Podemos passar para aqui a discussão que se estava a passar no post debaixo. Não sei quem é o Xico... não é com certeza o Aguiar. Se te conheço, Xico, não estou neste momento a ver quem és, mas adiante:
Ninguém quer reescrever a Bíblia, muito menos cometer a redundância de a "reescrever outra vez". Acontece é que na Igreja Católica que é a nossa, não nos guiamos unicamente pelas Sagradas Escrituras, mas também pela Tradição e os ensinamentos da Igreja, e a interpretação que os padres da Igreja (no sentido histórico do termo)e os seus doutores fizeram dessas escrituras. Sendo assim, é de notar que o principal defensor do Tiranicídio foi nada menos que S. Tomás de Aquino, na Suma Teológica, aquela pequena obra de pouca importância...
Mas o que eu te peço então é que respondas a uma pergunta simples, tentando ser coerente com tudo o que escreveste de forma tão apaixonada: Um polícia está de vigia a uma escola. Entra um homem pela escola a dentro, munido com uma arma automática e começa a disparar contra alunos e professores. Para mais, o homem tem explosivos ligados ao corpo que ameaça fazer explodir. O polícia tem que tomar uma decisão: atirar a matar, matando o homem instantaneamente; Atirar à perna ou ao ombro, impedindo-o de continuar a dar tiros, mas deixando em aberto a hipótese do homem fazer deflagrar os explosivos; ou lembrar-se das palavras que Jesus disse a Pedro, arrumar a arma e compreender que Deus que é omnipotente, poderia ter morto o homem muito antes, mas escolheu não fazê-lo, que Jesus se deixou matar, unindo-se de forma muito especial a estas crianças inocentes que estão a levar tiros aleatoriamente e a esvaiar-se em sangue no recreio e que isso, certamente será grande consolo para os pais. Afinal de contas, Deus não ama esse homem tanto quanto o ama a ele?
Ah.... Desculpa Francisco, não estava a fazer a ligação, não estou habituado a ouvir chamar-te Xico... Sendo assim, peço desculpa por um certo tom que possa ser interpretado como sarcasmo na minha pergunta, mas essa, na essência, mantem-se. Abraço
Estive hoje a falar com Pe Tolentino sobre isto. Foi muito interessante e ele próprio sugeriu o que o Hugo sugeriu-fazermos debates destes com Padres, etc. Ele disse-me que é uma questão muito debatida e tem levantado sempre muitos problemas. Mas que, embora no ultimo catecismo ainda se permita, por ex. a pena de morte em certos países onde ela já existe como tradição e sem execução, a verdade é que o ministério de JPII foi clarissimo em relação a isso, tal como à guerra ou como tiranicidio. Pondo-se totalmente contra em qualquer situação de atentado á vida, especificamente nestas três. É verdade que, por exmplo, os soldados antigamente eram abençoados antes de ir para a guerra, é verdade as cruzadas, etc. Mas são tudo posições sobre as quais JPII se manifestou, aliás como profeta(segundo o Pe Tolentino) absolutamente contra, tal como ele próprio o demonstrou na sua vida. Muito embora façam parte da tradição. Falei-lhe tb da Suma Teológica, obra que fala de tudo! e ele disse que tal como tantas vezes assistimos a pessoas que criticam a Igreja através de uma celebre forma que é: o pegar, por ex, numa frase da Biblia ou num paragrafo, de forma isolada, e começarem a fazer diversas interpretações dessa frase, sem contexto, sem outras partes que vêm mais à frente ou mais atras, que a completam, explicitam ou até parecem incoerentes (temos diversos exmplos destes na Biblia-coisas ate que o proprio Jesus diz num lado e depois parece! que diz diferente noutro, etc.) tambem se pode fazer isso, seja com a suma Teológica, seja com o catecismo, etc. Em momento algum eu pus tanto uma obra como outra em causa, muito menos a nossa Mãe Igreja. O que eu digo é que, tal como Jesus veio aperfeiçoar, completar e dar o verdadeiro significado à lei, tb nós