sexta-feira, 5 de maio de 2017

Cardeal Sarah: Vaticano II nunca quis acabar com a Missa de S. Pio V


O Prefeito da Congregação do Culto Divino, Cardeal Robert Sarah, concedeu uma entrevista a Elisabeth De Baudoüin, na qual falou da "guerra litúrgica" que existe no Rito Romano, desde o Concílio Vaticano II, e o que fazer para alcançar a "paz litúrgica".



- Vossa Eminência, no seu livro 'Deus ou nada', fala frequentemente da “guerra litúrgica” que dividiu o catolicismo de algumas décadas a esta parte. A guerra que é tanto mais infeliz, como diz, porque nesta questão deveria existir uma particular união. Como deixar estas divisões para trás e reunir todos os católicos na adoração devida a Deus?

Cardeal Sarah: O Concílio Vaticano II nunca pediu que se rejeitasse o passado e o abandono da Missa de S. Pio V, que formou tantos santos, nem sequer que se deixasse o uso do Latim. Mas ao mesmo tempo é necessário promover a reforma litúrgica como desejou o próprio Concílio. A liturgia é o lugar onde encontramos a Deus face-a-face, entregando-Lhe toda a nossa vida, o nosso trabalho, e fazendo de tudo isto uma oferta para a Sua glória. Não podemos celebrar a liturgia com armas, levando às costas as armas do ódio, da agressão, do rancor. 

O próprio Jesus disse-o: “Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois, volta para apresentar a tua oferta.” Neste face-a-face com Deus o nosso coração deve tornar-se puro, livre de todo o ódio, de todo o rancor. Cada um deve eliminar do seu coração tudo o que possa impedir este encontro. Isto significa que cada um deve ser respeitado na sua sensibilidade.

- Não foi exactamente isto que Bento XVI quis?

Cardeal Sarah: Sim, é isso que significa o Motu Proprio Summorum Pontificum. O Papa Bento XVI gastou muita energia e pôs muita esperança nesta iniciativa. No entanto não conseguiu o sucesso por completo, porque uns e outros se “fecharam” no seu rito, excluindo-se mutuamente. Na Igreja, cada um deve poder celebrar consoante a sua sensibilidade. É uma das condições para a reconciliação. É também necessário para trazer as pessoas para a beleza da liturgia, para a sua sacralidade. 

A Eucaristia não é uma “refeição entre amigos”, é um mistério sagrado. Se a celebrarmos com beleza e fervor, podemos chegar à reconciliação, isto parece-me claro. Porém, não nos podemos esquecer que é Deus que reconcilia, e que vai levar o seu tempo.

1 comentário:

  1. Não acho correto que na Santa Missa que é renovação do sacrifício da cruz seja um bater palmas e com baterias ai deixa de ser um sacrifício para ser um show na liturgia nova favorece a toda dessacralização da Missa.

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