Tenho acompanhado, sobretudo desde há um ano, o recente empenho da Igreja católica na efeméride dos 500 anos do gesto que deu início ao luteranismo, ou seja, a suposta (porque há quem desconfie da sua veracidade histórica) afixação pelo monge agostinho alemão Martin Luter (1483-1546) das suas celebres 95 Teses sobre as indulgências na porta da igreja do castelo de Vurtemberga, no dia 31 de Outubro de 1517. De qualquer maneira, terá sido a data em que as tornou públicas.
Parafraseando o ditado popular, começo por dizer que de crentes e teólogos todos temos (ou poderíamos ter) um pouco, para além de loucos. Aconteceu assim, que li certamente alguns dos principais documentos e declarações, com origem católica institucional, produzidos, entretanto, para o efeito da efeméride em causa; mas também li alguns outros documentos anteriores definidores da visão católica da separação então começada, desde as bulas de Leão X (Papa de 11-03-1513 a 01-12-1521) dos anos 1520 e 1521, até alguns dos escritos mais relevantes da Igreja relativos ao ecumenismo (o movimento que tem como finalidade a «restauração da unidade de todos os cristãos») saídos desde o Concílio Vaticano II até agora.
É completamente impossível num artigo destes transcrever as citações extraídas de muitos desses documentos que, penso, seriam muito oportunas recordar nesta ocasião e dia. Mas no final deste artigo segue uma lista de alguns deles, com um ou outro excerto e/ou pequeno comentário meu, além de alguns sublinhados, para quem queira explorá-los através da Internet.
Entretanto, na autorizada revista dos jesuítas La Civiltà Cattolica, no seu quaderno 4016, publicou-se um artigo intitulado Martin Lutero, cinquecento anni dopo / Martinho Lutero quinhentos anos depois, onde se pode ler o seguinte (sublinhados meus):
Il 31 ottobre 2016 papa Francesco ha partecipato alla preghiera ecumenica nella cattedrale di Lund, per l’apertura dell’anno evocativo dell’evento. Dopo secoli di incomprensioni, di contrasti e di controversie, per la prima volta un Papa si è recato di persona alla celebrazione dell’anniversario della Riforma. In quell’occasione, il Papa ha definito Lutero un «riformatore» e ha riconosciuto l’errore della Chiesa nei suoi confronti.
Eppure nel mondo cattolico, Martin Lutero è stato considerato per secoli «l’eretico» per antonomasia. Oggi, a cinquecento anni di distanza, la ricerca storica e gli studi recenti portano a chiederci: «eretico» lo era davvero? Onestà e amore per la verità dovrebbero sostenere la ricerca e guidare il nostro sguardo: è infatti necessaria e urgente una rilettura del passato, libera da luoghi comuni e da «vulgate» trasmesse acriticamente; libera anche da posizioni e pregiudizi affermatisi lungo i secoli a scapito del vero.
[…] A cinque secoli dalla Riforma è possibile volgersi a Lutero con uno sguardo nuovo, per coglierlo nella sua verità e nel suo contesto. Le Tesi di Wittenberg non sono né una sfida né una ribellione all’autorità, ma la proposta di rinnovamento dell’annuncio evangelico, nel desiderio sincero di una «riforma» nella Chiesa. La questione dirimente è stata forse la pretesa, da parte sia della Chiesa di Roma sia di Lutero, di incarnare in toto la verità e di esserne dispensatori. Eppure, nonostante tutto, non si può negare il ruolo che Lutero ha avuto come testimone della fede.
E como não bastasse tanto arrojo, tivemos hoje a surpresa da divulgação de um selo emitido pelos serviços filatélicos da Cidade do Vaticano onde aos lados de um Cristo crucificado, em vez das tradicionais e evangélicas figuras de Maria, Mãe de Jesus, e São João, aparecem as figuras, à direita de Cristo, a de Martinho Lutero com a Bíblia - ao que diz uma explicação, arrependido - e do lado esquerdo, a do seu sequaz Philipp Melanchethon (1497-1560), com a sua Confissão [luterana] de Augsburgo. Se o caso fosse para gracinhas daria para perguntar se se trata de uma nova figuração dos dois ladrões: o arrependido e o contumaz?