corremos o mesmo risco dos fariseus ou doutores da lei, face a qq regra ou texto ou frase directa ou indirectamente vindos da Igreja ou de Santos- más interpretações ou inconplectas. Relativamente à legitima defesa, é um conceito que, admito, me faz muita confusão. Explico. por ex. no caso dos mártires ou do próprio Jesus. Aquilo em relação a defender a própria vida acima de qq coisa. Não percebo muito bem como é que entra o dar a minha vida até à morte, por outro(s) ou uma causa. mas isso é um defeito meu e é por enquanto irrelevante. Mas mesmo assim, aquilo que percebo é que, o que a legitima defesa diz( e falo na legitima defesa de S. Tomas) é que eu não tenho nunca o DIREITO de matar seja quem for, seja por que for. O que diz é que, num caso onde a minha própria vida esteja em causa, eu tenho o direito de a defender e, na acção dessa defesa, num pior dos casos, poderá surtir uma consequência-indesejável! dessa mesma defesa, que é a morte da outra pessoa. Ou seja, nunca é uma coisa desejável. É como que o pior cenário que pode surgir, de forma mais ou menos indirecta, ao estar-me a defender. A minha defesa não é nunca um "já que ele me quer matar(a mim ou a outrem), mato-o eu primeiro" S. tomas não diz isto em lado nenhum. Não existe o direito a matar. existe o direito a defender, que no ultimo dos casos, e sem que seja minha intenção explicita e ponderada e declarada, a outra pessoa possa morrer. Conclusão, se eu visse o hitler à frente e o matasse deliberadamente, sobre o pretexto de estar a fazer um bem a mim e/ou a sociedade, estava errado! Um bem nunca vem da morte causada a ninguem, pelo menos deliberada e intencional. Se o fizesse, seria tal e qual um terrorista fundamentalista islamico que mata supostamente por um bem maior e por Deus, coisa que tanto criticamos. Filipe: eu pedi desculpa pelo primeiro comentário, espero que tenhas visto-Sobre rescrecevr a Biblia e o dialogo de Jesus a Pedro e etc. Perdi um pouco a cebeça,e obviamente estava a ser sarcastico e não verdadeiro. depois queria pedirte tambem desculpa pela redundancia que tanta "fricção" te causou e que usaste como forma de humilhação. mas pronto. foi a mim e ainda bem, bem o mereço. mas não sejas assim com as pessoas, não as ofendas por causa da maneira como falam ou escrevem. em relação à questão que fizeste, Deus ama esse homem tanto quanto a mim, e sim, se isso acontece è porque Deus permite(e permitir não significa que queira). por ultimo, a minha resposta é, e é obviamente totalmente subjectiva e só minha, e não um dogma ou regra ou seja o que for: se fosse eu que estivesse no lugar do policia não matava o homem. Isto sou eu e não critico nem julgo quem o fizesse. pediste uma resposta e esta é a minha. O meu lema de vida é: antes morrer que matar qualquer irmão. mais uma vez não é um dogma nem uma imposição. só para acabar, usaste de proposito um caso extremo, rarissimo (daqueles que os defensores do aborto adoram trazer á baila para a discussão) de uma decisão onde se joga toda a liberdade da pessoa, num segundo, e que portanto, seja qual for a escolha, ninguem o pode criticar ou condenar. Portanto eu não o faço, fosse qual fosse o que tu farias ou o hugo ou alguem. Este comentario do aborto, embora parecendo muito forte, não o é. Deus me livre de te associar a tal causa nem isso me passa um segundo pelo coração. É só para explicar que tantas vezes, as coisas, as argumentações e formas de argumentar que tantas vez criticamos nuns assuntos, usamo-las noutros, quando nos dá jeito. Porque para eles também é só uma questão de dar jeito e de deixar o interlocutor sem resposta. è só isso e nada mais. e peço desde já perdão por o ter mencionado e por eventualmente poderes ficar algo ofendido com a comparação. Não é uma comparação com a tua pessoa, mas apenas com o tipo de argumentação.
