quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Cardeal Muller dá interpretação final da Amoris Lætitia

Na semana passada foi publicada uma entrevista com o Cardeal Gerhard Muller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Além do Papa, é ele que tem autoridade para interpretar os documentos da Igreja de acordo com o Magistério, como ele próprio diz na entrevista.

Nos últimos meses surgiram entre alguns bispos dúvidas sobre a interpretação correcta da exortação apostólica Amoris Lætitia. Nesta entrevista o Cardeal Muller não disse nenhuma novidade, mas voltou a esclarecer que a única interpretação possível da Amoris Lætitia é a que está de acordo com o Catecismo da Igreja Católica.

Aqui fica parte da entrevista:


Pode haver alguma contradição entre a Tradição e a própria consciência?

Não, é impossível. Por exemplo, não se pode dizer que haja circunstâncias em que um adultério não constitui um pecado mortal. Para a doutrina católica é impossível a coexistência entre o pecado mortal e a graça santificante. Para superar esta absurda contradição, Cristo instituiu para os fiéis o Sacramento da Penitência e Reconciliação com Deus e com a Igreja.

Esta é uma questão que se discute muito a propósito do debate em torno da exortação pós-sinodal Amoris Lætitia.

A Amoris Lætitia deve ser interpretada claramente à luz de toda a doutrina da Igreja. (...) Eu não gosto disto, não está certo que tantos bispos estejam a interpretar a Amoris Lætitia de acordo com a sua maneira de entender o ensinamento do Papa. Isto não está de acordo com a doutrina Católica. O magistério do Papa é interpretado apenas por ele ou pela Congregação para a Doutrina da Fé. O Papa interpreta os bispos, não são os bispos que interpretam o Papa, isto é uma inversão da estrutura da Igreja Católica. Eu insisto com todos os que estão a falar demais para estudarem a doutrina sobre o papado e o episcopado. O bispo, como mestre da Palavra, tem que ser primeiro bem formado para não cair no risco do cego a guiar os cegos. (...)

A exortação Familiaris Consortio de São João Paulo II estipula que os casais divorciados e recasados que não se podem separar, para receberem os sacramentos, têm que decidir viver em continência. Este requisito ainda é válido?

Claro, não é dispensável. Porque isto não é apenas uma lei positiva de João Paulo II. Ele expressou um ensinamento essencial da teologia moral Cristã e da teologia dos sacramentos. A confusão neste ponto também tem a ver com a incapacidade de aceitar a encíclica Veritatis Splendor, com a doutrina clara sobre o "intrinsece malum." (...) Para nós o matrimónio é a expressão da participação na união entre o noivo, Cristo, e a Igreja, sua noiva. Isto não é, como alguns diziam durante o Sínodo, uma analogia simples e vaga. Não! É a substância do sacramento, e nenhuma autoridade no céu ou na terra, nem um anjo, nem o Papa, nem um concílio, nem a lei dos bispos, tem o poder para mudar isso.

Como é que se pode resolver o caos que se está a gerar por causa das diferentes interpretações que estão a ser dadas a esta passagem da Amoris Lætitia?

Eu insisto para que todos reflitam, estudando primeiro a doutrina da Igreja. Começando pela Palavra de Deus na Sagrada Escritura, que é muito clara sobre o matrimónio. Recomendo também não entrar numa casuística que pode facilmente originar mal-entendidos, especialmente aquele de que se o amor desaparece a ligação matrimonial morre. Isso são sofismas: a Palavra de Deus é muito clara e a Igreja não aceita a secularização do matrimónio. A tarefa dos sacerdotes e dos bispos não é criar confusão, mas trazer claridade. Uma pessoa não pode apenas olhar para as pequenas passagens na Amoris Lætitia mas tem que a ler como um todo, com o propósito de tornar o Evangelho do matrimónio e da família mais atractivo para as pessoas. Não foi a Amoris Lætitia que provocou a interpretação confusa, mas alguns intérpretes confusos. Todos temos de perceber e aceitar a doutrina de Cristo e da sua Igreja e ao mesmo tempo estar prontos para ajudar os outros a percebê-la e a pô-la em prática, mesmo em situações difíceis.

in Settimo Cielo

8 comentários:

  1. PAI, MÃE E FILHOS
    Iniciativa de cidadania europeia para defender o casamento e a família:

    http://www.mumdadandkids.eu/pt

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  2. Então agora seria de se esperar uma reprimenda do cardeal Müller aos bispos alemães, seus compatriotas e também aos malteses que liberaram a Comunhão aos divorciados recasados em seus países.

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  3. A Igreja possui uma sólida reflexão sobre os condicionamentos e as
    circunstâncias atenuantes. Por isso, JÁ NÃO É POSSÍVEL DIZER QUE TODOS OS QUE ESTÃO NUMA SITUAÇÃO CHAMADA « irregular » VIVAM EM ESTADO DE PECADO MORTAL, privados da graça santificante.

    e QUANTO AO CATECISMO O PAPA FRANCISCO É CLARO: A propósito destes condicionamentos, o
    Catecismo da Igreja Católica exprime-se de maneira categórica: « A IMPUTABILIDADE E RESPONSABILIDADE DUM ACTO PODEM SER DIMINUÍDAS, E ATÉ ANULADAS, PELA IGNORÂNCIA, A INADVERTÊNCIA, A VIOLÊNCIA, O MEDO, OS HÁBITOS, AS AFEIÇÕES DESORDENADAS E OUTROS
    FACTORES PSÍQUICOS OU SOCIAIS».343 E, noutro parágrafo, refere-se novamente às circunstâncias que atenuam a responsabilidade moral, nomeadamente « a imaturidade afectiva, a força de hábitos contraídos, o estado de angústia e outros fatores psíquicos ou sociais ».

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    1. No evangelho narrado por São João 15,22 Jesus fala que não há desculpa para os nossos pecados pois ele se fez conhecer.

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  4. Por isso, um pastor não pode sentir-se satisfeito
    apenas aplicando leis morais àqueles que
    vivem em situações « irregulares », como se fossem
    pedras que se atiram contra a vida das pessoas.
    É o caso dos corações fechados, que muitas
    vezes se escondem até por detrás dos ensinamentos
    da Igreja « para se sentar na cátedra de Moisés
    e julgar, às vezes com superioridade e superficialidade,
    os casos difíceis e as famílias feridas ».349

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  5. E esta é especialmente para vocês, o Papa já vos adivinhava: Compreendo aqueles que preferem uma pastoral mais rígida, que não dê lugar a confusão alguma; mas creio sinceramente que Jesus Cristo quer uma Igreja atenta ao bem que o Espírito derrama no meio da fragilidade: uma Mãe que, ao mesmo tempo que expressa claramente a sua doutrina objectiva,« não renuncia ao bem possível, ainda que corra o risco de sujar-se com a lama da estrada ».356

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  6. Acho graça... "Então agora seria de se esperar uma reprimenda do cardeal Müller aos bispos alemães, seus compatriotas e também aos malteses que liberaram a Comunhão aos divorciados recasados em seus países." acho graça o então.... estas reprimendas... tomem juizinho meus meninos... então leiam o que o Papa escreveu seus pacóvios... vá lá censura lá conta mais esta... nem tudo é perfeito

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