terça-feira, 31 de março de 2020

O Coronavírus e a mão de Deus – Entrevista ao Arcebispo Carlo Maria Viganò


Excelência, com que olhar deve o cristão avaliar a pandemia do COVID-19?           

A pandemia do Coronavírus, como todas as doenças e a própria morte, são uma consequência do Pecado Original. A culpa de Adão, cabeça da humanidade, privou-o a ele e aos seus descendentes não apenas da Graça, mas também de todos os dons que Deus lhe tinha dado na Criação. A partir desse momento, a doença e a morte entraram no mundo, qual punição por ter desobedecido a Deus. A Redenção anunciada no Protoevangelho (Gn 3), profetizada no Antigo Testamento e concretizada com a Encarnação, a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Nosso Senhor, redimiu da condenação eterna Adão e a sua descendência, mas permitiu que as suas consequências permanecessem como marca da antiga queda e fossem definitivamente readmitidas apenas à Ressurreição da Carne, que professamos no Credo, e que ocorrerá antes do Juízo final. Isso deve ser recordado, especialmente num momento em que os princípios basilares do Catecismo são ignorados ou negados.           

O católico sabe que a doença e, portanto, também as epidemias, o sofrimento, a privação dos entes queridos, devem ser aceites com Fé e Humildade também em expiação dos nossos próprios pecados. Graças à Comunhão dos Santos – através da qual os méritos de cada baptizado se transmitem também aos outros membros da Igreja –, podemos oferecer tais provas também para o perdão dos pecados dos outros, para a conversão daqueles que não crêem, para abreviar a purificação das almas santas do Purgatório. Um infortúnio como o COVID-19 também pode ser uma preciosa oportunidade para crescer na Fé e na Caridade operosa.                              

Como se pode ver, limitar-se ao aspecto meramente clínico da doença – que obviamente deve ser combatida e curada – tira qualquer dimensão transcendente à nossa vida, privando-a daquele olhar sobrenatural sem o qual é inevitável fechar-se num egoísmo surdo e sem esperança.             

Alguns membros da Hierarquia e sacerdotes afirmaram que «Deus não pune» e que considerar o Coronavírus como um flagelo «é uma ideia pagã». Está de acordo?     

A primeira punição, como dizia há pouco, foi infligida ao nosso Progenitor. Mas, como diz o Exultet que entoaremos na noite de Sábado Santo: O felix culpa, qui talem ac tantum meruit habere Redemptorem! Oh ditosa culpa, que nos mereceu tão grande Redentor! 

Um pai que não pune demonstra não amar o filho, mas desinteressar-se por ele; um médico que observa indiferente o paciente piorando até à gangrena não quer a sua cura. O Senhor é um Pai muito amoroso porque nos ensina como nos devemos comportar para merecer a eterna beatitude do Céu, e quando, com o pecado, desobedecemos aos Seus preceitos, Ele não nos deixa morrer, mas vem-nos procurar, envia-nos muitos sinais – por vezes vezes severos, como é justo – para que nos arrependamos, façamos penitência e recuperemos a amizade com Ele. Vós sereis Meus amigos se fizerdes o que Eu vos mando (Jo 15, 14). Parece-me que as palavras do Senhor não dão origem a mal-entendidos.  

Gostaria também de acrescentar que a verdade de um Deus justo que recompensa os bons e pune os iníquos faz parte da herança comum à lei natural que o Senhor incutiu em todos os homens de todas as épocas: um chamamento irreprimível do Paraíso terrestre, que também permite que os pagãos compreendam como a Fé Católica é o necessário cumprimento daquilo que sugere um coração sincero e bem-disposto. Surpreende-me que hoje, em vez de se evidenciar esta verdade profundamente inscrita no coração de cada homem, aqueles que parecem ter tanta simpatia pelos cultos pagãos não aceitem a única coisa que, desde sempre, a Igreja considerou importante para atraí-los para Cristo.                   

Vossa Excelência acredita que existem pecados que provocaram, de modo particular, a ira de Deus?  

Os crimes com que cada um de nós se mancha diante de Deus são um golpe de martelo nos pregos que perfuraram as Mãos do nosso Redentor, uma chicotada que rasgou a carne do Seu santíssimo Corpo, um escarro no Seu Rosto amoroso. Se tivéssemos este pensamento diante de nós, nenhum de nós ousaria pecar. E quem pecou, 
​​não pararia de chorar até ao fim dos seus dias. No entanto, esta é a realidade: na Sua Paixão, o nosso divino Salvador assumiu sobre Si não apenas o Pecado Original, mas também todos os nossos pecados, de todos os tempos e de todos os homens. E o mais maravilhoso é que Nosso Senhor quis enfrentar a morte na Cruz, quando uma única gota do Seu preciosíssimo Sangue seria suficiente para nos redimir: Cujus una stilla salvum facere totum mundum abit ab omni sclere, como nos ensina São Tomás.

Mas, para além dos pecados cometidos individualmente, também existem os pecados cometidos pelas sociedades, pelas Nações. O aborto, que também durante a pandemia continua a matar crianças inocentes; o divórcio, a eutanásia, o horror do chamado casamento homossexual, a celebração da sodomia e das piores perversões, a pornografia, a corrupção dos pequenos, a especulação das elites financeiras, a profanação do domingo...          

Posso perguntar-lhe porquê que faz uma distinção entre culpas individuais e culpas das Nações?    

São Tomás de Aquino ensina-nos que, tal como é dever do indivíduo reconhecer, adorar e obedecer ao verdadeiro Deus, também a sociedade – que é precisamente composta por indivíduos – não pode deixar de reconhecer Deus e garantir que as próprias leis permitam aos seus membros alcançar o bem espiritual a que se destinam. Nações que não apenas ignoram Deus, mas que O negam abertamente; que exigem que os seus súbditos aceitem leis contrárias à Moral natural e à Fé católica, como o reconhecimento dos direitos ao aborto, à eutanásia e à sodomia; que se esforçam pela corrupção das crianças, profanando a sua inocência; que permitem o direito a blasfemar contra a divina Majestade, não podem considerar-se isentas da punição de Deus. Assim, se quiserem obter perdão público, os pecados públicos requerem confissão pública e pública expiação. Não esqueçamos que a comunidade eclesial, também enquanto sociedade, onde os seus líderes sejam responsáveis por ofensas colectivas, não está isenta das punições celestiais.            

Isso significa que também existem culpas da Igreja?        
     
A Igreja é sempre em si mesma infalivelmente santa, uma vez que é o Corpo Místico de Nosso Senhor, e seria não só imprudente, mas também blasfemo só pensar que a divina instituição que a Providência colocou na terra como dispensadora da Graça e única arca de salvação possa, mesmo que minimamente, ser imperfeita. Os louvores que atribuímos à Santíssima Virgem – que é, de facto, Mater Ecclesiae – também se aplicam à Igreja: é mediadora das graças, através dos Sacramentos; é Mãe de Cristo, de Quem gera os membros; Arca da Aliança, ou seja, guardiã do Pão celestial e dos Mandamentos; a Igreja é refúgio dos pecadores, a quem concede o perdão na Confissão; saúde dos enfermos, a quem dispensa sempre os próprios cuidados; rainha da paz, que promove entre os povos pregando o Evangelho. 

