domingo, 30 de abril de 2023

9 sugestões de D. Athanasius Schneider para guardar a Fé nos dias de hoje

1. É preciso encorajar os Católicos que nos rodeiam a serem fiéis ao Catecismo que aprenderam, a serem fiéis às claras palavras de Jesus Cristo no Evangelho, a serem fiéis à Fé confiada aos seus Pais e antepassados.

2. É preciso organizar círculos de estudos e conferências sobre o perene ensinamento da Igreja em temas como o casamento e a castidade, convidando a participar especialmente os jovens e os casais.

3. É preciso mostrar a enorme beleza de uma vida levada em castidade, a beleza do casamento Cristão e da família, como também o valor tremendo da Cruz e do sacrifício nas nossas vidas.

4. É preciso apresentar cada vez mais o exemplo da vida dos santos e de pessoas exemplares que apesar de terem sofrido as mesmas tentações da carne, a mesma hostilidade e o mesmo desdém do mundo, mostraram que com a graça de Cristo é possível levar uma vida feliz em castidade, num casamento Cristão e em Família.

5. É preciso fundar e promover grupos de jovens com corações puros, grupos de famílias e de esposos Católicos, que se comprometam com a fidelidade dos seus votos matrimoniais.

6. É preciso organizar grupos de ajuda moral e material a famílias carenciadas, Mães solteiras, grupos que darão assistência com oração e bom conselho a casais separados, grupos e pessoas que ajudem pessoas “divorciadas e recasadas” a começarem um processo sério de conversão, reconhecendo com humildade a sua situação pecaminosa e abandonando com a ajuda da graça de Deus os pecados que violam os mandamentos de Deus e a santidade do sacramento do matrimónio.

7. Temos de criar grupos que irão cuidadosamente ajudar pessoas com tendências homossexuais a entrar no caminho da conversão Cristã, a reconhecerem o caminho feliz e bonito da vida casta e a oferecer-lhes, eventualmente, de uma forma discreta uma cura psicológica.

8. É preciso mostrar e apregoar aos nossos contemporâneos, que vivem no mundo do neo-paganismo, a Boa Nova dos ensinamentos de Cristo: que os mandamentos de Deus, mesmo o sexto mandamento é sábio, é de uma grande beleza: “A lei do Senhor é perfeita, reconforta o espírito; as ordens do Senhor são firmes, dão sabedoria ao homem simples. Os mandamentos do Senhor são rectos, alegram o coração; os preceitos do Senhor são claros, iluminam os olhos.” (Salmo 19, 8-9)

9. Cardeais, Bispos, Sacerdotes, Famílias Católicas, Jovens Católicos têm que se dizer a si mesmos: Recuso conformar-me com o espirito do neo-paganismo que vivemos neste mundo, mesmo quando o espírito é espalhado por alguns Bispos e Cardeais; Não aceitarei o seu uso falacioso e perverso da Divina Misericórdia e do “novo Pentecostes”; Recuso-me a atirar grãos de incenso à estátua do ídolo da ideologia de género, dos segundos casamentos, do concubinato. Ainda que o meu Bispo o faça eu não o farei, com a graça de Deus escolherei antes sofrer invés de trair a verdade integral de Cristo referente à sexualidade humana e ao casamento. 

in 'Life Site News'

São Paulo da Cruz, fundador dos Passionistas

Paulo Francisco Danei, piemontês, nascido em Ovala em 1694, é o fundador da Congregação dos Clérigos descalços da Santa Cruz e da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tão longo era o título que foi imediatamente simplificado pelo povo cristão no nome 'passionista', que traduz o caráter e a própria essência da nova instituição, cujos membros vivem, meditam e pregam a Paixão do Senhor. 

Paulo Francisco Danei, aos 19 anos, ouvindo um sermão sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, decidiu dedicar-se ao Seu serviço e pensou em executar imediatamente o seu programa alistando-se como voluntário no exército que os venezianos estavam montando para uma expedição contra os turcos. Mas a pretensa cruzada tinha em mira só interesses materiais.

Amadureceu a sua verdadeira vocação dedicando-se à oração e à penitência. Alma eminentemente contemplativa, passava até sete horas consecutivas imerso em profunda meditação. Aos 26 anos recebeu do bispo de Alexandria, Gattinara, o hábito preto de penitente com os sinais da Paixão de Cristo: um coração com uma cruz em cima, com três pregos e o monograma de Cristo. Convenceu o irmão João Baptista a unir-se a ele e juntos se retiraram para um ermo no monte Argentauro, próximo a Orbetello. Viveram aí vida eremítica, em duras penitências corporais. Aos Domingos desciam às cidades próximas para pregar a Paixão de Cristo.

A pregação deles, apaixonada e dramática (às vezes flagelavam-se em público para tornar mais viva a imagem de Cristo sofredor), comovia o povo e convertia até os mais refratários. As suas missões, marcadas por uma cruz de madeira, obtiveram resultados surpreendentes. O Papa Bento XIII concedeu-lhes a licença de erigir a congregação e ordenou presbíteros os dois irmãos. A Regra inicial, escrita por Paulo da Cruz, era muito rígida. Paulo, que tinha bastante prestígio junto de Bispos e Papas (em particular por Clemente XIV, que se incluía entre os seus filhos espirituais), teve de mitigar um pouco a antiga Regra dos passionistas para obter a aprovação eclesiástica definitiva.

À congregação masculina logo se agregou a feminina. Paulo morreu com 81 anos, a 18 de Outubro de 1775, no convento romano anexo à igreja dos santos João e Paulo, no monte Célio. Pio IX incluiu-o no elenco dos santos a 28 de Junho de 1867.

in Missal Quotidiano Completo (editado e impresso nas oficinas tipográficas do Mosteiro de São Bento na Bahia a 23 de Dezembro de 1957)

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Os Papas sempre condenaram a separação entre a Igreja e o Estado

Separar o Estado da Igreja é um erro pernicioso

6. Que seja preciso separar o Estado da Igreja é esta uma tese absolutamente falsa, um erro perniciosíssimo. Com efeito, baseada nesse princípio de que o Estado não deve reconhecer nenhum culto religioso ela é, em primeiro lugar, em alto grau injuriosa para com Deus; porquanto o Criador do homem também é o Fundador das sociedades humanas, e conserva-as na existência como nos sustenta nelas. Devemos-lhe, pois, não somente um culto privado, mas um culto público e social para honrá-lo.

