por mim, defino-a como uma com­binação equilibrada, e mutuamente enriquecedora, de beleza e inocência. Noutros tempos, quase todas as mulheres bonitas gostavam de projectar em público – independentemente dos seus estados de alma – uma imagem de inocência e de virtude. Em geral, esta combinação traz à superfície as melhores qualidades dos homens. Suscita o desejo de defender e proteger. As jovens de hoje não parecem aspirar à formosura, preferindo ser picantes. Quando as mulheres preferem ser picantes a ser formosas, é porque se vêem com determinados olhos; consequentemente, os homens também olham para elas doutra maneira.

A formosura é apreciada. Já o picante é um produto, cujo valor é temporário e destinado a ser usado. Em geral, as raparigas já não querem ser formosas (quando percebem o que isso quer dizer). É uma ironia que 40 anos de emancipação feminina tenham conseguido transformar as mulheres num bem de consumo, numa coisa que se usa e se deita fora. Mas eu ainda tenho a esperança de que a formosura volte a estar na moda, embora me pareça que não será para breve: por cada Taylor Swift, há hoje uma centena de Megan Fox, Lindsay Lohan, Miley Cyrus, etc. Meninas, por favor, recuperem a formosura.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Frase do dia

"Esta história aconteceu realmente. Jesus não é um mito, mas um homem feito de carne e sangue, uma presença bem real na história. Podemos visitar os lugares e seguir os caminhos que Ele percorreu. Podemos, através das testemunhas, ouvir as suas palavras." 

Papa Bento XVI

domingo, 20 de maio de 2012

Uma demonstração de amor - Pe. Rodrigo Lynce de Faria

«Não é nada fácil, hoje em dia, encontrar alguém que saiba escutar. Muitos ouvem, mas são poucos os que escutam. Já o diferencia o dicionário da nossa amada língua portuguesa: “ouvir” é ter o sentido da audição; “escutar” é ouvir prestando atenção. Prestar atenção não é um detalhe de pouca importância ― faz toda a diferença! Sobretudo, quando experimentamos a necessidade vital de que alguém nos compreenda. «Nesse caso, agradecemos que a pessoa com quem falamos não somente nos ouça, mas pedimos-lhe encarecidamente que também nos escute. Que procure sintonizar com aquilo que lhe estamos a tentar dizer. Só assim, sentimos de verdade paz na alma e alívio no coração». 

Sábias palavras! De se lhe tirar o chapéu, sim senhor! É verdade: actualmente são poucos os que realmente escutam os outros com interesse. E é certo e sabido que, se as pessoas não se escutam umas às outras, a sociedade deixa de existir. E se a “sociedade” é a lá de casa, deixa de haver família. No lugar dos familiares que convivem no mesmo lar, surge um conjunto de indivíduos que, por pura coincidência, vivem na mesma casa. E, evidentemente, não desejam ser aborrecidos com problemas que não são os seus. “Está alguém metido numa alhada? Que se desenvencilhe sozinho! O que é que eu tenho a ver com isso?”. É uma descrição ― talvez um pouco exagerada ― daquilo que conhecemos como isolamento. E o isolamento, por muito atraente e simplificador que possa parecer à primeira vista, acaba por gerar apatia. E a apatia, se não for contrariada, mais cedo ou mais tarde leva ao desespero, por muito dissimulado que ele esteja. É relativamente fácil constatar que, na vida de um casal, quando há problemas no relacionamento mútuo, geralmente esses problemas começaram quando se deixou de escutar o outro. Escutar às vezes pode ser sinónimo de sofrer, como diz A. Polaino. E o sofrimento leva à infelicidade ― quando não se aceita como uma demonstração de amor. 

Sem sentido cristão, o sofrimento no convívio com os familiares pesa muito, fecha o horizonte de felicidade e torna-se uma tragédia. Se não for “curado” a tempo, pode gerar cinismo com o passar dos anos. Escutar é, naturalmente, uma demonstração de amor. Uma demonstração de genuíno interesse pela pessoa amada. Deixar de escutar é, simplificando, começar a deixar de amar. Porque ainda que possa parecer exagerado, quando marido e mulher não se escutam, estão a começar a perder o respeito um pelo outro. E sem respeito, não há amor ― excepto nas sociedades da caverna onde a marretada era uma demonstração de carinho. Aprender a escutar com interesse. Escutar é, entre outras coisas, saber colocarmo-nos nas circunstâncias dos outros. Assim, veremos os acontecimentos com serenidade e compreensão. E mais facilmente desculparemos, quando isso for necessário. Mas sobretudo, como dizia S. Josemaria, encheremos este nosso mundo de caridade, que é aquilo que ele tem mais necessidade.

Mais homens, menos homem - José Luís Nunes Martins

Quando alguém está numa condição em que necessita de auxílio, é bem possível que quanto mais gente estiver a olhar, menor seja a probabilidade de alguém o socorrer. Assim são os homens nos dias de hoje. Temem o julgamento alheio, como se a originalidade fosse uma falta de respeito. O desejo de chegar ao consenso, e assim evitar confrontações, é um dos maiores travões à evolução. É quase sempre mais difícil resolver um problema em conjunto do que se o fizermos individualmente.

Os grupos tendem a comportar-se como os piores dos seus membros, e numa circunstância normal, há sempre quem assim garanta a mediocridade do todo.

É deveras revoltante assistir à quantidade de gente que se conforma com as decisões do todo, qual instinto de sobrevivência. Mas como podem pensar que a desistência de si seja um passo para o seu sucesso?

Infelizmente, a maior parte das pessoas, gente boa, aceita resignadamente as más conjunturas em vez de lhes fazer frente. Talvez o comportamento das pessoas comuns dependa mais da situação em que está envolvida do que da sua, tanta vezes débil, personalidade.