Francisco, Ontem comunicámos um pouco por SMS e hoje vim ao blog preparado para tudo. Agora, sinceramente, eu teria que ser muito bronco/mal intencionado para ficar ofendido com qualquer coisa que aqui escreveste. Era mais o que faltava! Apercebi-me, mal coloquei o primeiro comentário que ele estava um bocado forte. Quando percebi que eras tu tentei emendar isso um pouco, mas obviamente isso não desculpa o primeiro facto. Eu tenho um bocado essa mania, de deitar abaixo, sei que muitas vezes sou demasiado agressivo e cáustico. Por isso, em relação a tudo isso, às partes em que, de facto a minha intenção era humilhar mais que elevar, aqui estou eu a dar a mão à palmatória:
Agora, e de uma forma mais académica, como estes assuntos devem ser discutidos:
1 - Gerou-se aqui uma confusão que convém ser esclarecida: Legítima Defesa e Tiranicídio são duas coisas completamente diferentes. Em relação à LD, nada a dizer, tens toda a razão na tua análise e por isso mesmo é que não se pode ver o tiranicídio nos mesmos moldes.
2 - Não se aplica aqui a argumentação do martírio, ou o conceito de dar a própria vida, nem se põe em causa esse valor. O que está em discussão é a hipótese de salvar a vida a outros. Em relação a esses parece-me claro que não podemos ser nós a tomar a decisão de eles darem a vida ou não.
3 - Tenho alguns problemas com essa ideia de "Se está a acontecer é porque Deus quer/permite" em primeiro lugar isso é determinismo, a ideia de que Deus ordena e gere tudo como um operador de marionetas. Em segundo lugar é argumentação circular. Posso usar o mesmo argumento para dizer que, se eu der um tiro no Hitler é porque Deus quis, porque se Ele não quisesse eu não conseguiria dar o tiro. Foi, aliás um dos argumentos que os próprios Nazis usaram para justificar o facto do atentado sobre a vida do Hitler ter falhado, que Deus o tinha protegido... Deus cria os homens livres, livres de fazer o bem, de fazer o mal e também livres de tentar impedir esse mal que os outros querem fazer e que afecta todos.
4 - é claro que eu te dei um exemplo extremo, mas afinal de contas estamos a falar de tiranicídio, não é propriamente um caso comum com que nos deparamos no dia a dia. Aliás o exemplo do terrorista a abater pelo polícia é bastante mais frequente que o tiranicídio. Pelo que o comentário do aborto (que não me ofende minimamente) não fará, julgo eu, muito sentido.
5 - E aqui chegamos ao cerne da questão: Respeito essa convicção com que falas, e com que dizes que não dispararias sobre o homem. Admiro a coerência. Agora, isto levanta outra questão importante e sobre a qual julgo estarmos à vontade para falar, porque não é muito provavel que qualquer um de nós se encontre nessa situação. Até que ponto tu, ou eu ou qualquer outro, não terá a OBRIGAÇÃO MORAL de agir naquela situação, para salvar vidas inocentes. Ou seja, até que ponto não será uma falha grave essa atitude aparentemente generosa e honesta de recusar puxar o gatilho e tirar a vida ao terrorista no recreio? Não sei se é... mas vale a pena pensar nisso.
Finalmente, Francisco, peço-te que não deixes de vir ao blog por causa das coisas que eu escrevi antes. A tua participação neste espaço (que é mais teu que meu) só peca por escassa. Sei que és sensível a alguma da rivalidade que por vezes surge, entre Santiagrinos e Senzas, mas espero que compreendas que é tudo entre amigos e na brincadeira. Por exemplo, eu fartei-me de dizer que ia dar dois estalos na Inês se ela voltasse de trancinhas de Cabo Verde, mas era só garganta... só dei um! A sério, fica por cá porque é bom discutir estes assuntos com quem as sente de forma apaixonada mas argumenta com a razão. Abraço, Filipe
Vejo com alegria o que foi escrito aqui no desenrolar desta discussão! Eu também era para comentar, a dizer mais ou menos o que o Filipe disse (claro que com menos arte e sabedoria) mas tava com medo de gerar aqui um ambiente um bocado mau...não proprimanete agressivo, porque sei que somos todos civilizados, mas penso sempre no "exemplo" que temos de dar, porque, afinal, vem muita gente das equipas e não só ver o que se passa aqui! Tenho sempre aquele medo de criar "separações" na nossa já tão atacada Igreja, tudo o que não precisa é mais lutas interiores.