7. Além disto, essa tese é a negação claríssima da ordem sobrenatural. De feito, ela limita a acção do Estado à simples demanda da prosperidade pública durante esta vida, a qual não passa da razão próxima das sociedades políticas; e, como que lhe sendo estranha, de maneira alguma se ocupa da razão última delas, que é a beatitude eterna proposta ao homem quando esta vida, tão curta, houver findado. E, no entanto, achando-se a ordem presente das coisas, que se desenrola no tempo, subordinada à conquista desse bem supremo e absoluto, não somente o poder civil não deve obstar a essa conquista, mas deve ainda ajudar-nos nela.

8. Essa tese subverte igualmente a ordem muito sabiamente estabelecida por Deus no mundo, ordem que exige uma harmoniosa concórdia entre as duas sociedades. Essa duas sociedades, a sociedade religiosa e a sociedade civil, têm, com efeito, os mesmos súbditos, embora cada uma delas exerça na sua esfera própria a sua autoridade sobre eles. Daí resulta forçosamente que haverá muitas matérias que elas ambas deverão conhecer, como sendo da alçada de ambas. Ora, venha a desaparecer o acordo entre o Estado e a Igreja, e dessas matérias comuns pulularão facilmente os germes de contendas, que se tornarão agudíssimos dos dois lados; a noção da verdade será, com isso, perturbada, e as almas ficarão cheias de grande ansiedade.

9. Finalmente, essa tese inflige graves danos à própria sociedade civil, pois esta não pode prosperar nem durar muito tempo quando não se dá nela o seu lugar à religião, regra suprema e soberana senhora quando se trata dos direitos do homem e dos seus deveres.

Os Pontífices sempre condenaram a separação entre a Igreja e o Estado

10. Por isto, não têm os Pontífices romanos, segundo as circunstâncias e segundo os tempos, cessado de refutar e de condenar a doutrina da separação entre a Igreja e o Estado. Notadamente o Nosso ilustre Predecessor Leão XIII várias vezes e magnificamente expôs o que, consoante a doutrina católica, deveriam ser as relações entre as duas sociedades. Entre elas, disse ele, "cumpre necessariamente que uma sábia união intervenha, união que se pode, não sem justeza, comparar à que reúne no homem a alma e o corpo." (Quaedam intercedat necesse est ordinata colligatio inter illas, quae quidem conjunctioni non immerito comparatur, per quam anima et corpus in homine copulantur)

E acrescenta ainda: "As sociedades humanas não podem, sem se tornarem criminosas, comportar-se como se Deus não existisse, ou recusar preocupar-se com a religião, como se esta lhes fosse coisa estranha ou que de nada lhes pudesse servir... Quanto à Igreja, que tem por autor o próprio Deus, excluí-la da vida activa da nação, das leis, da educação da juventude, da sociedade doméstica, é cometer um grande e pernicioso erro." (Civitates non possunt, citra scelus, gerere se tanquam si Deus omnio non esset, aut curam religionis velut alienam nihilque profuturam, abjicere... Ecclesiam vero, quam Deus ipse constituit, ab actione vitae excludere, a legibus, ab institutione adolescentium, a societate domestica, magnus et perniciosus est error) - Immortale Dei, 1. XI. 1885. D. P. 14, n. 19, 11 e 39)

São Pio X, Papa in Carta Encíclica 'Vehementer Nos'

São Pedro Canísio SJ: Martelo dos hereges

São Pedro Canísio foi um sacerdote jesuíta holandês, nascido no ano 1521. Foi um forte combatente contra a revolução protestante, especialmente na Alemanha, Áustria e Suiça. O seu trabalho foi especialmente importante na Alemanha, onde se diz que a Fé católica permaneceu graças a este santo. Foi declarado Doutor da Igreja em 1925, pelo Papa Pio XI.

Dele disse o Papa Bento XVI (9/2/2011):

«São Pedro Canísio transcorreu boa parte da sua vida em contacto com as pessoas socialmente mais importantes da sua época e exerceu uma influência especial com os seus escritos. Foi editor das obras completas de São Cirilo de Alexandria e de São Leão Magno, das Cartas de são Jerónimo e das Orações de São Nicolau de Flüe. Publicou livros de devoção em várias línguas, biografias de alguns santos suíços e muitos textos de homilética. Mas os seus escritos mais divulgados foram os três Catecismos, compostos de 1555 a 1558. 

O primeiro Catecismo destinava-se aos estudantes capazes de entender noções elementares de teologia; o segundo, aos jovens do povo para uma primeira instrução religiosa; o terceiro, aos jovens com uma formação escolar a nível de escolas secundárias e superiores. A doutrina católica era exposta com perguntas e respostas, brevemente, em termos bíblicos, com muita clareza e sem comentários polémicos. Só durante a sua vida houve 200 edições deste Catecismo! E sucederam-se centenas de edições até ao século XX. 

Assim na Alemanha, ainda na geração do meu pai, as pessoas chamavam o Catecismo simplesmente o Canísio: foi deveras o Catequista da Alemanha, formou a Fé de pessoas durante séculos.»

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Sacerdotes devem seguir o Missal e evitar saudações mundanas na Missa

Não só jovens padres, mas por vezes também bispos têm a sensação de não serem fiéis ao Concílio se rezam tudo tal como vem no Missal. Deve haver pelo menos uma fórmula «criativa», por mais banal que seja. 


E a saudação «civil» dos presentes, possivelmente também as cordiais saudações à despedida, tornaram-se já partes obrigatórias da acção sagrada a que quase ninguém ousa subtrair-se.

Se o grupo se celebra a si mesmo, celebra na realidade um nada, porque o grupo não é motivo para celebrar. E é por isso que o agir de todos produz aborrecimento: na realidade, nada acontece, se permanece ausente Aquele que todos esperam.

