Começo por mim…no meu caso, que sou sacerdote da Companhia de Jesus, basta seguir o que S.Inácio determinou na Fórmula do Instituto:
«No que se refere […] ao vestuário […] sigam o uso comum e aprovado dos sacerdotes honestos».
(Santo Inácio de Loyola, Fórmula do Instituto)
(Santo Inácio de Loyola, Fórmula do Instituto)
Embora
a batina tradicionalmente usada pelos jesuítas seja ligeiramente
diferente da batina hoje em uso pelo clero secular, a origem,
significado e função é a mesma. Sublinho que S.Inácio fala do uso comum e aprovado.
Ora, para saber qual é o uso comum e aprovado vai-se ao Direito Canónico, a outros documentos da Santa Sé, e aos documentos promulgados e pelas Conferências Episcopais. É muito claro. Basta ler e obedecer com alegria e muito proveito para o povo de Deus e para o próprio sacerdote.
Código de Direito Canónico
(Decreto
da Conferência Episcopal Portuguesa de 18 de Dezembro de 1984)
Cân.
284 – Os clérigos usem trajo eclesiástico conveniente, segundo as
normas estabelecidas pela Conferência episcopal, e segundo os legítimos
costumes dos lugares.
Conferência Episcopal Portuguesa
Em conformidade com o cân.284, a Conferência Episcopal Portuguesa determina:
1. Usem os sacerdotes um trajo digno e simples de acordo com a sua missão.
2. Esse trajo deve identifica-los sempre como sacerdotes, permanecendo disponíveis para o serviço do povo de Deus.
3. Esta identificação far-se-á, normalmente, pelo uso:
a) da batina;
b) ou do fato preto ou de cor discreta com cabeção.
Congregação para o clero, Directório para o ministério e a vida dos presbíteros
(Sua Santidade o Papa João Paulo II, dia 31 de Janeiro de 1994 aprovou o presente Directório e autorizou a sua publicação)
66. Obrigação do hábito eclesiástico
Numa
sociedade secularizada e de tendência materialista, onde também os
sinais externos das realidades sagradas e sobrenaturais tendem a
desaparecer, sente-se particularmente a necessidade de que o presbítero —
homem de Deus, dispensador dos seus mistérios — seja reconhecível pela
comunidade, também pelo hábito que traz, como sinal inequívoco da sua
dedicação e da sua identidade de detentor dum ministério público. O
presbítero deve ser reconhecido antes de tudo pelo seu comportamento,
mas também pelo vestir de maneira a ser imediatamente perceptível por
cada fiel, melhor ainda por cada homem, a sua identidade e pertença a
Deus e à Igreja.
Por este motivo, o clérigo deve trazer um hábito eclesiástico decoroso, segundo as normas emanadas pela Conferência Episcopal e segundo os legítimos costumes locais. Isto significa que tal hábito, quando não è o talar, deve ser diverso da maneira de vestir dos leigos e conforme à dignidade e à sacralidade do ministério. O feitio e a cor devem ser estabelecidos pela Conferência dos Bispos, sempre de harmonia com as disposições do direito universal.
Pela sua incoerência com o espírito de tal disciplina, as praxes contrárias não se podem considerar legítimas e devem ser removidas pela autoridade eclesiástica competente.
Salvas excepções completamente excepcionais, o não uso do hábito eclesiástico por parte do clérigo pode manifestar uma consciência débil da sua identidade de pastor inteiramente dedicado ao serviço da Igreja. (Fim de citação)
O não uso da batina ou do
cabeção é claramente um acto público de desobediência. Por isso, no
melhor uso da caridade cristã, e no exercício das obras de misericórdia
(corrigir os ignorantes), no caso dos padres desobedientes, os fiéis têm
o direito e dever de exigir que os seus padres andem vestidos e
identificados como a Igreja determina. Não existem padres camuflados ou
por conta própria: os padres entregaram toda a sua vida e todo o seu
tempo ao serviço da Igreja.
Para além disso, pode ser a possibilidade para um primeiro encontro… para uma primeira conversa com quem nem sequer é cristão.
Eu
tenho já imensas experiências que comprovam o valor de andar
identificado segundo as normas da Igreja: conversas inesperadas,
aproximação à Igreja de quem andava afastado, confissões nos lugares
mais improváveis, e até já tive quem me tivesse confessado ter iniciado
um caminho de discernimento vocacional para o sacerdócio, simplesmente
por me ter encontrado na rua vestido segundo as normas da Igreja, e de,
por isso, ter tido a oportunidade de falar com um padre, o que nunca
aconteceria se eu não andasse identificado…
Existem mil razões
para que os fiéis exijam que os seus sacerdotes andem identificados, mas
bastaria uma: a obediência. Isto é fundamental, é a chave. Não nos
esqueçamos que o que move à desobediência é a soberba ou orgulho, a via
larga que é na verdade a autoestrada do inferno.
Basta seguir as normas da Igreja com amor e fidelidade, para o bem do povo de Deus.
A obediência não é um peso que temos que carregar, é o dom mais precioso que Deus nos dá para acertarmos o caminho…http://www.santidade.net/folhetos/Habito_eclesiastico.pdf
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