terça-feira, 31 de maio de 2016

A fidelidade dos casais - um sinal para o mundo

"Testemunhar o valor inestimável da indissolubilidade e da fidelidade matrimonial é uma das tarefas mais preciosas e mais urgentes dos casais cristãos do nosso tempo. (…)

Louvo e encorajo os numerosos casais que, embora encontrando não pequenas dificuldades, conservam e desenvolvem o dom da indissolubilidade: cumprem desta maneira, de um modo humilde e corajoso, o dever que lhes foi confiado de ser no mundo um “sinal” – pequeno e precioso sinal, submetido também às vezes à tentação, mas sempre renovado – da fidelidade infatigável com que Deus e Jesus Cristo amam todos os homens e cada homem.

Mas é também imperioso reconhecer o valor do testemunho daqueles cônjuges que, embora tendo sido abandonados pelo consorte, com a força da fé e da esperança cristãs, não contraíram uma nova união. Estes cônjuges dão também um autêntico testemunho de fidelidade, de que tanto necessita o mundo de hoje."

S. João Paulo II, Familiaris Consortio, 50.

domingo, 29 de maio de 2016

O Santíssimo Sacramento nas ruas de Roma

Santissima Trinità dei Pellegrini (Roma) - Corpus Christi 2016













sexta-feira, 27 de maio de 2016

As Mãos de Deus: Casamento, família e S. Josemaria

Lançamento amanhã (Sábado, 28 de Maio) às 17h00m
no Auditório da Feira do Livro de Lisboa

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Testemunho sobre as Hóstias roubadas em Pamplona

Em Agosto de 2015, em Pamplona, foram expostas Hóstias Consagradas ao público numa exposição.

As hóstias foram roubadas em paróquias de Espanha e, só isso, já surpreende. Como é possível as autoridades compactuarem com expor ao público algo que foi previamente roubado?

Mas o problema maior não é esse, Hóstias Consagradas são o próprio Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor, do próprio Deus. De todos os pecados que se pode cometer, este é certamente dos mais graves possíveis.

Felizmente os Católicos em Pamplona reagiram para desagravar este abuso, tanto na própria exposição, prestando a devida reverência (de joelhos) ao Corpo de Deus, mas também noutros contextos.

Deixamos aqui um testemunho de alguém que viveu todos estes momentos. O texto é partilhado por uma professora  do colégio La Vall, ligado ao Opus Dei, na Catalunha:

"Uma ex-aluna de La Vall, que estuda na Universidade de Navarra, escreve assim:
Ontem cheguei a casa a seguir ao Terço diante da sala exposições, onde estão as fotos das espécies consagradas postas no chão. Havia centenas de pessoas a rezar o Terço de joelhos. 
Hoje estive na Missa que o Bispo de Pamplona convocou para pedir perdão a Jesus pela profanação do Seu Corpo. Foi incrível. 
Havia mais de 100 sacerdotes a concelebrar a Missa. O Bispo falou de caridade e de misericórdia. Pediu aos jovens que sentem a chamada de Deus no seu coração, que abram as portas a Cristo e se entreguem a Ele, os rapazes ao sacerdócio e as raparigas no cuidado dos mais pobres e necessitados. 
Deu graças pela presença de tanta gente na Missa. Depois da homilia pediu que fizéssemos uns momentos de silêncio. Víamo-lo tão tão magoado. Fiquei impressionada porque as pessoas estavam magoadas de verdade, realmente doía-lhes que se tivesse feito isto a Jesus. E impressionou-me porque isso significa que muitíssimas pessoas dão muito valor à Eucaristia e amam-na. 
Fiquei louca. Não têm noção do ambiente que havia: de recolhimento, de oração, de arrependimento, de desculpa, de silêncio, de carinho. Todos super concentrados, cantando as músicas com o coração. A algumas pessoas saltavam lágrimas e outras não conseguiam acabar de cantar porque falhava-lhes a voz. Eu tinha pele de galinha.
Padres, freiras, meninos, universitários, monges, gente do Opus Deis, pais e mães de família...
O Bispo pediu que comungássemos com a boca para evitar que acontecessem coisas más como as que se passaram. Leu-se o Evangelho, penso, de S. Lucas: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue habita em Mim e Eu nele." Falou-se muito da Eucaristia. 
Ao terminar a Comunhão disse-se ao microfone que se tinham preparado 4000 particulas consagradas para que todos comungassem e mesmo assim houve pessoas que ficaram sem comungar. Houve pessoas que esperaram mais de 20 minutos na fila para comungar e mesmo assim não havia partículas para todos.
Estava à pinha. As pessoas ajoelhavam-se, embora não coubessem muito bem. Foi impressionante: a fé das pessoas e a dor que sentiam por se ter ofendido tão gravemente a Jesus. 
Ao terminar a Missa houve uma procissão de Jesus Sacramentado pela Catedral. E quando saíam os sacerdotes e o Bispo, todos começaram a aplaudir de tão bonito que tinha sido."
Inédito Senza Pagare


quarta-feira, 25 de maio de 2016

"Ninguém vai ao Pai senão por Mim."

"Eu sou o caminho, a verdade e a vida." Cristo parece dizer-nos: "Por onde queres passar? Eu sou o caminho. Onde queres chegar? Eu sou a verdade. Onde queres ficar? Eu sou a vida." Caminhemos pois em plena segurança por este caminho; e, fora do caminho, tenhamos cuidado com as armadilhas. Porque dentro do caminho o inimigo não ousa atacar - o caminho é Cristo -, mas fora do caminho monta os seus ardis. [...]