Cardeal Ratzinger in Liturgia e Música Sacra (Conferência proferida na abertura do VIII Congresso de Música Sacra) - 17/XI/1985

São José, Padroeiro da Igreja Universal

Hoje é a Festa de São José, Padroeiro da Igreja Universal, que se comemora na Quarta-Feira da segunda semana depois da Páscoa. Na outra Festa, a 19 de Março, São José é comemorado como esposo da Virgem da Santa Maria.

São José, rogai por nós.

segunda-feira, 24 de abril de 2023

Terá sido profética a primeira homilia do Papa Bento?

Foi há 18 anos a primeira Missa pública do Papa Bento XVI. A Santa Missa com a "imposição do Pálio e entrega do Anel do Pescador para o início do Ministério Petrino" foi celebrada no dia 24 de Abril de 2005 na Praça de São Pedro. 

Na homilia o Papa Bento optou por um discurso pela positiva, com grande entusiasmo sobre a vivacidade da 'Barca de Pedro' naquele momento, e como não havia motivo para preocupação porque os santos intercedem por nós e é Nosso Senhor que guia a Igreja.

No entanto houve um momento que causou alguma estranheza na homilia. Uma frase enigmática que deu muito que falar durante vários anos: "Rezai por mim, para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos."

Que devemos rezar pelo Papa todos sabemos, e a Igreja sempre recomendou muito que os fiéis o fizessem. Mas rezar para que não fuja? Fugir para onde? Sabemos que quando se é Papa se é Papa até à morte, por isso não há muito por onde fugir. E fugir dos lobos? Que lobos são esses? Estão dentro ou fora da Igreja? Se estiverem dentro são do clero ou leigos? 

As respostas a estas perguntas talvez nunca as venhamos a ter. Mas sabemos que o Papa Bento viria a renunciar ao ministério petrino no dia 11 de Fevereiro de 2013, numa decisão completamente inesperada e praticamente inédita na história da Igreja. Terá sido a homilia de há 16 anos uma homilia profética?

Padre João Silveira

Santíssimo Milagre de Santarém

No ano de 1247, vivia em Santarém uma pobre mulher, a quem o marido muito ofendia, andando desencaminhado com outra. Cansada de sofrer, foi pedir a uma bruxa judia que, com os seus feitiços, desse fim à sua sorte.

Prometeu-lhe esta remédio eficaz, para o que necessitava uma Hóstia Consagrada. Depois de naturais hesitações, consentiu no sacrilégio a pobre mulher; foi à Igreja de Santo Estêvão, confessou-se e pediu Comunhão. Recebida a Sagrada Partícula, com suma cautela a tirou da boca, embrulhando-a no véu. Saiu prestes, da Igreja, e encaminhou-se para a casa da feiticeira. Mas, então, sem que ela o notasse, do véu começou a escorrer Sangue, que, visto por várias pessoas, as levou a perguntar à infeliz que ferimentos tinha que tanto sangue jorravam. Confusa em extremo, corre logo para casa, e encerra a Hóstia Miraculosa numa das suas arcas.

Passou o dia, entretanto, e, à tarde, voltou o marido. Alta noite, acordam os dois, e vêem a casa toda resplandecente. Da arca saíam misteriosos raios de luz. Inteirado o homem do acto pecaminoso da mulher, de joelhos, passaram o resto da noite, em adoração.

Mal rompeu o dia, foi o pároco informado do prodígio sobrenatural. Espalhado o sucedido, meia Santarém acorreu pressurosa a contemplar o Milagre. A Sagrada Partícula foi então levada, processionalmente, para a Igreja de Santo Estêvão, onde ficou conservada dentro de uma espécie de custódia feita de cera. Mas, passado tempo, ao abrir-se o Sacrário para expor à adoração dos fiéis o Santo Milagre, como era costume, encontrou-se a cera feita em pedaços, e, com espanto, se viu estar a Sagrada Partícula encerrada numa âmbula de cristal, miraculosamente aparecida.

Esta pequena âmbula foi colocada numa custódia de prata dourada onde ainda hoje se encontra. No ano de 1997, por decisão do 1º Bispo de Santarém, D. António Francisco, a Igreja de Santo Estêvão foi elevada a Santuário do Santíssimo Milagre de Santarém.

in santissimomilagredesantarem.pt

domingo, 23 de abril de 2023

O Pastor que escolhe o silêncio em vez de defender a verdade é um mercenário

Faz Cristo comparação entre o pastor e o mercenário, e diz assim: Bonus pastor animam suam dat pro ovibus suis (Jo 10, 11s): O bom pastor defende as suas ovelhas, e dá por elas a vida, se é necessário. 

Mercenarius autem, et qui non est pastor: Porém o mercenário, e o que não é pastor, que faz? Videt lupum venientem, et lupus rapit, et dispergit oves (Ibid. 12): Quando vê vir o lobo para o rebanho, foge, e deixa-o roubar e comer as ovelhas. – O meu reparo agora, grande reparo, é dizer Cristo que o mercenário não é pastor: Mercenarius autem, et qui non est pastor. – O mercenário, como diz o mesmo nome, é aquele que por seu jornal apascenta as ovelhas. Pois, se o mercenário também apascenta as ovelhas, por que diz Cristo que não é pastor? Porque ainda que as apascenta não as defende: vê vir o lobo e foge. E é tão essencial do pastor o defender as ovelhas, que se as defende é pastor, se as não defende não é pastor: Non est pastor

Como Cristo tinha falado em bom pastor, cuidava eu que havia de fazer a comparação entre bom pastor e mau pastor, e dizer que o bom pastor é aquele que defende as ovelhas, e o mau pastor é aquele que as não defende. Mas o Senhor não fez a comparação entre ser bom ou ser mau, senão entre ser, ou não ser. Diz que o que defende as ovelhas é bom pastor, e não diz que o que as não defende é mau pastor: por quê? Porque o que não defende as ovelhas não é pastor bom nem mau. Um lobo não se pode dizer que é bom homem, nem que é mau homem, porque não é homem. 