Mas também é terribilis ut castrorum acies ordinata, porque o Senhor deu aos seus Ministros o poder de expulsar os demónios e a autoridade das Sagradas Chaves, graças às quais abre ou fecha as portas do Céu. E não esqueçamos que a Igreja não é apenas a Igreja Militante na terra, mas que também há a Igreja Triunfante e a Purgante, cujos membros são todos Santos.      

Mas é verdade que, se a Igreja de Cristo é santa, também pode ser pecadora nos seus membros aqui na terra e também na sua Hierarquia. Nestes tempos difíceis, temos, infelizmente, numerosos exemplos de clérigos indignos, como os escândalos dos abusos por parte de clérigos e até mesmo de altos Prelados. A infidelidade dos Pastores Sagrados é um escândalo para os seus irmãos e para muitos fiéis, não apenas quando se trata da luxúria ou do desejo de poder, mas também – e eu diria acima de tudo – quando afecta a integridade da Fé, a pureza da doutrina e a santidade da moral, culminando mesmo em episódios de inaudita gravidade, como, por exemplo, no caso da adoração do ídolo da pachamama no Vaticano. De facto, creio que o Senhor está particularmente indignado com a multidão de pecados e escândalos daqueles que deveriam servir de exemplo e modelo, enquanto Pastores, para o rebanho que lhes foi confiado.           

Não esqueçamos, para além disso, que o exemplo dado por grande parte da Hierarquia não é escandaloso apenas para os Católicos, mas também para muitas pessoas que, embora não tenham a graça de lhes pertencer, olham para eles como um farol e um ponto de referência. E não só: esse flagelo não pode eximir a Igreja, na sua própria Hierarquia, de realizar um severo exame de consciência por se ter rendido ao mundo; não pode fugir ao dever de condenar firmemente os erros que deixou desenfrear no seu seio a partir do Vaticano II e que atraíram, para a própria Igreja para o mundo, justas punições porque precisamos de nos arrepender e voltar a Deus.       

Dói-me notar que ainda hoje, quando todos nós somos testemunhas da cólera divina que atinge o mundo, se continua a ofender a Majestade de Deus ao falar da «vingança da mãe terra que reclama respeito», como afirmou o Papa Bergoglio, há alguns dias, na sua enésima entrevista. Urge, em vez disso, pedir perdão pelo sacrilégio perpetrado na Basílica de São Pedro, reconsagrando-a, de acordo com as normas canónicas, antes de se celebrar novamente o Santo Sacrifício. E também se deveria realizar uma solene procissão penitencial, mesmo só de Prelados, conduzidos pelo Papa, para implorarem a misericórdia de Deus sobre si e sobre o povo. Seria um gesto de autêntica humildade, que muitos fiéis esperam, em reparação dos pecados cometidos.         

Como conter a perplexidade pelas palavras proferidas, em Santa Marta, durante a homilia da Missa de 26 de Março, pelo Papa Bergoglio? O Papa disse: «Que o Senhor não nos encontre, no fim da vida, e diga de cada um de nós: “Deixaste-te perverter. Afastaste-te do caminho que Eu indiquei. Prostraste-te diante de um ídolo”». Ficamos completamente chocados e indignados ao ouvir estas palavras, considerando que ele mesmo consumou um verdadeiro sacrilégio diante de todo o Mundo, mesmo no Altar da Confissão de São Pedro, uma profanação, um acto de apostasia com o ídolo imundo e demoníaco da pachamama.   

No dia da Anunciação de Maria Santíssima, os Bispos de Portugal e de Espanha consagraram as suas Nações ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria. A Irlanda e a Grã-Bretanha fizeram o mesmo. Muitas Dioceses e cidades, na pessoa dos seus Bispos e das Autoridades públicas, colocaram as suas comunidades sob a protecção da Virgem. Como avalia estes acontecimentos?           

Estes são gestos que constituem um bom presságio, embora insuficientes para reparar as nossas culpas e até agora ignorados pelos líderes da Igreja, enquanto o povo cristão clama aos seus Pastores, em voz alta, por um gesto solene e colectivo. Nossa Senhora, em Fátima, pediu que o Papa e todos os Bispos consagrassem a Rússia ao Seu Imaculado Coração, anunciando infortúnios e guerras até que isso não acontecesse. Os Seus apelos continuam por ser atendidos. Os Pastores arrependam-se e obedeçam à Santíssima Virgem! É vergonhoso e escandaloso que a Igreja em Itália não se tenha unido a esta iniciativa!                  

Como vê a suspensão das celebrações que envolveu quase todo o mundo?   

Este é um grande sofrimento, mais, eu diria o maior que se impôs aos nossos fiéis, especialmente aos moribundos, privando-os de recorrer aos Sacramentos.

Nestas situações, parecia que a Hierarquia, à excepção de raros casos, não tinha escrúpulos ao fechar as igrejas e impedir a participação dos fiéis no Santo Sacrifício da Missa. Mas esta atitude de burocratas frios, de executores da vontade do Príncipe, agora é compreendida pela maioria dos fiéis como um inquietante sinal da falta de Fé. E como podemos culpá-los?                      

Questiono-me – e tremo ao dizê-lo – se o encerramento das igrejas e a suspensão das celebrações não é uma punição que Deus acrescentou à pandemia. Ut scirent quia per quae peccat quis, para haec et torquetur. A fim de que compreendessem que por onde cada um peca, por aí será atormentado (Sab 11, 16). Ofendido pela negligência e desrespeito de tantos dos Seus Ministros; ultrajado pelas profanações do Santíssimo Sacramento, que se perpetuam diariamente com o sacrílego hábito de administrar a Comunhão na mão; cansado de suportar canções vulgares e sermões heréticos, o Senhor ainda hoje se compraz – no silêncio de muitos altares – em ouvir ser-Lhe elevado o louvor austero e composto de tantos sacerdotes que celebram a Missa de sempre, aquela Missa que remonta aos tempos apostólicos e que ao longo da história representa o coração palpitante da Igreja. Levemos muito a sério este aviso: Deus non irridetur.                   

Compreendo e partilho, evidentemente, o devido respeito pelos princípios básicos de proteção e segurança que a Autoridade civil estabelece para a saúde pública. Mas, assim como esta tem o direito de intervir em questões concernentes ao corpo, a Autoridade eclesiástica tem o direito e o dever de se ocupar da saúde das almas e não pode privar os seus fiéis do nutrimento da Santíssima Eucaristia, nem tampouco da Confissão, da Missa e do Sagrado Viático.

No entanto, quando as lojas e os restaurantes ainda estavam abertos, muitas Conferências Episcopais já tinham ordenado a suspensão das celebrações sem que as Autoridades civis o tivessem solicitado. Esta atitude revela a dolorosa situação em que se encontra a Hierarquia, disposta a sacrificar o bem das almas para agradar o poder do Estado ou a ditadura do pensamento único.         