É pois de absoluta importância que escolhamos criteriosamente aqueles de quem queremos estar perto. Os grandes homens têm quase sempre poucos amigos. Uma amizade ou um amor, autênticos, são excepções, não regras. É raro encontrar-se alguém que nos levante quando estamos caídos, menos ainda que o faça sem hesitação e independentemente de estar muita gente a olhar. Se depois de nos levantarmos seguirmos ao seu lado, iremos longe. Muito longe... Caminhamos com Deus.

Esquecemo-nos da Família - D. Nuno Brás

Quando falamos em saída para a crise, raramente nos lembramos da família. E, desgraçadamente, a crise da família é uma das características que marcam o mundo ocidental contemporâneo, e que marca a presente crise. Hoje é visto como algo fora do comum que alguém permaneça casado por mais de 3 ou 4 anos. Depois de um dia encenado como um conto de Walt Disney, ou capaz de ser transmitido por qualquer cadeia de televisão como se fosse um casamento real, tudo regressa à vida quotidiana: a paixão dá lugar ao egoísmo (aliás este, a ver bem, esteve sempre presente, só que disfarçado), e aparece a incapacidade humana de perdão e de construção de uma realidade em comum e com Deus. 

Deus, aliás, serviu apenas como mais um actor no meio daquele dia de encenação que, apesar de tudo, ficará gravado na memória de muitos, por bons ou maus motivos. As palavras pronunciadas diante d’Ele e a manifestação da vontade de cada um dos cônjuges como querendo realizar um acto válido “para sempre”, que Deus abençoou e com o qual o próprio Deus se empenhou, essas ficaram, passado pouco tempo, reduzidas a sons, habitualmente mal pronunciados, tal é o nervosismo ou a falta de convicção no momento… O facto é que aquela realidade que constituía o pano de fundo de qualquer vida humana, o lugar seguro onde era sempre possível regressar e que nos apoiava nas necessidades, nos momentos de tristeza e solidão, quando todos nos pareciam esquecer ou olhar de lado, e que partilhava igualmente das nossas alegrias e sucessos, desapareceu em grande parte. 

Hoje, mais do que nunca, o ser humano vive solitariamente, entregue a si mesmo, sem amarras a que se possa segurar (a não ser as de uma eventual história de família que lhe contaram em criança, mas que lhe parece tão distante quanto inverosímil), e sem lugar onde colocar os alicerces do futuro. Vai navegando à vista, tentando manter-se à tona de água, ora pendendo para um lado, ora para o outro… É certo que a família nunca esteve isenta de problemas e de crises. Mas, por entre eles, sempre se procurava um rumo, uma saída, com o contributo de todos. Desde sempre, a família tem estado no centro do agir e do pensamento dos cristãos. Mas hoje, mais do que nunca, ela precisa de ser apoiada, acarinhada, ajudada. Graças a Deus, muitas são ainda as verdadeiras famílias – e constituem um tesouro para todos: para os seus membros, para a Igreja, para a sociedade. Conheço bem o quanto pais, filhos, outros familiares e amigos labutam e rezam diariamente para que cada uma destas famílias seja o que é. É por isso que não podemos deixar de fazer tudo o que se encontra ao nosso alcance para que as verdadeiras famílias perseverem no que são, mas também para que o seu número seja multiplicado.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Papa Bento XVI sobre a comunhão de joelhos

Peter Seewald: Como Papa, começou a distribuir a comunhão na boca aos fiéis estando eles ajoelhados. Considera essa a posição mais adequada? 

Papa Bento XVI: Não sou por princípio contra a Comunhão na mão; eu próprio já a dei e recebi assim. Com a Comunhão agora na boca e de joelhos, pretendi fazer passar uma mensagem de reverência e marcar um ponto de exclamação perante a presença real. Não menos importante é o facto, que ocorre precisamente em eventos de massas, como temos em São Pedro e na Praça de São Pedro, de ser grande o risco de superficialidade. Ouvi falar de pessoas que guardavam a hóstia na mala e a levaram como uma recordação. Neste contexto, em que se pensa que a Comunhão simplesmente faz parte - «todos vão para a frente, então eu também vou» -, quis enviar uma mensagem clara. Deve ficar claro que ali há algo especial! Ali está presente Aquele diante do qual se cai de joelhos. Prestem atenção! Não é simplesmente um rito social qualquer, no qual podemos todos participar ou não participar. 

in Luz do Mundo

Frase do dia

"Quem disse que para falar de Cristo, para difundir a sua doutrina, era preciso fazer coisas especiais, fora do comum? Faz a tua vida normal; trabalha onde estás a trabalhar, procurando cumprir os deveres do teu estado, acabar bem o que é próprio da tua profissão ou do teu ofício, superando-te, melhorando-te dia-a-dia. Sê leal, compreensivo com os outros e exigente contigo mesmo. Sê mortificado e alegre. Será esse o teu apostolado." 

S. Josemaria Escrivá

terça-feira, 15 de maio de 2012

Sejamos sempre selvaticamente sinceros - S. Josemaria Escrivá

Se o demónio mudo – de que nos fala o Evangelho – se meter na alma, deita tudo a perder. Mas, se o expulsarmos imediatamente, tudo sai bem, anda-se feliz, tudo corre bem. Propósito firme: "sinceridade selvagem" na direcção espiritual, com educação delicada..., e que essa sinceridade seja imediata. (Forja, 127)

Volto a afirmar que todos temos misérias. Isso, porém, não é razão para nos afastarmos do Amor de Deus. É, sim, estímulo para nos acolhermos a esse Amor, para nos acolhermos à protecção da bondade divina, como os antigos guerreiros se metiam dentro da sua armadura. Esse ecce ego, quia vocasti me, conta comigo porque me chamaste, é a nossa defesa. Não devemos fugir de Deus quando descobrimos as nossas fraquezas, mas devemos combatê-las, precisamente porque Deus confia em nós.

Como é que conseguiremos superar estas coisas mesquinhas? Insisto neste ponto, porque ele se reveste de importância capital: com humildade e sinceridade na direcção espiritual e no sacramento da Penitência. Ide aos que vos dirigem espiritualmente, com o coração aberto. Não o fecheis porque, se se mete o demónio mudo pelo meio, depois é difícil lançá-lo fora.