O nosso caminho é Cristo na sua humildade; Cristo verdade e vida é Cristo na sua grandeza, na sua divindade. Se seguires o caminho da humildade, chegarás ao Altíssimo; se, na tua fraqueza, não desprezares a humildade, permanecerás cheio de força no Altíssimo. Porque foi que Cristo tomou o caminho da humildade? Foi por causa da tua fraqueza, que era um obstáculo intransponível; foi para te libertar dela que tão grande médico veio a ti. Tu não podias ir até ele; por isso, veio Ele até ti. Veio ensinar-te a humildade, que é um caminho de regresso, porque era o orgulho que nos impedia de retornar à vida que o mesmo orgulho nos tinha feito perder. [...]

Assim, tornando-Se nosso caminho, Jesus grita-nos: "Entrai pela porta estreita!" (Mt 7,13). O homem esforça-se por entrar, mas o inchaço do orgulho impede-o de tal. Aceitemos o remédio da humildade, bebamos esse medicamento amargo, mas salutar. [...] O homem inchado de orgulho pergunta: "Como poderei entrar?" Cristo responde-lhe: "Eu sou o caminho, entra por Mim. Eu sou a porta (Jo 10,7), porque procuras noutro sítio?" Para que não te percas, Ele fez-Se tudo por ti e diz-te: "Sê humilde, sê manso" (Mt 11,29).   

Santo Agostinho in Sermão 142

O Santo que começou a contar os anos 'antes e depois de Cristo'

Quando S. Beda escreveu a Historia Ecclesiastica, havia duas maneiras frequentes de referir as datas. Uma era usar indicções, que eram ciclos de 15 anos, contados a partir de 312 d.C. (o ano em que Constantino se tornou imperador de Roma). Havia três tipos diferentes de indicções, cada um começando num dia diferente do ano. A outra maneira era usar anos de reinado - o reinado do imperador romano, por exemplo, ou do governante do reino em questão. Isto significa que ao discutir conflictos entre reinos, a data teria que ser dada em anos de reinado de todos os reis envolvidos. S. Beda usou ambas as maneiras, mas adoptou uma terceira como o seu método principal: o anno domini (AD) inventado por Dionísio Exíguo [NT: em português "depois de Cristo"] [1]. Apesar de S. Beda não ter inventado este método, o facto de o ter adopptado e de o ter recomendado em De Temporum Ratione, a sua obra sobre cronologia, é a razão principal pela qual é hoje muito usado [1,2].

[1] Colgrave, Bertram; Mynors, R. A. B. (1969). "Introduction". Bede's Ecclesiastical History of the English People. Oxford: Clarendon Press.
[2] Stenton, F. M. (1971). Anglo-Saxon England (Third ed.). Oxford: Oxford University Press.

adaptado de en.wikipedia.org

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Oração com o rabo?

Haverá dias em que a tua oração será com a cabeça... Com todos os projectos que tenhas na cabeça. Perguntá-los ao Senhor, contá-los, explicá-los...
Outros dias, a tua oração será com o coração... Todas as tuas inquietudes, as tuas duvidas, as tuas tristezas e alegrias, as tristezas e alegrias dos teus...
E noutros dias, a tua oração não será nem com a cabeça nem com o coração, mas farás a tua oração com o rabo. Sentas-te no banco e dizes o que queres e precisas... E já está!

Irmã Maria de Jesus Crucificado

90% dos bebés com Síndrome de Down são abortados

"Eu não sou perfeito, mas sou feliz. Sou feito por Deus, à Sua imagem, e sou abençoado. 
Faço parte das 10% de crianças com Síndrome de Down que sobrevivem ao aborto livre."

sábado, 21 de maio de 2016

Será que a Igreja tem que evoluir?

Tenho ouvido dizer que a Igreja tem de mudar se quer continuar a ter relevância para os homens e as mulheres do nosso tempo. Claro que o que isso quer dizer é que as pessoas querem um “vale tudo” ao nível da sexualidade. É a única coisa que lhes preocupa. O que é que lhes interessa que a Igreja mude ou não mude os seus ensinamentos, mesmo que o pudesse fazer? Não os seguem de qualquer maneira.

Mas talvez estejam a ser demasiado cautelosos. Porquê mudar a esposa quando se pode ir atrás do próprio Cristo? Porquê travestir a noiva com lingerie Astarte’s Secret, quando podemos simplesmente colocar novas palavras na boca do noivo, suscitar nele um novo interesse?

O Senhor diz que não vem para abolir a lei e os profetas, mas para os cumprir. Ele é o verdadeiro e único agente da evolução moral. Ele revela a verdade que estava escondida nas sombras, ou encrustada nos costumes locais ou tribais. Ele é o fogo que refina, transformando o minério em ouro. Os seus ensinamentos transformam o nosso pó em infinito.

A lei permite-nos, por causa da dureza dos nossos corações, amaldiçoar os nossos inimigos. Jesus diz: “Façam o bem a quem vos persegue, porque assim serão como o vosso Pai Celeste, que envia as chuvas sobre os justos e os injustos”.

A lei permite-nos, por causa da dureza dos nossos corações, orgulharmo-nos pelas esmolas que damos, como os mais banais dos pagãos. Jesus diz: “Não deixeis que a vossa mão esquerda saiba o que faz a mão direita”.

A lei permite-nos, por causa da dureza dos nossos corações, livrar-nos das nossas mulheres em certas situações: por serem chatas, queimarem a sopa, e por aí fora. Jesus diz, “Não separe o homem o que Deus uniu”.

