Certamente ainda se vai escrever muito sobre a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. As alocuções do Santo Padre, seus gestos, etc... Peço licença para falar dum ponto que muito vem me impressionando: a Missa do Papa. Participando da Jornada, pude constatar com meus olhos o que eu já
vinha observando desde o dia seguinte à eleição do Papa Francisco: como
ele celebra.
Quando ele está no papamóvel, ou nos diversos encontros com o povo, ele acena, brinca, gesticula, sorri, abraça, etc. Mas quando ele vai celebrar a Santa Missa, a impressão é que é outra pessoa. Olhos baixos ou fechados, recolhimento, tom de voz mais grave, orações pausadas, etc...
Creio que é mais um gesto de Francisco que precisamos imitar. Devemos saber distinguir os diversos momentos e o que convém a cada um.
Ao meu ver, houve até momentos na Jornada (no Glória da Missa de envio, por exemplo), em que faltou “sintonia”, digamos assim, entre o modo de celebrar, entre a atitude do Papa e o modo de cantar de alguns componentes do coral. Os olhos baixos e recolhidos do Papa, sua atitude de oração não combinavam com alguns do coral que batiam palmas, ou balançavam as mãos ou sorriam para as câmeras. Isso, a meu ver...
Há uma oração que parece ter um valor especial para o Papa, pois ele a reza de um modo diferente, mais pausado ainda: é a oração antes da paz: “Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos Apóstolos...” Na forma extraordinária do Rito Romano, esta oração é a primeira das três que antecedem a comunhão e a rubrica determina que o celebrante deve rezá-la, bem como as outras duas, olhando para a hóstia consagrada. Pois, é assim que o Santo Padre a reza, chegando a interrompê-la um pouquinho para contemplar o Senhor Sacramentado.
Um último ponto, é como o Papa termina sua Missa sempre voltando-se para nossa Senhora. Sempre que há uma imagem da Virgem Maria no altar, ele se dirige até ela, oscula, põe a mão e faz o sinal da Cruz.
Que possamos imitar os muitos gestos de Francisco, de modo especial seu “modus celebrandi”, seu modo de celebrar. No que depende de cada um de nós, procuremos superar as faltas de sintonia entre celebrante, coral e povo. Que no altar, no coral e na assembleia, todos realmente estejam “una voce”, ou seja a uma só voz, com os mesmos sentimentos e as mesmas atitudes.
Pe. Gaspar Pelegrini
Texto interessante...Porém, no modo de celebrar de Francisco algo que não compreendo é porque é que não genuflecte no momento da Consagração, durante a celebração da Santa Missa. Diante de Jesus, todo o joelho se dobra!
ResponderEliminarTânia
Quanto ao facto de o Santo padre não genuflectir, com facilidade pode notar-se que ele tem algumas dificuldade de locomoção, pelo que me parece que o facto de o Papa Francisco não genuflectir será sobretudo questões físicas.
ResponderEliminarQuanto ao artigo, parece-me bastante interessante. Mas talvez o alerta que é lançado, deve ter um alcance mais profundo, para não ficarmos em considerações simplistas e superficiais. A dificuldade de sintonia, não é apenas entre quem oficia a celebração e o coro ou as coreografias que acompanham algumas das músicas que por vezes se ouvem por aí. A falta de sintonia é muito mais profunda, e a clivagem entre a assembleia e o celebrante, ou talvez de uma forma melhor, entre a lex credendi e a lex orandi/modus celebrandi, é sintoma de algo mais profundo: as consequências da fé que professamos e acreditamos não são suficientemente compreendidas, quando há fé (!). A cisão é entre fé e vida, e a forma de oração incluo-a na vida, de modo que as liturgias sem-sabor que se vêem por aí, são muitas vezes fruto de uma fá superficial.
Não se pode dizer que nao genuflectir seja faça parte de "considerações simplistas e superficiais". E não consta que Francisco tenha dificuldades de locomoção...Bem pelo contrário!
ResponderEliminarTânia
Bom dia.
ResponderEliminarJá tinha constatado isso também ( a forma como celebra)e sinto-me sempre envolvida por uma paz e tranquilidade enorme. Sinto o Santo Padre cheio do Espírito Santo.
Cristina
Bom dia Tânia,
ResponderEliminarÉ óbvio, que até como testemunhámos na recente visita ao Brasil para a JMJ, o Papa move-se bastante. Mas se prestar alguma atenção aos movimentos do Santo Padre, nomeadamente quando ele tem de subir as escadas do avião, notará que os movimentos dele não são muito "normais", antes denota-se alguma dificuldade em mover a cintura. Não consigo dizer-lhe que tipo de problemas ele terá nesse campo, mas a esse respeito podíamos referir o Patriarca emérito de Lisboa, D. José Policarpo, que já com grande dificuldade fazia um pequeno gesto, mas de facto já não genuflectia, ainda que noutras ocasiões se movesse com bastante naturalidade. Seria normal que com a idade que o Papa tem, seja já muito difícil conseguir executar com dignidade (própria da liturgia) a genuflexão, devido a algumas resistências físicas.
Já agora, para terminar, quando referia «considerações simplistas e superficiais» não me estava de todo a referir à sua mensagem, nem de modo algum o pretendi fazer. Referia-me à análise simplista do próprio artigo publicado, na medida em que apenas coloca em contraste a forma de estar do Papa e a forma de estar da assembleia. A minha mensagem pretendeu conduzir a análise a um nível mais profundo, no contraste que há entre a fé professada e a liturgia/vida concreta, e é nesse ponto que acredito que há o hiato profundo.
Pelo que pude ouvir dele numa entrevista tem um problema no nervo ciático o que lhe causa dores horríveis e condiciona e limita os seus movimentos com inclinar-se ou permanecer sentado.
ResponderEliminarCase solved!
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