Perdoai-me a insistência, mas julgo imprescindível que fique gravado a fogo nas vossas inteligências que a humildade e a sua consequência imediata a sinceridade, se ligam com os outros meios de luta e fundamentam a eficácia da vitória. Se a tentação de esconder alguma coisa se infiltra na alma, deita tudo a perder; se, pelo contrário, é vencida imediatamente, tudo corre bem, somos felizes e a vida caminha rectamente. Sejamos sempre selvaticamente sinceros, embora com modos prudentemente educados.

Quero dizer-vos com toda a clareza que me preocupa muito mais a soberba do que o coração e a carne. Sede humildes! Sempre que estiverdes convencidos de que tendes toda a razão, é porque não tendes nenhuma. Ide à direcção espiritual com a alma aberta. Não a fecheis, porque então intromete-se o demónio mudo e é muito difícil expulsá-lo.

Lembrai-vos do pobre endemoninhado que os discípulos não conseguiram libertar. Só o Senhor o pôde fazer com oração e jejum. Naquela altura o Mestre realizou três milagres. O primeiro foi fazê-lo ouvir, porque quando o demónio mudo nos domina, a alma fica surda; o segundo foi fazê-lo falar; e o terceiro foi expulsar o diabo. (Amigos de Deus, nn. 187–188)

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Jonas e Jesus - S. Pedro Crisólogo

Toda a história de Jonas no-lo revela como uma prefiguração perfeita do Salvador. [...] Jonas desceu a Jafa para apanhar um barco com destino a Tarsis [...]; o Senhor desceu do céu à terra, a divindade à humanidade, a Potestade soberana desceu até à nossa miséria [...], para embarcar no navio da Sua Igreja [...].

É o próprio Jonas que toma a iniciativa de se deitar ao mar: «Pegai em mim e lançai-me ao mar»; anuncia, assim, a paixão voluntária do Senhor. Quando a salvação de uma multidão depende da morte de um só, essa morte está nas mãos do homem que tem o poder de a atrasar, ou, pelo contrário, de a apressar, antecipando-se ao perigo. Todo o mistério do Senhor está aqui prefigurado. Para Ele, a morte não é uma necessidade; releva da Sua livre iniciativa. Escutai-O: «Ninguém Ma tira, mas sou Eu que a ofereço livremente. Tenho poder de a oferecer e poder de a retomar» (Jo 10,18) [...]

Reparai no enorme peixe, imagem horrível e cruel do inferno. Ao devorar o profeta, sente a força do Criador [...] e oferece com medo, a este viajante vindo do alto, a permanência nas suas entranhas. [...] E, três dias depois, [...] dá-o à luz, para o dar aos pagãos. [...] Foi este o sinal, o único sinal, que Cristo consentiu em dar aos escribas e aos fariseus (Mt 12,39), para lhes fazer compreender que a glória que esperavam lhes viesse de Cristo iria também voltar-se para os pagãos: os ninivitas são o símbolo das nações que creram n'Ele. [...] Que felicidade para nós, meus irmãos! Nós veneramos, vemos e possuímos, face a face e em toda a Sua verdade, Aquele que tinha sido anunciado e prometido simbolicamente.

Frase do dia

"Peçamos sempre a protecção de Nossa Senhora, e tudo será mais fácil." 

S. Pio de Pietrelcina

domingo, 13 de maio de 2012

Homilia em Fátima (13/05/2012)

Caros irmãos e irmãs, há muitos anos, na minha juventude, estava também eu aqui no meio da grande multidão dos peregrinos numa jornada luminosa como esta. Sinto-me também hoje próximo de cada um de vós, com o olhar simples e espantado dos três pastorinhos Lúcia, Francisco e Jacinta, dirigido para a Mãe do Senhor, na escuta da sua voz. Ela envia-nos para a Palavra de Deus que ressoou agora nos nossos ouvidos e nos nossos corações, nesta solene liturgia. Escolhemos para a nossa reflexão um único símbolo que possa recolher na unidade a multiplicidade dos temas, dos pensamentos, das imagens que as três passagens bíblicas nos ofereceram [Apocalipse 21, 3-4, Romanos 12, 1-2, Mateus 12, 46-50]. 

É São Paulo que o propõe no fragmento da sua obra-prima teológica, a carta aos Romanos, acabado de proclamar. O Apóstolo diz literalmente, em grego: «Oferecei os vossos sómata, [os vossos] corpos a Deus». Eis o grande símbolo que está em nós e ao nosso lado, antes, que somos nós próprios e os nossos irmãos e irmãs. De facto, o corpo não é só um aglomerado de células, um organismo biológico, mas é a sede da nossa alma, da consciência, da mente; é a via para comunicar a alegria e o amor mas também a dor e o ódio; é «o templo do Espírito Santo», como dirá aos cristãos de Corinto o mesmo Paulo (1 Cor 6, 19), mas é também um santuário que pode ser dessacralizado pelo pecado. Infelizmente, na sociedade contemporânea, são os corpos sem alma a dominar, tornando-se carne sem espírito, ora adorada ora desprezada. Tinham razão os indígenas brasileiros que disseram ao escritor alemão Michael Ende: «nestes últimos tempos, andamos para a frente tão rapidamente como progresso que temos de parar um pouco para permitir às nossas almas atingir-nos». 