Da mesma maneira, o que não defende as ovelhas não se pode dizer que é bom pastor nem mau pastor, porque não é pastor: Non est pastor. E sendo assim que a essência do pastor consiste em defender as ovelhas dos lobos, não seria coisa muito para rir, ou muito para chorar, que os lobos pusessem pleito aos pastores por que lhes defendem as ovelhas? Lá dizem as fábulas que os lobos se quiseram concertar com os rafeiros, mas que citassem aos pastores, se lhes quisessem armar demanda, porque lhes defendiam o rebanho. Isto não o disseram as fábulas: di-lo-ão as nossas histórias.

Mas quando disseram isto dos lobos, também dirão dos pastores que muitos deram as vidas pelas ovelhas: uns afogados das ondas, outros comidos dos bárbaros, outros mortos nos sertões, de puro trabalho e desamparo. Dirão que todos expuseram e sacrificaram as vidas pelos bosques, e pelos desertos entre as serpentes; pelos lagos e pelos rios entre os crocodilos; pelo mar e por toda aquela costa, entre parcéis e baixios os mais arriscados e cegos de todo o Oceano. Finalmente, dirão que foram perseguidos, que foram presos, que foram desterrados, mas não dirão, nem poderão dizer, que faltassem à obrigação de pastores, e que fugissem dos lobos como mercenários: Mercenarius autem fugit. E esta é a razão e obrigação, por que eu falo aqui, e falo tão claramente. 

S. Gregório Magno, comentando estas mesmas palavras: Mercenarius autem fugit, – diz assim: Fugit, quia injustitiam vidit, et tacuit; fugit, quia se sub silentio abscondit: Sabeis – diz o supremo Pastor da Igreja, – quando foge o que não é verdadeiro pastor? Foge quando vê injustiças, e, em vez de bradar contra elas, as cala; foge, quando, devendo sair a público em defesa da verdade, se esconde, e esconde a mesma verdade debaixo do silêncio. – Bem creio que alguns dos que me ouvem teriam por mais modéstia e mais decência que estas verdades e estas injustiças se calassem, e eu o faria facilmente como religioso, sem pedir grandes socorros à paciência; mas, que seria, se eu assim o fizesse? 

Seria ser mercenário, e não pastor: Fugit, quia mercenarius est; seria ser consentidor das mesmas injustiças que vi, e, estando tão longe, não pude atalhar: Fugit, quia injustitiam vidit, et tacuit; seria ser proditor das mesmas ovelhas que Cristo me e entregou, e de que lhe hei de dar conta, não as defendendo, e escondendo-me onde só as posso defender: Fugit, quia se sub silentio abscondit.

Sermão do Padre António Vieira em 1662 na Capela Real

A audácia de São Jorge no Senado Romano

Os primeiros séculos do cristianismo foram caracterizados por fortes perseguições, especialmente por parte do Império Romano. Decorria uma sessão do Senado Romano, na presença do Imperador Diocleciano, cujo propósito era encontrar a maneira mais eficaz de perseguir os Cristãos. São Jorge, cavaleiro ilustre e cristão desde criança, levantou-se e proferiu uma intervenção que espantou todo o Senado. O texto encontra-se nas actas martiriais do Santo.

São Jorge: “Por que razão, invencibilíssimo Imperador, Ilustre Senado, Generosos e Nobres Cavaleiros, mudando o vosso costume de obedecer e manter as Leis, agora ordenais uma Lei tão injusta e perniciosa contra os Cristãos, que são gente virtuosa, santa, justa e digna de toda veneração e respeito. Quereis, vós, talvez, que eles adorem os vossos ídolos. E se estes não são deuses, por que quereis que eles os adorem? Aqueles que os adoram são cegos; não sabem que apenas Jesus Cristo, com o Seu Eterno Pai e com o Espírito Santo, é o verdadeiro Deus que se deve adorar, pelo qual todas as coisas são feitas e governadas. Muito melhor faríeis se, deixando a vossa cegueira, abrísseis os vossos olhos e adorásseis Jesus Cristo do que perseguir os Cristãos e querer fazê-los adorar à força os vossos falsos deuses”.

Magnezio (Cônsul): “Quem és tu? E qual é o teu nome?”

São Jorge: "O meu principal Nome é Cristão, e aqueles que me conhecem me chamam Jorge. Nasci na Capadócia e sou Nobre e tenho por ofício ser Tribuno dos cavalos do Exército do Imperador."

Magnezio: “Quem te autorizou a falar assim livremente e com tanta audácia?” 

São Jorge: “A Verdade.”

Magnezio: “O que é a Verdade?”, perguntou o Cônsul. 

São Jorge: “A Verdade é Cristo, que vós, idólatras, perseguis.” 

Magnezio: “Então, és Cristão”, disse Magnezio. 

São Jorge: “Eu sou Servo de Jesus Cristo, e, confiando n’Ele, quis dar testemunho da Verdade, no meio deste famoso Colégio.”

Imperador Diocleciano: “Eu não sei, ó Jorge, que loucura é esta tua de me contradizer, sabendo aquilo que fiz por ti, porque, conhecendo eu a Nobreza do teu sangue, e vendo a tua graça e destreza, te honrei fazendo-te Tribuno, e pensava de te dar ofícios maiores, coisas que tu alteraste todas presentemente. Eu te aconselho, como pai, e te advirto, como senhor, que deixes a tua má opinião e adores a nossos deuses, se não quiseres perder tudo aquilo que ganhaste até agora, e, junto, a vida.”

São Jorge: “Quisera Deus que tu, Imperador, tomasses conselho que para teu bem te dá o teu fiel servo, o qual é este: que, deixando de adorares aos falsos deuses, adorasses Jesus Cristo, verdadeiro Deus, o que seria salutar para o Império e para as almas também”.

Depois de várias torturas e maus-tratos, São Jorge acabou por ser martirizado enquanto o Santo pedia a Deus que perdoasse os que lhe viriam a cortar a cabeça.

Por ser o Santo onomástico do Papa Francisco (Jorge Mario Bergoglio), hoje é feriado no Vaticano.

São Jorge, rogai por nós.

sábado, 22 de abril de 2023

O mau caminho do Anglicanismo

O Anglicanismo começou mal porque foi uma religião inventada por um homem que se queria "recasar" e a Igreja não permitiu. Vai daí, resolve fundar uma "Igreja" própria na qual ele era rei e senhor e podia fazer o que queria e lhe apetecia, independentemente da Lei de Deus. Mau prelúdio.