Daí ter ficado contente com o que vi, porque acho que mesmo com pontos de vista diferentes consegue-se discutir não para deitar abaixo o outro, muito menos a nossa Mãe Igreja, mas para crescermos em conjunto em Cristo.
É mesmo bom para isso sermos todos tão diferentes mas iguais no caminho para a santidade que tentamos fazer. Igreja Católica, universal, é mesmo isso.
Por causa destas discussões, que por vezes aparentemente opõem sempre a Igreja e Jesus, ou ainda quando me dizem que alguns rituais que a Igreja propõem não têem valor porque só interessa o Amor de Jeus, lembrei-me do Evangelho de hoje:
"(...) Mas ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as plantas e descurais a justiça e o amor de Deus! Estas eram as coisas que devíeis praticar, sem omitir aquelas." Lc 11, 42
Os rituais por si não interessam, mas verdadeiro Amor de Jesus implica verdadeiramente o querer cumprir os rituais e amar a Igreja que os propõe. Está no Evangelho, foi Jesus que disse, temos de praticar umas e outras.
Espero ver-vos hoje em Fátima! Beijinhos e abraços
Muito obrigado por comentarem os nossos posts! Para assegurar o mínimo de educação e bom senso, os moderadores do blog guardam a possibilidade de não aceitar qualquer comentário que pareça menos indicado para o blog. Para evitar que isso aconteça recomendamos que: - não ofendam ninguém - não utilizem palavras rudes ou de baixo nível - não ponham publicidade tipo spam - não se dirijam a ninguém pessoalmente sem se identificarem na mesma mensagem
Esta lista poderá ser actualizada. Atenção: os comentários podem perfeitamente expressar opiniões contrárias às do post em questão.
Podemos passar para aqui a discussão que se estava a passar no post debaixo.
ResponderEliminarNão sei quem é o Xico... não é com certeza o Aguiar. Se te conheço, Xico, não estou neste momento a ver quem és, mas adiante:
Ninguém quer reescrever a Bíblia, muito menos cometer a redundância de a "reescrever outra vez". Acontece é que na Igreja Católica que é a nossa, não nos guiamos unicamente pelas Sagradas Escrituras, mas também pela Tradição e os ensinamentos da Igreja, e a interpretação que os padres da Igreja (no sentido histórico do termo)e os seus doutores fizeram dessas escrituras.
Sendo assim, é de notar que o principal defensor do Tiranicídio foi nada menos que S. Tomás de Aquino, na Suma Teológica, aquela pequena obra de pouca importância...
Mas o que eu te peço então é que respondas a uma pergunta simples, tentando ser coerente com tudo o que escreveste de forma tão apaixonada:
Um polícia está de vigia a uma escola. Entra um homem pela escola a dentro, munido com uma arma automática e começa a disparar contra alunos e professores. Para mais, o homem tem explosivos ligados ao corpo que ameaça fazer explodir.
O polícia tem que tomar uma decisão: atirar a matar, matando o homem instantaneamente; Atirar à perna ou ao ombro, impedindo-o de continuar a dar tiros, mas deixando em aberto a hipótese do homem fazer deflagrar os explosivos; ou lembrar-se das palavras que Jesus disse a Pedro, arrumar a arma e compreender que Deus que é omnipotente, poderia ter morto o homem muito antes, mas escolheu não fazê-lo, que Jesus se deixou matar, unindo-se de forma muito especial a estas crianças inocentes que estão a levar tiros aleatoriamente e a esvaiar-se em sangue no recreio e que isso, certamente será grande consolo para os pais.
Afinal de contas, Deus não ama esse homem tanto quanto o ama a ele?
