A tecnologia, fruto do progresso científico que o mundo ocidental colocou ao nosso dispor, dá-nos, não raras vezes, a sensação de que somos omnipotentes, invencíveis e dominadores de tudo. Projetamos a nossa vida e queremos a todo o custo que tudo se cumpra de acordo com as nossas previsões. E que os outros sigam a nossa norma – que tenham os mesmos gostos, que sejam do mesmo clube desportivo, que estejam ao nosso dispor quando deles precisamos.
Mas essa ilusão de omnipotência de que tanto gostamos tem diariamente vários sinais de que não passa de uma simples ilusão por cada um construída.
Um desses sinais é a necessidade de repouso diário. Não existe ninguém que não tenha que descansar, que dormir. Podemos, na força da vida, “fazer uma direta”, como gostam de dizer os estudantes em tempos de exames, passando uma noite sem dormir e continuar, dia adiante, no trabalho que temos pela frente. Mas logo depois o sono tem que ser minimamente compensado. Nessas horas em que dormimos ficamos vulneráveis, sem consciência, à mercê do mundo exterior.
A necessidade de repousar recorda-nos em cada dia que passa que não passamos de seres humanos, que não somos pequenos deuses.
E isso mesmo nos deveriam recordar também as férias – oua, pelo menos, aquele período do ano em que aligeiramos as nossas tarefas do quotidiano e procuramos fazer aquilo de que mais gostamos, sem horários rígidos para cumprir.
Muitas vezes, com as férias vem, ao contrário, o esquecimento de Deus. Com a desculpa de que não conhecemos os horários das Missas, salta a Eucaristia dominical; e esquecemos o tempo de oração; e esquecemos que somos cristãos, “discípulos missionários”.
Graças a Deus, Ele não vai de férias. Continua a querer-nos, a amar-nos, a procurar um momento de encontro connosco.
D. Nuno Brás in Voz da Verdade
Mesmo os que se acham pequenos deuses, até para isso precisam d'Ele.
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