A propósito de restaurantes abertos: como é que vê os almoços para os pobres que foram realizados, nos últimos meses, em locais de culto?      

Para o Católico, a assistência aos necessitados tem o próprio motor na virtude da Caridade, isto é, no próprio Deus: Deus caritas est. Ele ama o Senhor acima de todas as coisas, e o próximo como a si mesmo, porque nos permite – de acordo com as Bem-Aventuranças evangélicas – ver Cristo no pobre, no enfermo, no preso, no órfão. A Igreja sempre foi, desde o início, um brilhante exemplo neste sentido, a ponto de os próprios pagãos se sentirem edificados. A História atesta as impressionantes obras de assistência estabelecidas graças à munificência dos seus fiéis, mesmo em tempos de aberta hostilidade do Estado, que apreendeu os bens das fundações pelo ódio que a Maçonaria tinha em relação a um testemunho tão claro dos Católicos. A atenção aos pobres e marginalizados, portanto, não é nova no novo caminho bergogliano, apanágio de organizações ideologicamente alinhadas.   

Mas é significativo que a ênfase em ajudar os pobres se revele não apenas privada de qualquer referência sobrenatural, mas que se limite às obras da misericórdia corporal, evitando meticulosamente as de misericórdia espiritual. E não só: este último Pontificado ratificou definitivamente a renúncia ao apostolado, à missionariedade da Igreja também neste contexto, liquidando-a com o termo depreciativo de proselitismo. Pensa-se em oferecer alimentos, hospitalidade e assistência médica, mas não nos preocupamos em alimentar, acolher e curar na alma aqueles que precisam, reduzindo, assim, a Igreja a uma ONG com propósitos filantrópicos. 

Mas a Caridade não é uma variação da filantropia de inspiração maçónica, apenas encoberta por uma vaga espiritualidade, mas o seu exacto oposto; porque a solidariedade hoje praticada nega que exista apenas uma Religião verdadeira e que a sua mensagem salvadora deva, portanto, ser pregada àqueles que ainda não fazem parte dela. E não só: devido aos desvios que entraram na Igreja com o Concílio em matéria de liberdade religiosa e ecumenismo, os órgãos de assistência social acabam por confirmar as pessoas que lhes foram confiadas no erro do paganismo ou do ateísmo, chegando ao ponto de oferecer locais de culto onde possam rezar. Também vimos casos deploráveis ​​de Missas durante as quais, a pedido do sacerdote, em vez do Evangelho foi proclamado o Alcorão ou, para retomar casos recentes, foi dada a oportunidade de praticar rituais idólatras numa igreja católica.      

Acredito que a decisão de destinar as igrejas para refeitórios ou dormitórios para acolher pessoas necessitadas é um fenómeno revelador dessa hipocrisia subjacente que, como no caso do ecumenismo, usa um pretexto aparentemente louvável – ajudar os necessitados, acolher os refugiados etc. – como instrumento para realizar progressivamente o sonho maçónico de uma grande religião universal sem dogmas, sem ritos, sem Deus. Usar uma igreja como taberna, na presença de Prelados satisfeitos que servem pizzas ou costeletas com roupas e avental riscados, significa profaná-la; especialmente quando os que sorriem para os fotógrafos tomam cuidado para não abrir as portas do Palácio Episcopal àqueles que, no fundo, consideram úteis para a prossecução de outros propósitos. Regressando ao que disse anteriormente, parece-me que mesmo estes sacrilégios estão na origem da pandemia e no encerramento das igrejas.        

Parece-me também que, com muita frequência, se tenta fazer um espectáculo com a pobreza ou o estado de necessidade de tantas pessoas infelizes – como no caso dos desembarques de imigrantes ilegais transportados por organizações de verdadeiros esclavagistas – com o único objectivo de pôr em movimento a indústria da hospitalidade, por trás da qual se escondem não apenas mesquinhos interesses económicos, mas também uma não confessada cumplicidade com aqueles que querem a destruição da Europa cristã a começar pela Itália.              

Em alguns casos – por exemplo em Itália, em Cerveteri – as forças policiais interromperam a celebração de uma Missa. Como se coloca a Autoridade Eclesiástica diante destes episódios? 

O caso de Cerveteri foi provavelmente um excesso de zelo por parte de dois polícias municipais, certamente stressados pelo clima alarmante que surgiu no início da epidemia. Mas deve ficar claro que, especialmente numa nação como Itália – em que existe uma Concordata entre a Igreja Católica e o Estado –, a autoridade em locais de culto é exclusivamente reconhecida à Autoridade eclesiástica e, portanto, teria sido mais do que necessário que a Santa Sé e o Ordinário local protestassem firmemente por uma violação do Pacto de Latrão, confirmado em 1984 e ainda válido. Mais uma vez, o exercício da autoridade por parte dos Pastores – que deriva directamente de Deus – dissolve-se como neve ao sol, demonstrando uma pusilanimidade que poderia um dia autorizar abusos muito piores. Aproveito esta ocasião para solicitar uma condenação muito firme destas interferências intoleráveis 
​​por parte da Autoridade civil em questões de imediata e directa competência da Autoridade Eclesiástica.

O Papa Francisco convidou, a 25 de Março, todos os Cristãos, independentemente de serem ou não Católicos, a rezarem o Pater noster, pedindo a Deus o fim da pandemia, e deu a entender que mesmo aqueles que professam outras religiões poderiam unir-se à sua oração.

O relativismo religioso insinuado pelo Concílio eliminou a persuasão de que a Fé Católica é o único caminho de salvação e que o Deus Uno e Trino que adoramos é o único Deus verdadeiro.          

O Papa Bergoglio declarou, na Declaração de Abu Dhabi, que todas as religiões são desejadas por Deus: esta não é apenas uma heresia, mas uma forma de gravíssima apostasia e uma blasfémia. Porque dizer que Deus aceita ser adorado, independentemente de como se tenha revelado, significa frustrar a Encarnação, a Paixão, a Morte e a Ressurreição do nosso Salvador. Significa inutilizar o propósito pelo qual existe a Igreja, a razão pela qual milhões de Mártires deram as suas vidas, por que existem os Sacramentos, o Sacerdócio e o próprio Papado.      

Infelizmente, justamente quando se deveria expiar o ultraje à Majestade de Deus, há quem peça para Lhe rezar juntamente com aqueles que se recusam a honrar a Sua Santíssima Mãe no dia da sua festa. É este o modo mais apropriado para obter o fim da peste?                

Contudo, também é verdade que a Penitenciária Apostólica concedeu particulares Indulgências para os afectados pelo contágio e para os que assistem física e espiritualmente os doentes.   

Antes de mais, é necessário reafirmar vigorosamente que não é possível substituir com as Indulgências os Sacramentos. É necessário opor-se com a máxima firmeza às más decisões de alguns Pastores que recentemente proibiram os seus sacerdotes de ouvir as Confissões ou de administrar o Baptismo. Estas disposições – juntamente com a proibição de celebrar Missa e a suspensão das Comunhões – são contra o direito divino e demonstram que Satanás está por trás de tudo isto. Somente o Inimigo pode inspirar medidas que provocam a perda espiritual de tantas almas. É como se os médicos tivessem ordens de não dar os tratamentos vitais aos pacientes em perigo de vida.   