Fico a aguardar resposta.
o Xico é o Senza Xico Moraes.
ResponderEliminarAh....
ResponderEliminarDesculpa Francisco, não estava a fazer a ligação, não estou habituado a ouvir chamar-te Xico...
Sendo assim, peço desculpa por um certo tom que possa ser interpretado como sarcasmo na minha pergunta, mas essa, na essência, mantem-se.
Abraço
Estive hoje a falar com Pe Tolentino sobre isto. Foi muito interessante e ele próprio sugeriu o que o Hugo sugeriu-fazermos debates destes com Padres, etc.
ResponderEliminarEle disse-me que é uma questão muito debatida e tem levantado sempre muitos problemas. Mas que, embora no ultimo catecismo ainda se permita, por ex. a pena de morte em certos países onde ela já existe como tradição e sem execução, a verdade é que o ministério de JPII foi clarissimo em relação a isso, tal como à guerra ou como tiranicidio. Pondo-se totalmente contra em qualquer situação de atentado á vida, especificamente nestas três. É verdade que, por exmplo, os soldados antigamente eram abençoados antes de ir para a guerra, é verdade as cruzadas, etc. Mas são tudo posições sobre as quais JPII se manifestou, aliás como profeta(segundo o Pe Tolentino) absolutamente contra, tal como ele próprio o demonstrou na sua vida. Muito embora façam parte da tradição.
Falei-lhe tb da Suma Teológica, obra que fala de tudo! e ele disse que tal como tantas vezes assistimos a pessoas que criticam a Igreja através de uma celebre forma que é: o pegar, por ex, numa frase da Biblia ou num paragrafo, de forma isolada, e começarem a fazer diversas interpretações dessa frase, sem contexto, sem outras partes que vêm mais à frente ou mais atras, que a completam, explicitam ou até parecem incoerentes (temos diversos exmplos destes na Biblia-coisas ate que o proprio Jesus diz num lado e depois parece! que diz diferente noutro, etc.) tambem se pode fazer isso, seja com a suma Teológica, seja com o catecismo, etc.
Em momento algum eu pus tanto uma obra como outra em causa, muito menos a nossa Mãe Igreja. O que eu digo é que, tal como Jesus veio aperfeiçoar, completar e dar o verdadeiro significado à lei, tb nós corremos o mesmo risco dos fariseus ou doutores da lei, face a qq regra ou texto ou frase directa ou indirectamente vindos da Igreja ou de Santos- más interpretações ou inconplectas.
Relativamente à legitima defesa, é um conceito que, admito, me faz muita confusão. Explico. por ex. no caso dos mártires ou do próprio Jesus. Aquilo em relação a defender a própria vida acima de qq coisa. Não percebo muito bem como é que entra o dar a minha vida até à morte, por outro(s) ou uma causa. mas isso é um defeito meu e é por enquanto irrelevante. Mas mesmo assim, aquilo que percebo é que, o que a legitima defesa diz( e falo na legitima defesa de S. Tomas) é que eu não tenho nunca o DIREITO de matar seja quem for, seja por que for. O que diz é que, num caso onde a minha própria vida esteja em causa, eu tenho o direito de a defender e, na acção dessa defesa, num pior dos casos, poderá surtir uma consequência-indesejável! dessa mesma defesa, que é a morte da outra pessoa. Ou seja, nunca é uma coisa desejável. É como que o pior cenário que pode surgir, de forma mais ou menos indirecta, ao estar-me a defender. A minha defesa não é nunca um "já que ele me quer matar(a mim ou a outrem), mato-o eu primeiro" S. tomas não diz isto em lado nenhum. Não existe o direito a matar. existe o direito a defender, que no ultimo dos casos, e sem que seja minha intenção explicita e ponderada e declarada, a outra pessoa possa morrer.
Conclusão, se eu visse o hitler à frente e o matasse deliberadamente, sobre o pretexto de estar a fazer um bem a mim e/ou a sociedade, estava errado! Um bem nunca vem da morte causada a ninguem, pelo menos deliberada e intencional. Se o fizesse, seria tal e qual um terrorista fundamentalista islamico que mata supostamente por um bem maior e por Deus, coisa que tanto criticamos.