Isto é desenvolvimento, evolução, consumação. É como a diferença entre a fragilidade de uma árvore muito nova e a solidez do tronco de um carvalho. É como a diferença entre o vocabulário hesitante de uma criança e a eloquência de Cícero. Mais: é como as fracas e esporádicas visões do bem que temos nesta vida, abrindo caminho para visões serenas do paraíso.

Contudo, nós não queremos este desenvolvimento, queremos cobri-lo, vezes sem conta. Não queremos ser transformados do nada ao infinito, queremos esconder-nos nos nossos casulos. Não queremos a casa do Pai, que tem muitas moradas, queremos a barraca do mundo, com calendários bolorentos na parede. Não queremos a Palavra, queremos a gaguez.

Queremos um Jesus que encaixe nisto tudo, um deus que possamos arrumar definitivamente na caverna e, por isso, decidi fazer uma tradução mais adequada das suas palavras:

“Ouvistes-me dizer, que o vosso ‘sim seja sim e o não seja não’. Para quê? Olhem os torrões de terra, como se desfazem. As vossas palavras não valem menos que eles? Contentem-se com talvez. Digam o que quiserem, para tornar os vossos dias confortáveis, porque são poucos, e passarão.”

“Ouvistes-me dizer, quem não pegar na sua cruz e seguir-me não é digno de mim. Mas para quê? A cruz de nada me valeu. Não tenho baptismo de fogo com que purificar a terra. Não se preocupem. Tentem não fazer sofrer os outros, mas ao mesmo tempo tentem não se expor demasiado ao sofrimento.”

“Bem-aventurados os que têm recursos financeiros, pois deles serão as boas escolas e os subúrbios.”
“Bem-aventurados os que se riem, pois não precisam de se preocupar.”
“Bem-aventurados os que acreditam neles mesmos, pois povoarão a terra.”
“Bem-aventurados os que zombam dos justos, pois serão menos que os hipócritas”.
“Bem-aventurados os indiferentes, pois serão deixados em paz.”
“Bem-aventurados os manhosos de coração, pois verão pornografia.”
“Bem-aventurados os que fazem cedências, pois ganharão eleições.”
“Bem-aventurados os que perseguem os justos, pois serão chamados filhos de Deus.”
“Bem-aventurados os que usam o meu nome para fazer como entenderem, para conquistar os aplausos dos homens enquanto oprimem os ignorantes e os fiéis, pois deles serão as boas escolas e os subúrbios.”

“Vós sois o sal da terra. O sal nunca perde o sabor, por isso não stressem.”
“Vós sois a luz do mundo. Se esconderem uma candeia debaixo do alqueire, que diferença é que faz? Não se preocupem com isso.”

“Ouvistes-me dizer, não separe o homem, e essas coisas todas. Esqueçam. Divorciem-se à vontade, mas tentem ser simpáticos e ajudem os vossos filhos a aguentar.”
“Ouvistes-me dizer que não é o que entra no homem que o torna impuro, mas o que sai do seu coração. Coisas como fornicação, adultério, decepção, cobiça, homicídio e por aí fora. Mas não nos apressemos. Um homem pode ser um fornicador e ainda assim ser um tipo porreiro. Um homem pode trair a sua mulher, roubar o negócio do seu sócio, apunhalar o vizinho, expor crianças a ordinarices, mentir sob juramento, mas isso não quer dizer que não seja um gajo porreiro.”

“Sejam porreiros, como o vosso deus imaginário é porreiro.”

“Quando rezardes, não sejais como os hipócritas, que vão à missa para celebrar como eu ordenei. Retiro o que disse. Eis como deveis rezar:
Nosso amigo que estais nos céus, dai-nos o que queremos e o que não queremos, arruma para o lado. Ámen."

"Pois o reino dos céus pode ser comparado a um homem que fez uma festa para o seu filho e obrigou toda a gente a juntar-se a ele, quer quisessem quer não. Agora desandem e deixem-me em paz.”

Anthony Esolen in Actualidade Reliigiosa

10 dicas para quando visitarem Roma

Acabei de passar as últimas três semanas em Roma, a ensinar seminaristas Católicos na Rome Experience e aqui ficam 10 dicas para aproveitar ao máximo a vossa visita a Roma:



1. Deviam visitar as 4 Basílilicas Maiores de Roma: S. Pedro (Vaticano), S. Paulo fora dos Muros, Sta. Maria Maior e S. João de Latrão. Estas são as quatro maiores igrejas em Roma e cada uma delas vai cortar-vos a respiração. As minhas preferidas são S. Pedro e Sta. Maria Maior.

2. A melhor parte de Roma são as igrejas mais escondidas. A Basílica de S. Pedro é incrível, mas às vezes dou por mim a gostar e a falar com Deus de uma forma especial em igrejas como Sta. Inês em Agonia na Piazza Navona ou na Missa de Domingo em Sta. Maria de Trastevere.

Santa Maria de Trastevere - fora dos percursos normais, mas digna de uma visita!

3. Se estiverem com saúde, vão a pé para todo o lado. Tentem não usar táxis ou o metro. Andar a pé numa cidade é a melhor maneira de a conhecer. Se não conseguirem andar, vão com alguém que conheça bem Roma.

4. Bus tour. Por falar em conhecer Roma, por mais piroso que pareça, sugiro andarem num daqueles autocarros turísticos de dois andares e dar uma volta à cidade, pelo menos uma vez. Vai dar-vos uma "vista" global da cidade.

5. Leiam um bom livro sobre a Roma Cristã antes de chegarem. Eu recomendo o meu livro The Eternal City: Rome and The Origins of Catholicism aos peregrinos Católicos que procuram informações sobre a história e a teologia de Roma.