Ora bem, o corpo é uma arquitetura admirável que tem sobretudo no rosto a via para se abrir ao mundo e ao próximo. Procuremos, então, contemplar o rosto em alguns dos seus traços essenciais. O apóstolo Paulo, seguindo sempre as suas palavras gregas originais, introduz logo a seguir o nous, isto é a mente que tem na fronte e no cérebro a sua representação física. É o pensamento, a razão, o conhecimento. Como dizia o grande crente, filósofo e cientista Pascal, é esta a nossa dignidade mas também o nosso risco. Escrevia: «Dois são os excessos: excluir a razão, admitir apenas a razão». E continuava: «Empenhar-se em pensar bem é este o princípio da moral... Mas o último passo da razão é reconhecer que há uma infinidade de coisas que a ultrapassam». Na cultura contemporânea, que é muitas vezes fluida, inconsistente, semelhante a uma neblina que não conhece pontos firmes morais e luzes de verdade, o Apóstolo convida-nos a não nos «conformarmos com este mundo», navegando na superfície, à deriva, sem refletir e interrogar, sem procurar e julgar. Paulo, ao contrário, exorta-nos a «transformar-nos», tende a mente fixa no que «é bom, agradável a Deus e perfeito». 

No rosto brilham os olhos: eles aparecem no texto fulgurante do Apocalipse que escutamos. A cena é emocionante e João retira-a do profeta Isaías: na cidade da esperança, a nova Jerusalém, Deus passará diante de todos os homens e mulheres e, quando vir as lágrimas descer dos seus olhos, irá ele mesmo enxugá-las. E das estradas daquela cidade logo fugirão todas as tristes presenças que infelizmente neste momento se alojam ainda em Fátima, em todas as cidades e vilas de Portugal, nas nações das quais provêm os peregrinos, nas extremas terras desoladas da Ásia ou da África, nas metrópoles caóticas. Estes terríveis habitantes chamam-se «Morte, Luto, Lamento, ânsia». Muitos de nós viemos aqui com olhos velados de choro. Um antigo poeta grego, Ésquilo, exclamava: «Infinita é a respiração da dor que sobe da terra ao céu. Existirá um deus que a recolha?». A sua pergunta cética não tinha resposta: Nós, ao contrário, apresentamos a nossa secreta bagagem de sofrimentos, de doenças, de mal, de pecado, de solidão, de incompreensões a Maria para que a entregue ao seu Filho. E Ele descerá ainda ao meio de nós para cancelar, certamente alguma lágrima, mas sobretudo para trazer sobre si connosco este peso, caminhando ao nosso lado pelas estradas da nossa vida quotidiana. 

Muitas vezes cobrimos a cara com as mãos para esconder o choro ou a vergonha ou para nos isolarmos na meditação. Ora bem, depois de mente e dos olhos, as mãos são o terceiro sinal corporal que encontramos na Palavra de Deus desta liturgia. É na cena evangélica que mostra, quase escondida entre a multidão a escutar Jesus, também a sua mãe Maria. Cristo estende a mão para os discípulos e define o vínculo íntimo que o une à sua mãe e a todos nós. É o enlaçar das mãos. E logo a seguir afirma: «Quem faz a vontade do meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe». «Fazer», operar é o verbo típico das mãos. Não devemos ter medo de sujar as mãos, ajudando os miseráveis da terra: para que servirá ter as mãos limpas, se as temos no bolso? Um autor espiritual, Thomas Merton, afirmava: «A vida escapa-nos das mãos, pode escapar como areia árida ou como semente fecunda de obras justas». O aperto de mãos que nos daremos como sinal de paz seja a promessa de fraternidade operativa, cumprindo «a vontade do Pai que está nos céus». Fazendo assim, daremos a nossa mão ao próprio Deus e, como dizia o escritor francês Julien Green, «quando se dá a mão a Deus, ele não larga facilmente a presa». 

O corpo, a mente, os olhos, as mãos: estes símbolos que estão em nós próprios falem sempre aos nossos corações e orientem a nossa vida, sob o olhar de Maria e do seu Filho Jesus. Lembremo-nos uns dos outros, unidos na mesma fé e na comunhão de afetos, para além das distâncias e das dificuldades das línguas. Esta noite, regressado a Roma, da minha janela que dá para a basílica e a cúpula de São Pedro e para a residência do Papa Bento XVI, do qual sou colaborador, confiarei a Deus o nosso encontro. Ele, que conhece cada rosto das suas criaturas, vos abençoe e ponha ao vosso lado um «anjo da guarda à noite transparente», como cantava de Fátima o vosso poeta Vitorino Nemésio. E, a cada um de vós, Maria refaça a promessa dirigida à Lúcia: «Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá a Deus».

Cardeal Gianfranco Ravasi

Frase do dia

"Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?" 

Nossa Senhora aos Pastorinhos (13/05/1917)

Frase do dia

“Compreendo agora que a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, em não se escandalizar com as suas fraquezas e em edificar-se com os mais pequenos actos de virtude que se lhes vir praticar".  

Santa Teresinha do Menino Jesus

Pedro Calungsod morreu com 18 anos e vai ser canonizado

Pedro Calungsod (1654-1672), leigo, catequista, jovem mártir das Filipinas, beatificado por João Paulo II, será canonizado no próximo dia 21 de Outubro pelo Papa Bento XVI.

Tendo sido reconhecido o seu martírio, sua causa não precisava de outro milagre para a beatificação. No entanto, foi documentada uma primeira cura que aconteceu depois de invocá-lo: a cura de uma mulher que tinha cancro nos ossos. Ela participou da sua beatificação, no dia 5 de Março de 2000, na Praça de São Pedro.

Mas era preciso outro milagre, acontecido depois de sua beatificação para abrir o caminho para a canonização. O milagre que permitiu este passo aconteceu em 2003 no hospital na cidade de Cebu: uma mulher considerada morta, depois de duas horas, voltou à vida após a invocação do bem-aventurado mártir jovem.

Sua vida foi uma mudança contínua no serviço do Evangelho. Era original de Molo, bairro chinês da cidade de Iloilo. Em seguida, partiu para Cebú, também no centro do arquipélago, para proclamar o evangelho lá. Estudou com os jesuítas de Loboc, na ilha de Bohol. Em 1668, viajou para Guam, no arquipélago das Ilhas Marianas, para se juntar a uma das missões dos jesuítas espanhóis. Com o beato Diego San Vitores (1627-1672), catequizaram os Chamorros.

