Não choreis por mim, Mãe, enquanto me vedes no sepúlcro, Vosso Filho que virginalmente concebestes; porque eu me levantarei e serei glorificado, e como Deus, exaltarei incessantemente na glória aqueles que Vos glorificam na fé e na caridade.
Nona Ode do Orthros de Sábado Santo no Rito Bizantino
Inauguradas na noite da Páscoa, as festas da Ressurreição prolongar-se-ão por quarenta dias. Serão completadas pelas festas da Ascensão e de Pentecostes, coroamento dos mistérios de Cristo e irradiação de sua Vida sobre a nossa pela vinda do Espírito Santo.
O Tempo Pascal é o tempo da vida nova. Em primeiro lugar a do Salvador, que vive para sempre sem já pertencer a este mundo, da qual participaremos um dia no céu; em seguida a nossa. Não só sabemos pertencer a Cristo como que por Ele fomos arrancados das trevas, lhe pertencemos como conquista, e partilharemos da sua luz.
No esplendor radioso da Páscoa, Jesus, luz do mundo, ressuscita glorioso, descobrindo o estandarte da cruz e apresentando ao nosso amor reconhecido os troféus das suas chagas redemptoras: eis a morte vencida, as portas do inferno arrasadas e a serpente subjugada.
No coração da noite, na hora em que o Salvador venceu a morte, manifesta-se a a alegria dos fiéis. Toda a liturgia pascal celebrada na Vigília da Páscoa é catequética sobre a vida do cristão.
A Igreja convida-nos então a celebrar o Ofício da noite pascal que consiste de duas partes:
A mensagem da Páscoa, composta pela bênção do fogo novo, do Círio Pascal, entrada na igreja e anúncio da Páscoa;
A regeneração baptismal, composta pelas leituras bíblicas de iniciação cristã, pelas ladaínhas e pela renovação das promessas do baptismo.
Este Ofício prepara-nos para a Missa da noite pascal, pela qual se oferece a Deus o sacrifício do Calvário, em que o Cordeiro Pascal, imolado pela salvação do mundo, nos adquiriu a redenção.
Apresentamos aqui a celebração do Ofício e da Missa segundo o rito tradicional, reformado por Pio XII, durante a Semana Santa em Sevilha:
Apresentamos aqui a celebração do Ofício e da Missa segundo o rito tradicional, reformado por Pio XII, durante a Semana Santa em Sevilha:
Benze-se o fogo novo pedindo a Deus que pelas festas pascais nos abrase em celestiais desejos para que possamos chegar com alma pura às festas da luz sempiterna.
De seguida, com brasas do próprio fogo que abençoou, o sacerdote incensa o fogo acabado de benzer, significando assim que este fogo é oblação a Deus.
O sacerdote traça no Círio: Alpha e Ωmega - Cristo, ontem e hoje, é princípio e fim, dele são os tempos e os séculos. Traça também 2017, o ano da graça em que vivemos.
Colocando cinco grãos de incenso diz: "Pelas suas santas chagas, gloriosas, nos guarde e conserve Cristo Senhor. Amen."
Acendendo o Círio diz: "Que a luz de Cristo ressuscitado gloriosamente nos dissipe as trevas do coração e do espírito."
De seguida, benze o Círio pedindo que o sacrifício nesta noite oferecido resplandeça com o misterioso brilho da luz de Deus e que a maldade e astúcias do demónio sejam expulsas para dar lugar ao poder da majestade divina.
Então um diácono carrega o Círio entrando pela igreja até ao presbitério e eleva-o três vezes cantando: "Lumen Christi" (Eis a luz de Cristo) - ao que os fiéis respondem: "Deo gratias" (Graças a Deus).
Coloca o Círio num candelabro especial no meio do presbitério e canta o Precónio Pascal, o anúncio da Páscoa: um canto de louvor que se entoa diante do Círio Pascal. Liturgicamente, esta vela representa o sacrifício de Cristo, portanto é o agradecimento pelo sacrífico que não é apenas uma morte, mas um sacrifício vivificante, pois produz a vida.
«Exulte de alegria a multidão dos Anjos,
exultem as assembleias celestes,
ressoem hinos de glória,
para anunciar o triunfo de tão grande Rei.
Rejubile também a terra,
inundada por tão grande claridade,
porque a luz de Cristo, o Rei eterno,
dissipa as trevas de todo o mundo.»
Então, um leitor canta a primeira leitura, que narra a criação do mundo segundo o Livro do Génesis, iniciando assim a segunda parte do Ofício.
Neste momento cantam-se quatro leituras acerca da história da salvação (criação da qual Cristo é chefe; avanço da Igreja da qual Cristo é guia; crescimento dos santos na Igreja; lembrança dos graves deveres daqules que pertencem à Igreja). Após cada leitura uma oração é rezada pelo sacerdote. Na segunda, terceira e quarta leitura um cântico responde à leitura.
