terça-feira, 20 de junho de 2017

Os 4 Cardeais dos 'Dubia' escreveram nova carta ao Papa Francisco

Em Novembro de 2016 foi divulgada uma carta aberta ao Papa escrita por 4 Cardeais, contendo algumas dúvidas sobre a 'Amoris Laetitia'. Esta Exortação Apostólica do Papa Francisco tem estado envolta em polémica porque tem sido interpretada por muitos Bispos de forma contrária à doutrina católica sem que a Santa Sé os corrija. 

Os 4 Cardeais voltaram agora a escrever ao Papa Francisco, num texto assinado pelo Cardeal Carlo Cafarra e divulgado hoje no blogue do vaticanista Sandro Magister. A carta foi escrita no dia 25 de Abril e entregue ao Papa no dia 6 de Maio. Vale a pena ler este texto que tão bem expressa o sentido de obediência ao Sucessor de Pedro mas também a obrigação de defender as verdades da fé católica. 

"A nossa consciência força-nos…"

Beatíssimo Padre,

é com uma certa trepidação que me dirijo a Vossa Santidade nestes dias do tempo pascal. Faço-o em nome dos Em.mos Senhores Cardeais Walter Brandmüller, Raymond L. Burke, Joachim Meisner, e em meu próprio nome.

Desejamos antes de mais renovar a nossa absoluta dedicação e o nosso amor incondicionado à Cátedra de Pedro e à Vossa augusta pessoa, na qual reconhecemos o Sucessor de Pedro e o Vicário de Jesus: o “doce Cristo na terra”, como gostava de dizer Sta. Catarina de Sena. Não é a nossa em absoluto aquela posição de quantos consideram vacante a Sede de Pedro, nem a de quem pretende atribuir também a outros a responsabilidade indivisível do “munus” petrino. Move-nos tão-só a consciência da responsabilidade grave que provém do “munus” cardinalício: ser conselheiros do Sucessor de Pedro no seu ministério soberano; e do Sacramento do Episcopado, que “nos constituiu como bispos para apascentar a Igreja, por Ele adquirida com o seu próprio sangue” (Act 20, 28).

A 19 de Setembro de 2016, entregámos a Vossa Santidade e à Congregação para a Doutrina da Fé cinco “dubia”, rogando-Lhe que dirimisse incertezas e fizesse clareza sobre alguns pontos da Exortação Apostólica pós-sinodal “Amoris Laetitia”.

Não tendo recebido qualquer resposta da parte de Vossa Santidade, chegámos a decisão de, respeitosa e humildemente, pedir-Lhe Audiência, conjunta, se assim Lhe aprouver. Juntamos, como é praxe, uma Folha de Audiência em que expomos os dois pontos que desejaríamos poder tratar com Vossa Santidade.

Beatíssimo Padre,

passou já um ano desde a publicação de “Amoris Laetitia”. Neste período foram dadas em público interpretações de alguns passos objectivamente ambíguos da Exortação pós-sinodal, não divergentes do, mas contrárias ao permanente Magistério da Igreja. Conquanto o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé tenha declarado mais de uma vez que a doutrina da Igreja não mudou, apareceram numerosas declarações de bispos, cardeais e até mesmo de conferências episcopais, que aprovam o que o Magistério da Igreja jamais aprovou. Não apenas o acesso à Santa Eucaristia daqueles que objectiva e publicamente vivem numa situação de pecado grave, e pretendem nela continuar, mas também uma concepção da consciência moral contrária à Tradição da Igreja. Sucede assim – oh, e quão doloroso é vê-lo! – que o que é pecado na Polónia é bom na Alemanha, o que é proibido na Arquidiocese de Filadélfia é lícito em Malta, e assim por diante. Vem-nos à mente a amarga constatação de B. Pascal: “Justiça do lado de cá dos Pirenéus, injustiça do lado de lá; justiça na margem esquerda do rio, injustiça na margem direita”.

Numerosos leigos competentes, que amam profundamente a Igreja e são solidamente leais à Sé Apostólica, dirigiram-se aos seus Pastores e a Vossa Santidade, para serem confirmados na Santa Doutrina no que respeita aos três sacramentos do Matrimónio, da Confissão e da Eucaristia. Aliás, nestes últimos dias, em Roma, seis leigos provenientes de todos os Continentes propuseram um Seminário de estudo que contou com grande assistência, e que deu pelo título significativo de: “Fazer clareza”.

Diante de tão grave situação, em que muitas comunidades cristãs se estão a dividir, sentimos o peso da nossa responsabilidade, e a nossa consciência força-nos a pedir humilde e respeitosamente Audiência.

Apraza a Vossa Santidade recordar-se de nós nas Vossas orações, como nós Vos asseguramos que o faremos nas nossas; e pedimos o dom da Vossa Bênção Apostólica.

