segunda-feira, 31 de julho de 2023

Exame de Consciência de Santo Inácio de Loyola: Para fazer todas as noites antes de dormir

1. Primum punctum est, gratias agere Deo Domino nostro pro acceptis beneficiis. O Primeiro ponto é dar graças a Deus nosso Senhor pelos benefícios recebidos.

2. Secundum, petere gratiam ad cognoscenda peccata, eaque expellenda. Segundo, pedir graça para conhecer os pecados, e libertar-se deles.

3. Tertium, exigere rationem ab anima, incipiendo ab hora qua surrexit quis, usque ad examen praesens, per horas singulas, vel per sigula tempora, ac primum de cogitatione, deinde de verbo, ac postea de opere, eodem ordine quo dictum est in Examen particulari. Terceiro, pedir conta à alma, desde a hora em que se levantou até ao exame presente, hora por hora ou período por período: primeiro, dos pensamentos, depois das palavras, e depois das obras, pela mesma ordem que se disse no exame particular.

4. Quartum, petere veniam a Deo Domino nostro de defectibus. Quarto, pedir perdão, a Deus nosso Senhor, das faltas

5. Quintum, proponere emendationem cum ejus gratia. Pater noster. Quinto, propor emenda, com sua graça. Pai Nosso.

Dia de Santo Inácio de Loyola

Este grande santo, fundador Companhia de Jesus, era um valoroso militar, até que se converteu. Ordenado sacerdote, a sua militância passou a ser pela glória de Deus e salvação das almas. Tarde encontrou Jesus Cristo, tal como Santo Agostinho, mas agarrou-se a Ele com todas as forças e nunca mais d'Ele se separou. Entregou a vida toda, lutou incansavelmente pela propagação da Fé e pelo crescimento da Igreja Católica.
 
No Princípio e Fundamento dos Exercícios Espirituais deixou-nos um resumo esplêndido do que estamos aqui a fazer:

«O homem foi criado para louvar, prestar reverência e servir a Deus nosso Senhor e, mediante isto, salvar a sua alma;

E as outras coisas sobre a face da terra foram criadas para o homem, para que o ajudem a conseguir o fim para o qual foi criado.

Donde se segue que o homem tanto há-de usar delas quanto o ajudam para o seu fim, e tanto deve deixar-se delas, quanto disso o impedem;

Por isso, é necessário fazer-nos indiferentes a todas as coisas criadas, em tudo o que é concedido à liberdade do nosso livre arbítrio, e não lhe está proibido; de tal maneira que, da nossa parte, não queiramos mais saúde que doença, riqueza que pobreza, honra que desonra, vida longa que vida curta, e consequentemente em tudo o mais; mas somente desejemos e escolhamos o que mais nos conduz para o fim para que somos criados.»

Santos Abdão e Sénen, Mártires

Durante a época de Décio, dois persas, Abdão e Sénen, foram acusados de enterrar na sua própria propriedade os corpos dos cristãos que haviam sido martirizados. 

Por ordem do Imperador, foram presos e ordenados a sacrificar aos deuses. Como se recusaram a obedecer e, além disso, com a maior firmeza proclamaram Jesus Cristo como Deus, foram colocados em confinamento cerrado e, quando mais tarde Décio voltou a Roma, foram acorrentados durante a sua marcha triunfal. 

Eles foram arrastados para os ídolos romanos, mas, para mostrar o seu ódio aos demónios, cuspiram neles. Por causa disto foram expostos à fúria de leões e ursos, mas os animais não ousaram tocar neles. Por fim foram mortos à espada. Os seus corpos foram arrastados pelos pés até a estátua do sol, mas foram levados, em segredo, e enterrados pelo diácono Quirino em sua própria casa.

Dom Prosper Guéranger in 'O Ano Litúrgico'

sexta-feira, 28 de julho de 2023

Os horrores da Revolução Francesa: o genocídio de Vendeia

O primeiro genocídio dos tempos modernos foi o genocídio de Vendeia: Em 18 meses, até à decapitação de Robespierre em 27 de Julho de 1794, 117 000 pessoas da região de Vendeia foram assassinadas com o objectivo declarado de fazer um genocídio. 

Motivo: a população apoiou o credo católico e a fé em Cristo. As pessoas foram mortas e esfoladas da cintura para baixo, sendo a sua pele curtida e usada para fazer calças para os soldados. 150 corpos de mulheres foram fervidos para obter 10 barris de graxa. 
(Fonte: Reynald Secher, La Vendé Vengé: le genocide franco-français, Presses Universitaires de France, 1986)

O caso de Marie Leroy é exemplificativo. Era costureira e tinha os dois pais inválidos. Negou ter escondido sacerdotes. Ficou registado que não podia assinar a acta de julgamento por ser iletrada. A acusação proferiu: "Marie Leroy, costureira, 25 anos, solteira, de Montillié, é condenada à morte por ser muito fanática e aristocrata." 

O general François Joseph Westermann declararia: "A Vendeia já não existe! Morreu sobre os sabres da nossa liberdade com as suas mulheres e crianças. Esmaguei as crianças sob as patas dos meus cavalos, massacrei todas as mulheres que nunca mais hão-de gerar bandidos. Não tenho que me censurar por ter feito prisioneiros. Matei-os a todos. As ruas estão cobertas de cadáveres. São tantos que em muitos lugares formam pirâmides." 

Agostino Nobile in Governados Pela Mentira

quinta-feira, 27 de julho de 2023

Maioria dos jovens franceses na JMJ Lisboa prefere a Tradição

O jornal 'Le Monde' publicou ontem uma reportagem com o título: 'Os jovens católicos franceses são mais conservadores do que os mais velhos.'

O artigo é exclusivo para assinantes. Ainda assim é possível ler o testemunho de um jovem, que diz: «Tenho mais dificuldades com a Missa normal; a Missa tradicional é bonita, é mais vertical».

A reportagem continua, dizendo que: "Alguns dos 40 mil franceses esperados para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) chegam esta Quarta-Feira a Lisboa, onde se realiza a 37ᵉ edição, a partir de 2 de Agosto. Entre eles, a maioria defende uma concepção tradicionalista da religião."