O exemplo do Episcopado polaco, que ordenou multiplicar as Missas para permitir a participação dos fiéis sem risco de contágio, deve ser assumido por toda a Igreja, caso a sua Hierarquia ainda tenha no coração o desejo da eterna salvação do povo cristão. E é significativo que, precisamente na Polónia, o impacto da pandemia seja inferior ao de outras nações.                    

A doutrina das Indulgências sobrevive aos ataques dos modernistas e essa é uma boa coisa. Mas se o Romano Pontífice tem o poder de tirar pleno proveito do inesgotável tesouro da Graça, também é verdade que as Indulgências não podem ser banalizadas, nem consideradas como se fossem saldos de fim de estação. Os fiéis também tiveram uma impressão semelhante por ocasião do último Jubileu da Misericórdia, para o qual a Indulgência Plenária foi concedida em tais condições, de modo a atenuar a consciência da sua importância naqueles que dela lucravam.         

Também se coloca o problema da Confissão sacramental e da Comunhão eucarística exigidas para se beneficiar das Indulgências, mas que nas normas emitidas pela Sagrada Penitenciária aparecem sine die com um genérico «assim que lhes seja possível».

Acredita que as dispensas específicas relativas à Absolvição geral em vez da Absolvição individual possam aplicar-se à epidemia presente?
  
A iminência da morte legitima o recurso a soluções que a Igreja, no seu zelo pela salvação eterna das almas que lhe foram confiadas, sempre concedeu generosamente, como no caso da Absolvição geral que é dada aos militares antes de um ataque ou, por exemplo, a quem se encontra num navio a afundar. Se a emergência de uma unidade de cuidados intensivos não permite a entrada do Sacerdote, a não ser em momentos limitados, e nestas situações não é possível ouvir as Confissões individuais dos moribundos, acredito que a solução proposta seja legítima.     

Mas se esta norma quer criar um perigoso precedente para posteriormente alargá-lo ao uso comum, sem que haja perigo iminente para a vida do penitente, será necessário vigiar com a máxima atenção para que o que a Igreja concede magnanimemente para casos extremos não se torne uma norma.      

Recordo também que as Missas transmitidas in streaming ou pela televisão não cumprem o preceito festivo. São uma maneira louvável de santificar o dia do Senhor quando é impossível ir à igreja. Mas deve ficar claro que a prática sacramental não pode ser substituída pela virtualização do sagrado, assim como é evidente que na ordem natural não se pode nutrir o corpo observando a imagem de um alimento.       

Qual é a mensagem de Vossa Excelência para aqueles que hoje têm a responsabilidade de defender e guiar o rebanho de Cristo?          
É indispensável e inadiável uma real conversão do Papa, da Hierarquia, dos Bispos e de todo o clero, bem como dos Religiosos. Os leigos reivindicam-na enquanto sofrem à mercê da confusão pela falta de guias fiéis e seguros. Não podemos permitir que o rebanho que o divino Pastor nos confiou para governar, proteger e conduzir à salvação eterna seja dispersado por mercenários infiéis. Devemos converter-nos, voltar a ser totalmente de Deus, sem compromissos com o mundo. 

Os Bispos devem recuperar a consciência da própria Autoridade Apostólica, que é pessoal, que não pode ser delegada a sujeitos intermediários, como as Conferências Episcopais ou os Sínodos, que distorceram o exercício do ministério apostólico, causando graves danos à constituição divina da Igreja como Cristo a quis.  

Basta de caminhos sinodais, basta de uma incompreendida colegialidade, basta deste absurdo sentido de inferioridade e cortesia em relação ao mundo; basta do uso hipócrita do diálogo em vez do intrépido anúncio do Evangelho; basta de ensinamentos de falsas doutrinas e do medo de pregar a pureza e a santidade de vida; basta dos terríveis silêncios diante da arrogância do Mal. Chega de cobertura de ignóbeis escândalos: chega de mentiras, de decepções e de vinganças!        

A vida cristã é uma milícia, não um passeio despreocupado em direcção ao abismo. A cada um de nós, em virtude da Ordem Sagrada que recebemos, Cristo pede contas das almas que salvamos e das que perdemos por não as termos avisado e ajudado. Voltemos à integridade da Fé, à santidade dos costumes, ao verdadeiro Culto agradável a Deus.    

Conversão e penitência, portanto, como nos exorta a Santíssima Virgem, Mãe da Igreja. A Ela, tabernáculo do Altíssimo, peçamos que inspire nos Pastores esse ímpeto heróico pela salvação da Igreja e pelo triunfo do Seu Imaculado Coração.                   

I Domingo da Paixão de 2020 

Tradução para português: diesiraept.blogspot.com


Acto de contrição muito útil para a Quaresma


Meu Deus do meu coração, da minha alma, da minha vida, das minhas entranhas, a quem tanto ofendi: tanto meu Deus, e Senhor, que não tem o mar areias, o céu estrelas, o campo flores, as plantas folhas, cujo numero não exceda a multidão sem numero de meus pecados, a variedade sem conto de meus delitos. 

Pequei, Senhor, ofendi-vos, fiz mal na face dos Céus e da terra; afastei-me de vossa Lei, dei as costas à vossa graça, adorei a vossa ofensa, fiz ídolo da minha culpa, corri sem temor nem pejo pelos caminhos do engano, da vaidade, da perdição. Ah meu Deus! quanto me pesa do muito que vos ofendi! Pesa-me do pouco que me pesa, do muito que vos agravei: mais me pesa pela muita ingratidão com que vos tenho agravado, que pelo grande inferno, que tenho merecido. 

Mas que digo, Senhor? nada me pesa, meu Deus : um pesar que me não tira a vida, não é pesar; uma pena que me não arranca esta alma, não é pena; uma dor que me não me parte o coração, ainda não é dor. Quisera ter uma pena das culpas que cometi, tamanha como as minhas culpas. Quisera ter uma mágoa da ofensa. Quisera ter uma dor igual à vossa misericórdia. Quisera com lágrimas de sangue chorar meus grandes pecados, mais pelo que tem de culpa e agravo contra vós, que pelo que tem de dano e perdição contra mim. Quisera, Senhor, que assim como no agravo foi infinita a culpa, fosse no arrependimento infinita a pena. 

Mas onde achei esta ânsia, senão na fonte de vossa graça? Onde acharei esta dor, senão no conhecimento de vossa bondade imensa e de minha maldade infinita? De onde hão-de de vir estas lágrimas, senão do mar de Vossa misericórdia? 

Aqui venho a vossos pés; não olheis o como; não estranheis o quando, não repareis no tarde, olhai somente que venho. Oh que miserável que venho, Senhor! Oh que torpe, oh que abominável! vestido das fealdades de meus pecados, coberto das torpezas de minhas culpas, cheio de abominações e vícios de minha vida! Mas como venho a vossos pés, confiado venho, meu Deus, de achar em vossa misericórdia porto, em vossa piedade amparo, em vossa clemência refúgio, em vossa bondade remédio. 