Apenas questiono: como conjugar, com um mínimo de coerência racional, o conteúdo substancial e condutor dos diversos pronunciamentos constantes dos documentos abaixo elencados? Mesmo tendo em conta o devir dos séculos, que é como quem diz das épocas históricas; e tendo em conta o carácter diferentemente autoritativo das diversas instâncias de onde provêm.
Como conciliar a vigorosa condenação dos 41 erros de Lutero que motivaram a sua excomunhão pelo Papa Leão X no primeiro quartel do século XVI (cf. Docs. 2 e 3 abaixo) – dos quais não consta ter-se alguma vez retractado - com «as perspectivas sobre as quais hoje podemos dizer que estamos de acordo» (cf. Doc. 21 abaixo)?
Um artigo do Cardeal Muller deste mesmo mês de Outubro, é muito esclarecedor. Com efeito, começa ele por afirmar, sem equívocos (sublinhados meus):
«C’è grande confusione oggi nel parlare di Lutero, e bisogna dire chiaramente che dal punto di vista della teologia dogmatica, dal punto di vista della dottrina della Chiesa non fu affatto una riforma, ma una rivoluzione, cioè un cambiamento totale dei fondamenti della fede cattolica. Non è realistico sostenere che la sua intenzione fosse solo di lottare contro alcuni abusi delle indulgenze o contro i peccati della Chiesa rinascimentale.»
Quanto a outras recentes declarações cardinalícias mais conformadas ao espírito da nova e agora correcta hermenêutica da história, dispenso-me de as referir, pois abundam já os comentários.
Como se relaciona em tudo isto o conteúdo da perene fé católica com as perenes regras da razão? Onde está aí, nesse evoluir, a unidade e integridade e coerência do Depósito da Fé com o Verbo, o Logos eterno? Andou a Igreja substancialmente enganada durante quase cinco séculos dos mais de vinte que já conta de idade? Esteve ela in toto apartada da verdade?
O que dizer aos simples crentes das confissões cristãs com origem no gesto de Lutero, de tempos remotos ou contemporâneos e que nenhuma culpa tenham pela tradição cristã em que foram gerados e vivem?
- Deixem-se estar como estão, sem qualquer necessidade de se virarem para a Igreja que Cristo fundou, sem com Ela e n’Ela partilharem a plenitude da Fé e a totalidade dos sacramentos, na obediência à sucessão apostólica. Não dizer isto, mas antes o seu contrário - venham, integrem-se - será proselitismo? Será pecado?
A verdade, agora, é, como escreveu já em 1946 o Padre Garrigou-Lagrange, uma engenhosa “conformidade da mente à vida”, aceite esta de modo puramente pragmático; e não mais e tão simplesmente é a racional “conformidade do intelecto à realidade” do ser em si, das coisas em si mesmas?
Estaremos agora, porventura, num ecumenismo de simples fusão entre iguais e de compromisso de tipo negocial, almejando uma unidade da Igreja que se julga ainda não (nem nunca) realizada na história? Ou seguimos um ecumenismo integrador na única Igreja de Cristo, a mesma que subsiste na Igreja católica (cf. LG, 8) e onde se encontra já a unidade e a plenitude dos meios da salvação – como o declara explicitamente o Concílio (cf. UR, 3-4) - ainda que a unidade da Igreja esteja obviamente sempre sujeita a crescer e ao dever de ser cada vez mais perfeita, enquanto peregrina na terra?
Estamos a lidar com uma comunidade religiosa bimilenária apenas e simplesmente humana? Ou acreditamos, com todas as consequências desse acto de fé pessoal, que nela também age Deus, se revela Deus, se vive a vida de Deus nos seus sete sacramentos; e que é visivelmente governada por uma hierarquia divinamente instituída, a qual não pode enganar-se sempre e totalmente, durante cinco séculos?
“Pela primeira vez, luteranos e católicos observaram a Reforma desde uma perspectiva ecuménica. O que permitiu uma nova visão sobre os acontecimentos do século XVI que levaram à nossa separação”, assinalam os signatários da declaração oficial publicada hoje, precisamente 500 anos depois do gesto “iniciático” de Lutero (cf. Doc. 22 abaixo).
Pergunto ainda: descobriram-se algures irrefutáveis documentos históricos do século XVI que se desconheciam? Se sim, porque razão não se divulgaram convenientemente para o grande público ao longo deste ano? Houve em consequência algum sério avanço da historiografia católica, protestante ou até neutra, sobre este tema, para se poder falar com honestidade intelectual de uma “nova visão dos acontecimentos do século XVI”?