São Pantaleão de Nicomédia, Padroeiro da cidade do Porto

São Pantaleão é um santo católico, que viveu no século IV. Sendo um dos Catorze Santos Auxiliares, é invocado contra o mal do cancro e da tuberculose e é patrono dos médicos. O seu sangue foi conservado por séculos na Itália onde anualmente, a 27 de Julho, se tornava líquido.

Parte das relíquias do seu corpo foram guardadas e veneradas na Sé da cidade do Porto, Portugal. É o padroeiro desta cidade, tendo sido para aí transportado pela comunidade arménia, em fuga de Constantinopla, quando da invasão Otomana. Outras estão em França, na basílica de Saint-Denis, em Paris; e a sua cabeça é mantida em Lião. Em Itália, há algumas relíquias que se encontram na cripta da igreja de São João e Riparada, em Lucca, e ainda um braço, que é preservado na igreja de São Pantaleão, em Veneza.

Tendo estudado Medicina, tornou-se médico pessoal do Imperador Galério. Converteu-se ao Cristianismo, vindo a ser acusado pelo Imperador de ter recebido o baptismo. Preso e torturado, foi martirizado por decapitação, por se recusar a abjurar da sua Fé, na cidade de Nicomédia, na Ásia Menor, em 303. Tinha, então, menos de 23 anos de idade.

O Imperador queria poupá-lo e tentou convencê-lo a se retratar como ateu. Pantaleão, no entanto, confessou abertamente sua Fé Cristã, e para mostrar para estar certo curou ali mesmo um paralítico com palavras de Cristo.

Foi condenado pela primeira vez ao fogo, mas as chamas foram extintas. Em seguida, foi mergulhado em chumbo derretido, mas o chumbo foi milagrosamente resfriado. Depois, foi atirado ao mar com uma pedra amarrada no pescoço, mas a pedra começou a flutuar. Em seguida, foi condenado às feras, mas os animais que vinham para o rasgar em pedaços começaram a fazer-lhe festas. 

Depois, foi amarrado a uma roda, mas as cordas e a roda partiram-se. Foi feita uma tentativa de decapitá-lo, mas a espada curvava. Pantaleão rezou a Deus sempre para perdoá-los, razão pela qual ele também recebeu o nome de Panteleemon (em grego, aquele que tem compaixão por todos). Finalmente, quando deu o seu consentimento, os carrascos conseguiram o seu intento.

Também há representações pictóricas de São Pantaleão crucificado numa aspa, martírio semelhante ao do Apóstolo Santo André: uma cruz em X.

Esta oração destina-se a preservar de todos os males e perigos, corporais e espirituais:

"Senhor, fazei com que não se apague nos nossos corações a lembrança da Vossa bondade infinita. Concedei-nos sentir o poder de intercessão que outorgastes ao Vosso Santo Mártir São Pantaleão, a fim de que ele nos socorra em todas as circunstâncias da nossa existência, quando recorrermos aos seus méritos para obtermos Vossa Graça. Assim seja."

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Visitar Jesus no Santíssimo Sacramento

Se é tão agradável estar em companhia de um amigo querido, será possível que nós, neste vale de lágrimas, não sintamos nenhum prazer na companhia do melhor dos amigos, dum amigo que pode encher-nos de todos os bens, de um amigo que nos ama apaixonadamente e que, por isso, quer entreter-se continuamente connosco? 

Pois bem; aqui, no Santíssimo Sacramento, podemos entreter-nos com Jesus à vontade, abrir-lhe o nosso coração, expor-lhe as nossas necessidades, pedir-lhe graças; numa palavra, neste sacramento adorável, podemos tratar com o Rei do céu com toda a confiança e singeleza.

Santo Afonso Maria de Ligório

Sant'Ana, Mãe de Nossa Senhora e Avó de Jesus

Santa Ana, ou Sant'Ana - do hebraico Hannah: Graça - foi a Mãe de Maria Santíssima e pertencia à família do sacerdote Aarão. O seu marido, São Joaquim, homem pio, fora censurado pelo sacerdote Rúben por não ter filhos. Segundo narra a Tradição, Rubén parou Joaquim quando este estava para entrar no Templo para levar a sua costumeira oferenda anual em dinheiro e disse: “Tu não tens o direito de ser o primeiro, porque não geraste prole”. 

Sant’Ana já era idosa e estéril, e São Joaquim não queria tomar outra mulher para gerar filhos, segundo os costumes hebraicos, porque amava a esposa. Confiando no poder divino, São Joaquim retirou-se ao deserto para rezar e fazer penitência. Ali um anjo do Senhor apareceu-lhe e disse que Deus havia ouvido as suas preces. Tendo voltado a Jerusalém, ambos se encontraram na Porta Áurea. 

Algum tempo depois Sant’Ana, a quem também aparecera concomitantemente um anjo (“Ana, Ana, o Senhor ouviu a tua prece e tu conceberás e parirás e falar-se-á da tua prole em todo o mundo”), ficou grávida. A paciência e a resignação com que sofriam a esterilidade deu-lhes o prémio de ter por filha aquela que havia de ser a Mãe de Jesus. 

O santo casal residia em Jerusalém, perto da Porta dos Leões, ao lado da piscina de Betesda, onde hoje se ergue a Basílica de Sant'Ana, construída pelos Cruzados e cuidada pelos Padres Brancos (Sociedade dos Missionários da África). Num Sábado, 8 de Setembro do ano 20 a.C., nasceu-lhes uma filha que recebeu o nome de Miriam - do hebraico: "Senhora da Luz", passado para o latim como Maria. 

Os pais de Maria nunca foram nomeados nos textos bíblicos; a sua história foi narrada pela primeira vez nos apócrifos¹ Protoevangelho de Tiago e Evangelho do Pseudo-Mateus². Depois foi enriquecida de detalhes hagiográficos no curso dos séculos, incluindo a Legenda Aurea de Jacopo de Varazze. 