O Anglicanismo, nas últimas décadas, resolveu abraçar todas as ideologias que o mundo lhe propunha, com a promessa que desse modo se tornaria mais "moderno" e mais atractivo para as pessoas de hoje em dia. Os resultados estão à vista.

Que isto sirva de lição aos que querem que a Igreja Católica negue o que tantos Papas e Santos confirmaram ao longo dos séculos - para já não falar da própria Lei de Deus! - em troca duma modernidade supostamente atractiva...mas que, depois de adoptada, não faz mais do que afastar os corações que procuram a verdade e o bem.
 
Não é o mundo que responde aos anseios desses corações, apenas Deus o pode fazer.

Padre João Silveira

Erguidas cruzes por toda a França

A instituição de caridade 'Sos Calvaires' está a reparar e a erguer cruzes por toda a França com a mensagem: "Este é um país cristão".

TheTimes.co.uk relatou na Sexta-feira Santa que na aldeia de Argy, Vale do Loire, uma cruz de madeira de cinco metros foi erguida enquanto as pessoas cantavam hinos.

Em Pic Saint-Loup, uma montanha perto de Montpellier, uma cruz de ferro de nove metros de altura, de uma tonelada no topo da montanha, foi gravemente danificada por detratores em 2020. Em poucos dias, os cristãos ergueram uma grande cruz de madeira no seu lugar. Três meses ti depois já tinham sido angariados 24 mil euros para restaurar a cruz de metal.

Em 2022, a instituição de caridade ajudou a erguer mais de 200 cruzes em França.

in gloria.tv

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Porque devem os Católicos comemorar hoje os 2776 anos de Roma?

A 21 de Abril de 753 a.C., de acordo com a versão de Varro, Rômulo fundou Roma. Este ano - o chamado Natal de Roma - coincide com a Solenidade da Páscoa e gostaríamos, dada a coincidência, de meditar sobre o mistério da eleição que a Providência fez a Roma.

Porque celebrar a glória de Roma certamente não é prerrogativa de grupos nostálgicos de paganismos antigos e modernos, com ideias um tanto confusas, mas são os católicos que, como católicos, são romanos.

Fundada materialmente oito séculos antes, o verdadeiro berço da cidade ocorreu quando, sob o principado de Cláudio, São Pedro aqui implantou o Evangelho de Cristo Ressuscitado, do qual desceria a sua verdadeira glória, a de ser verdadeiramente "Capital do Mundo" (Titus Livius) enquanto "discípula da verdade" (São Leão Magno) e verdadeiramente eterna enquanto eternizada pela Igreja Romana, na qual o Império Romano "mudou de temporal para espiritual" (São Tomás).

Giuliano Zoroddu
 
Discurso do Papa Pio XII (em italiano): Il sacro destino di Roma

Santo Anselmo, Doutor Magnífico

Anselmo de Aosta, conhecido também como Anselmo da Cantuária — nascido em Aosta, em 1033 ou 1034, e falecido em Cantuária (Canterbury), na Inglaterra, aos 21 de abril de 1109 — foi um Santo, teólogo, filósofo, monge e Arcebispo, um dos máximos expoentes do pensamento cristão medieval. É conhecido sobretudo pelos seus argumentos que provam a existência de Deus. Em particular o chamado argumento ontológico teve importante influência sobre grande parte da filosofia posterior.

O celebérrimo Santo é uma das maiores glórias do Piemonte e da Vale de Aosta, no norte da Itália. A sua mãe, Ermemberga, era uma perfeita mãe de família, enquanto seu pai, Gandolfo, vivia envolvido com seus compromissos seculares. A sua educação foi confiada a um parente, que não soube cuidar bem da saúde do menino. Então, foi confiado aos beneditinos de Aosta. Aos quinze anos, começou a sentir desejo de ser monge, mas o pai não concordou porque lhe queria deixar a sua herança. Graça a isso, os atrativos do mundo e as paixões dominaram o jovem, especialmente após a morte da mãe. O pai — que acabou por morrer monge — tomou aversão pelo filho, e Anselmo decidiu abandonar a família e a Pátria em companhia de um servo.

Depois de três anos entre a Borgonha e a França central, Anselmo foi para Avranches, na Normandia, onde conheceu a Abbaye Notre-Dame du Bec (Abadia de Nossa Senhora de Bec, ou simplesmente Abadia de Bec) e a sua escola, fundada em 1034. Foi até lá para conhecer o prior, Lanfranco de Pavia (famoso por defender a Transubstanciação), e ficar junto dele, como muitos outros clérigos atraídos pela fama de seus conhecimentos. Os progressos nos estudos foram tão surpreendentes que o próprio Lanfranco passou a preferi-lo e até mesmo a fazer-se ajudar por Anselmo no ensino. Assim, o Santo voltou a sentir o desejo de vestir o hábito de monge.

Em 1060, entrou para o seminário beneditino do Bec. Depois de apenas três anos de regular observância mereceu suceder a Lanfranco no cargo de prior e de director da escola, uma vez que este foi designado a governar a Abbaye de Saint'Etienne-de-Caen (Abadia de Santo Estevão de Caen, também conhecida como Abbaye aux Hommes, ou seja, Abadia dos Homens).

Não obstante que as responsabilidades se tivessem multiplicado, o Santo nunca negligenciou a dedicação cada vez maior a Deus e ao estudo, preparando-se, assim, para resolver as mais obscuras questões até então não resolvidas. Não bastando o dia, para aprofundar-se nas Escrituras e nos Padres da Igreja, Anselmo costumava passar parte da noite em oração e corrigindo manuscritos. Podemos ter ideia do seu ensino lendo os opúsculos e os diálogos que deixou, alguns dos quais são verdadeiras pequenas obras de arte pedagógicas e dogmáticas.

Santo Anselmo foi um grande pensador, mas também uma grande director de almas. A fama do seu mosteiro espalhou-se por toda a parte, e atraiu uma elite ávida de ciência e de perfeição religiosa. Ele ocupava-se disso pessoalmente e com cuidado especial. Muitas das suas 447 cartas mostram a arte que possuía de ganhar os corações, adaptando-se à idade de cada um e utilizando modos afáveis.

