Para surpresa do mundo liberal, os católicos estão a levantar-se para ir às ruas defender a vida e a família tradicional
A capa do semanário francês ultra-liberal Le Nouvel Observateur tem, esta semana, a seguinte manchete: A Geração Reacionária. O nome é uma forma de simplificar – e, tratando-se de uma publicação liberal, pintar no mesmo nicho várias correntes diferentes, incluindo muitas que são radicais e detestáveis, no séc.XX – o movimento liderado por católicos, evangélicos e outros conservadores, que tomou as ruas de Paris – e está neste momento varre a nação da Revolução de 1789 e o terror anti-católico – lutando por valores tradicionais como a defesa da vida e da família.
Este grupo não é subsidiado por nenhum partido político, não se aplica em assuntos políticos de cunho subjectivistas, em que católicos poderiam prudentemente discordar, mas a uma específica defesa daqueles três temas que Bento XVI chamou de “não negociáveis”:
A tutela da vida em todas as suas fases, desde o primeiro momento da concepção até à morte natural; reconhecimento e promoção da estrutura natural da família, como união entre um homem e uma mulher baseada no matrimónio, e a sua defesa das tentativas de a tornar juridicamente equivalente a formas de união que, na realidade, a danificam e contribuem para a sua desestabilização, obscurecendo o seu caráter particular e o seu papel social insubstituível; tutela do direito dos pais de educar os próprios filhos.
Essa realidade faz ecoar no coração do homem aquela certeza que nenhuma ideologia pode cancelar: a lei natural, inscrita na alma por Deus. Diante de uma “cultura relativista e consumista”, em que se nega impunemente todo e qualquer valor moral, a ponto de confundir-se os fundamentos da humanidade, é mais do que justo que a defesa da vida – desde o primeiro momento da concepção até à morte natural, como lembrava Bento XVI – e de outros valores igualmente importantes, se torne “o grande campo comum de colaboração” entre católicos, evangélicos, judeus etc. Posto que cada um desses povos, unidos pelos laços da fé num único Deus, sofreu na pele a perseguição anti-humana no século passado, a união desses mesmos povos contra a destruição da família é um dever fundamental.
A luta dessa “geração conservadora” na França, por sua vez, deu-se num contexto de ataque aberto à vida e à família. Em resposta à lei do “casamento homossexual”, introduzida pelo governo socialista (chamada eufemisticamente “mariage pour tous” ou “casamento para todos”), uma aliança de católicos e outros conservadores formou o “Manif pour tous” – cujos protestos multitudinários em 2013 causaram imensa aflição e embaraço à classe política francesa. Muitos bispos também apoiaram o movimento, incluindo o Arcebispo de Lyon e Primaz das Gálias, Cardeal Barbarin. Embora o governo tenha aprovado a infame lei, a reacção popular foi suficiente para abalar a presidência do socialista François Hollande.
Como medidas ainda mais bizarras (incluindo a procriação assistida e a “barriga de aluguer” para “casais” homossexuais) estavam para ser introduzidas pelo Governo Francês, em 2014, numa enganosamente nomeada “Lei da Família”, centenas de milhares de franceses mais uma vez foram às ruas, a 2 de Fevereiro, em Paris e Lyon. Desta vez, a meio a uma onda de impopularidade, o governo cedeu; a maior vitória para a “Geração Reacionária”. A introdução de livros e programas da distorcida “ideologia de género” em escolas públicas está também sob uma barragem de criticas e boicotes por pais descontentes.
Conservadores e católicos tradicionais num dos países mais secularizados do mundo estão mostrando que uma minoria motivada pode obter grandes feitos a favor da família tradicional e da defesa da vida.
adaptado de Christo Nihil Praeponere
Pergunto-me se estas leis não terão origem na geração rasca francesa...
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