A Tradição conta que as relíquias de Sant’Ana foram salvas de serem destruídas pelo centurião Longinho. Os restos foram custodiados na Terra Santa até que, por obra de alguns monges, chegaram a França, onde permaneceram durante anos. Durante as incursões otomanas, o inteiro corpo da Santa foi guardado num caixão de cipreste e murado, por precaução, que se encontrava numa capela escavada sob a nascente catedral de Apt. Muitos anos depois, o corpo foi encontrado, graças a diversos milagres e graças também a uma inscrição em grego. De seguida, o corpo foi desmembrado e as relíquias enviadas por toda parte do Ocidente. Actualmente, o crânio está em Castelbuono, na Sicília, onde no dia 27 de Julho é levado em procissão. Entre os milagres, conta-se o do "lumezinho" que permaneceu aceso ao lado do caixão durante anos, apesar da ausência de ar.

A mãe da Virgem possui os mais diferentes patronatos, quase todos ligados a Maria; por ter levado no ventre a Esperança do Mundo (Maria), o manto de Sant'Ana é verde. Por isso na Bretanha, onde são devotíssimos, é invocada na colheita do feno. Por ter custodiado Maria como uma jóia num cofre, ela é patrona dos ourives e tanoeiros. Protege também os mineiros, os marceneiros, os carpinteiros e os oleiros. 

Por ter ensinado à Virgem a cuidar da casa, tecer e costurar, é a padroeira dos fabricantes de vassouras, dos tecelões, dos costureiros, dos fabricantes e comerciantes de tecidos. É sobretudo a padroeira das mães de família, das viúvas, e, por ter concebido a mais alta das criaturas humanas, sobretudo das parturientes; é invocada nos partos difíceis e nos casos de esterilidade conjugal.

in Pale Ideas

terça-feira, 25 de julho de 2023

Missa Tradicional na igreja do Santíssimo Milagre

No séc. XIII em Santarém (Portugal) uma senhora foi convencida por uma bruxa a roubar uma Hóstia consagrada, de modo a resolver os seus problemas conjugais. A mulher assim o fez, embrulhando a Sagrada Partícula num lenço e dirigindo-se apressadamente para casa. Entretanto do lenço começou a escorrer sangue abundantemente, de tal maneira que chegada a casa encerrou dentro de uma arca o lenço com a Hóstia. 

Nessa noite, o casal acordou com a casa repleta de luz, que vinha dessa arca. A mulher confessou ao marido o que tinha feito e passaram os dois o resto da noite, de joelhos, em adoração junto à arca. A Hóstia milagrosa encontra-se na igreja paroquial de Santo Estevão, também conhecida por igreja do Santíssimo Milagre.

São Tiago Maior, íntimo de Nosso Senhor

Hoje é dia de São Tiago, ou Santiago. Filho do pescador galileu Zebedeu, era o irmão mais velho de S. João Evangelista e não de São Tiago Menor, a quem se costuma confundir como irmão mais novo. Junto com João foi chamado por Cristo para tornar-se, com Pedro e André, num dos apóstolos. O epíteto o Maior significa justamente que foi um dos primeiros chamados. Junto a São Pedro e São João assistiu à Transfiguração e à Agonia de Cristo, no monte das Oliveiras. 

O glorioso Apóstolo Santiago, Maior, Luz e Patrono das Espanhas, foi natural da Província de Galileia, filho do Zebedeu e de Maria Salomé (filha de Alfeu ou Cleofas, irmão de São José, e de Maria: Maria de Cleofas), e irmão maior de São João Evangelista, e primo de Jesus Cristo, segundo a carne. Foram pescadores, ambos os irmãos, como o foi o Pai Zebedeu, que vivia nas margens do mar da Galileia e devia ser pescador rico, pois tinha navio próprio e criados. São Jerónimo diz que eram nobres. Quanto à vida de Tiago, deveremos tirar o que dele e do seu irmão dizem os sagrados evangelistas. 

Estando um dia com o pai e o irmão a consertar redes, passou Jesus e disse-lhes: “Sigam-me”. João e Tiago imediatamente obedeceram; deixaram o pai e as redes e seguiram Jesus, como fiéis discípulos, para todo o sempre. Eles sempre estavam no grupo dos três: Pedro, Tiago e João. Eram, talvez, os mais íntimos.

Podemos entender também o pedido feito a Jesus, por Maria Salomé, de que os colocasse no seu Reino, um à sua direita e o outro à sua esquerda. Era um pedido de mãe; porém, provavelmente ela expressou o desejo mais íntimo dos dois apóstolos.

Naquele momento, Jesus, sem considerar o parentesco, repreendeu-os ainda e disse: “Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que eu hei de beber?”. Eles prontamente responderam: “Podemos”. Por fim o Senhor afirma que tal decisão cabe tão somente ao Pai.

Depois de os ter chamado, o Senhor mudou-lhes o nome, chamando-lhes Boanerges, que quer dizer, Filhos do trovão. Isto é coisa particular, digna de consideração, pois que só a São Pedro e a estes dois irmãos, entre todos os apóstolos, lemos que o Senhor lhes trocou os nomes. 

A Pedro, mudando-lhe o nome de Simão em Pedro ou Cefas, porque seria a cabeça da Igreja e a pedra fundamental sobre a qual, depois de Cristo, ela deveria edificar-se. E a São Tiago e São João, porque depois de São Pedro, seriam os mais próximos, familiares, mais favorecidos e prendados, como se vê em muitas coisas que lhes comunicou, excluindo os restantes. 

Levou-os consigo quando foi ressuscitar a filha do Chefe da Sinagoga, quis que fossem testemunhas da glória da sua sagrada humanidade, quando se transfigurou, e resplandeceu o seu divino rosto mais que o Sol no monte Tabor. Somente levou os três consigo, deixando os outros, quando foi rezar no horto de Getsémani e lhes mostrou a sua tristeza e agonia, a fim de o verem desfigurado e suando sangue, ao que antes tinham visto cheio com tanta glória e claridade. 

O evangelista Lucas narra um facto que caracteriza bem a índole dos dois irmãos, como também a sua dedicação e fidelidade ao Mestre. E deu-lhes o nome de Filhos do trovão, como principais capitães do seu exército e que com a voz sonora da sua pregação e doutrina, a jeito de trovão, haveriam de espantar e converter o mundo e trazê-lo ao conhecimento e Fé no seu criador. 