Mas um comerciante chinês, chamado Choco, fez circular o boato de que a água baptismal tinha sido envenenada. Então, uma criança que tinha sido batizada morreu e os missionários tornaram-se os responsáveis. Choco foi apoiada pelos "homens médicos", o "macanjas" e pelos "jovens homens", os "urritaos" que desprezavam os missionários.

No dia 2 de Abril de 1672, os missionários foram para a aldeia de Tumon para baptizar a filha do chefe Mata'pang que recusou de repente. Mas eles foram em frente, tendo recebido autorização da mãe da criança.

Liderados por Mata'pang e pelo chefe Hurao, os assassinos caçaram Calungsod e San Vitores, ao longo da praia, e os fizeram prisioneiros. Imediatamente mataram o jovem Pedro com uma espada e Diego com um "bolo" uma tradicional faca em forma de folha, mutilando seus corpos e jogando-os no mar.

Pedro Calungsod será o segundo católico das Filipinas reconhecido santo, depois da canonização de São Lorenzo Ruiz, em 1987. in Zenit

A aposta de Pascal

Pascal fez uma análise pormenorizada dos prós e dos contras do dever para com Deus como se estivesse a calcular matematicamente a sensatez de uma aposta. A sua grande inovação foi o método de pesar estes prós e contras, um conceito a que se dá hoje o nome de esperança matemática. A esperança matemática é um importante conceito, não só nos jogos de azar como na tomada de decisões. Com efeito, a aposta de Pascal é muitas vezes considerada a fundação da disciplina matemática da teoria dos jogos, o estudo quantitativo das estratégias de decisão óptimas nos jogos.

O raciocínio de Pascal era o seguinte. Admitamos que não sabemos se Deus existe ou não, e, por conseguinte, atribuamos uma probabilidade de 50% para cada uma das proposições. Como pesar esta probabilidade na decisão de levar ou não uma vida piedosa? Se vivermos piedosamente e Deus existir, argumentava Pascal, o nosso ganho – a felicidade eterna – é infinito. Se, por outro lado, Deus não existir, a nossa perda, ou lucro negativo, é pequena – os sacrifícios da piedade. 

E, para pesar estes possíveis ganhos e perdas, Pascal propunha que se multiplicasse a probabilidade de cada resultado possível pela sua recompensa e se somasse tudo, formando uma espécie de recompensa média ou esperada. Por outras palavras, a esperança matemática do nosso lucro com a piedade é metade de infinito (o ganho se Deus existir) menos metade de um número pequeno (a nossa perda se Ele não existir). Pascal sabia o suficiente sobre o infinito para saber que a resposta deste cálculo era infinito, pelo que o lucro esperado com a piedade é infinitamente positivo. E assim, concluiu Pascal, qualquer pessoa sensata deve seguir as leis de Deus. Hoje, chama-se a este argumento a aposta de Pascal. Leonard Mlodinow in O Passeio do Bêbado

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Contar tudo a Deus - São João Crisóstomo

Se o facto de contares aos homens os teus infortúnios pessoais e descreveres as provações por que passaste traz algum alívio à tua desventura, como se através das palavras se exalasse uma brisa refrescante, com muito mais razão se falares ao Senhor dos sofrimentos da tua alma encontrarás consolo e conforto em abundância! 

De facto, muitas vezes os homens dificilmente suportam aqueles que vêm lamentar-se e chorar para o pé de si: afastam-se e repelem-nos. Mas Deus não age assim; pelo contrário, Ele faz com que te aproximes e abraça-te; e mesmo que passes o dia inteiro a narrar os teus infortúnios, ficará ainda mais disposto a amar-te e a acolher favoravelmente as tuas súplicas.

A irmã que reza pelo Papa há 20 anos

Quando se tornou contemplativa das irmãs de Madre Teresa, a irmã Teresa Kerketta recebeu a missão de rezar todos os dias por um sacerdote. 20 anos depois conheceu o tal sacerdote, que hoje é Papa, e que ficou muito comovido com este encontro.

Frase do dia

"Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer." 

Jo 15, 5

Frase do dia

"Quando vejo uma pessoa triste penso sempre que estará a recusar alguma coisa a Jesus."                       

Beata Teresa de Calcutá

Na Holanda houve uma interpretação errada do Concílio

Entrevista ao Cardeal Adrianus Johannes Simonis

Zenit: Eminência, o senhor participou do Concilio Vaticano II?

Cardeal Simonis: Não, infelizmente não. Não participei do Concílio, mas naquele período estava em Roma, onde estudei de 1959 a 1966.

Zenit: Poderia, no entanto, dizer-nos quais foram os ensinamentos e as melhores argumentações emersas daquele Concilio?

Cardeal Simonis: Daquele Concílio uma observação importante é com certeza a adaptação à mentalidade deste tempo, mas a mais importante é a reflexão que surgiu sobre o próprio papel da Igreja. A Lumen Gentium, para mim, foi o documento mais importante.

Zenit: A Igreja holandesa não viveu serenamente o pós-Concílio: existiram polémicas sobre o catecismo e outras controvérsias. Depois de 50 anos daquele acontecimento, qual é a situação actual?

Cardeal Simonis: A situação da Igreja Holandesa depois do Concílio é muito difícil de descrever. Na época tivemos uma polarização de duas facções. Vivíamos praticamente com duas igrejasem uma. Comuma ala que era muito radical e queria mudar tudo, mas na qual a fé era muito diminuída. Hoje esta polarização foi mais ou menos terminada mas, como conseqüência, muitos perderam a fé e deixaram a Igreja. Em geral, podemos dizer que na Holanda rege o “indiferentismo”. O Santo Padre, algumas semanas atrás, disse uma coisa muito justa: todo homem tem um senso religioso, uma tendência a buscar a Deus, ao transcendente; mas em tantas pessoas este senso religioso está perdido, entrou em coma e isto vale particularmente para a nossa nação.

Zenit: O que foi errado ao interpretar o Concílio?

