sábado, 4 de março de 2006

Moralismo é deformação perigosa da religião

O arcebispo de Mendoza, Dom José Maria Arancibia, declarou que «uma das deformações mais perigosas da religião é o moralismo», porque reduz a fé a «portar-se bem» e a «cumprir» determinadas normas. «Fica tudo muito correcto e formal», explicou.

«Costuma ter também um aliado implacável: o sentimento de culpa. Deve-se portar bem, e tem de fazê-lo, para não se sentir mal. Agreguemos também que existem moralismos com culpa de vários tipos: de direita e de esquerda, horizontais e verticais», precisou.
O prelado argentino insistiu em que «o moralismo deforma a religião porque seca a sua verdadeira fonte: a experiência de estar face a face com o Deus vivo. Substitui o crer pelo fazer, ao dizer de Bento XVI». Após recordar que o Papa sublinha que «não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa (Jesus, o Cristo, Filho de Deus vivo), que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva», considerou que a Quaresma pode ser «um convite a ir mais além do mero cumprimento formal de normas e preceitos.
Por outras palavras: a possibilidade de voltar à própria fonte da fé». O arcebispo indicou que «a conversão é precisamente um dos valores centrais do tempo quaresmal», e apontou que esta significa «mudança de mentalidade, transformação interior. Não se trata de uma mera mudança de condutas. É algo muito mais profundo e decisivo».
«A Quaresma é uma oportunidade para purificar nosso olhar sobre a realidade humana», agregou, porque, segundo advertiu «o interesse, o egoísmo ou a busca desenfreada de poder, de bem-estar ou de si mesmo podem obscurecer a percepção correcta da verdade, especialmente a orientação fundamental da vida».

sexta-feira, 3 de março de 2006 (ZENIT.org-Aica).-

2 comentários:

  1. "não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa (Jesus, o Cristo, Filho de Deus vivo)" - gosto imenso desta descrição do encontro com Cristo, como origem da Fé.

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  2. eu também. Mas as declarações deste Bispo são mto boas e vem na senda do que o BXVI já afirmara. É bom para nós reflectirmos também, sem no entanto cairmos no polo oposto. A Fé é um encontro, é um conjunto de atitudes que me leva a concluir se tenho fé ou não. Talvez se possa dizer que é um encontro com a biografia de Deus.

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