Quando, a 26 de Agosto de 1078, morreu o Abade São Herluin, fundador da Abadia em 1034, os confrades, unanimemente, designaram Anselmo para suceder-lhe. A agudeza da inteligência, a extraordinária doçura de carácter e a santidade de vida lhe mereceram uma grande ascendência, tanto no mosteiro quanto fora dele. Estreitou relações com o mestre Lanfranco, nomeado Arcebispo de Cantuária em 1070, e colaborou com a organização de alguns mosteiros ingleses: isto permitiu que fosse conhecido pela nobreza do País e apreciado pela corte de Londres.

Em 1076, Anselmo publicou o “Monologion” para atender ao desejo dos monges de meditar sobre a essência divina. Esta sua primeira obra revelou-se uma obra-prima pela densidade e lucidez de pensamento acerca da existência de Deus, os seus atributos e a Trindade. A esta obra seguiu o “Proslogion”, mais célebre que a precedente por causa do muito discutido argumento que excogitou — o argumento ontológico, sob forma de oração contemplativa — para demonstrar a existência do Ser supremo, em substituição dos longos e tediosos raciocínio que havia exposto no “Monologion”. “Deus é o Ser do qual não se pode pensar em um maior; o conceito de tal Ser está emna nossa mente, mas tal Ser deve existir também na realidade, fora da nossa mente, porque, se existisse apenas na mente, poderíamos pensar noutro maior, um, isto é, que existisse não apenas na mente, mas também na realidade fora dela”.

A fama de Anselmo difundiu-se ainda mais por toda a Europa. Era de tal forma venerado e amado em Inglaterra que, no dia 6 de Março de 1093, por causa das pressões dos Bispos, dos Nobres e de todo o povo, foi eleito pelo Rei Guilherme II, o Ruivo, como Arcebispo de Cantuária, cuja Sé estava vacante por causa da morte de Lanfranco em 1089. Anselmo resistiu tenazmente, mas foi inútil, e, referindo-se às dificuldades de entendimento entre o Rei e o Primaz, afirmou, como os Bispos e os Nobres que o acompanhavam: “Vós quereis subjugar juntos um touro não domado e uma pobre ovelha. O touro arrastará a ovelha para os arbustos e a fará em pedaços sem que tenha tido qualquer utilidade. A vossa alegria tornar-se-á em tristeza. Vereis a igreja de Cantuária voltar à viuvez vivente do seu pastor. Nenhum de vocês ousará resistir, depois de mim, e o rei pisotear-vos-á a seu bel prazer”.

A situação da Igreja inglesa era efectivamente muito triste naquele período, por causa da simonia, da decadência dos costumes e da violação da liberdade religiosa (verdadeira) por parte do rei. Santo Anselmo tentou remediar a tudo isso, na esteira da reforma adotada por São Gregório VII, promovendo a reforma do clero, as formas tradicionais do culto e da liturgia, lutando ardorosamente pela liberdade da Igreja na Inglaterra, o que lhe acarretou não poucos dissabores e o exílio por duas vezes. Não surpreendeu, portanto, que, em 1095, tivesse rebentado entre a autoridade secular e a autoridade religiosa um grave conflito acerca do reconhecimento do Papa Beato Urbano II. 

Nada foi capaz de demover o Arcebispo e fazê-lo mudar de ideias. E, depois de muitas dificuldades, em 1097, pôde ir a Roma para consultar o próprio Papa. Este recebeu-o com grandes manifestações de estima e, em 1098, o enviou ao Segundo Concílio de Bari, convocado para reconduzir à unidade da Igreja os que tinham aderido ao Grande Cisma do Oriente, de 1054. Nas questões discutidas, Anselmo foi o teólogo dos latinos, confutando vitoriosamente as objecções dos adversários contra a procedência do Espírito Santo das duas outras pessoas da Santíssima Trindade. 

Em 1099, Anselmo tomou parte também do Sínodo de Roma, no qual foram reafirmados os decretos contra a simonia, o concubinato dos clérigos e a reinvestitura leiga (A investidura leiga era a nomeação de bispos, abades e outros oficiais da Igreja por senhores feudais e vassalos). Depois, partiu para Lyon, onde foi obrigado a ficar porque o Rei não o autorizava a voltar à sua Sé. Na Itália, havia completado o seu grande tratado sobre os “Motivos da Encarnação”. Em Lyon, terminou outro: “Da Concepção Virginal e Do Pecado Original”.

Em 1110, Henrique Beauclerc (Henrique I da Inglaterra) sucedeu ao seu irmão Guilherme no trono inglês e, desejando ter o Arcebispo da Cantuária entre os que o apoiavam, o convidou a voltar. O novo soberano não tinha, porém, intenção alguma de renunciar ao domínio sobre a Igreja, motivo pelo qual, em 1103, Anselmo, inflexível na defesa dos seus direitos, teve que ir uma segunda vez a Roma, em exílio. Após longas tratactivas com o novo Papa Pascoal II, o soberano renunciou, enfim, à investidura dos feudos eclesiásticos, contentando-se apenas com a homenagem.

Em 1106, o Primaz pôde retornar à sua Sé e dedicar ao intenso trabalho pastoral os últimos anos de sua vida. Não podendo mais caminhar, se fazia transportar diariamente à igreja para assistir à Missa. No leito de morte, lamentou apenas não ter tido tempo de esclarecer o problema da origem da alma.

Santo Anselmo morreu no dia 21 de Abril de 1109, em Cantuária, e foi sepultado na célebre catedral. O Papa Alexandre III, em 1163, concedeu ao Arcebispo São Tomás Becket de proceder à "elevação" do corpo do seu predecessor, acto que à época correspondia, para todos os efeitos, a uma canonização.

Santo Anselmo de Aosta foi, enfim, declarado Doutor da Igreja por Clemente XI, a 8 de Fevereiro de 1720. O Martyrologium Romanum e o Calendário litúrgico da Igreja Universal comemoram o Santo no aniversário de seu nascimento ao Céu.

in Pale Ideas

O Sacerdote segundo S. João Maria Vianney

Que é o sacerdote? “Um homem que ocupa o lugar de Deus, um homem que é revestido de todos os poderes de Deus”.