E embora isto seja mais evidente em S. João, fundador, pai e mestre de todas as igrejas da Ásia, o qual fixando, como Águia-real, os seus limpos e agudos olhos nos raios do Sol, nos mostrou a geração do Verbo eterno. E, enquanto se ouviam trovões e relâmpagos espantosos do céu, também se cumpriu em Santiago, seu irmão que para além de ter pregado na Judeia e em Espanha, defendeu tantas vezes estes reinos e como terrível trovão e furioso raio, desbaratou e destruiu os exércitos dos mouros e de outros inimigos dos cristãos. E, com apoio e protecção deste glorioso apóstolo, os espanhóis levaram por todo o mundo o estandarte da cruz e plantaram nas Índias e noutras províncias e reinos a doutrina evangélica e deram a conhecer a gentes cegas os resplendores da divina luz. 

E refere o evangelista São Lucas que indo o Senhor, próximo da Páscoa, a Jerusalém, enviou alguns dos seus discípulos adiante à cidade de Samaria onde haviam de passar, a fim de que preparassem o que haviam de comer. Porventura, como reconheceram, por seus modos e traje, que eram judeus e de diferente religião da sua, não foram bem recebidos pelos Samaritanos que não quiseram tratar com eles, nem admiti-los na sua cidade. 

Quando São Tiago e São João, seu irmão que eram filhos do trovão, viram a descortesia dos Samaritanos, movidos de zelo e desejosos de vingar a injúria que se fazia a Cristo, disseram-lhe: Senhor, não quereis que façamos descer fogo do céu e que toda esta gente seja abrasada? Mas o Senhor respondeu-lhes: Não sabeis de que espírito sois, dando a entender que aquele espírito e zelo que os movia, era espírito de vingança e não de brandura, espírito do Velho Testamento e não do Novo, de Elias e não de Jesus Cristo, o qual como tinha vindo a ensinar e ganhar os pecadores, assim o modo de os ensinar e ganhar devia ser brandura, suavidade e caridade evangélica.

Tiago, o irmão mais velho, sempre foi uma referência para João evangelista e para os demais discípulos, pois era corajoso e determinado. Santo Epifânio afirma que Tiago viveu sempre em perfeita castidade.

in Pale Ideas

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Funcionária do Estado de Israel pede a Abade Beneditino que retire a cruz peitoral

Um incidente anti-cristão ocorreu durante uma visita oficial da Ministra alemã da Educação e Investigação, Bettina Stark-Watzinger, ao Muro das Lamentações .

Uma funcionária da Western Wall Heritage Foundation - um organismo governamental israelita - pediu ao Abade Nikodemus Schnabel, da Abadia da Dormição, em Jerusalém, que acompanhava Stark-Watzinger, que tirasse a sua cruz peitoral.

Schnabel, que ainda se encontrava fora da zona de oração judaica, respondeu: "Isto é muito grave; não estão a respeitar a minha religião. Estão a impedir os meus direitos humanos. Não se trata de uma provocação, eu sou um Abade. Este é o meu traje, e a cruz faz parte dele".

in gloria.tv

São Francisco de Assis não brincava em serviço

Não tinha por hábito afagar os vícios dos grandes, mas tratá-los com vigor; nem condescender com a vida dos pecadores, mas admoestá-los severamente. Censurava pequenos e grandes com a mesma firmeza de espírito, e tinha a mesma alegria em falar a pequenos grupos e a grandes multidões. 

Homens e mulheres, jovens e velhos, acorriam para ver e ouvir este homem novo enviado do Céu; ele percorria as várias regiões, anunciando com fervor o Evangelho; e «o Senhor cooperava, confirmando a palavra com os sinais que a acompanhavam» (Mc 16,20). De facto, em nome do Senhor, este arauto da verdade expulsava os demónios, e curava os enfermos (Mc 16,17; 6, 13)

São Boaventura (Doutor da Igreja) in 'Legenda Maior: Vida de São Francisco de Assis' (Cap. 12)

Promessas Baptismais: o compromisso que assumimos no dia do nosso Baptismo

Renuncio ao pecado e a Satanás, a todas as suas obras e seduções.

1. Creio em Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra.

2. Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor, que nasceu da Virgem Maria, padeceu e foi sepultado, ressuscitou dos mortos e está sentado à direita do Pai e de novo há de vir em Sua glória para julgar os vivos e os mortos.

3. Creio no Espírito Santo, na santa Igreja católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna.

Dia de Santa Maria Madalena, apóstola dos Apóstolos

Maria Madalena, Maria de Betânia e Maria pecadora, citadas no Evangelho, são a mesma pessoa, segundo o Papa São Gregório Magno, grande estudioso dos santos e criador do Calendário Gregoriano. Também os Padres latinos, desde Tertuliano, Santo Ambrósio, São Jerónimo, Santo Agostinho, até São Bernardo e São Tomás de Aquino, reconhecem nas três uma e a mesma pessoa: a Santa Maria Madalena penitente, que seguiu Nosso Senhor durante a Paixão.

Maria Madalena teria nascido em Betânia, cidade da Judeia, de pais muito ricos, tendo por irmãos Marta e Lázaro. Como parte da sua herança recebera o castelo de Magdala, de onde lhe veio o nome.

Uma lenda fala da sua esplêndida formosura, cabeleira famosa, do seu engenho, e relata ser ela casada com um doutor da Lei que a trancava em casa quando saía. Altiva e impetuosa, Maria teria fugido com um oficial das tropas do César e se estabelecido no castelo de Magdala, perto de Cafarnaum. As suas desordens e escândalos logo se espalharam pela região.

Enquanto isso, Nosso Senhor iniciara a sua peregrinação: a fama dos seus milagres e a santidade de vida estendia-se pelas terras da Palestina. Atormentada por demónios, e pelos remorsos da sua consciência culpada, Maria foi procurar Aquele que alguns apontavam como sendo o Messias prometido. O Senhor apiedou-se dela e livrou-a de sete demónios (Mc 16, 9), tocando-lhe também profundamente o coração.

A partir de então, começou para Madalena a completa conversão. Horrorizada ante os seus inúmeros pecados, cativada pela bondade e mansidão de Jesus, ela procurava uma ocasião em que pudesse mostrar-Lhe o seu reconhecimento e profundo arrependimento.