De que olhares provem esta referida “nova visão”? Não é a esta atitude de revisão da história conforme a conveniência política aquilo a que se chama revisionismo? Há agora, desde há um ano, um novo tipo de ecumenismo que se apresentou à urbe e ao mundo “pela primeira vez” desde o Concílio Vaticano II? Se sim, em que consiste e quais os seus fundamentos?
“Suspiros, ais e dores: o meu coração sente tudo e a minha boca não diz nada”, proclama o prudente e sábio provérbio popular que ainda hoje uma Colega me recordava. Quem me dera ter essa sabedoria popular! Mas eu – graças a Deus - não sou provérbio; sou gente e crente! E por isso falo, escrevo e pergunto, pois, gostava de entender!
31 de Outubro-1 de Novembro de 2017
João Duarte Bleck, médico e leigo Católico
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Lista dos documentos referidos atrás no terceiro paragrafo
Do século XVI:
1. Decreto Cum postquam de Leão X de 9 de Novembro de 1518, ao Cardeal Caetano de Vio, onde o Papa expõe a doutrina da Igreja sobre as indulgências, nove dias depois do gesto de Martinho Lutero;
2. Bula Exsurge Domine do Papa Leão X, de 15 de Junho de 1520, sobre 41 erros declarados de Martinho Lutero e onde o Papa apela à sua retractação; bula esta, queimada publicamente por Lutero a 10 de Dezembro do mesmo ano;
3. Bula Decet Romanum Pontificem do mesmo Papa Leão X, de 03 de Janeiro de 1521, onde decreta a excomunhão de Martinho Lutero e seus sequazes contemporâneos;
Do Concilio Vaticano II, ocorrido nos pontificados de João XXIII e Paulo VI:
4. Decreto Unitatis Redintegratio, sobre a promoção da restauração da unidade entre todos os cristãos (o Ecumenismo), de 21 de Novembro de 1964;
Do pontificado de João Paulo II, Bento XVI e Francisco:
5. Catecismo da Igreja Católica, publicado em 1992: nn 813-822 sobre a unidade da Igreja, as feridas dessa unidade e o caminho da unidade; ver também os nn 1398-1400, sobre a Eucaristia e a unidade dos cristãos;
6. Nota sobre a expressão «Igrejas irmãs», da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), de 30 de Junho de 2000, especialmente o indicado na secção II, nn9-12;
7. Memória e Reconciliação: a Igreja e as culpas do passado, da Comissão Teológica Internacional, do ano 2000, especialmente o nº 5.2. A divisão dos cristãos;
8. Declaração Dominus Jesus, da CDF, sobre a unicidade e a universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja, de 06 de Agosto de 2000; sobretudo a propósito do ecumenismo, importa a secção IV, nn 16-17;
9. Discurso do papa Bento XVI em Colónia por ocasião do encontro ecuménico, dia 19 de Agosto de 2005, em que desenvolve a questão da tríplice existência na Igreja do cânone das Escrituras, da sucessão apostólica e da regra da fé como chave interpretativa;
10. Respostas a [cinco] questões relativas a alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja, da CDF, de Junho de 2007; e repectivo comentário e entrevista do secretário da CDF, de Julho de 2007; onde se esclarece a subsistência da mesma Igreja instituída por Cristo na Igreja católica, (subsistit in Ecclesia catholica);
11. Nota Doutrinal Sobre Alguns aspectos da Evangelização, da CDF, de 03 de Dezembro de 2007; sobretudo a secção IV, sobre algumas implicações ecuménicas da evangelização, muito oportunas face a eventuais receios de proselitismo;
12. Discurso do Papa Bento XVI à sessão plenária da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), de 31 de Janeiro de 2008, onde o Papa reforça o conteúdo doutrinal dos documentos aqui referidos acima com os nn 10 e 11;
13. Discurso do Papa Bento XVI no encontro com os representantes do Conselho da Igreja Evangélica na Alemanha, de 23 de Setembro de 2011, onde comenta as inquietações de Lutero, e questões que se colocam ao ecumenismo perante o secularismo actual;