Por isso, tremendo de vossa justiça, não me valho de outro seguro, mais que do de vossa clemência : não solicito outro abrigo, senão vossa misericórdia : nesta me fio, meu Deus; porque ainda que eu por minha culpa perdi o ser de filho, vós, Senhor, infinitamente bom não perdestes o ser e condição que tendes de Pai. 

Acabe pois, Senhor, em mim vossa graça infinita esta obra, que começou em mim vossa piedade infinita : acuda vossa clemência a esta miserável criatura : tende dó e compaixão desta pobre alma. Proponho com vossa graça emendar a vida, confessar as culpas, perseverar na emenda, perdoar agravos, esquecer-me de injúrias, aborrecer meus vícios, restituir como posso, satisfazer como devo a vossos Mandamentos. 

Espero, Senhor, em vossa bondade infinita me haveis de perdoar todos meus pecados, pela morte e paixão de meu Senhor Jesus Cristo: porque, se nas suas chagas tendes a justiça para me castigar, também tendes a misericórdia para me favorecer. Misericórdia. Misericórdia. Misericórdia.

Composto pelo Padre Frei António das Chagas, Religioso do Seráfico Padre São Francisco da Província dos Algarves, e Pregador Apostólico

Bombeiro reza a Nossa Senhora depois do sismo na Croácia

Em plena epidemia do Coronavírus, a Croácia foi atingida a semana passada por um forte sismo. A capital, Zagreb, foi a cidade que mais sofreu: caiu parte de uma das torres da Catedral e milhares de pessoas ficaram sem casa. Durante os trabalhos depois do terramoto, dificultados por causa da quarentena, um bombeiro parou por alguns momentos em frente a uma capela, no centro de Zagreb, para pedir o auxílio de Nossa Senhora.

sábado, 28 de março de 2020

Cumpriu-se o Terceiro Segredo de Fátima?

Depois das imagens do Papa Francisco (quase) sozinho na Praça de São Pedro, enquanto caminhava com alguma dificuldade, logo se multiplicou nas redes sociais a associação do texto do Terceiro Segredo de Fátima (a parte revelada publicamente) ao que tinha acabado de acontecer. 

No entanto, essas publicações apenas transcreveram uma parte do texto. Quando se lê o texto integral percebe-se facilmente que tal associação não faz qualquer sentido nem o Segredo encaixa no que aconteceu na Praça de São Pedro. Diz a Irmã Lúcia:

«Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma espada de fôgo em a mão esquerda; ao centilar, despedia chamas que parecia iam encendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: O Anjo apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência! 

E vimos n'uma luz emensa que é Deus: “algo semelhante a como se vêem as pessoas n'um espelho quando lhe passam por diante” um Bispo vestido de Branco “tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre”. Varios outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fôra de sobreiro com a casca. 

O Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trémulo com andar vacilante, acabrunhado de dôr e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de juelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam varios tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas e varias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de varias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada um com um regador de cristal em a mão, n'êles recolhiam o sangue dos Martires e com êle regavam as almas que se aproximavam de Deus.»

Tuy-3-1-1944

sexta-feira, 27 de março de 2020

O que é uma Bênção Urbi et Orbi?


Dada a situação actual, com a epidemia do coronavírus, o Papa Francisco resolveu dar uma bênção Urbi et Orbi extraordinária hoje na Praça de São Pedro às 17h00 (hora de Portugal Continental).

Urbi et Orbi

Urbi et Orbi” significa “à cidade (de Roma) e ao Mundo”. Esta é uma bênção dada pelo Papa, normalmente na varanda central da Basílica de São Pedro, nos dias de maior alegria na vida da Igreja: Natal, Páscoa e sempre que é eleito um novo Papa.

Indulgência Plenária 

A bênção Urbi et Orbi concede a quem a recebe, seja presencialmente seja através dos meios de comunicação social, a indulgência plenária. A indulgência plenária não perdoa os pecados mortais, isso apenas pode ser feito através da confissão ou quando muito através do arrependimento profundo do pecado e desejo de confessar-se assim que possível, mas apaga o pagamento que temos de fazer de algumas, ou todas, as penas temporais.

As penas temporais são dívidas que nós contraímos quando pecamos, e com isso impomos uma desordem no mundo, e que devem ser pagas através de oração e penitência. As indulgências compensam esses actos, e apagam essas penas. A compensação será tanto maior quanto a maior contrição (horror ao pecado até ao pecado venial como ofensa a Deus) que a pessoa tiver no momento em que recebe a indulgência.

O que fazer para receber a Indulgência

Segundo o Decreto da Penitenciária Apostólica, além de assistir à bênção do Papa, para obter a Indulgência plenária: os doentes de coronavírus, os que estão em quarentena, os profissionais de saúde e familiares que se expõem ao risco de contágio para ajudar quem foi afectado pelo Covid-19 poderão simplesmente recitar o Credo, o Pai-Nosso e uma oração a Maria.

Os outros poderão escolher entre várias opções: visitar o Santíssimo Sacramento ou a adoração eucarística ou ler as Sagradas Escrituras por pelo menos meia hora, ou rezar o Terço, a Via-Sacra ou o Terço da Divina Misericórdia, pedindo Deus a cessação da epidemia, o alívio para os doentes e a salvação eterna daqueles a quem o Senhor chamou a si.

A indulgência plenária também pode ser obtida pelos fiéis que, no momento de morte, não tiveram a possibilidade de receber o Sacramento da Unção dos Enfermos e do Viático: neste caso, recomenda-se o uso do crucifixo ou da cruz.

O Rito da Bênção

O rito será feito em latim, língua oficial da Igreja. A tradução para português é esta:

Que os Santos Apóstolos Pedro e Paulo, dos quais no poder e julgamento confiamos, intercedam por nós junto do Senhor.
R.: Amém.

Que por meio das orações e dos méritos da Santíssima Virgem Maria, de São Miguel Arcanjo, de São João Baptista, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e de todos os santos, o Deus omnipotente mostre compaixão de vós, e quando perdoados todos os vossos pecados, Jesus Cristo vos conduza à vida eterna.
R.: Amém.

Que o Senhor Todo Poderoso e misericordioso vos conceda indulgência, absolvição, e remissão de todos os vossos pecados, espaço para um verdadeiro e frutuoso arrependimento, mesmo o coração arrependendo-se sempre, e a bênção da vida, a graça, a consolação do Espírito Santo e perseverança final nas boas obras.
R.: Amém.

E que a bênção de Deus Todo Poderoso, Pai e Filho e Espírito Santo desça sobre vós e permaneça sempre.
R.: Amém.

Acto de contrição e Comunhão Espiritual: armas essenciais neste tempo

Estando a maioria dos católicos privados de assistir à Santa Missa, e muitos também de se confessarem, a Igreja provém meios que podem ajudar a mitigar essa ausência. 

Um deles é o Acto de Contrição, dito com a maior devoção e punção possível, de modo a mostrar a Nosso Senhor a dor pelos pecados cometidos e a vontade de não voltar a pecar. Rezar este acto de contrição não substituiu a confissão, implica a vontade de se confessar a um sacerdote assim que possível.

