segunda-feira, 20 de junho de 2005

SURPRESA!!!

Caríssimos amigos Senzas, é com muito orgulho que aqui estou, no vosso senzástico blog, na qualidade de artista convidado!

Antes que comece a disparatar "Mas o que é que ele faz aqui? Quem é que lhe deu acesso?", tenho a dizer-vos que o meu querido amigo Pedro Guedes teve a amabilidade de me convidar para que eu pudesse deixar-vos um presente.
Pois bem, aqui vai, dado de graça, senza pagare, a tão desejada versão integral do artigo do senza Moraes sobre Roma:

"Quando decidi vir para Viterbo (a uma hora e meia de Roma), em Outubro do ano passado, tinha no meu coração a alegria e o desejo de vir ter com o meu queridíssimo Papa. Aliás, o facto de vir para o pé dele, foi um argumento muito forte para escolher esta cidade e não outra qualquer (já que este não podia ir para Roma, era o sítio mais perto!). Era a oportunidade de vir para junto daquele que amava e amo como a um pai.
Inevitavelmente, não posso deixar de relembrar quando foi a primeira vez que, de uma maneira muito especial, fui tocado no coração por João Paulo II. Estávamos então no ano 2000; era o ano santo. O nosso querido Papa vinha a Portugal para beatificar o Francisco e a Jacinta a 13 de Maio. Estava nas equipas há 2 anos e nunca tinha feito uma peregrinação a pé a Fátima.
Eis que o Espírito Santo começou a criar em mim o forte desejo de fazer a primeira peregrinação precisamente na altura em que se daria esse tão grande acontecimento. Porém, a decisão de a fazer não foi nada fácil! Iria fazer 18 anos na peregrinação e não conhecia uma única pessoa que também fosse. Estava mesmo a acabar o 12° e os exames nacionais estavam à porta. O que é facto é que, sem saber muito bem como, uma mão puxou-me e, do seminário dos Olivais, lá parti eu, a pé, rumo a Fátima.
A peregrinação, guardo-a no meu coração como uma das coisas “maiores” que tive a oportunidade de fazer na minha vida e digo apenas que ela marcou, também, o início da mudança que, nos anos seguintes, viria a acontecer na minha vida. Foi a primeira e foi inesquecível. Mas, o maior de tudo e o importante para agora, foi o facto de ter culminado com aquele encontro cara a cara com o grande santo João Paulo II, até então apenas uma pessoa importante para mim. Vi-o a menos de 2 metros e, desde esse dia, o meu coração ficou a arder de amor por aquele que passou a ser o maior rosto de Cristo para mim cá na terra. Nasceu aí uma amizade única e especial, à distância e espiritual, como a de um pai para um filho. Pelo menos para mim, foi assim que a senti.
Voltando a este ano, em Fevereiro, mesmo antes de vir para cá, o meu querido entrava no Hospital Gemelli. Foi um susto enorme. O meu coração ficou bem apertadinho e, inevitavelmente, fiquei triste e com medo. Mas sabia que o melhor que tinha a fazer era rezar muito por ele e foi o que fiz. Depois da operação senti um grande alívio mas, ao mesmo tempo, pressenti que a sua hora já não seria uma realidade muito distante.
A minha oração pelo Papa intensificou-se muitíssimo a partir desse dia, principalmente porque vinha ter com ele passados 15 dias e isso fez nascer em mim, e de que maneira, um sofrimento só meu, bem junto ao dele. Comecei todos os dias, de manhã e à noite, a ir à internet ver as notícias sobre as suas melhoras. Havia, também, confesso, um certo egoísmo da minha parte: agora que eu ia ter com ele e, sendo ele a maior razão para eu ir para Viterbo, comecei a ficar triste e com medo de já não ter oportunidade de o ver. Tentei combater ao máximo esta tentação mas não escondo que foi difícil não ter isso sempre presente, embora não o tivesse revelado a ninguém.
Dia 1 de Março lá cheguei a Itália e o Senhor tinha-me concedido a graça de que o meu querido pai ainda estivesse entre nós. No fim de semana fui logo para Roma. Não tinha sítio para dormir nem conhecia ninguém, mas tinha dentro de mim o desejo de o ver. Sábado informei-me onde era a Clínica Gemelli e domingo, bem cedo, apanhei um comboio para lá, pois sabia que ele apareceria à janela no angelus. Não sabia bem para onde ir nem como ir, mas entreguei-me à vontade do Senhor. Colei-me logo a uma freira amorosa, polaca, e lá cheguei a horas de arranjar um lugar onde o conseguiria ver razoavelmente. Estavam lá milhares de pessoas Mal começou o Angelus o meu coração ficou a 300. Rezei com uma enorme intensidade aquele angelus, unido a ele. Passados 3 minutos de acabar a oração, abre-se a cortina da janela do 5° andar e começa tudo a entrar em euforia. De repente, vejo a imagem de um santo através do vidro, sentado na sua cadeira de rodas, e foi inevitável: as lágrimas começaram a escorrer-me dos olhos, de emoção; estava fora de mim. Foi uma experiência que, para toda a minha vida ficará gravada no meu coração. Única e inesquecível. Que graça, meu Deus! Como Te agradeço.
