Um episódio que ilustra o cuidado constante e vigilante do Padre Vianney. Aos Domingos, após rezar Vésperas, o zeloso pároco gostava de dar uma volta pelos campos em torno de Ars, com o intuito de verificar e conferir a observância do preceito dominical que ele tanto encarecia. Certo Domingo de Junho encontrou um homem que carregava a sua colheita. Envergonhado ao se ver diante do Cura d'Ars, quis esconder-se atrás da carroça. – Oh, meu amigo, disse-lhe o Cura, com um tom de profunda tristeza. – Está confundido por me ter encontrado… Mas e Deus que o vê todos os dias? É a Ele a quem deve temer.
- Nosso Cura, diziam nas conversas, – faz tudo o que diz e pratica tudo o que ensina. Jamais o vimos tomar parte em diversão alguma. O seu único prazer é falar com Deus.
- Um dia, – conta o então jovem missionário, Padre Monnin, – perguntei-lhe se os seus sofrimentos algumas vezes lhe fizeram perder a paz. Respondeu com celestial expressão: – é a cruz que infunde a paz nos nossos corações.
Além das pregações muito incisivas e da catequese permanente, o zeloso cura incentivou e fortaleceu os grupos de orações constantes: as Confrarias do Rosário e do Santíssimo Sacramento. Por elas, cultivou uma elite espiritual que irradiava o estímulo constante da vida espiritual.
Eis um episódio narrado pelo próprio Cura d'Ars: – Havia aqui na Paróquia um homem que morreu há poucos anos. Pela manhã, entrando na Igreja para rezar as suas orações, antes de ir ao campo, deixou os utensílios à porta e esqueceu-se de si mesmo diante de Deus. Um vizinho, que trabalhava no mesmo lugar e que costumava vê-lo, estranhou-lhe a ausência. Voltando, resolveu entrar na Igreja, julgando talvez encontrá-lo ali. E encontrou. – Que fazes aqui, tanto tempo? – Perguntou-lhe. Ao que ele respondeu: olho para Deus e Deus olha para mim. O Cura d'Ars gostava de repetir esta singela narrativa. Fazia-o sempre com lágrimas nos olhos.
Naqueles tempos, ao terminar uma Campanha missionária, celebrava-se diante dos fiéis reunidos uma cerimónia em que os sacerdotes renovavam as promessas da ordenação. Em Trévoux, coube ao Padre Vianney apresentar os evangelhos a cada um dos colegas pronunciando as palavras do ritual: crês nos Santos Evangelhos de Nosso Senhor Jesus Cristo? Padre Vianney fê-lo com tanta piedade e unção que o seu semblante e o tom da sua voz produziram uma profunda emoção em todos os sacerdotes.
Nesta altura de sua vida, o humilde e austero Cura d'Ars já era profundamente admirado não só entre os fiéis como entre todo o clero. Eis um episódio que ilustra esse patamar de santidade em que já se encontrava o Padre Vianney e a sua sincera e profunda humildade. - Por aquele tempo, narra ele próprio, fui convidado para pregar o Exercício das Quarenta Horas. Diante do convite do Pároco tinha-me escusado por considerar-me incapaz de falar diante de um auditório tão selecto. Mas o Pároco assegurou-me que se tratava de uma paróquia rural. Fui. Vi, então, que tinha caído numa cilada! Ao entrar na Igreja, vi o coro cheio de eclesiásticos e a igreja repleta de pessoas de todas as condições sociais. No início, fiquei muito acanhado. Não obstante, comecei a pregar sobre o amor de Deus e parece que aquilo ainda ia bem: todos choravam!…
- Senhor Cura, – disse-lhe ingenuamente Catarina Lassagne: – Os outros missionários correm atrás dos pecadores, mesmo por terras longínquas, mas aqui, os pecadores correm atrás de V. Revma. E, ele, sobrenaturalmente delicado com estas constatações, respondeu no mesmo tom: – quase que é verdade.
Seguindo as regras litúrgicas, o Padre Vianney não empregava mais tempo que os demais. Em geral, em torno de meia hora para celebrar a Santa Missa. Antes da comunhão, parava alguns momentos, parecia conversar com Deus. Que belo era vê-lo quando celebrava a Missa. E, observava o Padre Luis de Beau, seu confessor, cada vez parecia-me ver um anjo no altar. Só o porte do Cura d'Ars, enquanto celebrava a Missa converteu mais de um pecador.
Amava tanto o Breviário que o levava sempre debaixo do braço. Falando das pessoas que se distraem na oração, dizia: as moscas afastam-se da água que ferve, apenas caem na água fria ou morna. Rezado o Breviário e concluídas as confissões, pelas onze horas, dirigia-se à cadeira do Catecismo. Ali, durante quinze anos, de 1845 a 1859, todos os dias da semana, o Cura d'Ars explicou singelamente o Catecismo aos peregrinos.
Mons. Allou, Bispo de Meaux, que passou oito dias no Castelo de Ars, não perdeu um só dia do Catecismo e saia maravilhado. Os padres missionários, quando podiam, ouviam o seu Catecismo para beber-lhe a santidade que emanava das suas palavras, cheias de Fé. Os sacerdotes pediam que lhes fosse permitido acompanhá-lo até a cabeceira dos enfermos a fim de se edificarem e se instruírem. Um deles, Pe. Tailhardes observou: dir-se-ia que via com os próprios olhos as coisas de que falava.
Francis Trochu in 'O Santo Cura d'Ars'
ResponderEliminarO Santo Cura de Ars faz-me lembrar o "nosso" Pe. Cruz, cuja simplicidade e amor à Oração e aos desprotegidos atraíam todo o tipo de pessoas e, sobretudo, as Graças de Deus, para todos eles!
Mesmo os não Crentes, segundo o que li, acabavam por respeitá-lo, devido à sua humildade e coerência.
E, já agora, porque não S. João Paulo II?
Apesar de ser muitas vezes criticado pela sua intransigência, relativamente à Doutrina sobre a Moral Católica, não deixava de ser respeitado e querido por todos...pois a sua coerência transbordava a VERDADEIRA MISERICÓRDIA: compreendia, acolhia, não condenava, mas dava alento aos prevaricadores--e me desculpem o peso do termo, porque todos nós o somos-- apontando, SEMPRE, a imutabilidade da Palavra de Deus, JESUS CRISTO, o Único que SALVA:
"Não tenhais medo! Abri as portas a Cristo!"--gritava.
E, por isso memo, o falecido Pe. Feytor Pinto respondeu, assim, a alguém que lhe perguntou o que diriam dele--S. Joõ Paulo II-- dali a 20 anos, por causa da sua postura radical: "Que ele foi um Papa Fiel!!"