6. Tomem as refeições nos restaurantes italianos com as melhores vistas. Vai ser mais caro na Piazza do Panteão ou na Piazza Navona? Claro! Mas vela a pena. Vejam as pessoas. Oiçam os músicos. Vejam os artistas. Uma noite eu estava a comer sozinho na Piazza Navona e dois casais britânicos, numa viagem de aniversário a Roma, convidaram-me para a sua mesa e até me ofereceram champagne. Tivemos uma óptima noite a falar sobre latim. Foi uma noite divertida e mágica que eu nunca vou esquecer - e nunca teria acontecido se eu fosse jantar numa loja barata de kebabs ao pé do Tibre.

7. A massa é óptima, mas não é tudo em Roma. A comida italiana não é só massa. Raramente como massa em Roma. Aproveito as minhas refeições para comer carne de porco curada, carne de vitela, queijo e vegetais. Se preferem as massas, algumas das melhores massas são as que têm um pouco de molho ou azeite por cima. A qualidade é melhor que a quantidade.

8. Todas as pessoas elogiam os gelados romanos. Mas depois de viver lá quase um mês, aprendi que há gelado... e depois há gelato real.


Assim como há vinho numa grande variedade de preços, assim também o gelado. Através dos sacerdotes que conheci, fui introduzido a sabores muito interessantes que nunca teria provado. Há uma quantidade de sabores de avelã que eu recomendo imenso. Pistachio, claro, mas tentem também o Baccio (chocolate com avelã - como Nutella!!!), Mandorla (amêndoa) e Castagna. E claro, misturem com o chocolate preto e sabores de frutos. Percebi que os gelados vendidos nos centros turísticos e nas roulotes são os piores da cidade.

9. Rezem nos lugares santos. Roma é um cidade cheia de mártires, relíquias, santos, tradição e glória. Mas é possível ficar distraído a ver tudo isso que nem se fala com Deus. Não se limitem a ficar especados para a Pietá de Miguel Ângelo e a tirar fotos para o Instagram. Não, ajoelhem-se diante dela e rezem. Não corram de igreja em igreja. Procurem o sacrário e falem com Jesus sobre a vossa peregrinação.

Capela Sistina nos Museus do Vaticano, em Roma. Deixem esse iPhone no bolso. Estejam sossegados e rezem.

10. Vivam o momento e sintam Roma. Deixo aqui alguns exemplos da minha experiência: observem um gato italiano a enrolar-se por baixo de uma estátua antiga. Sorriam para um casal de noivos a abraçar-se perto de uma fonte. Sentem-se numa igreja romana antiga e vejam o casamento de duas pessoas que nunca conheceram. Conheçam seminaristas ao acaso na rua e convidem-nos para almoçar. Dêem o abraço da paz em italiano numa missa local.

Podia dizer muito mais, mas aqui ficam as 10 maiores dicas, com a 1, 2, 9 e 10 como as mais importantes.

Taylor Marshall

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Beata Szydło foi recebida pelo Papa Francisco

A primeira-ministra da Polónia, Beata Szydło, foi recebida pelo Papa Francisco durante a sua visita oficial ao Vaticano. Foram tratados vários temas, entre os quais os 1500 anos do baptismo da Polónia e as Jornadas Mundiais da Juventude, que decorrerão este ano em Cracóvia de 25 a 31 de Julho. 

Beata Szydło é conhecida pelas suas políticas pró-vida. Uma das medidas tomadas pelo seu governo foi a atribuição de um subsídio de 500 zlots (cerca de 100€) por cada filho que um casal tenha, depois do primeiro.

Neste momento existe um forte movimento para proibir o aborto em todos os casos, excepto se a Mãe correr risco de vida. Este movimento de cidadãos ganhou força com a notícia de um bebé que sobreviveu a duas tentativas de aborto e depois foi deixado para morrer no hospital, sem qualquer apoio médico, enquanto gritava.

Rezemos pelo fim do aborto na Polónia e no mundo inteiro.  

adaptado de churchmilitant.com

15 mil católicos em peregrinação de Paris a Chartres

A tradicional peregrinação de Pentecostes, entre Paris e Chartres, contou com mais de 15 mil peregrinos. Vemos aqui a chegada à Catedral de 'Notre Dame de Chartres'. A procissão inclui o anel de S. Joana d'Arc (em cima da almofada azul, no início). Que essa santa guerreira interceda pela França Católica. 

 Vídeo: Remnant

sábado, 14 de maio de 2016

Consagração de Portugal ao Imaculado Coração de Maria

Bem-Aventurada Virgem Maria,
Senhora do Rosário de Fátima,
na vossa imagem visitastes cada uma das dioceses de Portugal,
chamando-nos à oração, à conversão e à confiança,
e permitindo-nos contemplar em vós a presença amorosa
de Deus que vem ao nosso encontro.

Mãe de misericórdia,
Senhora do Rosário de Fátima
na vossa vida vemos a contínua presença da misericórdia feita carne,
Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Aqui, em Fátima, destes a conhecer o vosso Imaculado Coração,
ícone da misericórdia divina, 
e lugar íntimo onde guardáveis e conserváveis 
todos os mistérios da vida de Jesus: 
dorido com a dor dos filhos 
ele vem em auxílio daqueles que correm o perigo de cair no abismo;
revestido da luz de Cristo, 
ele é refúgio nas dificuldades e caminho capaz de nos conduzir até Deus.
Animados pela vossa promessa,
queremos hoje renovar,
diante da vossa imagem,
a consagração das nossas dioceses ao vosso Coração Imaculado,
tal como o fizeram, pela primeira vez há 85 anos, neste mesmo dia,
os bispos portugueses.