“Ide, diz Nosso Senhor, ao sacerdote. Assim como o Pai me enviou, assim eu vos envio. Todo o poder me foi dado no Céu e na Terra. Ide, pois, instruí todas as nações. Quem vos escuta a mim escuta, quem vos despreza a mim despreza”.
 
Quando o padre perdoa os pecados, ele não diz: “Deus vos perdoe”, mas, sim: “Eu te absolvo”. Na consagração não diz: "Isto é o corpo de Nosso Senhor", mas sim: “Isto é o meu Corpo”.
 
S. Bernardo diz que tudo nos vem por Maria. Pode-se dizer também que também que tudo nos vem pelo sacerdote: sim, todas as venturas, todas as graças, todos os dons celestes. Se não tivéssemos o sacramento da Ordem, não teríamos Nosso Senhor. Quem O pôs ai nesse tabernáculo? O padre. Quem alimenta a alma para lhe dar a força de fazer a sua peregrinação? O padre. Quem a prepara para comparecer perante Deus, lavando essa alma pela primeira vez no Sangue de Jesus Cristo? O padre, sempre o padre. E se ela vier a morrer, quem a ressuscitará? Quem lhe restituirá a calma e a paz? Ainda o padre. Não vos podeis lembrar de um só benefício de Deus sem encontrardes, ao lado dessa lembrança, a imagem do padre.
 
Ide-vos confessar à Santíssima Virgem ou a um anjo: eles absolver-vos-ão? Não. Dar-vos-ão o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor? Não. A Santíssima Virgem não pode fazer descer o divino Filho à hóstia. Tivésseis aí duzentos anjos, eles não poderiam absolver-vos. Um padre, por mais humilde que seja, pode-o. Pode dizer-vos: “Ide em paz, eu vos perdôo”. Oh! Como é grande o padre!
 
O padre só será bem compreendido no Céu. Se o compreendêssemos na Terra morreríamos, não de pavor, mas de amor...
  
Os outros benefícios de Deus de nada nos valeriam sem o padre. De que serviria uma casa cheia de ouro, se não tivésseis quem vos abrisse a porta? O padre tem a chave dos tesouros celestes. É ele quem abre a porta. Ele é o ecónomo de Deus, o administrador dos Seus bens.
 
Se não fosse o padre, a morte e a paixão de Nosso Senhor de nada serviriam. Vede os povos selvagens: que lhes adiantou ter morrido Nosso Senhor? Ai! Eles não poderão gozar dos benefícios da redenção, enquanto não tiverem padres que lhes apliquem o precioso Sangue.
 
O padre não é padre para si: não dá a si absolvição, não administra a si os sacramentos. Ele não é para si, é para vós. Depois de Deus, o sacerdote é tudo. Deixai uma paróquia vinte anos sem padre, adorarão ali os animais. Se o sr. Missionário e eu nos fôssemos embora, vós diríeis: “Que fazer nesta igreja? Já não há Missa, Nosso Senhor já não está nela, tanto vale rezar em casa...”
 
Quando se quer destruir a religião, começa-se por atacar o padre, porque onde quer que não haja padre, não haverá mais sacrifício, e onde já não houver sacrifício não haverá religião.
 
Quando o sino vos chama à Igreja, se vos perguntassem: “onde ides?” poderíeis responder: “Vou alimentar a minha’alma”. Se vos perguntassem, apontando-vos o tabernáculo: “De que é essa porta dourada? — É do refeitório da minha alma. — Quem é que tem a chave dele, quem faz as provisões, quem apronta o festim, quem serve à mesa? — É o padre. — E a comida? — É o precioso Corpo de Nosso Senhor...” Ó meu Deus, meu Deus, como nos amastes!...
 
Vede o poder do padre! A palavra do padre, de um pedaço de pão faz um Deus! É mais do que criar o mundo. Perguntou alguém: “Santa Filomena obedece ao Cura d’Ars?” Certo, ela bem pode obedecer-lhe, já que Deus lhe obedece.
 
Se eu encontrasse um padre e um anjo, cumprimentaria o padre antes de cortejar o anjo. Este é o amigo de Deus, mas o padre faz às vezes de Deus.. Santa Teresa beijava o lugar por onde um padre havia passado.
 
Quando virdes um padre dizer: “Eis aquele que me tornou filho de Deus e me abriu o céu pelo santo baptismo, aquele que me purificou depois do meu pecado, que alimenta a minha alma. À vista de um campanário podeis dizer: “Que há ali naquela igreja? — O Corpo de Nosso Senhor. — E por que está Ele ali? — Porque um padre ali passou e disse Missa”.
 
Que alegria tinham os apóstolos depois da ressurreição de Nosso Senhor por verem o mestre que tanto amavam! O padre deve ter a mesma alegria vendo Nosso Senhor entre os seus dedos. Dá-se grande valor aos objectos tocados na escudela da SS. Virgem e do Menino Jesus em Loreto. Mas, os dedos do padre, que tocam a Carne adorável de Jesus Cristo, que mergulham no cálice onde está o seu Sangue, no cibório onde está o seu Corpo, não são, porventura, mais preciosos?
 
O sacerdote é o amor do Coração de Jesus. Quando virdes o padre pensai em Nosso Senhor Jesus Cristo.
 
Alfred Monnin in 'L'esprit du Curé d'Ars'

Eleição do Papa Bento XVI - 19 de Abril 2005

Amados Irmãos e Irmãs, 

Depois do grande Papa João Paulo II, os Senhores Cardeais elegeram-me, simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor. 

Consola-me saber que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes. E, sobretudo, recomendo-me às vossas orações. 