Voltei de lá uma pessoa nova e só pensava na Semana Santa: porque iria para Roma, para poder assistir a todas as celebrações Pascais no Vaticano. Tinha este desejo em mim desde o dia em que me inscrevi para fazer erasmus em Viterbo.
Vivi cá uma extraordinária Quaresma de encontro com o Senhor e quinta-feira santa lá fui, uma vez mais, à aventura para Roma. A probabilidade de o Papa presidir a alguma cerimónia ou mesmo aparecer era muito reduzida mas havia sempre aquela esperança...
Basicamente, falando desses dias do Triduo Pascal, digo apenas que foram memoráveis, verdadeiramente grandes, bem no coração da Igreja. Fui a todas a cerimónias em S. Pedro. Estava completamente sozinho, o que me permitiu viver cada dia com uma profundidade e uma verdade como nunca antes os tinha vivido. Estava só eu e o meu Senhor e foram dias inteiros de encontro com Ele: na última ceia, no horto, no sinédrio, no pretório, a caminho do calvário e na cruz. Foram só bênçãos atrás de bênçãos.
Na Via Sacra no coliseu, lá apareceu o nosso querido, pela televisão, a rezar connosco do seu apartamento. E senti percorrer essa Via Sacra particularmente com ele. Na vigília pascal, inundou-me uma alegria, a alegria da ressurreição, e só desejava poder partilhá-la com alguém ao fim de todos aqueles dias de solidão. E eis que mal acaba a missa em S. Pedro, Jesus deu-me a Mariana Noronha e a Sara Mineiro. No meio de centenas de pessoas aparecem-me elas para eu abraçar e me alegrar, para poder dizer e ouvir: Cristo Ressuscitou, aleluia! No Domingo de manhã, lá estavamos nós, na Praça S. Pedro, para a benção Urbi et Orbi. Aquela que, sem ninguém ainda o saber, seria a última aparição pública do nosso querido Papa! Posso dizer que esta foi, juntamente com a ida à clínica, o momento que guardo com maior amor no meu coração: aquele querer falar e não conseguir, aquela cara, aquelas mãos, aquele olhar, aquele sofrimento e, ao mesmo tempo, aquela paz e aquele amor... Só de fazer memória me vêm as lágrimas aos olhos. Que presente, este! Agradecer-te-ei meu Deus, até ao fim da vida, ter podido assistir presencialmente a isto tudo e sempre em grande união espiritual com João Paulo II, verdadeiro rosto Teu.
Foi nesse Domingo de Páscoa que me apercebi claramente que o nosso querido Papa estava já muito perto das portas que dão para a casa do Pai. E apertou-se-me o coração!
Bem, na sexta-feira seguinte, aquela que todos se lembrarão, chegava, também a Viterbo, a notícia do enorme agravamento do seu estado de saúde. Era dado como praticamente certo que, mais hora menos hora, Jesus viria buscar o nosso Santo Padre. Uma enorme tristeza apoderou-se de mim. Fui totalmente encarcerado pela tentação. Senti-me muito sozinho e com momentos de verdadeiro desespero. Parecia uma pessoa sem fé, sem esperança. Não me reconhecia a mim mesmo, mas não conseguia afastar essa tentação que, hora a hora, se ia multiplicando. Mesmo assim, o Senhor esteve comigo, nao me deixou! Impeliu em mim o desejo de rezar, rezar como nunca, com todas as minhas forças, sem parar. Sexta e sábado não parei de rezar. Continuava entregue à tristeza e à solidão mas não conseguia parar de rezar. E que importante que isto foi!
Sabia que tinha que combater essa tristeza, que devia era estar alegre porque o meu querido ia para junto do Senhor e não podia haver maior alegria do que essa. Senti, de uma forma muito viva, Jesus a dizer-me como no horto: Vigia e ora para não caires em tentaçao. Nunca tinha percebido bem essa frase até que a vivi nesses dois dias. Apesar de ter entrado bastante em tentação, Ele permitiu que não parasse de rezar e sábado à tarde, umas 3 horas antes da morte do Papa, lá vieram os frutos dessa oração: estava numa missa pelo Papa, na catedral com o meu bispo de cá e, depois de receber Jesus, inundou-me aquela paz que me faltava, aquela certeza da esperança. O Senhor estendeu-me a mão e encheu-me de paz e de serenidade. Percebi que o nosso querido ia mesmo para o Pai, mas aceitei-o em paz e feliz. Senti que ia ficar mais junto a ele do que nunca, que ele ia estar sempre comigo e interceder por mim. Acima de tudo veio-me a certeza que o nosso querido ia para a felicidade plena e eterna, ver a Deus tal como é, e que isto, principalmente quanto mais se ama alguém, é a maior alegria que pode existir.