Carlo Card. Caffarra

Roma, 25 de Abril de 2017
Festa de São Marcos Evangelista

*

FOLHA DE AUDIÊNCIA

1. Pedido de clarificação dos cinco pontos indicados nos “dubia”; razões para tal pedido.

2. Situação de confusão e desorientação, sobretudo entre os pastores de almas, "in primis" os párocos.

13 comentários:

  1. Suspender os quatro a divinis acaba com a polêmica.

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  2. A morte do Papa também acabará com a polémica?

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  3. Eu como pároco estou contente com a exortação, estudo e procuro seguir as orientações...o povo não está desorientado e muito menos insatisfeito... há esperança, acompanhamento e retorno ao Evangelho sem o rigor de leis anacronicas...viva Francisco

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    1. Cristian Rogers S. D.08 janeiro, 2018 23:10

      Usa teu nome. Leis "anacrônicas"?! Tu és um apóstata!

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  4. Lembro-me de um Padre amigo que quando queria a nossa opinião sobre um assunto dizia: não quero a primeira ideia que vem à cabeça, quero a segunda com alguma reflexão. Acho louvável a atitude destes quatro cardeais a pedir o discernimento. Lembro-me de discussões inflamadas entre amigos sobre as notas de pé de página deste documento e, um ano depois, era bom que o bom Papa Francisco esclarecesse o assunto. Quando São Francisco de Assis falou com o Papa sobre a vida corrupta e luxuosa de muitos eclesiásticos fez muito bem ...tão bem que o Papa o ouviu com atenção e agiu de acordo com as críticas certeiras do Santo. Acho que o Papa Francisco não vai desprezar esta atitude franciscana!




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  5. Os cardeais já tiveram algum retorno do Papa?

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  6. Ainda bem que os 4 cardeais continuam o seu caminho a solicitar o esclarecimento das dúvidas que existem.

    A clareza é caridade, para sabermos o caminho que o Santo Padre pretende temos de o poder entender com clareza. Não podemos ter a mesma situação a ser pecado na Polónia e ser virtude na Alemanha.

    E o diálogo é algo que o Santo Padre nos está sempre a lembrar, por isso é estranho esta ausência de resposta.

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  7. Sr. pároco (anónimo 21 junho, 2017 11:02) se o povo não está desorientado e insatisfeito felicito-o por conseguir explicar-lhes com clareza, é um trabalho bem necessário.

    Se existem leis anacrónicas é então de caridade que nos digam quais são e como devem ser alteradas, não podemos tirar diferentes interpretações do mesmo texto num assunto tão importante.

    Num ponto devemos ter atenção, os doutores da lei não são os que referem a importância do cumprimento da lei são antes os que negligenciam a justiça, a misericórdia e a Fé.

    Esperemos que haja clareza e que afinal o documento seja não para vir abolir a lei mas para a levar à perfeição.

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  8. Deus nos ajude nesse momento gravíssimo.

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  9. Gostei tanto: oh, e quão doloroso é vê-lo!... Se fosse Cristo bem diria, bem sei o que estais pensando... não vão ter o que querem seus retrogradas. É muito claro o que o Papa escreveu, claríssimo para quem quer entender.

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  10. Ah queriam suspender? Queriam que o Papá morresse, estão loucos

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  11. Caro João Silveira e leitores palavas que merecem ser partilhadas:

    Arcebispo de Braga D.Jorge Ortiga, Homilia na Solenidade do Nascimento de S. João Baptista:
    http://www.diocese-braga.pt/media/contents/contents_pgF6vK/HML_17_2017.06.24_BRG_SaoJoao.pdf

    "Perante a sociedade que nos rodeia, onde correm notícias alheias ao espírito cristão, teremos de reconhecer que a Palavra deve voltar à boca dos cristãos. Alguns impõem as suas ideologias e critérios de vida. Os cristãos assistem passivamente e deixam que a sociedade se desenvolva sem alma nem sentido."

    "João não se intimidou e proclamou a doutrina, correndo risco de vida."

    "A sociedade vai evoluindo em muitos aspectos positivos mas ninguém ignora como as ideias contra a nossa cultura e um verdadeiro humanismo se impõem e crescem. Há uma estratégia com objectivos bem delineados e sempre apoiados por grupos de pequenas dimensões que não desistem e vão impondo os seus critérios e modos de edificar a sociedade."

    "Gosto da figura de São João Baptista. Foi um percursor porque ensinou e baptizou. Mas a
    grandiosidade da sua vida residiu em não ter medo de se confrontar com os comportamentos imorais
    e de erguer a voz contra eles."

    "ousemos ser o que a fé nos exige: testemunhas com o silêncio da vida e apóstolos que se fazem ouvir, a propósito e a despropósito, em todas as ocasiões e momentos."

    Vale a pena ser partilhada, ousemos falar e dar voz à Verdade.

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  12. G.K. Chesterton
    "Nós na verdade não queremos uma religião que esteja certa quando nós estamos certos. O que queremos é uma religião que esteja certa quando nós estamos errados." -- The Catholic Church and Conversion

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