Desde que entrei para o seminário, era frequente ouvir
críticas aos conservadores. Estes eram uns tipos que andavam por aí vestidos de
cabeção (ou pior ainda, de batina), que afastavam o povo de Deus com as suas
exigências moralistas e imposições autoritárias, que se mantinham agarrados a
tradições que já não faziam sentido, como dar (ou receber) a Comunhão na boca,
ter adorações ao Santíssimo, confessar “a torto e a direito”, etc.. Eram
pessoas execráveis, que só faziam mal à Igreja, que não aceitavam o Concílio (e
o seus “espírito”), que não sabiam ler os sinais dos tempos, intolerantes,
ressabiados, azedos, etc.
Não era
esta a experiência que eu tinha feito até então. Conforme ia
conhecendo mais a fundo esta aversão dos que se diziam “conciliares”, mais ia
percebendo que a questão era (e é) totalmente ideológica. Como é meu
costume, lá me ia interrogando o porquê desta polémica, que não me fazia
sentido, mais ainda quando passei eu a ser incluído neste grupo repulsivo.
Tentei, ao
longo dos anos, mostrar o lado positivo do conservador, que, para mim é muito
diferente do “tradicionalista”, dizendo que o conservador é aquele que muda o
que tem de ser mudado, mantendo o que acha que deve ser mantido.
Quando o
Papa Bento XVI disse que a interpretação do Concílio Vaticano II deveria ser
feita na continuidade da história da Igreja, senti-me confirmado. Já agora,
lembro que o Papa Francisco repetiu e confirmou o que dissera o seu
predecessor.
Ao longo
destes vários anos tenho-me confrontado com a impossibilidade de conseguir dar
um valor positivo ao conceito de Conservador. Por isso, “se não podes
vencê-los, junta-te a eles”. Pego por
isso nas razões teológicas, pastorais, intelectuais e “conciliares” com que se
costuma definir os conservadores: são aqueles que são incapazes de ler os
sinais dos tempos e que, por isso, não evoluem.
Ao ver o
que se tem passado nos anos recentes da história da Igreja, iluminado pelo
magistério de todos (e friso o “todos”) os Papas “pós-conciliares”, uns com mais
clareza, outros, não tanto, só posso chegar a uma conclusão: eu é que não sou
conservador!
Deste modo,
considero como conservadores aqueles que ficaram estagnados nos anos 60! São
conservadores aqueles que ficaram presos a uma interpretação do Concílio datada
e incapazes de sair do seu preconceito. São conservadores aqueles que teimam em
não ler as notas de rodapé dos textos do Concílio Vaticano II que se referem
aos do Concílio de Trento. São conservadores aqueles que teimosamente opõem
Trento a Vaticano II.
Conservadores
são aqueles que, em tempos, tomaram o “chavão” da reforma protestante “Ecclesia semper reformanda” pretendendo,
com o Concílio e a sua interpretação peculiar, torná-lo católico, mas que só
não se aplica aos mesmos desde os anos 60/70. Graças a
Deus não sou conservador!
Dominus nos benedicat, et ab omni malo
defendat, et ad vitam perducat aeternam. Amen.
Um Padre
Todo o verdadeiro católico é conservador. O próprio termo é auto explicativo e evidente. Conservador é quem conserva. Quem conserva a palavra de Deus. A Verdade que não muda com os tempos. Que rejeita o relativismo e o espírito revolucionário.
ResponderEliminarSão 2000 anos de história que têm de ser levados em conta, caso contrário não é a Verdadeira Igreja instituída por Jesus Cristo, mas sim uma nova igreja instituída pelo homem. Daí a necessidade da interpretação do Concílio Vaticano II dever ser feita na continuidade da história da Igreja.
Eu sou conservador, não porque quero mas porque sou católico.
Vasco Conde
Contra o que o texto parece indiciar, é preciso deixar claro que o princípio «ecclesia sempre reformanda» é católico, anterior à Reforma Protestante. E é um princípio verdadeiro, contra o que estão certos autodenominados «conservadores», que são apenas tentativas de «formolizar» (meter em formol) o Espírito Santo. O grande problema de alguns conservadorismos (porque há muitos tipos) é um errado conceito de Tradição. A Tradição não é criogenização.
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