Na alegria do Senhor Ressuscitado, confiantes na sua ajuda permanente, vamos em frente. O Senhor ajudar-nos-á. Maria, sua Mãe Santíssima, está connosco. Obrigado!

terça-feira, 18 de abril de 2023

A cegueira interior - Imitação de Cristo

Muitas vezes não nos damos conta de como somos interiormente cegos. Muitas vezes agimos mal e desculpamo-nos pior. Às vezes somos movidos pela paixão e julgamos ser por zelo. Repreendemos coisas pequenas nos outros e passamos sobre as nossas, bem maiores. Depressa sentimos e pesamos o que aguentamos dos outros, mas não nos damos conta de quanto eles sofrem por nós. Aquele que pesasse bem e rectamente as suas acções, não haveria nada que julgasse duramente nos outros.

O homem que vive pelo espírito prefere o cuidado de si mesmo a todos os cuidados; e quem se vigia atentamente facilmente se cala sobre os outros. Nunca serás interior e piedoso se não te calares sobre os outros e olhares especialmente para ti. [...] A alma que ama a Deus despreza todas as coisas que Lhe estão abaixo. Só Deus eterno e imenso, enchendo tudo, é consolação da alma e verdadeira alegria do coração.

Repousarás calmamente se o teu coração de nada te acusar. Não te alegres senão quando fizeres o bem. Os maus nunca têm verdadeira alegria, nem experimentam paz interior; porque «não há paz para os pecadores» (Is 48,22). [...] Facilmente estará contente e em paz aquele cuja consciência está limpa. Não és mais santo porque te louvam nem mais pecador porque te injuriam. És aquilo que és; e tudo o que disserem de ti não te fará maior do que és aos olhos de Deus. Se atenderes ao que és interiormente, não te preocuparás com o que os homens dirão de ti. «O homem vê a cara, mas Deus o coração» (1Sm 16,7). 

in Livro II, caps. 5-6

Viajou 500 quilómetros para ser baptizada em Rito Tradicional




Uma estudante norte-americana deslocou-se meio milhar de quilómetros para que pudesse ser baptizada no Rito de Sempre. O Bispo da diocese onde vive "proibiu" a Missa e os sacramentos em Rito Tradicional.

Assim sendo, esta catecúmena viajou até à diocese de Hartford para ser baptizada no Oratório de São Patrício, que está entregue ao Instituto de Cristo Rei e Sumo Sacerdote.

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Curso de Cristianismo e Ciência por Bernardo Motta

A partir de 20 de Abril vou começar, se Deus quiser, mais uma edição do meu curso "Cristianismo e Ciência", algo que já não fazia desde 2019. O conteúdo foi todo revisto, e destina-se ao público em geral.

Serão onze sessões de uma hora, sempre às Quintas-feiras às 20h30. Será possível assistir presencialmente ou remotamente através de Zoom, com possibilidade de colocar perguntas.
Serão tratados cinco temas em módulos independentes:

Módulo 1: O que diz a Ciência sobre a existência de Deus?
- Parte 1: Quinta-feira, 20 de Abril
- Parte 2: Quinta-feira, 27 de Abril

Módulo 2: A Igreja Católica atrasou o progresso da Ciência?
- Parte 1: Quinta-feira, 4 de Maio
- Parte 2: Quinta-feira, 11 de Maio

Módulo 3: Porque foi condenado Galileu?
- Parte 1: Quinta-feira, 18 de Maio
- Parte 2: Quinta-feira, 25 de Maio
- Parte 3: Quinta-feira, 1 de Junho

Módulo 4: Os milagres são incompatíveis com a Ciência? O que foi o Milagre do Sol em Fátima?
- Parte 1: Quinta-feira, 8 de Junho
- Parte 2: Quinta-feira, 15 de Junho

Módulo 5: Podemos confiar nos Evangelhos?
- Parte 1: Quinta-feira, 22 de Junho
- Parte 2: Quinta-feira, 29 de Junho

O curso é pago e as receitas vão integralmente para o Instituto de Estudos Avançados em Catolicismo e Globalização (IEAC-GO), que gentilmente cede o espaço e os meios audiovisuais.
Inscrição numa sessão avulsa: 5 Euro por sessão
Inscrição num Módulo: 10 Euro por módulo
Inscrição no curso completo: 40 Euro

Formulário para inscrição: https://forms.gle/yjZwgM9mMtJxnWi5A 
Pagamento através do IBAN: IBAN: PT50.0036.0071.99100105601.30 (enviar comprovativo para geral@ieacgo.pt mencionando o curso como referência)

Morada para quem quiser assistir presencialmente: Rua Peixinho Júnior, 16, Paço de Arcos, Oeiras.

domingo, 16 de abril de 2023

Quarta-Feira na Oitava da Páscoa: Bênção dos Agnus Dei

Hoje, Domingo de Pascoela, era o dia de distribuição dos Agnus Dei. Estes tinham sido benzidos na Quarta-Feira anterior. O Papa fazia-o, habitualmente, no primeiro ano de pontificado e, depois, de 7 em 7 anos.

O Agnus Dei é um antiquíssimo sacramental (talvez o mais antigo da Igreja), com referências históricas até pelo menos o séc. VI, feito da cera de Círios Pascais passados, tendo de um lado a imagem do Cordeiro de Deus, donde lhe vem o nome, e no reverso uma imagem pia. Um dos conhecidos efeitos associados a esta devoção é a protecção contra doenças e contra pestes e epidemias (algo que até nos parece apropriado, hoje).

Não se trata dum qualquer amuleto ao qual associamos superstição. Trata-se dum sacramental, cuja primeira função é lembrar-nos de Deus e do Seu lugar nas nossas vidas, podendo assim ser veículo de Graça, através das bênçãos concedidas ao Agnus Dei e das orações do Papa que o consagrou.

Como no Círio Pascal, a cera tipifica a carne virginal do Senhor, o cordeiro com a cruz a ideia da vítima oferecida em sacrifício e, como o sangue do cordeiro pascal protegeu cada casa do anjo da morte, também o propósito deste sacramental é proteger quem o tem de toda a influência maligna. Nas orações de bênção encontramos referência directa ao perigo das tempestades, da peste, dos incêndios, das cheias e ainda dos perigos a que as mulheres estão expostas na gravidez e parto.

Na imagem, o meu Agnus Dei (oferecido por um caro amigo), consagrado pelo Papa Leão XIII (tanto quanto se consegue perceber) em 1894.

PF