Foi nesta paz interior que, estando eu a acabar de rezar o terço no meu quarto, os mistérios luminosos, a minha amiga colombiana me bate a porta e me dá a notícia que João Paulo II tinha partido para o Pai. O meu primeiro pensamento foi: Obrigado meu Deus por teres feito que eu tivesse a rezar nesta hora em que Jesus veio buscar o meu queridíssimo Papa; veio como o ladrão mas eu estava atento, porque Tu assim o quiseste.
Foi muito importante para mim este não ter sido apanhado “desprevenido”. Senti-me em paz e, até, parecia que me sentia muito mais leve. Rezei logo outro terço pela sua alma e dormi um sono descansado.
Domingo de manhãzinha, fui logo para Roma, para a primeira missa pelo Papa, em S. Pedro. Vivi-a muito serenamente e foi muito, muito bonita. Durante a semana rezei muito pela sua alma e senti logo uma forte necessidade de rezar muito pela Igreja e pelo seu Sucessor. Nisto começou a crescer em mim o desejo enorme de estar presente no funeral. É claro que seria muitíssimo complicado, visto que milhões, mesmo milhões, de pessoas do mundo inteiro se dirigiam para cá com esse fim. Mas, entregando-me totalmente á vontade do Senhor, quinta-feira ao fim da tarde meti-me num comboio para Roma. O funeral era sexta as 10 da manhã. Combinei com a Sara Mineiro (que tinha encontrado na Vigília Pascal e que esta a fazer Erasmus em Bolonha) encontrarmo-nos e irmos juntos, até onde o Espírito nos concedesse, nesta verdadeira “aventura” que se adivinhava. Íamos deixar as mochilas em casa de umas portuguesas amigas dela e , ao fazermo-lo, convecemo-las a virem connosco, também.
Às 11 da noite, saíamos rumo a S. Pedro. Estavam milhões de pessoas em Roma e pudemos confirmar isso com os nossos próprios olhos. Era uma multidão indescritível. Deparámo-nos com uma primeira barreira, mais ou menos a um quilómetro de S. Pedro. Só abririam essa barreira às 6 da manhã e não fazíamos ideia quantas mais barreiras haveriam, nem se já estaria alguém lá dentro. Estavam, tipo, 3 pessoas por metro quadrado; era um cenário impressionante: pessoas com tendas, em cima de carros, de baixo de carros, em cima umas das outras, sentadas, em pé, etc. E assim teríamos nós que ficar também até às 6 da manhã. Posso dizer que apesar do enorme sacrifício, fome, dores, incertezas, foi algo espetacular. Tivemos a noite toda a rezar, a cantar, a conversar. Fizemos amigos do mundo inteiro. Todos ofereciam comida uns aos outros, uns levantavam-se para outros se sentarem, funcionando a coisa por turnos, porque não havia espaço para estar tudo sentado. Estávamos com o corpo todo dormente mas a alegria nunca nos abandonou. Não sabiamos até onde iriamos conseguir chegar mas tinhamos confiança.
Às 6 lá abriu a barreira e eram tal as pessoas, eu estava de tal maneira “ensanduixado” entre elas, que andava para a frente sem ter os pés no chão; estava literalmente no ar. Depois, entrámos na Via da Conciliação (que dá para a frente da Praça) e, imaginem!, desatou tudo a correr como malucos. Desde jovens a velhotas, tudo! Todos queriam chegar o mais perto possível.
Não chegámos nem à colunata, tal era a multidão. Confesso que ficámos um bocadinho tristes por termos estado ali a noite inteira e agora nao íamos ver nada nem conseguir comungar. Mas, mais uma vez, o Senhor preparáva-nos a maior surpresa e graça de todas: às 8 da manhã (2 horas antes do início da missa), no sítio onde estávamos, abre-se uma barreira que dava directamente para a Praça. Nem queriamos acreditar!
E foi assim que, pela graça de Deus, assisti ao funeral do meu querido Papa bem no meio da praça de S. Pedro como um enorme priviligiado, tendo em conta os 4 milhões que estavam em Roma. Foi uma cerimónia lindíssima e muito comovente. Não tenho palavras para a descrever! E não posso esquecer o facto, para mim “grande” e bonito, de ter sido presidida por aquele que Deus já tinha escolhido para nos guiar no início deste novo milénio: O Papa Bento XVI! Mal sabiamos nós!
Acabando a minha história, que, para mim, foi um autêntico milagre, não posso deixar de mencionar que já tive a grande e espectacular oportunidade de ter estado, também, presente na missa de início de pontificado do meu novo querido Papa Bento XVI e, uma vez mais, pela grande graça de Deus, bem no meio da Praça de S. Pedro. Confesso que já estou, também, completamente enamorado por ele e por aquele seu sorriso tão humilde que já não sai da sua cara. Não me alongo aqui neste relato porque, certamente, algum dos equipistas que tiveram comigo cá em Roma nessa ocasião o farão pormenorizadamente. Acabo apenas dizendo que me sinto um verdadeiro Papa Boy. Estou muito feliz, e agradeço ao Senhor tudo isto que me deu e toda a minha vida. Rezo por todos vós. Peço-vos que rezem por mim. E até Colónia, se Deus quiser."