Acto de Contrição

Senhor meu Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador e Redentor meu: por serdes Vós quem sois, sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas, e porque Vos amo e estimo, dói-me, Senhor, de todo o meu coração, de Vos Ter ofendido; magoa-me e horroriza-me, também de Ter perdido o Céu e merecido as dores e sofrimento do Inferno; detesto todos os meus pecados e proponho firmemente, ajudado com o auxílio de Vossa divina graça, confessar os meus pecados, fazer penitência, emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Espero alcançar o perdão das minhas culpas pela Vossa infinita Misericórdia. Ámen.


O outro é a Comunhão Espiritual, com a qual o fiel mostra a Nosso Senhor a vontade que tem em recebê-Lo sacramentalmente assim que possível e enquanto isso quer recebê-Lo já espiritualmente. 

Oração para a Comunhão Espiritual

Ó meu Jesus, acredito firmemente que estais presente no Santíssimo Sacramento. Eu vos amo sobre todas as coisas. E desejo receber-vos na minha alma. Uma vez que não posso agora receber-Vos sacramentalmente, vinde, ao menos espiritualmente, ao meu coração. Eu acolho-Vos como se já lá estivesses e uno-me inteiramente a Vós. Não permitais Senhor que me separe de Vós. Ámen.

terça-feira, 24 de março de 2020

Mensagem do Cardeal Burke sobre o combate contra o Coronavírus

Caros amigos,         

Há já algum tempo que estamos a lutar contra a propagação do Coronavírus (COVID-19). Pelo que entendemos – e uma das dificuldades da luta é que grande parte da pestilência é pouco clara –, a batalha ainda continuará por mais algum tempo. O vírus em questão é particularmente insidioso porque tem um período de incubação relativamente longo – alguns dizem quatorze dias, outros vinte dias – e é altamente contagioso, muito mais contagioso do que outros vírus que já experimentámos.            

Um dos principais meios naturais de nos defendermos do Coronavírus é evitando qualquer contacto próximo com outras pessoas. É importante, de facto, manter sempre uma distância – alguns dizem um metro, outros um metro e meio – dos outros e, naturalmente, evitar encontros de grupo, isto é, os encontros nos quais um certo número de pessoas se encontram muito próximas umas das outras. 

Além disso, como o vírus é transmitido por pequenas gotículas emitidas quando se espirra ou se assoa o nariz, é fundamental lavar as mãos frequentemente com sabão desinfectante e água quente durante, pelo menos, vinte segundos e usar toalhetes. É igualmente importante desinfectar mesas, cadeiras, superfícies de trabalho, etc., nas quais essas gotas possam ter caído e através das quais possam transmitir a infecção por um certo tempo. Se espirrarmos ou assoarmos o nariz, é-nos aconselhado que usemos um lenço de papel, colocando-o imediatamente no lixo, e que depois lavemos as mãos. Naturalmente, aqueles que são diagnosticados com o Coronavírus devem ser colocados em quarentena e aqueles que não se sentem bem, mesmo que não tenham sido diagnosticados com Coronavírus, devem, por caridade para com os outros, permanecer em casa até se sentirem melhores.     

Vivendo em Itália, onde a disseminação do Coronavírus tem sido particularmente letal, especialmente para os idosos e para aqueles que já se encontram num delicado estado de saúde, sinto-me edificado pelo grande cuidado que os italianos estão a ter para se proteger e para proteger os outros do contágio. Como já devem ter lido, o sistema de saúde italiano é posto duramente à prova na tentativa de fornecer aos mais vulneráveis os necessários internamentos e os cuidados intensivos.

Rezem pelo povo italiano e, sobretudo, por aqueles para quem o Coronavírus pode ser fatal e por aqueles a quem foi confiado o tratamento. Como cidadão dos Estados Unidos, acompanhei a situação da propagação do Coronavírus na minha pátria e sei que aqueles que vivem nos Estados Unidos se preocupam cada vez mais em parar a sua propagação para impedir que uma situação como a italiana se repita no país.  

A situação expõe-nos certamente a uma profunda tristeza e também ao medo. Ninguém quer contrair a doença ligada ao vírus ou fazer com que alguém a contraia. Não queremos, sobretudo, que os nossos queridos idosos ou outras pessoas que sofrem de problemas de saúde sejam postas em perigo de vida por causa da propagação do vírus. Ao combatermos a propagação do vírus, encontrámo-nos todos numa espécie de retiro espiritual forçado, confinados à acomodação e incapazes de mostrar os usuais sinais de afecto à família e aos amigos. Para os que estão em quarentena, o isolamento é claramente ainda mais grave, não podendo ter contacto com ninguém, nem mesmo à distância.

Se a doença associada ao vírus já não fosse suficiente para nos preocupar, não podemos ignorar a devastação económica que a propagação do vírus causou com os seus graves efeitos nos indivíduos e nas famílias e naqueles que nos são úteis de muitas maneiras na nossa vida quotidiana. Naturalmente, o nosso pensamento não pode deixar de incluir a possibilidade de uma devastação ainda maior da população da nossa pátria e do mundo.

Certamente, temos razão em conhecer e usar todos os meios naturais para nos defendermos do contágio. É um acto de caridade fundamental usar todos os meios prudentes para evitar contrair ou espalhar o Coronavírus. Os meios naturais para prevenir a propagação do vírus devem, no entanto, respeitar o que precisamos para viver, por exemplo o acesso aos alimentos, à água e aos medicamentos. O Estado, por exemplo, ao impor restrições cada vez maiores à circulação de pessoas, permite que as pessoas possam ir ao supermercado e à farmácia cumprindo as precauções de distância social e do uso de desinfectantes por todos os envolvidos.         

Ao considerar o que é necessário para viver, não devemos esquecer que a nossa primeira consideração é o nosso relacionamento com Deus. Recordemos as palavras de Nosso Senhor no Evangelho segundo João: “Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada” (14, 23). Cristo é o Senhor da natureza e da história. Ele não está distante e desinteressado em nós e no mundo. Ele prometeu-nos: “E sabei que Eu estarei convosco até ao fim dos tempos” (Mt 28, 20).

Na luta contra o mal do Coronavírus, a nossa arma mais eficaz é, portanto, a nossa relação com Cristo através da oração e da penitência, das devoções e do culto sagrado. Dirigimo-nos a Cristo para nos libertar da pestilência e de todo o mal e Ele nunca deixa de responder com amor puro e desinteressado. Eis por que é essencial para nós, em todos os momentos e especialmente em tempos de crise, ter acesso às nossas igrejas e capelas, aos sacramentos, às devoções e às orações públicas.    

Tal como somos capazes de comprar alimentos e medicamentos, tomando cuidado para não espalhar o Coronavírus, também devemos poder rezar nas nossas igrejas e capelas, receber os sacramentos e participar em actos de oração e devoção pública, para que conheçamos a proximidade de Deus para connosco e permaneçamos próximos d’Ele invocando oportunamente a Sua ajuda. Sem a ajuda de Deus estamos verdadeiramente perdidos. Historicamente, em tempos de peste os fiéis reuniam-se em fervorosa oração e participavam em procissões.