Essa ocasião surgiu na casa de Simão — um fariseu, provavelmente de Cafarnaum —, que havia convidado o Mestre para uma refeição. Durante um banquete ao qual Jesus participava, inesperadamente Madalena irrompeu na sala, foi diretamente até Jesus, rompeu um vaso de alabastro que levava apertado ao peito, e “começando a banhar-Lhe os pés com lágrimas, enxugava-os com os cabelos da sua cabeça, beijava-os e os ungia com o bálsamo” (Lc 7, 38).

Perdoada, convertida, Maria Madalena foi viver com os seus irmãos em Betânia. Uma vez, as duas irmãs receberam a visita do Messias. Maria sentou-se junto ao Salvador para absorver as suas palavras divinas, enquanto Marta se afanava nos afazeres domésticos para bem receber o seu divino Hóspede. E julgou que a sua irmã fazia mal, pois em vez de ajudá-la, estava ali sentada esquecida da vida. Disse Jesus: “Marta, Marta, afadigas-te e andas inquieta com muitas coisas. Entretanto uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada” (Lc 10, 38-42).

Em outra visita do divino Mestre a Betânia, Maria Madalena, já não mais “a pecadora”, ungiu novamente os pés do Redentor com precioso perfume, o que levou Judas a reclamar do “desperdício”, pois podiam vender o perfume e “dar o dinheiro aos pobres”. Nosso Senhor interveio: “Deixai-a; ela reservou isso para o dia da minha sepultura; porque sempre tendes os pobres convosco, mas a mim não tendes sempre” (Jo 12, 1-8).

Chegou o momento da Paixão. Aos pés da cruz, Maria Madalena acompanhava Nossa Senhora e São João Evangelista. Depois do sepultamento, Maria também estava junto ao túmulo, de fora, chorando. Enquanto chorava, se inclinou para o interior do sepulcro e viu dois anjos vestidos de branco, sentados no lugar onde o corpo de Jesus havia sido colocado, um na cabeceira e outro aos pés.

Disseram então "Mulher por que choras?" Ela respondeu: "Levaram meu Senhor e não sei onde o colocaram". Dizendo isto se voltou e viu Jesus de pé. Mas não podia imaginar que era Jesus. E Jesus lhe disse: "Mulher por que choras? A quem procuras?" Pensando ser Ele o jardineiro ela respondeu: "Senhor se foste tu que O levaste me diga onde O puseste que eu irei busca-LO" Jesus responde: "Maria". Ela então reconhece-O e grita em hebraico "Raboni!" (que quer dizer Mestre!).

De acordo com uma antiga tradição do Oriente, Maria Madalena acompanhou São João Evangelista e a Virgem Maria a Éfeso onde morreu e foi sepultada.

No Ocidente, a tradição diz que ela viajou para Provença, França com Santa Marta e São Lázaro. A tradição conta que São Maximino, um dos 72 discípulos do Senhor, e São Sidónio (o cego de nascença de que fala o Evangelho, e que foi curado por Nosso Senhor) e mesmo José de Arimatéia estão entre os que os acompanharam na conversão da Gália.

São Maximino foi bispo de Aix, e São Lázaro encarregou-se da igreja de Marselha. Santa Marta reuniu em Tarascão uma comunidade de virgens, e Maria Madalena, depois de ter trabalhado na conversão dos marselheses, retirou-se para viver na solidão numa montanha entre Aix, Marselha e Toulon, “La Sainte Baume” (a Santa Montanha ou Santa Gruta), como dizem os habitantes do lugar. Lá permaneceu cerca de trinta anos, levando vida contemplativa e penitencial.

Ela foi milagrosamente transportada, pouco antes da sua morte, para junto de São Maximino, que lhe ministrou os últimos sacramentos. Segundo a tradição, o seu corpo foi levado para um povoado vizinho –– a Villa Lata, depois chamada São Maximino –– onde esse bispo havia construído uma capela.

No século VIII, por temor dos sarracenos, as suas relíquias foram trasladadas para um lugar seguro, tendo ficado esquecidas até que Carlos II, Rei da Sicília e Conde da Provença, as encontrou em 1272. São Vilibaldo diz que viu a sua tumba em Éfeso (hoje Turquia) no século VIII. A comuna francesa Vezelay diz ter as suas relíquias desde o século XI.

É a padroeira das cabeleireiras, estilistas de cabelos, podólogos, pecadoras penitentes, perfumistas, manicuras, fabricantes de perfumes e de óleos para o corpo.

Na arte litúrgica da Igreja é representada segurando um alabastro de óleo.

in heroinasdacristandade.blogspot.com

sexta-feira, 21 de julho de 2023

S. Tomás de Aquino foi canonizado há 700 anos

No passado dia 18 de Julho, a Igreja celebrou hoje o sétimo centenário da canonização de S. Tomás de Aquino. Embora a devoção popular por ele tenha começado logo após a sua morte, os dominicanos só começaram a recolher oficialmente testemunhos da sua santidade em 1317, mais de 40 anos após a sua morte. 

Representantes da Ordem apresentaram as suas provas ao Papa João XXII (1316-34, o segundo Papa de Avinhão) numa audiência no ano seguinte, na qual o processo recebeu aprovação formal para continuar.

Uma das histórias mais famosas sobre Tomás é a de que um cardeal se opôs à sua causa por não ter feito milagres, ao que o postulador respondeu: "Quot articuli, tot miracula - há tantos milagres como artigos (na Summa)". 

A causa foi concluída em cinco anos, e o mesmo Papa emitiu a bula de canonização a 18 de Julho de 1323; como era então costume, inclui um apêndice com alguns dos mais notáveis milagres póstumos do Santo. A sua festa é tradicionalmente celebrada a 7 de Março, data da sua morte, mas os usos neo-galicanos de Paris e de várias outras sedes francesas mudaram-na para esta data para a manter fora da Quaresma.

Gregory DiPippo in New Liturgical Movement

Santa Praxedes, Virgem e Mártir do séc. II

Santa Praxedes era uma dama romana cujo pai, São Pudêncio, convertido por São Paulo Apóstolo, era um amigo dos Apóstolos. Ela era irmã de Santa Pudenciana (ou Prudência).

