Nos últimos dias temos sido (menos do que devíamos e mal) informados sobre as perseguições atrozes aos cristãos e a outras minorias religiosas do Iraque.
Há muito tempo que este assunto me tem andado a fermentar cá dentro.
É muito fácil indignar-me com a injustiça e barbárie que está a acontecer lá longe. Mas, a mim (nós), em que, de facto, me (nos) afecta?
Estamos muito bem aqui a banhos, envolvidos em questiúnculas sobre o caso do BES, sobre o tempo que não propicia a praia, sobre o como aproveitar o tempo de recreio, sobre várias outras coisas, mais ou menos importantes, mais ou menos justas, entre as quais a guerra na Faixa de Gaza, em que cada um tem a sua opinião e o seu juízo.
Mas será que a perseguição dos cristãos no Iraque (e já agora, na China, no Egipto, no Sudão, em tantos outros lugares do globo) não desperta nada em nós, além da indignação?
Aqueles estão em risco de perder a vida por serem de Cristo. E nós?
Sentimo-nos provocados na nossa dormência? Damos graças a Deus por podermos viver em relativa paz e podermos ir à Igreja sem levarmos um tiro, ou de usar um crucifixo ao peito sem que nos agridam? Aproveitamos mais o nosso tempo para nos unirmos mais a Nosso Senhor? Estando de férias, aproveitamos o tempo livre que temos para poder ir à Missa, visitar o Santíssimo, rezar um pouco mais, fazer uma melhor leitura espiritual, visitar quem mais precisa de consolo?
A fé daqueles que são perseguidos provoca a minha?
Todos estamos indignados com o que se está a passar. Mas será que isso tem consequências práticas na nossa vida?
Àqueles, ser de Cristo pode custar-lhes a vida. E a nós? Sair mais cedo da praia para ir à Missa pode ser, no máximo, fonte de chacota dos amigos (que amigos?!?). Discutimos coisas inúteis sobre o assunto, que nada irão fazer para o resolver. E que tal convidar os que estão a discutir para rezar. Haverá medo de sermos chamados de fundamentalistas?
Queixamo-nos que o Ocidente vê o que se está a passar e fica calado. Mas, fazemos ouvir a nossa voz?
Como Padre, procuro não deixar passar uma oportunidade para espicaçar os que me ouvem, mas, mesmo assim, também eu talvez devesse fazer mais.
Mas mais do que tudo, não quero deixar passar esta “oportunidade” atroz sem me sentir provocado!
Dominus nos benedicat, et ab omni malo defendat, et ad vitam perducat aeternam. Amen.
Um Padre
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