“À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus”,
e vos consagramos as nossas dioceses e o nosso país,
que ao longo dos séculos tem sentido a vossa presença protetora.

Mãe de bondade, 
Senhora do Rosário de Fátima,
fazei que as nossas comunidades aprendam
do vosso Imaculado Coração
a escutar e a conservar a Palavra divina;
fazei que as nossas comunidades dele aprendam
as verdades eternas e a arte de orar, crer e amar;
fazei que as nossas comunidades saibam dar testemunho
da fé e da esperança que as anima,
e se comprometam com a transformação do mundo
que habitam e que são chamadas a cuidar.

Protegei com a vossa solicitude maternal
a entrega de vida dos bispos, presbíteros, diáconos
e consagrados das nossas dioceses,
para que se possa realizar em cada um a vontade do Pai 
e possam ser, no Espírito Santo, um louvor da Sua glória,
e um testemunho da Sua misericórdia.

Guardai com a vossa proteção as famílias,
sede para elas caminho para Deus,
ânimo nas provações e auxílio nas dificuldades.

Intercedei junto do vosso Filho
para que derrame a luz e a sabedoria do Espírito Santo
sobre os que governam o nosso país,
para que promovam a dignidade humana,
edifiquem uma sociedade justa e solidária,
construam a paz e protejam a vida.

Acompanhai com a doçura do vosso olhar materno
os mais frágeis da nossa sociedade:
as crianças, adolescentes e jovens;
os idosos, os doentes e todos os que estão dependentes;
os pobres e excluídos;
as vítimas de todas as formas de violência.
A todos acolhei, guardai, consolai e abençoai.

Mãe da Igreja, 
Senhora do Rosário de Fátima, 
aceitai a nossa consagração
para sermos cada vez mais fieis à condição de filhos de Deus:
vivificai a nossa fé;
amparai a nossa esperança;
animai a nossa caridade;
dai força a todo o desejo de bem;
e guiai-nos no caminho da santidade. 

Bem-Aventurada Virgem Maria, 
Senhora do Rosário de Fátima,
Mãe de misericórdia, Mãe de bondade e Mãe da Igreja, 
Senhora do Coração Imaculado,
renovai a nossa disponibilidade para acolher os apelos
da Mensagem de Cristo que há quase 100 anos aqui proclamastes. 

Amen!

+ Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca (Fátima, 13 de Maio de 2016)

in patriarcado-lisboa.pt

Barrigas de Aluguer: o testemunho de uma Mãe

Assim como chove lá fora, hoje também chove no meu coração.

No mesmo dia em que o Parlamento aprovou as "barrigas de aluguer" em Portugal. Ora o aluguer, como aprendi na faculdade de Direito, é uma forma de locação, quando esta incide sobre coisa móvel. E por locação entende-se o contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à outra o gozo temporário de uma coisa, mediante retribuição. Só por isto poderíamos dizer, Dr. Passos Coelho: as barrigas não se alugam.

Mas a questão é bem mais radical. Em Agosto de 2010 soube que estava à espera da minha primeira filha. À espera não, porque na verdade ela já lá estava bem presente, e na segunda ecografia, com 8 semanas e picos, o coraçãozinho da Pilar já era bem audível, para sorriso rasgado do Pai e lágrimas descontroladas da Mãe. Durante 9 meses de enjoos, infecções sem fim, mais 26 quilos, noites sem dormir, dias inteiros só a dormir, aprendi a conviver com a minha bebé. Aprendi que sempre que ouvia os acordes de uma guitarra portuguesa, a Pilar saltava de alegria. E por isso, ao longo de 9 meses, muitas guitarradas lhe foram dedicadas. Aprendi que, sempre que me virava para dormir do lado direito, subia escadas a correr ou me enervava, a Pilar dava pontapés de insatisfação e só eu sabia disso, eu, a sua Mãe. Geri toda a alimentação para que nada lhe fizesse mal, porque uma Mãe quer o melhor para os seus filhos. 

A barriga cresceu, o resto também, e ao fim de 9 meses percebi a relação íntima que uma mulher tem com o seu útero. E depois de uma cesariana, ficaram ainda mais visíveis as marcas físicas da passagem do ser maravilhoso que é a nossa filha pelo meu corpo. Meu corpo? Meu não, dela, porque o meu útero foi feito para lá estarem os meus filhos, e o meu peito para os amamentar. Nós mulheres, somos veículos de Vida. E quando a Pilar nasceu, acalmava-se quando a encostava ao meu coração, porque estes foram os batimentos que ela se habituou a ouvir. 

A Pilar conhecia o meu cheiro e por isso, (e passados 8 meses ainda é assim), não há colo como o da Mãe. E esta relação de cumplicidade, esta experiência, única e irrepetível, não se aluga, nem se compra. Assim como não se alugam e não se compram os bebés. A partir do momento em que tratamos as crianças como meros objectos, coisas, para preencher um vazio numa relação, para completar a fotografia de família ou apenas porque lhes apetece ter algo para entreter, temos crianças adoptadas que são devolvidas às instituições porque, simplesmente, não tiveram boas notas, como se fossem cães que não tivessem atingido o objectivo dos seu treinadores. 

Assim, hoje, por estas crianças, e pelas que não nasceram porque não lhes foi dada sequer a oportunidade de viver, chove no meu coração.

Catarina Nicolau Campos

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Avisos do Pe. Amorth na véspera do Centenário de Fátima

O LifeSiteNews entrevistou o Padre Gabriele Amorth, o principal exorcista de Roma, a cidade dos Papas. Ele é autor de diversos livros sobre o delicado tema. Entre eles: "Um Exorcista Conta-nos" e "Memórias de um Exorcista".