Espero que tenham gostado.
Abreijos.

13 comentários:

  1. aguiar, obrigado por existires e por fazer com que os restantes posts desaparecam...

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  2. Guedes, usando a expressão de alguém, os outros posts não existem! ;)

    Nunca estão satisfeitos! LOL

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  3. Aguiar és senza??? este n é nem dos primeiros nem dos segundos...

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  4. Alkas, não sabes ler? "artista convidado" foi o que escrevi - não me aproprio do que não é meu. Não sou senza nem pedi para sê-lo.

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  5. Nez, n vais perceber...eu percebi..

    Eu nao sou deste grupo de senzas, m acho mal o aguiar comentar!

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  6. Amigos, isto é muito simples: pediram a publicação INTEGRAL do texto do senza Moraes. Aqui está ela. Se afinal já não a querem, porque é muito grande, tira-se. É que é já a seguir!

    A private é mesmo pró Guedes, e não, não tem interpretação imediata.

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  7. ya...

    a private n é só para o Guedes. A private foi para todos aqueles que a ouviram e a resolveram destacar, entre muitas outras que o Guedes disse.

    A private, foi muito bem orientada e escalrecida, dirigida directamente para todos aqueles que gostam de por paninhos quentes em tudo o que é complicado...

    quem quiser que oiça...

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  8. Não vão começar as conversinhas, Francisco, mais conversas dessas e és expuloso do nosso blog!
    Começo a apagar coments com uma limpeza que param logo essas privates!
    Muito obrigado pela carta do francisco!

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  9. tb n é preciso cruxificar o aguiar, ele teve boas intenções ao publicar o texto do francisco! agora só espero é q n escreva mais posts, certo francisco x. s. a. d'aguiar?

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  10. O Duarte c o seu ar mandão...deve julgar que apaga posts, fazes isso e eu conto ao Bispo...

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  11. Aguiar, podes escrever à vontade no blog senza. No entanto, há q ter atenção ao tamanho dos artigos, pq podes fazer desaparecer os outros posts com discussões bastante úteis, como o dinheiro da Igreja e os carrilhões.

    Abracer

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  12. aguiar: o tempo provisório de bloguista terminou... obrigado pela tua contribuição e esperamos poder continuar com a tua contribuição nos comentários.

    silvas: o dinheiro da igreja é de facto um assunto importante ... só não o é para quem não dá. ;)

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