Cardeal Simonis: Sim, é verdade: houve um erro na interpretação do Concílio. Não leram os documentos, limitaram-se a argumentar, baseando-se no assim dito “espírito do Concilio”, ou seja: tudo é permitido, tudo pode mudar.

Zenit: Talvez também um erro na interpretação do papel do leigo na Igreja?

Cardeal Simonis: Certamente, com o resultado que os leigos na Holanda se tornaram mais ou menos sacerdotes e os sacerdotes secularizaram-se.

Zenit: O Papa Bento XVI proclamou o Ano da fé e uma mobilização para a Nova Evangelização. O que é que a Igreja deveria fazer nos Países Baixos?

Cardeal Simonis: O que eu sempre disse é: catequese, catequese, catequese. Falta uma catequese bem fundamentada, mas agora o problema é que os jovens se distanciaram tanto da fé e da Igreja que dizem não ter necessidade, pois materialmente têm tudo. Espero, mesmo que seja uma ideia um pouco estranha, que esta crise econômica, possa conduzi-los à reflexão. Nos Países Baixos agora reage-se apenas a nível emotivo, não se pensa mais. Eu acho que o Papa Bento XVI quer fazer-nos reflectir. Eu acabei de ler um livro do Santo Padre sobre a verdade, a tolerância e os problemas modernos ligados às relações com as outras religiões: o seu convite é para pensar e reflectir, usar a razão, mas na Holanda usa-se somente a emoção. Isso é muito perigoso.

Zenit: Estamos no tempo da Quaresma, de Roma nos pedem muita atenção a confissão e a Eucaristia. Como é a situação nos Países Baixos e em que dirceção está a ir?

Cardeal Simonis: Há mais de 40 anos a confissão está perdida, e sabe por quê? Porque os holandeses não pecam! No sentido de que não sabem mais o que é o pecado. O conceito de pecado está ligado à consciência de Deus, se não acreditam num Deus pessoal, não se pensam em pecado. O nosso país é cheio de “algo existe”, pessoas que acreditam numa entidade abstrata, que exista alguma coisa, mas não um Deus pessoal: por isso pensam que não pecam.

Zenit: Então a confissão tornou-se desnecessária?

Cardeal Simonis: A verdade é que nos Países Baixos temos a necessidade de uma conversão total.

Zenit: Uma reflexão pessoal sobre a sua vida de sacerdote, bispo e cardeal. O que é possível dizer à nova geração, aos jovens que estão a estudar nos seminários?

Cardeal Simonis: Digo-lhes primeiramente para aprenderem a reflectir. Depois, rezar, rezar, rezar. A oração é importantíssima, e deve ser o fundamento da vida humana, mas na Holanda não se reza porque não se acredita num Deus pessoal, mas apenas num ente vago.

Zenit: Com Wim Eijk, a Holanda tem um novo purpurado. O que o senhor Cardeal espera dele nestes tempos difíceis, não apenas de crise económica?

Cardeal Simonis: Eu escrevi-lhe assim que aconteceu a nominação cardinalícia. Desejei-lhe que conservasse o espírito de serviço. Esta é a maior responsabilidade de um cardeal: permanecer neste espírito de serviço à Igreja e ao Senhor. Isto é, para a honra de Deus, pela saúde dos homens e na imitação do Coração de Jesus: um coração cheio de verdade, de amor e de misericórdia.

Zenit: Esta é a sua experiência pessoal como cardeal?

Cardeal Simonis: Sim, procurei viver neste espírito o meu cardinalato por 27 anos. Agora, sou um velho cardeal, completei 80 anos e já não posso eleger o Papa, mas posso ainda ser eleito! (risos) Mas não se preocupem, não vai acontecer!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Conhecer o sentido da nossa vida – Pe. Rodrigo Lynce de Faria

Ele era muito despistado. Viajava há horas num comboio submergido na leitura dum romance policial. Estava de tal modo concentrado, que não apreciava a magnífica paisagem que aparecia na sua janela. Num determinado momento, passou o revisor. Com muita delicadeza, chamou-o à realidade deste mundo e pediu-lhe, por favor, que lhe mostrasse o bilhete. Ele começou a procurá-lo em todos os bolsos. Não o conseguia encontrar. 

Os outros passageiros olhavam para a cena com uma certa apreensão. Aquele cavalheiro, tão elegante no modo de vestir, não aparentava nem remotamente estar a viajar de graça. Ele parecia estar desorientado. Fechou o livro sem lhe deixar uma marca. Suava por todos os poros e tinha muitos, porque era corpulento. O revisor ficou com pena. Era evidente que aquele senhor não o estava a enganar. Tantas vezes tinha lidado com situações dessas. Aquela era diferente. «Não se preocupe. Quando encontrar o bilhete, diga-me alguma coisa. Vou continuar o meu trabalho. Não lhe farei pagar outra vez». «Não é pagar outro bilhete que me preocupa. O que de verdade me preocupa é que eu já não me lembro para onde é que vou». 

Uma pessoa não pode viajar sem saber antes para onde é que se dirige. Tal afirmação é tão óbvia que parece ridícula. No entanto, hoje em dia, vemos muitas pessoas que viajam nesta vida sem saberem muito bem para onde é que vão. A pergunta pelo sentido da vida parece-lhes própria de pessoas mais velhas. Própria de quem não soube aproveitar a juventude vivendo-a intensamente. Uma pergunta teórica, que não muda nada, e que nunca terá uma resposta séria. Como as respostas não se podem provar cientificamente, todas elas são válidas. Logo, nenhuma pode considerar-se verdadeira. Logo, a própria pergunta não tem muito sentido. 

Quem viaja por esta vida sem um norte, acaba por pensar que o que verdadeiramente tem sentido é viver intensamente o momento presente. Conhecer a vida e tudo aquilo que ela tem para nos dar. Acumular experiências. Quanto mais experiências, melhor. Dentro de pouco acaba-se o tempo e seria uma pena sair deste mundo sem ter experimentado tudo. Seria um verdadeiro fracasso. Um fracasso, além disso, irremediável. 