De facto, no Missal Romano promulgado, em 1962, pelo Papa São João XXIII, há textos especiais para a Santa Missa a ser oferecida em tempos de pestilência, a Missa Votiva para a libertação da morte em tempos de pestilência (Missae Votivae ad Diversa, n. 23). Do mesmo modo, na tradicional Ladainha dos Santos reza-se: “Da peste, da fome e da guerra, livrai-nos, Senhor”.             

Muitas vezes, quando nos encontramos em grande sofrimento e até mesmo defronte à morte, perguntamo-nos: “Onde está Deus?”. Mas a verdadeira questão é: “Onde estamos?”. Por outras palavras, Deus está certamente connosco para nos ajudar e salvar, especialmente no momento de uma grave prova ou da morte, mas muitas vezes estamos muito longe d’Ele porque não reconhecemos a nossa total dependência d’Ele e, portanto, não Lhe rezamos todos os dias e não Lhe oferecemos a nossa adoração. 

Nestes dias, ouvi de muitos católicos devotos que estão profundamente tristes e desencorajados por não poderem rezar e adorar nas suas igrejas e capelas. Compreendem a necessidade de observar a distância social e de seguir as outras precauções, e seguirão essas práticas prudentes, que podem ser praticadas facilmente nos seus locais de culto. Mas, muitas vezes, devem aceitar o profundo sofrimento de ter as suas igrejas e capelas fechadas e de não terem acesso à Confissão e à Santíssima Eucaristia.   

Do mesmo modo, uma pessoa de fé não pode considerar a actual calamidade em que nos encontramos sem considerar também quão distante a nossa cultura popular está de Deus. Não só é indiferente à Sua presença entre nós, mas também se rebela abertamente contra Ele e contra a boa ordem com que nos criou e nos sustenta no ser. Basta pensar nos banais e violentos ataques à vida humana, masculina e feminina, que Deus criou à Sua imagem e semelhança (Gn 1, 27), aos ataques aos nascituros inocentes e indefesos e àqueles que estão aos nossos cuidados, aos que são fortemente oprimidos por doenças graves, idade avançada ou necessidades especiais. Somos testemunhas quotidianas da propagação da violência numa cultura que não respeita a vida humana.     

Do mesmo modo, basta pensar no ataque generalizado à integridade da sexualidade humana, à nossa identidade de homem ou mulher, com o pretexto de definir para nós mesmos, frequentemente com meios violentos, uma identidade sexual diferente da que nos foi dada por Deus. Assistimos, com cada vez maior preocupação, ao efeito devastador sobre os indivíduos e sobre as famílias da chamada “ideologia de género”.      

Também somos testemunhas, mesmo dentro da Igreja, de um paganismo que adora a natureza e a terra. Há quem, dentro da Igreja, se refira à terra como a nossa mãe, como se viéssemos da terra e a terra fosse a nossa salvação. Mas nós vimos da mão de Deus, Criador do céu e da terra. Somente em Deus encontramos a salvação. Rezemos com as palavras divinas do Salmista: “Só em Deus repousa a minha alma, d’Ele vem a minha salvação. Só Ele é o meu rochedo e a minha salvação, a minha fortaleza: jamais vacilarei” (Sl 62 [61]). Vemos como a própria vida de fé se tornou cada vez mais secularizada e, portanto, comprometeu o Senhorio de Cristo, Deus Filho Encarnado, Rei do céu e da terra.

Somos testemunhas de muitos outros males que derivam da idolatria, da adoração de nós mesmos e do mundo, em vez de adorarmos a Deus, a fonte de cada ser. Vemos tristemente em nós mesmos a verdade das palavras inspiradas de São Paulo relativas à “impiedade e injustiça dos homens que retêm a verdade” e “que trocaram a verdade de Deus pela mentira e que veneraram a criatura e lhe prestaram culto de preferência ao Criador, o Qual é bendito por todos os séculos” (Rom 1, 18.25).     

Muitos com os quais estou em contacto, reflectindo sobre a actual crise sanitária mundial com todos os seus efeitos, expressaram-me a esperança de que ela nos leve – como indivíduos e famílias e como sociedade – a reformar a nossa vida, a voltarmo-nos para Deus que está seguramente próximo de nós e que é incomensurável e incessante na Sua misericórdia e no Seu amor por nós. Não há dúvida de que os grandes males, como a peste, são um efeito do pecado original e dos nossos pecados reais. Deus, na Sua justiça, deve reparar a desordem que o pecado introduz na nossa vida e no nosso mundo. De facto, Ele satisfaz as exigências da justiça com a Sua misericórdia superabundante.   
          
Deus não nos deixou no caos e na morte que o pecado trouxe ao mundo, mas enviou o Seu Filho unigênito, Jesus Cristo, para sofrer, morrer, ressuscitar dos mortos e ascender na glória à Sua direita, para permanecer sempre connosco purificando-nos do pecado e inflamando-nos com o Seu amor. Na Sua justiça, Deus reconhece os nossos pecados e a necessidade da sua reparação, enquanto que na Sua misericórdia nos dá a graça de nos arrependermos e de repararmos. O profeta Jeremias rezou: “Senhor, conhecemos a nossa malícia e a iniquidade dos nossos pais. Pecámos realmente contra Vós. Mas, por amor do Vosso nome, não nos abandoneis nem desonreis o trono da Vossa glória. Lembrai-Vos e não anuleis a aliança que connosco firmastes” (Jer 14, 20-21).               

Deus nunca nos vira as costas; jamais anulará a Sua aliança de amor fiel e duradouro connosco, mesmo que sejamos indiferentes, frios e infiéis. Enquanto o sofrimento actual descobre tanta indiferença, frieza e infidelidade da nossa parte, somos chamados a dirigir-nos a Deus e a implorar a Sua misericórdia. Estamos confiantes que Ele nos ouvirá e nos abençoará com os Seus dons de misericórdia, perdão e paz. Unamos os nossos sofrimentos à Paixão e à Morte de Cristo e, como diz São Paulo, “alegro-me nos sofrimentos suportados por vossa causa e completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo Seu Corpo, que é a Igreja” (Col 1, 24).

Vivendo em Cristo conhecemos a verdade da nossa oração bíblica: “Pelo Senhor é que o justo se salva, o seu refúgio na hora da angústia” (Sl 37 [36], 39). Em Cristo, Deus revelou-nos plenamente a verdade expressa na oração do salmista: “Amor e Fidelidade se encontrarão. Justiça e Paz se beijarão” (Sl 85 [84], 11).          

Na nossa cultura totalmente secularizada há a tendência de ver a oração, a devoção e o culto como qualquer outra actividade, como por exemplo ir ao cinema ou a um jogo de futebol, que não é essencial e, portanto, pode ser cancelada ao se tomar precauções para conter a propagação de uma infecção mortal. Mas a oração, a devoção e o culto, sobretudo a Confissão e a Santa Missa, são essenciais para permanecermos saudáveis e espiritualmente fortes e para procurar a ajuda de Deus num tempo de grande perigo para todos.