14. From Conflict to Comunion, Lutheran-Catholic Common Commemoration of the Reformation in 2017, Report of the Lutheran-Roman Catholic Commission on Unity: documento da Federação Luterana Mundial e do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, publicado em 2013;
15. Audiência do Papa Francisco aos participantes na Conferência dos Secretários da Christian World Communions, dia 12 de Outubro de 2016, onde, fazendo referência ao «ecumenismo de sangue», afirma que para os perseguidores dos cristãos a denominação ou comunidade eclesial a que pertencem é indiferente, acrescentando: «O inimigo não se engana, sabe bem reconhecer onde está Jesus»;
16. Visita do Santo Padre Francisco à Comunidade Evangélica Luterana de Roma, dia 15 de Novembro de 2015: como compreender, à luz do nº 22 do Decreto Unitatis Redintegratio do Concílio Vaticano II, aliás citado no nº 1400 do Catecismo da Igreja Católica - que refere o motivo da impossibilidade, por parte da Igreja Católica, da intercomunhão eucarística com as comunidades saídas da Reforma - o tom da resposta do Papa Francisco a uma Senhora luterana casada com um católico? Afirmou o Papa, no final da sua resposta: «Alla sua domanda Le rispondo soltanto con una domanda: come posso fare con mio marito, perché la Cena del Signore mi accompagni nella mia strada? E’ un problema a cui ognuno deve rispondere. Ma mi diceva un pastore amico: “Noi crediamo che il Signore è presente lì. E’ presente. Voi credete che il Signore è presente. E qual è la differenza?” – “Eh, sono le spiegazioni, le interpretazioni…”. La vita è più grande delle spiegazioni e interpretazioni. Sempre fate riferimento al Battesimo: “Una fede, un battesimo, un Signore”, così ci dice Paolo, e di là prendete le conseguenze. Io non oserò mai dare permesso di fare questo perché non è mia competenza. Un Battesimo, un Signore, una fede. Parlate col Signore e andate avanti. Non oso dire di più.»;
17. Catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, dia 20 de Janeiro de 2016, em plena semana de oração pela unidade dos cristãos. Na síntese lida pelo leitor, em português, é afirmado que «somos convidados a redescobrir a importância do dom recebido no Baptismo, vínculo sacramental da unidade que vigora entre todos os discípulos de Cristo. Todos nós, católicos, ortodoxos e protestantes recebemos o mesmo e único Baptismo […].»;
18. Audiência do Papa Francisco aos participantes numa peregrinação de luteranos, dia 13 de Outubro de 2016, perante a presença, inédita no Vaticano, de uma imagem do heresiarca Martinho Lutero colocada numa mesa no palco;
19. Homilia do Papa Francisco na Oração ecuménica comum na Catedral Luterana de Lund, dia 31 de Outubro de 2016: «[…] Temos a possibilidade de reparar um momento crucial da nossa história, superando controvérsias e mal-entendidos que impediram frequentemente de nos compreendermos uns aos outros. […] Também nós devemos olhar, com amor e honestidade, para o nosso passado e reconhecer o erro e pedir perdão, só Deus é o juiz. E, com a mesma honestidade e amor, temos de reconhecer que a nossa divisão se afastava da intuição originária do povo de Deus, cujo anélito é naturalmente estar unido, e, historicamente, foi perpetuada mais por homens de poder deste mundo do que por vontade do povo fiel, que sempre e em toda parte precisa de ser guiado, com segurança e ternura, pelo seu Bom Pastor. Entretanto havia, de ambos os lados, uma vontade sincera de professar e defender a verdadeira fé, mas estamos conscientes também de que nos fechamos em nós mesmos com medo ou preconceitos relativamente à fé que os outros professam com uma acentuação e uma linguagem diferentes.
[…] Com este novo olhar ao passado, não pretendemos fazer uma correcção inviável do que aconteceu, mas «contar essa história de maneira diferente» (Comissão Luterana-Católica Romana para a Unidade, Do conflito à comunhão, 17 de Junho de 2013, 16).
[…] Com gratidão, reconhecemos que a Reforma contribuiu para dar maior centralidade à Sagrada Escritura na vida da Igreja.