Continua a regeneração baptismal com o canto da Ladaínha de Todos os Santos, sempre encabeçada pela Santíssima Virgem, interrompida a seguir às invocações dos santos.
De seguida o sacerdote (de paramentos brancos) incensa de novo o Círio Pascal, desta feita já luz do Ressuscitado no centro da Igreja que até então sofria junto do sepúlcro.
Renovam-se as promessas baptismais, termina-se a ladaínha e imediatamente dá-se início à Santa Missa.
A Missa começa com o entoar do tríplice Kyrie à Trindade e com a incensação do altar onde será oferecido o sacrifício.
O sacerdote que oferecerá o sacrifício é logo de seguida incensado.
Ao canto do Gloria in excelsis Deo retoma-se o toque dos sinos, que ao mesmo cântico na Quinta-feira Santa tinha cessado. Manifestação de alegria pela glória de Deus, este cântico é central na noite da Ressurreição.
O padre reza em seguida a Oração Colecta, pedindo ao Deus que ilumina esta noite sagrada com a gloriosa Ressurreição do Senhor, que conserve nos filhos de Sua família o espírito de adopção que lhes deu.
Então o sub-diácono canta a Epístola, de S. Paulo que exorta àqueles que com Cristo ressuscitaram (pelo Baptismo) que busquem às coisas do alto.
Após o renovado canto do Alleluia, o diácono procede cantando o Evangelho que nos relata o anúncio da Ressurreição de Cristo, pelo Anjo às santas mulheres.
Após breve homilia, a Missa própriamente dita começa com o Ofertório no qual se oferece a Deus aquilo que se tornará o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nela, Cristo é sacerdote, vítima e altar, compondo totalmente o sacrifício oferecido.
Após a incensação das oblatas, da cruz, do altar e do sacerdote, o diácono incensa o clero que assiste em coro.
Então o sacerdote reza a Secreta, oração pela qual pede ao Senhor que acolha as preces do Seu povo com a oferenda daquele sacrifício e que o que teve começo naqueles mistérios pascais se torne remédio para a eternidade.
Durante o Sanctus os três ministros juntam-se no altar.
"Ó verdadeiro Corpo do Senhor, nascido para nós da Virgem Mãe!"
Operou-se o grande mistério da fé. Pela consagração Cristo ofereceu-Se ao Pai como vítima de redenção novamente. Renovando o sacrifício de Cristo, a Igreja, toda possuída pela alegria intensa e grave de semelhante presente que recebeu, medita na inexprimível riqueza do mistério de salvação e de glória que Cristo lhe confiou.
O sacerdote canta o Pater Noster dirigindo-se ao Pai com o desejo do advento do Seu Reino e do cumprimento da Sua vontade.
A patena, representativa do povo de Israel que não reconheceu o Senhor, escondida até então sob o véu pelo sub-diácono, é descoberta e benzida pelo sacerdote para que esteja presente na Morte e Ressurreição do Senhor.
Então o padre prepara-se para receber a sacrosanta hóstia, recitando algumas orações: "Que retribuirei eu ao Senhor por todos os seus benefícios? Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor."
Após a comunhão do padre, os ministros recitam a confissão, recebendo a absolvição dos pecados veniais ficando assim preparados para comungar.
"Ecce Agnus Dei, ecce qui tollit peccata mundi." - repetindo as palavras do Baptista, o sacerdote mostra aos fiéis o Corpo do Senhor.
"O Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo guarde a tua alma para a vida eterna. Amen." - é infinito o alcance deste voto. Nada há de maior importância que a Sagrada Comunhão pela qual o mesmo Cristo vem até nós.
Na Missa da Noite da Páscoa a antífona da comunhão é substituida pelas Laudes do Domingo da Ressurreição, que constam do Salmo 150, de louvor a Deus, e do cântico Benedictus.
Enquanto as Laudes são cantadas, o sacerdote incensa a cruz e o altar.
Após a oração pós-comunhão retirada das Laudes, em que se pede ao Senhor que nos penetre o seu Espírito de caridade e que os Seus fiéis que saciou com os sacramentos pascais sejam um só corpo unido nesta mesma caridade, o diácono anuncia o fim da Missa cantando o Ite Missa est, Alleluia alleluia.
Todos os fiéis recebem então a bênção e assim termina a Missa, ficando a igreja adornada em todo o seu esplendor.
Conheça a associação Una Voce Sevilla, organizadora deste Tríduo.
O blogue Senza deseja a todos os seus leitores uma Feliz Páscoa!
Pascha nostrum immolatus est Christs, Alleluia alleluia!
Reportagem Senza Pagare
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