Não podemos, portanto, aceitar simplesmente as decisões dos governos laicos que tratam o culto a Deus como se fôssemos a um restaurante ou a uma competição de atletismo. Caso contrário, as pessoas que já sofrem tanto com as consequências da peste são privadas daqueles encontros objectivos com Deus que está entre nós para restaurar a saúde e a paz.       

Nós, bispos e padres, devemos explicar publicamente a necessidade dos católicos de rezarem e de praticarem o culto nas suas igrejas e capelas e de andarem em procissão pelas estradas e ruas pedindo a bênção de Deus para o Seu povo que sofre tão intensamente. Devemos insistir para que as regras do Estado, também para o bem do Estado, reconheçam a importância distinta dos locais de culto, especialmente em tempos de crise nacional e internacional. No passado, de facto, os governos compreendiam, acima de tudo, a importância da fé, da oração e do culto das pessoas para superar uma peste.         

Como encontrámos o modo de prover os alimentos, os medicamentos e as outras necessidades da vida num período de contágio, sem arriscar irresponsavelmente a propagação do próprio contágio, de maneira semelhante podemos encontrar a maneira de prover as necessidades da nossa vida espiritual. Podemos providenciar mais ocasiões para a Santa Missa e para as devoções nas quais possa participar um certo número de fiéis sem violar as precauções necessárias contra a propagação da infecção. Muitas das nossas igrejas e capelas são muito grandes e permitem que um grupo de fiéis se reúna para a oração e o culto sem violar os requisitos da “distância social”.

O confessionário com a tela tradicional é geralmente dotado ou, caso contrário, pode ser facilmente dotado de um subtil véu que pode ser tratado com desinfectante para que o acesso ao sacramento da confissão seja possível sem grandes dificuldades e sem perigo de transmissão do vírus. Se uma igreja ou capela não tem pessoal suficiente para desinfectar regularmente os bancos e as outras superfícies, não tenho dúvida de que os fiéis, como sinal de gratidão pelos dons da Santa Eucaristia, da Confissão e da devoção pública, terão gosto em ajudar.         

Mesmo que, por qualquer motivo, não possamos ter acesso às nossas igrejas e capelas, devemos recordar que as nossas casas são uma extensão da nossa paróquia, uma pequena Igreja para a qual trazemos Cristo do nosso encontro com Ele na Igreja maior. Neste momento de crise, deixemos que nosso lar reflicta a verdade de que Cristo é hóspede de cada casa cristã. Voltemo-nos para Ele através da oração, especialmente o Rosário, e de outras devoções. Se a imagem do Sagrado Coração de Jesus, juntamente com a imagem do Imaculado Coração de Maria, ainda não estiver entronizada na nossa casa, este é o momento de fazê-lo.

O lugar da imagem do Sagrado Coração é para nós um pequeno altar em casa onde nos reunimos conscientes da morada de Cristo em nós através da efusão do Espírito Santo nos nossos corações e colocamos os nossos corações, muitas vezes pobres e pecaminosos, no Seu glorioso Coração trespassado, sempre aberto para nos acolher, curar dos nossos pecados e encher de amor divino. Se desejarem entronizar a imagem do Sagrado Coração de Jesus, recomendo o manual A Entronização do Sagrado Coração de Jesus, disponível através do Apostolado Catequista Mariano. Também está disponível em polaco e eslovaco.     

Para aqueles que não podem aceder a Santa Missa e à Sagrada Comunhão, recomendo a prática devota da Comunhão espiritual. Quando estamos correctamente dispostos a receber a Sagrada Comunhão, isto é, quando estamos em estado de graça, desconhecendo um pecado mortal que tenhamos cometido e pelo qual ainda não fomos perdoados no sacramento da Penitência, e desejamos receber Nosso Senhor na Sagrada Comunhão, mas não podemos fazê-lo, unimo-nos espiritualmente ao Santo Sacrifício da Missa, rezando a Nosso Senhor Eucarístico com as palavras de Santo Afonso de Ligório: “Já que, neste momento, não Vos posso receber sacramentalmente, chegai, pelo menos, espiritualmente ao meu coração”. A Comunhão espiritual é uma bela expressão de amor por Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento. Não deixará de nos trazer abundante graça.                      

Ao mesmo tempo, quando temos consciência de que cometemos um pecado mortal e não podemos aceder ao sacramento da Penitência ou da Confissão, a Igreja convida-nos a fazer um acto de perfeita contrição – isto é, de dor pelo pecado – que “nasce de um amor pelo qual Deus é amado acima de tudo”. Um acto de perfeita contrição “obtém igualmente o perdão dos pecados veniais se incluir o propósito firme de recorrer, logo que possível, à confissão sacramental” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1452). Um acto de perfeita contrição dispõe a nossa alma para a comunhão espiritual.

Afinal, fé e razão, como sempre, trabalham juntas para fornecer a correcta solução para um desafio difícil. Devemos usar a razão, inspirada pela fé, para encontrar a maneira correcta de lidar com uma pandemia mortal. Deste modo, devemos dar prioridade à oração, à devoção e ao culto, à invocação da misericórdia de Deus sobre o Seu povo que sofre muito e está em perigo de morte. Feitos à imagem e semelhança de Deus, desfrutamos dos dons do intelecto e do livre arbítrio. Usando estes dons de Deus, unidos aos dons de Fé, Esperança e Caridade, encontraremos o nosso caminho no actual tempo da provação mundial que é causa de tanta tristeza e medo.    

Podemos contar com a ajuda e a intercessão do grande grupo dos nossos amigos celestiais, aos quais estamos intimamente unidos na Comunhão dos Santos. A Virgem Mãe de Deus, os santos Arcanjos e Anjos Custódios, São José, verdadeiro esposo da Virgem Maria e Patrono da Igreja Universal, São Roque, que invocamos em tempos de epidemia, e os outros santos e beatos a quem recorremos regularmente na oração estão ao nosso lado. Eles guiam-nos e asseguram-nos constantemente que Deus nunca deixará de ouvir a nossa oração: Ele responderá com a Sua incomensurável e incessante misericórdia e amor.           

Caros amigos, ofereço-vos estas breves reflexões, profundamente consciente de como estão a sofrer por causa do Coronavírus pandémico. Espero que vos ajudem. Acima de tudo, espero que vos inspirem a dirigir-vos a Deus na oração e na adoração, cada um de acordo com as suas possibilidades, e a experimentar, assim, a Sua cura e a Sua paz. Com estas reflexões, chegue até vós a certeza da minha lembrança diária das vossas intenções na minha oração e na minha penitência, especialmente na oferta do Santo Sacrifício da Missa.                           

Peço que se lembrem de mim nas vossas orações diárias.          

Vosso, no Sagrado Coração de Jesus e no Imaculado Coração de Maria e no Coração Puro de São José, 
Raymond Leo Cardeal Burke
21 de Março de 2020
Festa de São Bento, Abade

Tradução para português: diesiraept.blogspot.com