[…] A experiência espiritual de Martinho Lutero interpela-nos lembrando-nos que nada podemos fazer sem Deus.»;
20. Declaração Conjunta do Papa Francisco e do Presidente da federação Mundial Luterana, por ocasião da comemoração conjunta católico-luterana da Reforma, em Lund (na Suécia), a 31 de Outubro de 2016; «[…] Ao mesmo tempo que estamos profundamente gratos pelos dons espirituais e teológicos recebidos através da Reforma, também confessamos e lamentamos diante de Cristo que luteranos e católicos tenham ferido a unidade visível da Igreja. Diferenças teológicas foram acompanhadas por preconceitos e conflitos, e instrumentalizou-se a religião para fins políticos. A nossa fé comum em Jesus Cristo e o nosso Baptismo exigem de nós uma conversão diária, graças à qual repelimos as divergências e conflitos históricos que dificultam o ministério da reconciliação. Enquanto o passado não se pode modificar, aquilo que se recorda e o modo como se recorda podem ser transformados. Rezamos pela cura das nossas feridas e das lembranças que turvam a nossa visão uns dos outros. Rejeitamos categoricamente todo o ódio e violência, passados e presentes, especialmente os implementados em nome da religião. Hoje, escutamos o mandamento de Deus para se pôr de parte todo o conflito. Reconhecemos que fomos libertos pela graça para nos dirigirmos para a comunhão a que Deus nos chama sem cessar.
[…] Muitos membros das nossas comunidades anseiam por receber a Eucaristia a uma única Mesa como expressão concreta da unidade plena. Temos experiência da dor de quantos partilham toda a sua vida, mas não podem partilhar a presença redentora de Deus na Mesa Eucarística. Reconhecemos a nossa responsabilidade pastoral comum de dar resposta à sede e fome espirituais que o nosso povo tem de ser um só em Cristo. Desejamos ardentemente que esta ferida no Corpo de Cristo seja curada. Este é o objectivo dos nossos esforços ecuménicos, que desejamos levar por diante inclusive renovando o nosso empenho no diálogo teológico.»;
21. Discurso do Papa Francisco à Delegação ecuménica da Finlândia por ocasião da Festa de Santo Henrique, dia 19 de Janeiro de 2017, onde declara, comentando a visita a Lund de 31 de Outubro de 2016: «Esta comemoração conjunta da Reforma teve um significado importante a nível humano e teológico-espiritual. Depois de cinquenta anos de diálogo ecuménico oficial entre católicos e luteranos, conseguimos expor claramente as perspectivas sobre as quais hoje podemos dizer que estamos de acordo. Por isto estamos gratos. Ao mesmo tempo mantemos vivo no coração o arrependimento sincero pelas nossas culpas. Neste espírito, em Lund foi recordado que a intenção de Martinho Lutero, há quinhentos anos, era renovar a Igreja, não dividi-la»;
22. Joint Statement by the Lutheran World Federation and the Pontifical Council for Promoting Christian Unity on the conclusion of the year of the common commemoration of the Reformation, 31st October 2017 / Declaração Conjunta da Federação Luterana Mundial e do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos na conclusão do ano da comemoração da Reforma, 31 de Outubro de 2017:
«On 31st of October 2017, the final day of the year of the common ecumenical Commemoration of the Reformation, we are very thankful for the spiritual and theological gifts received through the Reformation, a commemoration that we have shared together and with our ecumenical partners globally. Likewise, we begged forgiveness for our failures and for the ways in which Christians have wounded the Body of the Lord and offended each other during the five hundred years since the beginning of the Reformation until today.
[…] Among the blessings of this year of Commemoration is the fact that for the first time Lutherans and Catholics have seen the Reformation from an ecumenical perspective. This has allowed new insight into the events of the sixteenth century which led to our separation. We recognize that while the past cannot be changed, its influence upon us today can be transformed to become a stimulus for growing communion, and a sign of hope for the world to overcome division and fragmentation. Again, it has become clear that what we have in common is far more than that which still divides us.
[…] Looking forward, we commit ourselves to continue our journey together, guided by God's Spirit, towards the greater unity according to the will of our Lord Jesus Christ. With God’s help we intend to discern in a prayerful manner our understanding on Church, Eucharist and Ministry, seeking a substantial consensus so as to overcome remaining differences between us. With deep joy and gratitude we trust “that He who has begun a good work in [us] will complete it until the day of Jesus Christ” (Phil 1:6).»
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