O Pe. Amorth fundou e liderou a Associação Internacional de Exorcistas, tendo praticado centenas de exorcismos durante os seus mais de 30 anos nessa função apostólica.

Ele é uma autoridade na matéria e conhece de perto as insídias e os artifícios do príncipe das trevas. Também discerne com acuidade o que o pai da mentira trama contra a Igreja e a Cristandade, para a perdição do maior número de almas.

No próximo ano de 2017 serão comemorados os cem anos das aparições de Nossa Senhora em Fátima. Nelas, entre outras coisas, Nossa Senhora advertiu os videntes a respeito dos artifícios de Satanás para a perdição do mundo.

Também fez uma referência explícita e insistente aos males que, inspirados por Satanás, homicida por excelência, viriam por meio da Rússia se esta não fosse consagrada ao seu Imaculado Coração.

Desde 1917 foram feitas várias consagrações por diferentes Papas. A mais solene foi a de 25 de Março de 1984, pelo Papa João Paulo II e todos os bispos do mundo.

Entretanto, explica o Padre Gabriele Amorth, essas consagrações não preencheram as condições pedidas por Nossa Senhora e não podem ser consideradas como atendendo ao pedido d’Ela em 1917.

A respeito da solene consagração de 1984, o Pe Amorth conta: “Eu estava lá no dia 25 de Março, na Praça São Pedro, na fila da frente, a curta distância do Santo Padre.

“João Paulo II quis consagrar a Rússia, mas a sua comitiva não, temendo que os ortodoxos [cismáticos russos] ficassem contrariados. 

Quando Sua Santidade consagrou o mundo de joelhos, ele acrescentou uma frase não incluída no texto distribuído, falou de consagrar ‘especialmente os povos dos quais Vós aguardais nossa consagração'. 

Indirectamente, isso incluía a Rússia. No entanto,uma consagração específica ainda não foi feita."

O LifeSiteNews lembrou que Nossa Senhora predisse em Fátima que o sangue dos mártires correria se não fossem feitas penitências. E esse sangue dos mártires hoje flui copiosamente. Então, perguntou: quanto tempo se terá antes que Deus envie o castigo?

O exorcista respondeu: “Não nos esqueçamos do que disse Nossa Senhora: ‘Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre me consagrará a Rússia, que se converterá e será concedido ao mundo um período de paz’... Em breve teremos grandes acontecimentos.”

Quando? – perguntou o LifeSiteNews. Ao que o Padre Amorth respondeu: 

“Houve um tempo em que Israel se afastou de Deus para abraçar a idolatria. Os profetas foram tratados muito mal. Finalmente veio a punição de Deus. Hoje, o mundo prossegue no puro ateísmo. Sem o Senhor, o progresso é mal utilizado. Vemo-lo nas leis, que vão totalmente contra a natureza, como o divórcio, o aborto, o ‘casamento’ homossexual... Por isso Deus admoestará a humanidade de uma maneira muito poderosa, Ele sabe como nos lembrar da Sua presença.”

O Pe. Amorth esclareceu que não fixava nem sabia as datas. Mas disse: 

“Acho que estamos cada vez mais e mais perto. O Senhor vai fazer-Se ouvir e o mundo terá que responder. Olho para tudo isso com optimismo, porque Deus sempre age de modo a obter-nos um bem maior do que os castigos infligidos, que têm como fim abrir os olhos da Humanidade, que O esqueceu e O abandonou.

Eu estive com o Padre Pio durante 26 anos e me lembro de como ele estava furioso com a invenção da televisão: ‘Vai ver o que ela vai fazer!’, disse ele. Eu estou muito no meio do povo e vejo quantas pessoas foram arruinadas pela televisão e pela Internet...

Em cada ano, 50 milhões de crianças são assassinadas pelo aborto. E a eutanásia, a família destruída, a coabitação... Isso é tudo destruição! O Senhor declarou: ‘Que nenhum homem separe o que Deus uniu.’

Hoje fala-se muito de amor, mas verdadeiro não há nenhum. Nossa Senhora disse à jovem Jacinta, de sete anos: ‘O pecado que traz a maioria das almas para o inferno é o pecado da impureza’, o pecado da carne.

Ela disse isso para uma criança, que nem sabia o que era! Devemos ouvir o que Nossa Senhora nos diz.”

in aparicaodelasalette.blogspot.it

terça-feira, 10 de maio de 2016

Viktor Orbán justifica defesa da Vida e da Família na Hungria

Entrevista ao Primeiro-Ministro da Hungria, que está a sofrer fortes pressões da União Europeia por causa das suas políticas pró-vida e pró-família.
No preâmbulo há referências ao cristianismo e o documento é inaugurado: “Que Deus abençoe a Hungria”.

Essa é a primeira frase do nosso hino e espero mesmo que Deus abençoe a Hungria [ri-se]. Cantamos o hino há 150 anos, gostamos dele e não vemos qualquer problema. E nós não modificámos a Constituição, criámos uma nova, a primeira democrática da nossa história, passámos 26 anos a tentar e não conseguimos.

Até garantir uma maioria em 2010.

