Logo que entrei ouvi gritos terríveis, suspiros e prantos que ecoavam pela escuridão sem estrelas. Os lamentos eram tão intensos que não me contive e chorei. Gritos de mágoa, lutas, queixas iradas em diversas línguas formavam um tumulto que tinha o som de uma ventania. Eu, com a cabeça já tomada de horror, perguntei:
- Mestre, quem são essas pessoas que sofrem tanto?
- Este é o destino daquelas almas que não procuraram fazer o bem divino, mas também não procuraram fazer o mal. - respondeu o Mestre. - Misturam-se com aquele coro de anjos que não foram nem fiéis nem infiéis ao seu Deus. Tanto o Céu como o inferno os rejeitam.
- Mestre - continuei -, a que pena tão terrível estão esses coitados submetidos para que se lamentem tanto?
- Em poucas palavras: Estes espíritos não têm esperança de morte nem de salvação. O mundo não se lembrará deles, a misericórdia e a justiça ignoram-nos. Deixa-os. Olha, e passa.
E então olhei e vi que as almas formavam uma grande multidão, correndo atrás de uma bandeira que nunca parava. Estavam todas nuas, expostas a picadas de enxames de vespas que as feriam em todo o corpo. O sangue escorria, junto com as lágrimas até os pés, onde vermes doentes ainda os roíam.
Dante Alighieri in Divina Comédia, Canto III
Não acredito neste relato como verdadeiro, nada o prova. também sou capaz de escrever sobre um inferno inventado por mim, também posso escrever dezenas de páginas, nada do que Dante escreveu é comprovado ter fundamento
ResponderEliminarRealmente, para responder ao comentário acima exposto, cada um acredita no que quiser, mas é o próprio Deus que o afirma: "...vós, ó mornos, Eu vomito-vos!"--Apocalipse 3:15,16
ResponderEliminarE, para aqueles que procuram a Verdade de todo o coração, também podem verificar o mesmo nos desabafos de Jesus, no "Diário de Santa Faustina", onde Ele afirma que as almas que quase o fizeram desistir, no Horto das Oliveiras, foram precisamente as MORNAS, porque sentiu que o Seu Sofrimento seria aproveitado por TÃO POUCOS!
E, por isso mesmo, dedica um dia da Sua Novena da Misericórdia, por ESSAS ALMAS TÍBIAS OU MORNAS.