Quem quer comunicar a experiência cristã precisa de conhecer a fé que deseja transmitir, e precisa de conhecer também as regras de jogo da comunicação pública. Há princípios a seguir. Sobre a mensagem que se quer difundir; sobre a pessoa que comunica; e sobre o modo de transmitir.
M e n s a g e m
PRIMEIRO: a mensagem deve ser positiva. Os públicos recebem informações muito variadas, e prestam atenção aos protestos e às críticas. Mas, acima de tudo, aderem a projectos, propostas e causas positivas.
SEGUNDO: a mensagem deve ser relevante, com significado para quem ouve, e não apenas para quem fala.
TERCEIRO: a mensagem deve ser clara. A comunicação não é principalmente o que o emissor diz, mas o que o destinatário ouve. Para comunicar é preciso evitar os argumentos complexos e as palavras obscuras.
P e s s o a
PRIMEIRO: o destinatário aceita a mensagem que vem de uma pessoa ou organização que mereça credibilidade. A credibilidade apoia-se na veracidade e na integridade moral. Por isso, a mentira e a suspeita anulam a comunicação.
SEGUNDO: empatia. A comunicação é uma relação entre pessoas, com pontos de vista, sentimentos e emoções. Falar de modo frio aumenta a distância. A empatia não é renunciar às convicções pessoais, mas imaginar-se na pele do outro.
TERCEIRO: cortesia. Se não respeitarmos as formas, corremos o risco de que a proposta cristã seja vista como mais uma das posições radicais que andam por aí. A clareza não é incompatível com a amabilidade. Com amabilidade é possível conversar; sem amabilidade o fracasso fica garantido.
M o d o d e c o m u n i c a r
PRIMEIRO: profissionalismo. Cada campo do saber tem a sua metodologia; cada actividade, as suas regras; e cada profissão, a sua lógica. Isto aplica-se às acções de comunicação.
SEGUNDO: transversalidade. O profissionalismo é imprescindível quando um debate afecta as convicções religiosas. A transversalidade é imprescindível quando um debate afecta as convicções políticas.
TERCEIRO: gradualidade. As tendências sociais nascem, crescem, desenvolvem-se, alteram-se e morrem. Em consequência, a comunicação de ideias tem muito a ver com a "agricultura": semear, regar, podar, limpar, esperar, antes de colher.
O fenómeno da secularização consolidou-se ao longo dos últimos séculos. Processos de longa gestação não se resolvem em anos, meses ou semanas. O Cardeal Ratzinger dizia que a nossa visão do mundo costuma seguir um paradigma "masculino", onde o importante é a acção, a eficácia, a programação e a rapidez. E concluía que convém dar mais espaço a um paradigma "feminino", porque a mulher sabe que tudo o que tem a ver com a vida requer espera, paciência.
A estes 9 princípios junta-se um outro, que afecta a todos eles. O princípio da caridade. A caridade é o conteúdo, o método e o estilo da comunicação da fé. A caridade dá credibilidade, empatia, e amabilidade às pessoas que comunicam. E é a força que permite agir de forma paciente, integradora e aberta. Porque o mundo em que vivemos é também com excessiva frequência um mundo duro e frio, onde muitas pessoas se sentem excluídas e maltratadas, e sonham por um pouco de luz e calor. Neste mundo, o grande argumento dos católicos é a caridade.
Apoiado! É pena que estas técnicas de comunicação "não assistam" a tantos!! Muito bem apanhado João!
ResponderEliminarAgora já toda a gente leu isto, por isso tudo vai mudar. Obrigado, um abraço
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