Existe algo mais importante do que conhecer profundamente esta vida? Do que conhecer tudo o que ela tem para nos dar? Sim. Existe. Conhecer o sentido que ela tem. Que este conhecimento não seja científico nem experimental, não significa que não seja verdadeiro. E muito menos que nos seja inútil. Este sentido só se pode descobrir com um pouco de silêncio. E pode continuar a ignorar-se depois de muitas experiências variadas. Nem sempre o conhecimento que provém da experiência é o melhor. Se assim fosse, como disse alguém de um modo ousado, uma pessoa de má vida saberia melhor o que é o amor humano do que qualquer pessoa casada. E não parece que seja assim.

domingo, 6 de maio de 2012

Frase do dia

"Quando se chegou ao consenso de que uma criança, que se supõe nascerá com deficiências, deve ser abortada para poupar, a ele e às outras pessoas, o peso da sua existência, está-se a fazer um escárnio a todos os deficientes: está-se a dizer-lhes que só existem porque a ciência não tinha ainda alcançado o progresso actual." 

Joseph Ratzinger in Cristianismo e Democracia Pluralista

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Deus caritas est - Papa Bento XVI

O modo de exaltar o corpo a que assistimos hoje é enganador. Na realidade, para o homem, isto não constitui propriamente uma grande afirmação do seu corpo. Pelo contrário, agora considera o corpo e a sexualidade como a parte meramente material de si mesmo, a usar e explorar com proveito. A fé cristã sempre considerou o homem como um ser unidual, em que espírito e matéria se compenetram mutuamente, experimentando ambos, precisamente desta forma, uma nova nobreza. Sim, o eros quer-nos elevar «em êxtase» para o Divino, conduzir-nos para além de nós próprios, mas por isso mesmo requer um caminho de ascese, de renúncias, de purificações e de saneamentos.

Concretamente como se deve configurar este caminho de ascese e purificação? Como deve ser vivido o amor, para que se realize plenamente a sua promessa humana e divina? A «agapê» tornou-se o termo característico para a concepção bíblica do amor. Este vocábulo exprime a experiência do amor que se torna verdadeiramente descoberta do outro. Agora, o amor torna-se cuidado do outro e pelo outro. Já não se busca a si próprio, não busca a imersão no inebriamento da felicidade; procura, ao invés, o bem do amado: torna-se renúncia, está disposto ao sacrifício, mais ainda, procura-o. 

Sim, o amor é «êxtase»; êxtase, não no sentido de um instante de inebriamento, mas como caminho, como êxodo permanente do eu fechado em si mesmo para a sua libertação no dom de si, para o reencontro de si mesmo, mais ainda, para a descoberta de Deus: «Quem procurar salvaguardar a vida, perdê-la-á, e quem a perder, conservá-la-á» (Lc 17, 33). Assim descreve Jesus o Seu caminho pessoal, que O conduz, através da cruz, à ressurreição: o caminho do grão de trigo que cai na terra e morre e assim dá muito fruto. Mas, partindo do centro do Seu sacrifício pessoal e do amor que aí alcança a sua plenitude, descreve também a essência do amor e da existência humana em geral.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Audiência com o Papa Bento XVI

Hoje na audiência fiquei lá a frente (senza!). Estive bastante atento ao Papa e reparei em coisas que nunca tinha visto. Durante a audiência são anunciados cerca de 350 mil grupos ou paroquias ali presentes, de todos os sítios possíveis e imaginários. Cada grupo, quando anunciado, faz por mostrar-se presente, uns cantam, outros gritam e berram, outros batem palmas. E o Papa acena a cada um deles. A praça de São Pedro e grande, e há grupos que mal se ouvem, mas o Papa esta atento ao sítio de onde vem o barulho, mesmo que quase inaudível, e acena nessa direcção.

Podia perfeitamente estar quieto, a descansar dos seus 85 anos ou a pensar nas mil e uma preocupações que poderá ter, mas escolhe fazer o esforço de estar atento para dar aos que se deslocaram até ali o pouco que lhes pode dar nesse momento: um aceno. E que bem que ele nos sabe...

João Silveira

Sem Medo à Esperança - Pe. Gonçalo Portocarrero

Daquela vez era mesmo a sério: Colton estava a morrer. Os sorrisos dos médicos tinham-se transformado numa sentença de morte e já nem a amabilidade das enfermeiras, sempre tão solícitas e atenciosas, conseguia disfarçar o drama que Sónia e Todd estavam a viver, enquanto o seu pequeno filho de quatro anos agonizava. Depois de um apertado abraço, que apenas serviu para que ambos se sentissem ao mesmo tempo reconfortados e oprimidos pela mesma dor, pediram orações a todos os seus amigos. Como depois Todd reconheceu, «estava desesperado por orações, desesperado para que outros crentes batessem às portas do Céu e implorassem pela vida do nosso filho».

Depois, como já nada mais havia a fazer, Todd e Sónia sentaram-se e rezaram juntos, «com medo de ter esperança e com medo de a não ter». Como é difícil esperar, quando a voz das nossas súplicas parece impotente ante a realidade! Como é penoso, depois de esgotados, sem êxito, todos os meios humanos, cruzar os braços, olhar o Céu com temor e tremor e esperar, «esperando contra toda a esperança» (Rm 4, 18)!

Na aflição daquela agonia do pequeno Colton, os seus pais tiveram medo de não ter esperança, porque sabiam que o milagre não se poderia produzir senão pela sua fé no poder de Deus e no seu infinito amor. Como cristãos, tinham presente que a intervenção celestial requer uma atitude de confiança por parte do fiel que, de outro modo, não poderia receber a impetrada graça divina. Por isso, rezaram e pediram orações. Baterem às portas do céu com as suas lágrimas e as suas vozes e, ainda, com as lágrimas e as vozes de muitos outros seus amigos, também crentes e, portanto, solidários com a sua dor.

