segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Sínodo: Casal defende métodos naturais de planeamento familiar

Olivier e Xristilla Roussy: Responsáveis internacionais do “Amor e Verdade”, ramo apostólico da Comunidade Emanuel ao serviço da Família e da Vida.
Quinta-Feira, 9 de Outubro 2014, a pedido da Secretaria do Sínodo da Família, a intervenção de Olivier e Xristilla Roussy deu início à tarde de trabalho dos padres sinodais. Foi-lhes pedido um depoimento sobre a abertura à vida e a responsabilidade educativa. Um desafio, uma vez que a intervenção devia durar menos de 4 minutos!


Santo Padre, 


Queridos Padres sinodais,

Vamos festejar os nossos 20 anos de casamento e os 19 anos do mais velho dos nossos sete filhos. 

Eu cresci numa família cujos pais se divorciaram. Eu tenho um irmão. Olivier cresceu numa família numerosa.

Nós sempre tivemos o desejo de ter uma família grande. Os nossos primeiros filhos nasceram e a nossa família pouco a pouco foi tomando forma com vitalidade. A chegada dos nossos filhos descentrou-nos de nós próprios. Ajudou-nos a superar as nossas limitações humanas, o barulho, o cansaço, o desconforto. Não se conhecem todas essas dificuldades antes de as viver. Perguntamo-nos a nós próprios se seremos capazes de suportá-las quando elas surgem. Mas com o tempo e a oração, são sacrifícios que nos dão uma alegria profunda. 

Durante o noivado, escolhemos receber formação sobre a regulação natural da fertilidade. Após a chegada do terceiro filho, eu estava exausta. Nós já não eramos capazes de viver pacificamente na nossa intimidade. Decidimos então que eu tomaria uma pílula contraceptiva por alguns meses. Esta escolha pela contracepção, em vez de nos dar calma, teve o efeito oposto. Nós vivemos muito mal esse tempo. Eu estava muitas vezes de mau humor, o desejo deixou de existir e a alegria desapareceu. Nós tínhamos a impressão de termos deixado de ser nós mesmos. Deixamos de estar unidos. Percebemos que tínhamos fechado uma porta ao Senhor na nossa vida de casados​​. 

Então, decidimos retomar a regulação natural da fertilidade. Este é, aparentemente, um caminho mais difícil, que nos convida à abstinência durante os períodos férteis, momentos em que existe um desejo ainda mais forte de união. Muitas vezes, é difícil de aceitar e escolher este caminho. Mas nós vivemo-lo a dois. É uma aventura comum que nos leva a querer a felicidade do outro. Muito mais do que um método, este estilo de vida permite-nos, dia a dia, acolher-nos um ao outro, comunicar, conhecermo-nos, esperar um pelo outro, ter confiança, ser delicado. Nós escolhemos este caminho, não nos submetemos a ele e estamos profundamente felizes, apesar do esforço que implica. 

Nós experimentámos que estes métodos são fiáveis, mesmo que nos façam testemunhar que ao não conter o desejo uma criança nasceu nove meses depois. O acolhimento desta nova vida teria sido impossível com a contracepção. No entanto, esta nova criança é uma verdadeira alegria. 

Nós estamos muito contentes que Deus esteja no centro da nossa vida, incluindo a intimidade conjugal. Nós decidimos vivê-la debaixo do Seu olhar. 

Nós consagrámos a nossa família ao Sagrado Coração de Jesus, manso e humilde. Parecia-nos que Deus girava em torno da nossa vida, mas na verdade eramos nós que todos os dias aprendíamos a girar em torno Dele. Isto irradia a nossa vida de casados​​, fazendo-nos mais confiantes em relação ao futuro, mais livres e mais atentos aos outros. Nós sentimos que este estilo de vida influencia também a nossa responsabilidade educativa e reflete-se no ambiente familiar.

Na nossa missão como pais, nós queremos acima de tudo despertar os nossos filhos para a santidade. Como todos nós, eles enfrentam as muitas tentações do mundo e humildemente, tentamos fazê-los crescer na liberdade e na generosidade, a aprender a discernir, a decidir e a esforçar-se. Nós procuramos ajudá-los a construir o seu projecto de vida sob o olhar de Deus.

Todas as noites nós rezamos em família ao Coração de Jesus: "Coração de Jesus, nós temos confiança em Ti e te amamos." Embora às vezes haja um pouco de confusão, nós notamos que esta oração mergulha pouco a pouco a casa na ternura do Pai.

Nós sempre quisemos transmitir aos nossos filhos o amor da Igreja para que eles tenham confiança nela. Sacerdotes e leigos consagrados, da nossa comunidade ou de outras, visitam-nos e partilham connosco o tempo de férias, as refeições e a oração em família. 

A nossa alegria, na semana passada, foi ouvir a nossa pequena Théophane, com 4 anos, para quem estava a ser muito difícil deixar-nos partir por tanto tempo, dizer com um grande sorriso ao pai do seu colega de escola: "O meu pai e a minha mãe vão ver o meu Papa".

Talvez sejam ainda poucas as famílias que fizeram a descoberta da ternura de Cristo. Mas não nos preocupemos; as famílias cristãs podem testemunhar que o encontro do amor e da verdade pode mudar tudo. Continuemos a apoiar-nos mutuamente, sacerdotes e leigos, com coragem e caridade, propondo-nos caminhar em direção a Cristo, diariamente, cada um à sua velocidade, para testemunhar este encontro. Nós seremos uma inspiração e o mundo arderá no fogo do Espírito Santo!

Muito obrigado.

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