Filipe: eu pedi desculpa pelo primeiro comentário, espero que tenhas visto-Sobre rescrecevr a Biblia e o dialogo de Jesus a Pedro e etc. Perdi um pouco a cebeça,e obviamente estava a ser sarcastico e não verdadeiro. depois queria pedirte tambem desculpa pela redundancia que tanta "fricção" te causou e que usaste como forma de humilhação. mas pronto. foi a mim e ainda bem, bem o mereço. mas não sejas assim com as pessoas, não as ofendas por causa da maneira como falam ou escrevem.
em relação à questão que fizeste, Deus ama esse homem tanto quanto a mim, e sim, se isso acontece è porque Deus permite(e permitir não significa que queira). por ultimo, a minha resposta é, e é obviamente totalmente subjectiva e só minha, e não um dogma ou regra ou seja o que for: se fosse eu que estivesse no lugar do policia não matava o homem. Isto sou eu e não critico nem julgo quem o fizesse. pediste uma resposta e esta é a minha. O meu lema de vida é: antes morrer que matar qualquer irmão. mais uma vez não é um dogma nem uma imposição. só para acabar, usaste de proposito um caso extremo, rarissimo (daqueles que os defensores do aborto adoram trazer á baila para a discussão) de uma decisão onde se joga toda a liberdade da pessoa, num segundo, e que portanto, seja qual for a escolha, ninguem o pode criticar ou condenar. Portanto eu não o faço, fosse qual fosse o que tu farias ou o hugo ou alguem.
Este comentario do aborto, embora parecendo muito forte, não o é. Deus me livre de te associar a tal causa nem isso me passa um segundo pelo coração. É só para explicar que tantas vezes, as coisas, as argumentações e formas de argumentar que tantas vez criticamos nuns assuntos, usamo-las noutros, quando nos dá jeito. Porque para eles também é só uma questão de dar jeito e de deixar o interlocutor sem resposta. è só isso e nada mais. e peço desde já perdão por o ter mencionado e por eventualmente poderes ficar algo ofendido com a comparação. Não é uma comparação com a tua pessoa, mas apenas com o tipo de argumentação.
Francisco,
ResponderEliminarOntem comunicámos um pouco por SMS e hoje vim ao blog preparado para tudo. Agora, sinceramente, eu teria que ser muito bronco/mal intencionado para ficar ofendido com qualquer coisa que aqui escreveste. Era mais o que faltava!
Apercebi-me, mal coloquei o primeiro comentário que ele estava um bocado forte. Quando percebi que eras tu tentei emendar isso um pouco, mas obviamente isso não desculpa o primeiro facto. Eu tenho um bocado essa mania, de deitar abaixo, sei que muitas vezes sou demasiado agressivo e cáustico.
Por isso, em relação a tudo isso, às partes em que, de facto a minha intenção era humilhar mais que elevar, aqui estou eu a dar a mão à palmatória:
http://i19.photobucket.com/albums/b153/FilipeYTOL/Palmatria.jpg
Agora, e de uma forma mais académica, como estes assuntos devem ser discutidos:
1 - Gerou-se aqui uma confusão que convém ser esclarecida: Legítima Defesa e Tiranicídio são duas coisas completamente diferentes.
Em relação à LD, nada a dizer, tens toda a razão na tua análise e por isso mesmo é que não se pode ver o tiranicídio nos mesmos moldes.
2 - Não se aplica aqui a argumentação do martírio, ou o conceito de dar a própria vida, nem se põe em causa esse valor. O que está em discussão é a hipótese de salvar a vida a outros. Em relação a esses parece-me claro que não podemos ser nós a tomar a decisão de eles darem a vida ou não.