Mas Todd e Sónia tiveram também um outro medo: o medo de ter esperança. Parece estranho este temor, sobretudo se referido como concomitante com o seu contrário, ou seja, o medo de a não ter. Mas é verdade que, muitas vezes, este receio nos acomete, sobretudo em momentos de grande aflição. É como que uma voz que se insinua na nossa mente e no nosso coração e nos convida a sermos razoáveis, a não pedirmos o impossível, a não desejarmos o que está para além do poder humano. É a força de um argumento cheio de razão, mas também a voz de uma vontade que não se quer ver ferida pela desilusão de uma expectativa defraudada. Para quê desejar o infinito, se outra é a nossa condição? Não será cruel acreditar num sonho que, inexoravelmente, se desfará quando se tiver que acordar para a realidade? De que serve essa piedosa alienação, se a realidade dos factos se impõe por si mesma, com toda a sua crueza? Não será, afinal, mais sensato, não levantar esses castelos no ar e resignar-se ante a dor e a morte, em vez de esperar?!

Os apóstolos sentiram este medo de ter esperança quando lhes chegou a boa nova da ressurreição de Cristo. Não quiseram acreditar, porque temeram que, se não fosse verdadeira a tão auspiciosa notícia, mais terrível seria o seu já imenso sofrimento. Não se quiseram agarrar a uma ilusão que, talvez por uns momentos, os pudesse reconfortar, mas que depois os deixaria irremediavelmente ainda mais prostrados e abatidos.

Há, decerto, esperanças a não alimentar, porque carecem de fundamento sobrenatural. Cristo a ninguém prometeu a riqueza, o poder, a saúde, o bem-estar ou uma vida longa e prazenteira. Por isso, quem o desejar, para si ou para os outros, não o pode fazer em nome da sua fé cristã. Mas há uma esperança de que não há que ter medo, uma esperança que não engana: a certeza que nasce da ressurreição de Jesus, que não foi apenas percepcionada ou intuída pelos seus discípulos, mas por eles comprovada, vista pelos seus incrédulos olhos e tocada pelas suas mãos tementes e trementes.

Colton não só não morreu, como parece ter sido protagonista de uma revelação surpreendente, embora o seu conteúdo nada tenha de extraordinário para quem crê. Quando acordou do coma, aquele menino norte-americano de quatro anos sorriu e disse que tinha visto o Céu, onde Cristo vive (Todd Burpo e Lynn Vincent, O Céu existe mesmo, A história real do menino que esteve no Céu e trouxe de lá uma mensagem, 7ª edição, Ed. Lua de Papel, 2011).

Outros ajuizarão acerca do valor dessa singular experiência, mas a sua conclusão não poderia ser mais certeira, porque, de facto, Cristo vive e nós vivemos no seu amor. «Porque eu estou certo que nem a morte, nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem as coisas presentes, nem as futuras, nem as potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem nenhuma outra criatura nos poderá separar do amor que Deus nos manifestou em Cristo Jesus, Senhor nosso» (Rm 8, 38-39).

terça-feira, 1 de maio de 2012

Memories

Senzas passei hoje, demoradamente, pelo restaurante onde almoçámos depois da primeira Missa do Papa. E depois vimos um anónimo ser assaltado.

O escândalo da cruz - D. Fernando Arêas Rifan

Na antiguidade, a cruz, por ser um instrumento de condenação à morte, era um sinal de maldição (Gl 3,13). Depois que Jesus morreu nela por nós, a Cruz se tornou um sinal de honra e bênção. A partir de então, sob diversas formas, a Cruz é colocada na coroa dos reis, nas medalhas, condecorações, no alto das Igrejas, nas montanhas que circundam as cidades para abençoá-las, na campa dos falecidos, nas caravelas, nas bandeiras, etc.

Após as dez grandes perseguições romanas aos primeiros cristãos, o Imperador Constantino, antes da batalha contra Maxêncio, teve uma visão da Cruz com a inscrição: “com este sinal vencerás!”. Constantino mandou então colocar o sinal da Cruz em todos os estandartes e escudos romanos, venceu a batalha da ponte Mílvio (312) e deu liberdade aos cristãos, pondo fim às perseguições. A estação de comboio em Roma, próxima ao local desta batalha, chama-se exactamente “Lábaro”. A inscrição de Constantino, com o cristograma e a cruz, recebeu o nome de “lábaro de Constantino”. Desde então tem sido interpretado por todos como um símbolo de cristandade.

São Paulo Apóstolo diz que o resumo da sua pregação, o cristianismo, era Cristo crucificado: “Nós proclamamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos” (1 Cor 1, 23). Ele se refere ao “escândalo da Cruz” (Gl 5, 11), porque, realmente, muitos dela se escandalizavam. E não só. Muitos a odiavam: “Há muitos por aí que se comportam como inimigos da cruz de Cristo” (Fl 3, 18). O ódio à cruz, o incómodo pela cruz, o escândalo da cruz, referem-se à Cristo. É Ele que incomoda, é a sua doutrina, é a sua lembrança que incomoda. É por isso que os atuais “inimigos da cruz de Cristo” não querem vê-la.

Ademais, a presença de crucifixos nas salas de julgamento dos Tribunais, conforme explica o jurista Paulo Brossard, é para lembrar “alguém que foi acusado, processado, julgado, condenado e executado, enfim, justiçado até sua crucificação, com ofensa às regras legais históricas, e, por fim, ainda vítima da pusilanimidade de Pilatos, que, tendo consciência da inocência do perseguido, preferiu lavar as mãos e, com isso passar à história…O crucifixo está nos tribunais não porque Jesus fosse uma divindade, mas porque foi vítima da maior das falsidades de justiça pervertida… Pilatos ficou na história como o protótipo do juiz cobarde…”. Sendo assim, por lembrar Jesus e a sua doutrina e a ignomínia do pecado e da injustiça, a cruz realmente incomoda! Ao diabo e a muitos também.