Sim e aí criámos uma nova Constituição, moderna, europeia e conservadora em termos de valores. Dizemos que o cristianismo é uma tradição que deve ser respeitada, porque sem ele não teríamos sobrevivido nos últimos mil anos. Em segundo lugar falamos de dignidade nacional. E em terceiro consideramos que a base de uma nação é a família, que deve ser protegida. Deixamos claro que só um homem e uma mulher podem casar e ter uma família. A antiga já o dizia, mas por causa das discussões na vida política europeia e americana a questão tornou-se mais nítida. Na Hungria temos regulações quanto a homossexuais, há um parágrafo especial no Código Civil a dizer que podem viver juntos.

O que define o Código Civil?

Como ser apropriado e esse tipo de coisas. Que podem fazer o que quiserem mas que não podem ter um casamento reconhecido pelo Estado.

Isso não infringe os direitos de gays?

É muito simples: uma maçã não pode pedir para ser chamada de pera porque é uma maçã.

Pode elaborar?

Se uma pessoa vive com outra e não tem intenções de ter filhos não está a manter a tradição húngara de milhares de anos, a tradição de um homem e uma mulher casarem. Quando um homem e uma mulher vivem juntos, casam, têm filhos, chamamos a isso uma família. Não é uma questão de direitos humanos, é chamar as coisas pelos nomes.

Inscrever coisas como essa no documento fundamental da nação não abre a porta a violações de direitos?

Não. A Constituição define claramente os direitos de todos, a dignidade é garantida e a liberdade também. Esta regulação tem a ver com instituições, não com liberdade, tem a ver com a instituição da família, que é um homem e uma mulher.

Noutra alínea é declarado que um embrião é um ser humano, o que também possibilita que o aborto venha a ser ilegalizado. Concorda?

O aborto é regulado na Hungria de uma forma que é aceite pelo público.

Mas incluir isto na Constituição não põe em causa o direito das mulheres a decidirem sobre os seus corpos?

Na Hungria aceitámos a Constituição há mais de quatro anos e as pessoas ficaram satisfeitas. Ninguém quer mudar as regulações, o que quer dizer que a Constituição funciona bem.

in Expresso, 30 de Abril 2016

Nota: O jornal tinha escrito originalmente "Deus" com letra minúscula. Tomámos a liberdade de corrigir essa gralha.

Sei lá quem é! Há tantos padres em Fátima...

O Alexander veio para Portugal por causa do «kite surf», porque a Suíça não tem as ondas poderosas do nosso Atlântico. Rapidamente fundou uma empresa, sem deixa o «kite surf». Mas o que o atarraxou definitivamente às praias lusitanas foi ter conhecido a Filipa: inteligente, cheia de energia, elegante, como nos contos de fadas.

Quem me contou o resto da história, foi o próprio Alexander, numa época em que ainda carregava um pouco nos erres. O jovem casalinho passeava de carro, quando a Filipa manifestou gosto de passar por Fátima: Jawohl, querrida, já estamos a caminho. Depois, a Filipa pensou em confessar-se: Estás à vontade, eu esperro. O Alexander esperou, deu uma volta e outra, até que a Filipa saiu do confessionário banhada em lágrimas.

– Se o padrre te trratou mal, eu falo com ele!
– Não me deu a absolvição...
– Porrque não te deu a absolvição?
– Porque não estamos casados.

O Alexander reconheceu: nisso o padrre tem rrazão, não estamos casados...

A primeira paragem do passeio, de regresso a casa, foi à porta do pároco, para marcar o casamento.

Começou assim a etapa mais maravilhosa da Filipa e do Alexander. Ela fechou um interregno de costas voltadas para a Igreja e o Alexander recebeu uma catequese que lhe desvendou a fé cristã. Casaram. Prosperou o «kite surf» e a empresa. A família enriqueceu-se com a alegria de muitos filhos. A Filipa e o Alexander empenharam-se, com toda a alma, em causas sociais. Desde que o prepararam para o casamento, o programa diário do Alexander centra-se na Eucaristia. Percebeu que é indispensável dedicar tempo, sem pressa, à oração, todos os dias. E Deus, que não Se deixa vencer em generosidade, abençoou-os.

Veio-me à memória a história deste amigo, quando lia na recente Exortação apostólica, «Amoris laetitia», os apelos do Papa à confiança na graça (36), a abrir-se à graça (37), a acreditar na força da graça de Deus (38). Mesmo nos casos em que o caminho até à plenitude do amor é mais longo, «devemos incentivar o amadurecimento duma consciência esclarecida, formada e acompanhada (...), e propor uma confiança cada vez maior na graça» (303).

Realmente, não me lembrei do Alexander, mas do padre que atendeu a rapariga no confessionário de Fátima. Deve ter ficado com o coração despedaçado por não lhe poder dar a absolvição. Sentiu, talvez, a tentação de aguar o plano de Deus, de pensar que eles não podiam perceber a doutrina maravilhosa de Cristo. Pelo contrário, teve confiança em que a graça vence os obstáculos e sabedoria pastoral para encher de ânimo um coração ferido; juntou a verdade e a misericórdia: «às vezes custa-nos muito dar lugar, (...) ao amor incondicional de Deus. Pomos tantas condições à misericórdia que a esvaziamos de sentido concreto e real significado, e esta é a pior maneira de aguar o Evangelho» (311).

Uma pessoa pode sentir-se impotente para ajudar os outros, mas não pode medir o poder de Deus pela bitola humana: «é sempre inadequada qualquer concepção teológica que, em última instância, ponha em dúvida a própria omnipotência de Deus e, especialmente, a sua misericórdia» (311).

Um dia, eu disse ao Alexander que tinha de ir a Fátima agradecer àquele padre o que fizera por eles. O Alexander concordou, queria tanto encontrá-lo, mas não sabia como:

– Sei lá quem é! Há tantos padres em Fátima...

