Intervenção de D. Charles Chaput, Arcebispo de Filadélfia, no Sínodo da Família, Sábado passado:
Irmãos,
Irmãos,
O Santo Padre sabiamente encorajou-nos a ser fraternais e sinceros ao dizer o que pensamos durante este sínodo.
Tal como os nossos pensamentos dão forma à linguagem que usamos, também a linguagem que usamos forma o nosso pensamento e o conteúdo das nossas discussões. Uma linguagem imprecisa leva a um pensamento confuso que às vezes pode conduzir a resultados infelizes. Queria partilhar convosco dois exemplos que nos deviam preocupar um bocado, pelo menos onde se fala inglês.
O primeiro exemplo é a palavra inclusivo. Nós ouvimos muitas vezes que a Igreja devia ser inclusiva. E se por "inclusiva" queremos dizer uma Igreja que é paciente e humilde, misericordiosa e aberta - então aqui todos concordamos. Mas é muito difícil incluir aqueles que não querem ser incluídos, ou que insistem em ser incluídos nos seus próprios termos. Para dizer de outra forma: eu posso convidar pessoas para minha casa e posso tornar a minha casa tão calorosa e acolhedora quanto possível. Mas a pessoa fora de minha casa tem ainda que decidir entrar. Se eu reconstruir a minha casa de acordo com a personalidade do visitante ou do estranho, a minha família irá carregar o custo e a minha casa não irá mais ser a sua casa. A lição é simples. Temos que ser uma Igreja acolhedora que oferece refúgio a quem quer que esteja a procurar Deus honestamente. Mas temos que permanecer uma Igreja comprometida com a Palavra de Deus, fiel à sabedoria da tradição Cristã e a pregar a verdade de Jesus Cristo.
O segundo exemplo é a expressão unidade na diversidade. A Igreja é "católica" ou universal. Temos que honrar as muitas diferenças de personalidade e cultura que existem entre os fiéis. Mas vivemos num tempo de intensa mudança global, confussão e agitação. A nossa necessidade mais urgente é a unidade e o nosso maior perigo é a fragmentação. Irmãos, temos que ser muito cuidadosos ao delegar assuntos disciplinares e doutrinais importantes às conferências episcopais nacionais e regionais - especialmente quando a pressão nessa direcção é acompanhada por um espírito implícito de auto-afirmação e resistência.
Há quinhentos anos, num tempo muito parecido com o nosso, Erasmus de Roterdão escreveu que a unidade da Igreja é o atributo mais importante que Ela tem. Podemos discutir o que é que Erasmus pensava mesmo e o que é que ele queria dizer com o que escreveu. Mas não podemos discutir sobre as consequências de quando a necessidade de unidade na Igreja foi ignorada [1]. Nos próximos dias do nosso sínodo, temos que nos lembrar com actos da importância da nossa unidade, do que é que essa unidade requer e o que é que a desunidade implica substancialmente.
in Catholic News Agency
[1] Eramus de Roterdão foi um sacerdote e intelectual do século XVI que se opunha à "reforma" protestante de Martinho Lutero.
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