No tempo em que o imperador Marco Aurélio perseguia os cristãos, Praxedes, dama romana, irmã de Prudenciana, ajudava aos fiéis com os seus recursos financeiros e seus cuidados, consolava-os e prestava-lhes todos os serviços que podia dispensar com a sua caridade. Escondia-os em sua casa, exortava-os a perseverar na fé, enterrava cristãmente os cadáveres. Ela não deixava que nada faltasse aos que eram aprisionados nas masmorras ou àqueles que eram tratados como escravos.

As duas irmãs mandaram construir um baptistério dentro da sua própria casa, onde já havia uma capela, para que ali os catecúmenos fossem baptizados. Foram ajudadas nas suas obras pelo Papa Pio I (140-154 d.C.) e pelo sacerdote Pastor. Prudenciana morreu martirizada aos 16 anos de idade e foi enterrada nas catacumbas de Santa Priscila, perto do seu pai, na Via Salária. Após a morte da sua irmã Prudenciana, Praxedes, oriunda de uma família nobre e tradicional, transformou os seus palácios em igrejas para onde, dia e noite, os pagãos acorriam aos milhares pedindo o Baptismo.

A polícia imperial respeitava a residência de uma descendente dos Cornelii. Mas, livre da tutela de Antonino, seu pai adoptivo, Marco Aurélio não demorou muito a ultrapassar esse obstáculo. Deu-se uma execução em massa, na qual inúmeros cristãos foram presos e massacrados.

A dama romana viu tudo desmoronar ao seu redor sem que ela própria fosse atingida. Magoada, Praxedes voltou-se para Deus e pediu-Lhe para morrer, se isso lhe fosse vantajoso. Foi chamada, no décimo segundo dia das *calendas de Agosto, a receber no Céu a recompensa pela sua piedade. O seu corpo foi depositado, pelo padre Pastor, na sepultura do seu pai e da sua irmã Prudenciana, nas catacumbas de Santa Priscila.

Praxedes é celebrada pela Igreja no dia 21 de Julho, dia da sua morte, após ter prestado assistência durante um longo tempo aos primeiros cristãos perseguidos. No ano 822 foi-lhe consagrada uma igreja reconstruída pelo Papa Pascal I. Segundo a tradição, nesta Basílica é conservado um pedaço da coluna na qual teria ocorrido a flagelação de Cristo.

Basílica de Santa Praxedes

Santa Praxedes ou Santa Passos é uma bela igreja dedicada à santa no século V e sob o papa Pascoal I cujo pontificado ocorreu de 817 a 824 foi aumentada para formar uma basílica com nave central e duas naves laterais.

Tornou-se propriedade dos beneditinos em 1198. Nos séculos seguintes foi sendo aumentada e restaurada, sem perder o seu caráter basilical. No interior há duas colunas de granito que sustentam uma arquitrave horizontal e alternam com pilares maciços, dividindo a ampla nave das naves laterais.

Acrescentaram-se arcos no século XIII, que atravessam a igreja de lado a lado. Como outras igrejas contemporâneas, foi ornamentada com ricos mosaicos. A Cidade Celeste de Jerusalém aparece acima do arco triunfal, e o Cordeiro do Apocalipse, o Livro dos Sete Selos, os Sete Candelabros, os Quatro Arcanjos e os símbolos dos quatro Evangelistas aparecem no arco da ábside. 

De ambos os lados do arco, os velhos do Apocalipse trazem coroas douradas ao Cordeiro de Deus, e na cúpula da ábside aparecem as irmãs Pudenciana e Praxedes, conduzidas ao Céu. O objectivo era duplo: glorificar Deus e os santos, e ao mesmo tempo instruir os fiéis na doutrina cristã.

O mosaico da ábside é a maravilha da igreja: é carolíngio, data do século IX. Narra a história das duas santas irmãs que teriam acolhido São Pedro em sua casa. Gratos, São Pedro e São Paulo acolhem-nas no Céu e apresentam-nas a Cristo. As duas têm coroas da vida eterna, que carregam maravilhadas nas suas mãos veladas. Á esquerda surge o construtor da basílica, Pascoal I, com o modelo arquitectónico da igreja nas mãos, que estende para Cristo.

Do outro lado, São Zeno, em cuja honra Pascoal mandou construir uma capela perto da nave lateral direita. O recebimento das irmãs nos Céus tem lugar sobre um campo verde semeado de flores, onde corre o rio Jordão, tendo de cada lado Jerusalém e Belém. Isto prolonga-se no friso inferior, que mostra o Cordeiro de Deus e doze ovelhas, símbolo dos Apóstolos.

in santossanctorum.blogspot.com

*As calendas, no antigo calendário romano, eram o primeiro dia de cada mês quando ocorria a Lua nova. Havia três dias fixos: as calendas, as nonas (quinto ou sétimo dia, de acordo com o mês) e idos (13º ou 15º dia, conforme o mês). Dos idos é que provém a expressão "nos idos de Setembro" para expressar uma data para a segunda metade do mês.

É desta palavra que se originou o termo calendário e a expressão calendas gregas, representando um dia que jamais chegará, pois era inexistente no calendário grego.

quinta-feira, 20 de julho de 2023

54º aniversário sacerdotal do Cardeal Robert Sarah

O Cardeal Robert Sarah, antigo Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, foi ordenado sacerdote há 54 anos. O Cardeal africano tem tentado esclarecer os fiéis católicos:

«A própria Igreja, no seu ensino doutrinal e moral, vive hoje numa cacofonia, na confusão de teses, na duplicidade, na dupla ou tripla verdade, numa avalanche de interpretações e numa demagogia pastoral que se poderia considerar uma grande desordem eclesiástica.»

Homilia do Cardeal Sarah na Vendeia

306 anos da Batalha de Matapão, quando a Armada Portuguesa parou a expansão turca no Mediterrâneo

Portugal contra o Califado: 303 anos da Batalha de Matapão, quando a nossa Armada parou a expansão turca no Mediterrâneo

Exausta, esgotada em recursos e vontade combativa após a Guerra da Sucessão Espanhola, a Europa foi surpreendida em 1714 com nova investida turca. O Sultão sentira a debilidade, o cansaço, a animosidade entre os grandes poderes católicos do Ocidente, e dispôs-se a atacá-los justamente quando estes pareciam mais débeis. Marchou sobre a Moreia, na Grécia, à data província da Sereníssima República de Veneza; o Doge reagiu implorando a intervenção da Santa Sé e, através dela, a ajuda das monarquias europeias. 

