Depois da minha Ordenação
Sacerdotal, em 1986, fui enviado para Coimbra com a finalidade de exercer o ministério,
principalmente, na nossa Igrejinha. Aí homiliei, sobretudo nas Missas
Dominicais, durante quatro anos. Um assunto que me perturbava, desde uns anos
antes, tinha a ver com o impressionante fascínio sedutor, senão mesmo hipnótico,
que as pregações dos políticos e os pronunciamentos de boa parte de membros da
Igreja, exercia sobre as almas.
Tudo aquilo estava nimbado de uma nova religiosidade: Os fautores da união eram novéis Moiséses, melhor, definitivos salvadores, que nos conduziam à nova terra prometida, ao paraíso neste mundo, o único existente. Daí escorria leite e mel, isto é, dinheiro a jorros, garantindo-nos uma abundancia tal que infundiria em todos uma felicidade perfeita.
A generalidade dos cidadãos, e não poucos prelados, indiferentes aos princípios inegociáveis, aos absolutos morais, aos valores essenciais e à sua justa jerarquia, votavam com a carteira, com o multibanco, em busca da riqueza sonhada, não obstante os insistentes avisos e exortações homiléticas de um resto, mínimo, que por ter a Graça de ver e escutar os sinais dos tempos se recusava, por virtude do Espírito Santo, a emudecer.
Era preciso ser cego e surdo, ou estar magnetizado, para não perceber a inversão perversa e enganadora da Fé verdadeira. O diabo, esse grande invertido, macaqueia, com sofisticado requinte, a obra de Deus, mas deixa sempre um fedor a enxofre, que deixa nauseados aqueles que não vivem na imundície.
Tudo aquilo estava nimbado de uma nova religiosidade: Os fautores da união eram novéis Moiséses, melhor, definitivos salvadores, que nos conduziam à nova terra prometida, ao paraíso neste mundo, o único existente. Daí escorria leite e mel, isto é, dinheiro a jorros, garantindo-nos uma abundancia tal que infundiria em todos uma felicidade perfeita.
A generalidade dos cidadãos, e não poucos prelados, indiferentes aos princípios inegociáveis, aos absolutos morais, aos valores essenciais e à sua justa jerarquia, votavam com a carteira, com o multibanco, em busca da riqueza sonhada, não obstante os insistentes avisos e exortações homiléticas de um resto, mínimo, que por ter a Graça de ver e escutar os sinais dos tempos se recusava, por virtude do Espírito Santo, a emudecer.
Era preciso ser cego e surdo, ou estar magnetizado, para não perceber a inversão perversa e enganadora da Fé verdadeira. O diabo, esse grande invertido, macaqueia, com sofisticado requinte, a obra de Deus, mas deixa sempre um fedor a enxofre, que deixa nauseados aqueles que não vivem na imundície.
A cobiça, essa deusa de beleza
luciferina, subtilmente enganadora, dominava soberana e implacável. Para
alcançar e gozar do “tudo isto te darei” (Mt
4, 9) era imprescindível dar provas iniciais da maturidade de uma
democracia relativista e, portanto, meramente formal, instituindo o divórcio,
impregnando a mentalidade contraceptiva, aprovando, como brecha primeira, a
legalização do aborto provocado. Deste modo, uma substancial tirania se
implantou e consolidou em nome, precisamente, da sobredita democracia. Tudo
isso foi feito sem sobressaltos de maior.
Transformados efusivamente em orgiásticos
adoradores do deus Mamom
(dinheiro) entregámo-nos ebrifestivamente a uma vertiginosa avidez insaciável
com o consequente fúnebre cortejo de crueldades que sempre o acompanham: deseducação
sexual nas escolas, liberalização do aborto, reprodução artificial, experimentação
letal em pessoas no seu estado embrionário, asfixia da liberdade religiosa,
pseudocasamento entre pessoas do mesmo sexo, com concomitante adopção pela
figura do apadrinhamento, divórcio expresso sem culpa. Mamom sempre foi
desapiedado, desconhecendo em absoluto a Misericórdia.
Inclementes e desalmados para com
os inocentes e os mais vulneráveis, imploramos agora socorro, compaixão e beneficência
para com as nossas aflições monetárias… A verdade é que se não nos convertermos
pereceremos todos igualmente (cf
Lc 13, 1-3);
e, pior ainda, seremos julgados sem misericórdia (cf Tg 2, 13).
Mas a misericórdia triunfa sobre o juízo! Enquanto não chega a morte corporal,
que tantas vezes é súbita e imprevista, estamos sempre - e este sempre
significa agora, já que logo pode ser tarde -, a tempo, assim Deus conceda a
Sua Graça, que a ninguém a recusa, de nos arrependermos e a Ele, Infinitamente
Misericordioso, nos convertermos (Mt 25, 31-46).
NOTA BENE:
Este texto não cuida de análises políticas (no significado ordinário que é dado
a este vocábulo) nem económico-financeiras, matérias que não são da minha
competência. Reflexiono, tão só, naquilo que diz respeito ao meu ministério.
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