3 - Tenho alguns problemas com essa ideia de "Se está a acontecer é porque Deus quer/permite" em primeiro lugar isso é determinismo, a ideia de que Deus ordena e gere tudo como um operador de marionetas. Em segundo lugar é argumentação circular. Posso usar o mesmo argumento para dizer que, se eu der um tiro no Hitler é porque Deus quis, porque se Ele não quisesse eu não conseguiria dar o tiro. Foi, aliás um dos argumentos que os próprios Nazis usaram para justificar o facto do atentado sobre a vida do Hitler ter falhado, que Deus o tinha protegido...
Deus cria os homens livres, livres de fazer o bem, de fazer o mal e também livres de tentar impedir esse mal que os outros querem fazer e que afecta todos.
4 - é claro que eu te dei um exemplo extremo, mas afinal de contas estamos a falar de tiranicídio, não é propriamente um caso comum com que nos deparamos no dia a dia. Aliás o exemplo do terrorista a abater pelo polícia é bastante mais frequente que o tiranicídio.
Pelo que o comentário do aborto (que não me ofende minimamente) não fará, julgo eu, muito sentido.
5 - E aqui chegamos ao cerne da questão: Respeito essa convicção com que falas, e com que dizes que não dispararias sobre o homem. Admiro a coerência. Agora, isto levanta outra questão importante e sobre a qual julgo estarmos à vontade para falar, porque não é muito provavel que qualquer um de nós se encontre nessa situação.
Até que ponto tu, ou eu ou qualquer outro, não terá a OBRIGAÇÃO MORAL de agir naquela situação, para salvar vidas inocentes. Ou seja, até que ponto não será uma falha grave essa atitude aparentemente generosa e honesta de recusar puxar o gatilho e tirar a vida ao terrorista no recreio?
Não sei se é... mas vale a pena pensar nisso.
Finalmente, Francisco, peço-te que não deixes de vir ao blog por causa das coisas que eu escrevi antes. A tua participação neste espaço (que é mais teu que meu) só peca por escassa. Sei que és sensível a alguma da rivalidade que por vezes surge, entre Santiagrinos e Senzas, mas espero que compreendas que é tudo entre amigos e na brincadeira. Por exemplo, eu fartei-me de dizer que ia dar dois estalos na Inês se ela voltasse de trancinhas de Cabo Verde, mas era só garganta... só dei um!
A sério, fica por cá porque é bom discutir estes assuntos com quem as sente de forma apaixonada mas argumenta com a razão.
Abraço,
Filipe
Vejo com alegria o que foi escrito aqui no desenrolar desta discussão! Eu também era para comentar, a dizer mais ou menos o que o Filipe disse (claro que com menos arte e sabedoria) mas tava com medo de gerar aqui um ambiente um bocado mau...não proprimanete agressivo, porque sei que somos todos civilizados, mas penso sempre no "exemplo" que temos de dar, porque, afinal, vem muita gente das equipas e não só ver o que se passa aqui!
ResponderEliminarTenho sempre aquele medo de criar "separações" na nossa já tão atacada Igreja, tudo o que não precisa é mais lutas interiores.
Daí ter ficado contente com o que vi, porque acho que mesmo com pontos de vista diferentes consegue-se discutir não para deitar abaixo o outro, muito menos a nossa Mãe Igreja, mas para crescermos em conjunto em Cristo.
É mesmo bom para isso sermos todos tão diferentes mas iguais no caminho para a santidade que tentamos fazer. Igreja Católica, universal, é mesmo isso.
Por causa destas discussões, que por vezes aparentemente opõem sempre a Igreja e Jesus, ou ainda quando me dizem que alguns rituais que a Igreja propõem não têem valor porque só interessa o Amor de Jeus, lembrei-me do Evangelho de hoje:
"(...)
Mas ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as plantas e descurais a justiça e o amor de Deus! Estas eram as coisas que devíeis praticar, sem omitir aquelas." Lc 11, 42
Os rituais por si não interessam, mas verdadeiro Amor de Jesus implica verdadeiramente o querer cumprir os rituais e amar a Igreja que os propõe. Está no Evangelho, foi Jesus que disse, temos de praticar umas e outras.
Espero ver-vos hoje em Fátima!
Beijinhos e abraços