Mas estas mostraram-se, em geral, desinteressadas da luta. Espanha, mal refeita das lutas da década anterior, mais não enviou para o Mediterrâneo que fraca armada; a Áustria possuía forte exército, mas nenhum poder marítimo com que confrontar o de Istambul; a França, que até 1715 travara com Viena duríssima guerra pelo controlo do trono espanhol, não quis combater ao lado dos austríacos.

Perante a indiferença geral, acudiu às súplicas de Veneza - e aos sustentados, mas até então ineficazes, pedidos do Papa - o rei de Portugal. Lisboa vivia então, com Dom João V, um período de renovada grandeza. Devolvido à sua condição natural de forte potência naval, Portugal fazia-se ouvir pela Europa; a sua marinha, acarinhada pelo Infante Dom Francisco, conhecia então vigor que não mais recuperaria, e que a colocava entre as primeiras do continente. 

O Rei Magnânimo compreendeu que a luta pelo Mediterrâneo Oriental, onde os turcos se recompunham da derrota sofrida trinta e quatro anos antes em Viena, era de importância essencial para Portugal, a Europa e a Cristandade. Percebeu, ainda, que ali se apresentava oportunidade preciosa para que Portugal recuperasse o prestígio de outrora pagando-o a pólvora, aço e sangue.

Pólvora, aço e sangue foi, pois, o que Dom João tratou de oferecer ao Turco. O Infante Dom Francisco - príncipe apaixonado, como é comum entre os Braganças, pelos assuntos do mar - armou a frota. Eram onze impecáveis naves, sete de combate e quatro de apoio, tripuladas por 3840 homens adestradíssimos, apetrechadíssimos, preparadíssimos na arte da luta no mar. Carregavam quinhentas e vinte e seis peças de forte aço português; eram duas vezes e meia as usadas por Napoleão em Waterloo. 

A comandar a frota, na nau Nossa Senhora da Conceição, ia Dom Lopo Furtado de Mendonça, Conde do Rio Grande. Acompanhavam-no à cabeça da hierarquia da expedição as naus Nossa Senhora do Pilar, de oitenta e quatro peças, em que seguia o Conde de São Vicente como vice-almirante, e a Nossa Senhora da Assunção, capitaneada por Pedro de Castelo Branco e munida de sessenta e seis peças.

A dois de Julho, as armadas da coligação cristã juntavam-se a sul da Messénia, no Peloponeso. Eram, coligadas, fortes de trinta e cinco navios, dos quais os portugueses contavam entre os maiores e mais modernos. A batalha deu-se a 19 de Julho frente ao cabo Matapão. Os turcos tinham ao seu dispor força maior, de cinquenta e cinco navios; os cristãos, apenas trinta e cinco. Possuíam, também, o que seria então um dos maiores vasos militares do mundo: o Kebir Üç Ambarlı, de cento e catorze peças, em que navegava o almirante turco Kapudan Paxá. 

Ao se encontrarem as duas armadas, e por motivo que nunca pôde ser adequadamente esclarecido, a frota veneziana afastou-se da área de combate; frente à força turca, pois, ficou apenas a de Portugal. Desenrolou-se depois feroz duelo de artilharia entre as naus cristãs, quase limitadas à armada portuguesa e a duas embarcações da Ordem de Malta, e o conjunto otomano.

Um grande navio turco foi atingido e posto em chamas; os restantes, vendo a desgraça de uma das principais naves da sua frota, deixadas sem pólvora e temendo a artilharia portuguesa, abandonaram o local e rumaram, desordenadas e batidas, a porto amigo. Travara-se grande recontro, e Portugal levara a Europa cristã à vitória sobre o Califa do Islão.

Depois da batalha, toda a armada cristã regressou à Itália. Os portugueses, vitoriosos, foram cumulados de honrarias por uma Europa agradecida. Em Messina, onde os navios de Portugal foram aportar, fizeram-se festas e fogos de artifício em celebração do Rei Magnânimo e sua armada; ao Conde de Rio Grande, Dom Lopo Furtado de Mendonça, chegou uma carta do Papa Clemente XI dando-lhe conta da gratidão papal; em Lisboa apareceria, pouco depois, grande embaixada veneziana de tributo e agradecimento. 

Maior honra se fez à Igreja portuguesa, passando a capital portuguesa a sede de um dos quatro patriarcados do Ocidente latino, juntamente com Roma, Veneza e as Índias Ocidentais. Fora uma das mais arriscadas empresas algumas vez tentadas pela marinha portuguesa, e resultara em triunfo absoluto.

A Europa actual, tantas vezes mesquinha com Portugal, nada perderia recordando este dia em que foi por ele resgatada da mão do Califa de Istambul.

RPB in 'Nova Portugalidade'

quarta-feira, 19 de julho de 2023

De judeu a monge cartuxo graças ao 'proselitismo' de um professor católico

Testemunho dado pela Drª. Alice von Hildebrand, casada com o Professor Dietrich von Hildebrand, a quem o Papa Pio XII chamou um dia Doutor da Igreja do séc. XX.

Em 1946, depois da II Grande Guerra, o meu marido ensinava na Universidade de Fordham, e apareceu nas suas aulas um estudante judeu que tinha sido oficial da Marinha durante a Guerra. Um dia confidenciou ao meu marido como era belo o pôr-do-sol no Oceano Pacífico e como isso o tinha levado à busca da verdade sobre Deus. 

Decidiu ir para a Universidade de Columbia (Estados Unidos da América) estudar filosofia, mas percebeu que não era isso que procurava. Um amigo sugeriu-lhe que fosse estudar filosofia para Fordham e mencionou o nome Dietrich von Hildebrand. 

Depois da primeira aula com o meu marido ele sabia que tinha encontrado o que procurava. Um dia, depois das aulas, o meu marido e o estudante foram dar um passeio a pé. Ele disse ao meu marido que estava surpreendido com o facto de que vários professores, depois de saberem que ele era judeu, lhe terem assegurado que não o tentariam converter ao Catolicismo.

