domingo, 26 de maio de 2013

Hoje em dia toda a gente se salva?

Uma vez fui a uma conferência com um senhor chamado Ralph Martin, que foi um dos peritos no Sínodo dos bispos, em Outubro de 2012, e escreveu há pouco tempo um livro sobre os 50 anos do Concílio Vaticano II.

Ele contou que a seguir ao Vaticano II as missões católicas praticamente deixaram de existir, porque o “espírito” da época era que afinal todos se salvam, por isso as missões foram abandonadas. Algumas que subsistiram, ficaram confusas em relação à sua identidade, então dedicaram-se ao que parecia necessário: justiça social, ecologia e emancipação das mulheres. Já ninguém achava necessário apregoar Cristo como o Salvador.

Ele falou num exemplo dado por um bispo indiano, que está no Sínodo. Este senhor bispo tinha um motorista, que não era cristão. Acho que em certas partes da Índia não é de bom tom andar a “converter” gente. Seja como for o bispo nunca falou sobre esses assuntos com o motorista. Passado um tempo, o motorista foi-se embora e arranjou outro emprego. Depois foi ter com o bispo e perguntou: “Porque é que nunca me falou de Jesus? Os evangélicos falaram-me de Jesus, e agora sou cristão, mas “você” nunca me falou d’Ele.”

E disse também que hoje em dia achamos que as portas do Céu são largas, e as do inferno estreitas. E perguntou o que é que está errado nesta visão? (resposta: é o contrário do evangelho).

Falou do ponto 16 da Lumen Gentium, que fala da possibilidade da salvação para alguém que (sem culpa, tentando procurar Deus, e vivendo rectamente) nunca ouviu falar do evangelho. Esta é a primeira parte desse ponto, que toda a gente invoca para dizer que todos se salvam, por isso não é preciso evangelizar. Mas disse que as pessoas se esquecem do resto desse ponto, que diz que quando se vive sem Cristo não se vive num ambiente neutro, é-se muito mais frágil e sujeito a cair sob o domínio do Maligno, a pôr a esperança toda numa pessoa e não em Deus, etc...

Por isso ele diz que é urgente evangelizar, é urgente dizer às pessoas que se continuarem naquele caminho podem não se salvar, o que pode ser muito desagradável. Daí a urgência da evangelização, por parte de todos os católicos.

Nas perguntas ao orador, um seminarista inglês disse que uma vez ia num taxi (em Londres), e perguntou ao taxista se era católico, e este respondeu que sim, e depois perguntou se ia à Missa, e ele disse que não. E o seminas perguntou: então está a preparar-se para ir para o inferno. O taxista perguntou: “O quê?? Claro que não”. O seminarista disse: “Então, recebeu todos os ensinamentos, a revelação, e por vontade própria nega o mais precioso que Deus tem para si, por isso só pode ir para o inferno, é melhor preparar-se.” E o taxista: “Já levei muitos padres e religiosos no meu taxi, nunca nenhum me perguntou se ia à Missa.”


João Silveira

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