terça-feira, 12 de julho de 2016

Os 5 pedidos do Cardeal Sarah aos sacerdotes

A sessão de abertura do Congresso sobre a Sacra Liturgia, que decorreu recentemente em Londres, teve como destaque uma petição notável feita pelo Cardeal Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos. Sua Eminência tocou todos os principais temas que constituem a reforma em curso do Rito Romano.


1 - Missas ad orientem a partir deste Advento

E assim, queridos Padres, peço-vos para implementar esta prática (culto ad orientem), sempre que possível, com prudência e com a catequese necessária, certamente, mas também com a confiança de um pastor, que isso é algo bom para a Igreja, algo de bom para nosso povo. O vosso próprio julgamento pastoral vai determinar como e quando a prática deste culto é possível, mas talvez o início desta prática a partir do primeiro Domingo do Advento deste ano, quando estivermos a assistir “ao Senhor que virá"e "o qual (o Senhor) não tardará" (ver: Intróito da Missa de Quarta-Feira da primeira semana do Advento) poderá ser um bom momento para fazer isso. 

Queridos Padres, devemos ouvir novamente o lamento de Deus proclamado pelo profeta Jeremias: "eles viraram as costas para mim" (2, 27). Voltemo-nos novamente para o Senhor!

2 - Maior uso do latim

Temos de obter o equilíbrio certo entre as línguas vernáculas e o uso do latim na liturgia. O Concílio nunca teve a intenção de que o Rito Romano fosse exclusivamente celebrado em língua vernácula. Mas tinha a intenção de permitir a sua maior utilização, em particular para as leituras. 

Hoje deve ser possível, especialmente com meios de impressão modernos, facilitar a compreensão para todos quando o Latim é usado, talvez para a liturgia da Eucaristia, e é claro que isso é particularmente apropriado em encontros internacionais em que o “vernáculo local” não é entendida por muitos . E, naturalmente, quando a língua vernácula é usada, ela tem de ser uma tradução fiel do original em latim, como o Papa Francisco recentemente me disse.

3 - Ajoelhar para a Comunhão

Ajoelhar na consagração (a menos que eu esteja doente) é essencial. No Ocidente, esse é um acto de adoração corporal que nos humilha diante do nosso Senhor e Deus. É por si próprio um acto de oração. Os actos de ajoelhar e de genuflectir necessitam de ser restaurados nos locais onde estes hábitos desapareceram da liturgia, em particular para a nossa recepção pessoal de Nosso Senhor Santíssimo na Sagrada Comunhão. 

Queridos Padres, onde possível e com a prudência pastoral de que falei anteriormente, formai o vosso povo neste belo acto de adoração e amor. Vamos ajoelhar-nos em adoração e amor diante do Senhor Eucarístico, mais uma vez!

4 - O silêncio dentro da Liturgia

Temos de garantir que a adoração está no coração das nossas celebrações litúrgicas. Muitas vezes não nos movemos da celebração para a adoração, mas se não fazemos isso eu estou preocupado com a possibilidade de não estarmos a participar na liturgia totalmente, interiormente... Se eu nunca estou em silêncio, se a liturgia não me dá espaço para a oração silenciosa e contemplação, como posso adorar Cristo, como posso ligar-me a Ele no meu coração e alma? O silêncio é muito importante, e não apenas antes e depois da liturgia.

5 - Música na Sagrada Liturgia

Antes de concluir, por favor, permita-me mencionar algumas outras pequenas coisas que também podem contribuir para uma aplicação mais fiel da Sacrosanctum Concilium. Uma delas é que teremos de cantar a liturgia, devemos cantar os textos litúrgicos, respeitando as tradições litúrgicas da Igreja e alegrando-nos no tesouro da música sacra que é nosso, mais especialmente aquela música própria do rito romano, o canto gregoriano. Devemos cantar música sacra litúrgica e não apenas música religiosa, ou pior, canções profanas.

in liturgyguy.com

4 comentários:

  1. Propostas infelizmente para cair em saco roto, como caíram antes as de Bento XVI... Afinal, como esperaríamos que elas fossem recebidas de outro modo em paróquias onde imperam a criatividade litúrgica, as acólitas, os "ministros extraordinários" da comunhão (comunhão de pé e na mão), a música e os cantos de gosto duvidoso, e onde boa parte dos fiéis, em especial os do sexo feminino e não por culpa exactamente deles, perderam quase por completo as noções de decoro e modéstia?.. Durante tempo demais acreditei na chamada "reforma da reforma", mas hoje perdi quaisquer ilusões quanto à sua aplicabilidade, não passando a sua defesa de um puro quixotismo atrasado no tempo quase cinquenta anos. Este tipo de ensinamentos bem intencionados teria feito sentido na primeira metade dos anos 70, altura em que ninguém os quis fazer. Hoje o mal espalhou-se de tal forma e com tamanha profundidade que não vislumbro como o mesmo possa ser extirpado apenas com propostas bondosas... De resto, atrevo-me a dizer que o fiel médio e comum, pelo menos em Portugal, até está satisfeito com a liturgia que tem, com este estado de coisas, pouco ou nada se interessando por "reformas da reforma" ou "Missas antigas", pouco ou nada querendo saber destas.

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  2. Excelentes pedidos, graças a Deus que temos quem nos apele à santidade. Rezemos por este santo cardeal.
    Pena o rápido não do Vaticano: http://press.vatican.va/content/salastampa/it/bollettino/pubblico/2016/07/11/0515/01177.html

    Sabem se o livro do cardeal, Deus ou nada, está disponível em Portugal?

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  3. Menos ritualismos e mais amor que é o que vos falta. E não falta pouco, mas muito.

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  4. O amor cristão é a atracção irresistível pelo bem que é a verdade, e desse - do amor autêntico, que não o pagão ou o permissivo dos modernos - parece-me que quem anda completamente arredio é o anónimo supra, o qual clama contra argueiros nos olhos dos outros sem ver a trave que oculta os seus próprios…

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