O meu marido, estupefacto, parou, virou-se para ele e disse: "Eles disseram o quê?!" O estudante repetiu a história e o meu marido disse-lhe: "Eu iria até ao fim do mundo e regressaria para fazer-te católico." Resumindo, o jovem converteu-se ao Catolicismo, entrou na única Cartuxa nos Estados Unidos (em Vermont) e foi ordenado Padre cartuxo!

in Latin Mass Magazine (2001)

Guardar silêncio quando somos injustiçados, o conselho de S. Vicente de Paulo às religiosas

Vejo, minha filha, que considerais que, caso sejamos injustamente repreendidos por alguma falta, será preferível sofrermos a correção sem nada dizer do que justificarmo-nos. Sou inteiramente da vossa opinião, e parece-me que, a não ser que tal silêncio seja pecado, ou afecte os interesses do próximo, é preferível optar por ele: estamos a imitar Nosso Senhor. 

Quantas vezes O acusaram, denegriram a sua vida, criticaram a sua doutrina, vomitaram blasfémias execráveis contra a sua pessoa! E, contudo, ele nunca Se desculpou. Foi levado à presença de Pilatos e de Herodes, mas nada disse para Se desculpar, e acabou por Se deixar crucificar. Nada melhor do que seguir o exemplo que Ele nos deu.
 
Minhas queridas irmãs, dir-vos-ei a este propósito que nunca vi acontecer inconveniente a ninguém por não se ter desculpado - nunca. Não nos compete dar esclarecimentos; se nos imputam alguma coisa que não fizemos, não nos compete defender-nos. Deus quer, minhas filhas, que Lhe entreguemos o discernimento das coisas. 

Ele tratará de, em tempo oportuno, tornar a verdade conhecida. Se soubésseis o bem que faz abandonar nas suas mãos todos estes cuidados, minhas filhas, nunca teríeis a tentação de vos justificar. Deus quer aquilo que nos impõem, e permite-o, sem dúvida para pôr à prova a nossa fidelidade. 

Ele sabe como o recebemos, o fruto que daí retiramos e o mau uso fazemos da situação; e, se permite que continuem a acusar-nos, em breve saberá tornar conhecida a verdade! É máxima verdadeira e infalível, minhas filhas, que Deus justifica todos aqueles que não querem justificar-se.

São Vicente de Paulo in 'Conversas com as Filhas da Caridade' (18/01/1648)

O humilde São Camilo de Lellis, padroeiro dos doentes

São Camilo de Lellis foi um religioso italiano. Fundou a Ordem São Camilo. É o padroeiro dos enfermos e dos hospitais. Foi declarado santo no dia 29 de Junho de 1746, pelo Papa Bento XIV. 

São Camilo, nasceu em Bacchianico, cidade do Reino de Nápoles, Itália, no dia 25 de Maio de 1550. Com 6 anos de idade perdeu o pai, oficial do exército. Mal sabia ler e escrever, alistou-se no exército e, com apenas 18 anos, tomou parte numa campanha contra os turcos.

Gravemente doente, voltou a Roma, onde foi internado no hospital dos incuráveis. A paixão pelo jogo fez com que tivesse sido expulso de lá. Posto na rua, doente e pobre, procurou serviço como servente de pedreiro, trabalhando em seguida numa casa que os capuchinhos estavam construindo. Uma conversa que teve com o guardião do convento abriu-lhe os olhos. Largou o jogo, fez penitência e invocou a misericórdia de Deus. Camilo tinha então 25 anos.

Entrou na Ordem dos Capuchinhos, onde fez o noviciado e passou depois para os Franciscanos. Estes, não lhe consentiram a permanência na Ordem, por causa de uma úlcera que tinha no pé, que fora declarada incurável pelos médicos. Dirigiu-se ao Hospital Santiago, em Roma, onde foi internado e, como não tivesse dinheiro, ofereceu-se para trabalhar como servente e enfermeiro. Dedicou-se exclusivamente ao serviço dos enfermos.

Tenho verificado que os pobres doentes sofriam muitas privações, Camilo, em 1582, começou a procurar pessoas que aceitassem socorrer os pobres e doentes e criou uma Irmandade, que teve o apoio do Papa Sisto V. Os primeiros irmãos eram leigos, mas em seguida alguns sacerdotes se juntaram à Irmandade. Adquiriram uma casa, onde moravam em comunidade. A Irmandade cresceu tanto que, em pouco tempo, Camilo teve que abrir novos Institutos na Itália, Sicília e outras partes da Europa. Seguindo ainda o conselho de São Filipe Néri e o exemplo de Santo Inácio, apesar dos seus 32 anos, voltou ao estudo e foi ordenado Sacerdote.

Por causa da peste em Roma, embora doente e sofrendo dores horríveis no pé, ia de casa em casa, procurando socorrer e consolar os pobres doentes. Numerosos foram os casos, em que foi visto levando nas costas os doentes ao hospital, onde os tratava com a maior dedicação. Quando a peste chegou a Milão e Nola, Camilo acompanhou-a levando consigo a caridade e o zelo apostólico. Muitos doentes recuperaram a saúde só pela palavra e oração do Sacerdote. 

Em 1591, o Papa Gregório XIV reconheceu a Irmandade como uma Ordem Religiosa. Camilo era humilde e, por causa da humildade era muito querido em Roma. Chorando sempre os pecados da mocidade, dizia-se indigno de morar entre os homens e ser merecedor do Inferno. Os elogios entristeciam e irritavam o sacerdote. Não permitia que o chamassem fundador de uma Ordem. Camilo era caridoso para com os outros e severo para consigo.

Muito doente e desenganado pelos médicos, Camilo recebeu o Santo Viático das mãos do Cardeal Ginnasi, protector da Irmandade. Vendo a Sagrada Hóstia disse, com as lágrimas nos olhos: "Alegro-me por me terem dito que entrarei na casa do Senhor. Reconheço, Senhor, que sou de todos os pecadores o mais indigno de receber a Vossa Graça".

Camilo de Lellis faleceu, em Roma, no dia 14 de Julho de 1614, no Convento da Madalena. Enquanto os médicos preparavam o seu corpo para ser sepultado, perceberam que a úlcera do seu pé havia desaparecido. O seu coração foi trasladado para Bacchianico. 

in ebiografia.com