José Maria André in Correio dos Açores, 8.Maio.2016

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Papa Francisco fala sobre enxugar as lágrimas

Na sequência dos testemunhos que escutamos e à luz da Palavra do Senhor que clarifica a nossa situação de sofrimento, comecemos por invocar a presença do Espírito Santo, para que venha entre nós. Seja Ele a iluminar a nossa mente, a encontrar as palavras certas e capazes de proporcionar conforto; seja Ele a abrir o nosso coração, para ter a certeza da presença de Deus que não nos abandona na provação. O Senhor Jesus prometeu aos seus discípulos que nunca os deixaria sozinhos: em cada situação da vida, estaria junto deles com o envio do Espírito Consolador (cf. Jo 14, 26) que havia de os ajudar, sustentar e confortar.

Nos momentos de tristeza, na tribulação da doença, na angústia da perseguição e na desolação do luto, cada um de nós procura uma palavra de consolação. Temos intensa necessidade de alguém que esteja ao nosso lado e sinta compaixão por nós. Experimentamos o que significa estar desorientados, confusos, feridos profundamente como nunca tínhamos pensado acontecer-nos. Incertos, olhamos em redor para ver se encontramos alguém que possa realmente compreender a nossa dor. A mente enche-se de interrogações, mas as respostas não chegam. A razão, sozinha, não é capaz de iluminar o nosso íntimo, compreender a dor que sentimos e dar a resposta que esperamos. Nestes momentos, temos mais necessidade das razões do coração, as únicas capazes de nos fazerem entender o mistério que envolve a nossa solidão.

Quanta tristeza nos acontece vislumbrar em tantos rostos que encontramos! Quantas lágrimas são derramadas, em cada instante, no mundo; uma diferente da outra; e, juntas, formam como que um oceano de desolação, que invoca piedade, compaixão, consolação. As mais amargas são as lágrimas causadas pela maldade humana: as lágrimas de quem viu arrancar-lhe violentamente uma pessoa querida; lágrimas de avós, de mães e pais, de crianças... Há olhos que muitas vezes param fixos no pôr-do-sol e têm dificuldade em ver a alvorada dum dia novo. Precisamos de misericórdia, da consolação que vem do Senhor. Todos nós precisamos dela; é a nossa pobreza, mas também a nossa grandeza: invocar a consolação de Deus, que, com a sua ternura, vem enxugar as lágrimas do nosso rosto (cf. Is25, 8; Ap 7, 17; 21, 4).

Nesta nossa dor, não estamos sozinhos. Também Jesus sabe o que significa chorar pela perda duma pessoa amada. Uma das páginas mais comoventes do Evangelho é esta: quando Jesus vê Maria a chorar pela morte do irmão Lázaro, também Ele não conseguiu conter as lágrimas. Emocionou-Se profundamente e desatou a chorar (cf. Jo 11, 33-35). Com esta descrição, o evangelista João quer mostrar como Jesus toma parte na tristeza dos seus amigos e Se solidariza com o seu desconforto. As lágrimas de Jesus baralharam muitos teólogos ao longo dos séculos, mas sobretudo lavaram tantas almas, aliviaram tantas feridas! Também Jesus experimentou, em Si mesmo, o medo do sofrimento e da morte, a deceção e o desconforto pela traição de Judas e de Pedro, a dor pela morte do amigo Lázaro. Jesus «não abandona aqueles que ama» (Agostinho, In evangelium Johannis 49, 5). 
Se Deus chorou, também eu posso chorar, ciente de que sou compreendido. O pranto de Jesus é o antídoto contra a indiferença face ao sofrimento dos meus irmãos. Aquele pranto ensina-me a assumir a dor dos outros, a tornar-me participante do incómodo e do sofrimento de quantos vivem nas situações mais dolorosas. Mexe comigo para me fazer perceber a tristeza e o desespero de quantos viram até roubar-lhes o corpo dos seus entes queridos, e já não têm sequer um lugar onde possam encontrar consolação. O pranto de Jesus não pode ficar sem resposta por parte de quem acredita n’Ele. Como Ele consola, assim somos chamados nós a consolar.

No momento do pavor, da comoção e do pranto, surge no coração de Cristo a oração ao Pai. A oração é o verdadeiro remédio para o nosso sofrimento. Na oração, também nós podemos sentir a presença de Deus ao nosso lado. A ternura do seu olhar consola-nos, a força da sua palavra sustenta-nos, incutindo esperança. Junto do túmulo de Lázaro, Jesus rezou dizendo: «Pai, dou-Te graças por Me teres atendido. Eu já sabia que sempre Me atendes» (Jo 11, 41-42). Precisamos de ter esta certeza: o Pai escuta-nos e vem em nosso auxílio. 

O amor de Deus, derramado nos nossos corações, permite-nos dizer que, quando se ama, nada e ninguém poderá jamais separar-nos das pessoas que amamos. Assim no-lo recorda, com palavras de grande consolação, o apóstolo Paulo: «Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? (...) Mas em tudo isso saímos mais do que vencedores, graças Àquele que nos amou. Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, Senhor nosso» (Rm 8, 35.37-39). A força do amor transforma o sofrimento na certeza da vitória de Cristo e da nossa vitória, com Ele, e na esperança de que um dia estaremos juntos de novo e contemplaremos para sempre o rosto da Trindade Santíssima, fonte eterna da vida e do amor.

Junto de cada cruz, está sempre a Mãe de Jesus. Com o seu manto, Ela enxuga as nossas lágrimas. Com a sua mão, faz-nos levantar e acompanha-nos pelo caminho da esperança.

Basílica Vaticana, 5 de Maio de 2016