A esperança que é dada à Humanidade pelo nascimento de Jesus, o amor familiar que Ele nos pede para dar, a humildade e partilha que durante a Sua vida exemplificou, são as razões para esse preenchimento de alma que a todos cativa. É pena que não se consigam perpetuar estes sentimentos de paz e união ao longo de todo o ano.
Certa noite, em plena guerra, separados por apenas algumas dezenas de metros, encontravam-se guardas britânicos e guardas alemães. Protegidos pelas suas respectivas trincheiras, os militares mantinham-se bem protegidos, e ao mínimo sinal, disparavam para matar a quem do lado inimigo se expusesse.
A lua cheia dessa noite clareava a cor escura do céu e deixava visível o campo que existia entre eles, destruído pelas explosões de até então e onde se encontravam os corpos dos soldados abatidos de ambos os lados. O silêncio imperava. Não se ouviam tiros nem nenhum soldado gritava de dores. O frio do Inverno era rigoroso.
Foi então que dentre o silêncio alguns militares alemães começaram a cantar a música “Stille Nacht, Heilige Nacht”. Os militares ingleses duplicaram a sua atenção e ficaram à escuta. A melodia não deixava dúvidas. Era da música “Silent Night”. Terminada a cantoria, o silêncio voltava a envolver o campo de batalha.
Passados uns segundos, um soldado inglês entusiasmado grita na sua própria língua “Boa alemães!” obtendo do outro lado a resposta “Feliz Natal ingleses! Nós não disparamos e vocês não disparam”.
Os ingleses, sem estarem certos da última parte da mensagem, voltaram a reforçar a atenção. Do outro lado, um militar alemão desarmado sai da sua trincheira e caminha em direcção às trincheiras inglesas. O lado inglês retribui enviando um soldado nas mesmas condições. Depois de algumas conversas, acordaram um período de tréguas.
Estamos na noite 24 de Dezembro. Durante aquela noite, as forças alemãs e forças inglesas enterraram os seus compatriotas e confraternizam. Ajudaram-se mutuamente a escavar sepulturas e conversaram sobre as suas terras e famílias. Trocaram cigarros e alimentos, riram-se das piadas que iam dirigindo uns aos outros… A língua não era impedimento. O recurso gestual era permanentemente utilizado e todos se entendiam.
No dia seguinte, dia de Natal, um sacerdote inglês celebrou a Missa ajudado por um ex seminarista alemão, que traduzia as orações. Todos rezaram o salmo 23 com que o sacerdote começou a missa: “O Senhor é o meu pastor: nada me falta. Leva-me a descansar em verdes prados e conduz-me às águas refrescantes. Reconforta a minha alma e guia-me por caminhos rectos, por amor do seu nome. Ainda que atravesse vales tenebrosos, de nenhum mal terei medo porque Tu estás comigo.” Dedicaram a missa aos seus colegas defuntos.
Depois, juntos, cozinharam o almoço e fizeram, dentro das possibilidades de um local de guerra, um banquete. Trocaram brasões da unidade e botões de uniforme como lembranças.
As forças inglesas, habituadas a ouvir e a ler nos jornais que os alemães eram bárbaros e sem escrúpulos, descobriram que estes eram em tudo idênticos a eles, com sentimentos e anseios, com famílias e amores, com esperanças e desejos de paz.
Após o almoço, surgiram duas equipas de futebol e, improvisando uma bola com trapos, defrontou-se um jogo. Os alemães venceram por três bolas a duas.
Paralelamente decorreu uma luta de boxe entre lutadores das duas nacionalidades. Bastante acesa, a disputa foi terminada com a separação dos lutadores, para que nenhum se aleijasse mais que o suposto. Seguido disto e de comum acordo geral, manteve-se o cessar-fogo por mais alguns dias. Fizeram-se amizades e partilharam-se experiências.
É hora de regressar. De despedidas feitas, cada nação regressou às suas trincheiras. Foram disparados vários tiros, de um lado e de outro, para o ar, como forma de aviso de que tudo estava de volta. A guerra era retomada. A Alemanha queria vencer e conquistar o espaço Inglês e a Inglaterra queria defendê-lo.
Muitas daquelas amizades, feitas uns minutos, umas horas, uns dias antes, terminaram com a morte. Morreram uns milhares de soldados. A guerra só terminou 4 anos depois, com a Alemanha derrotada.
Este foi o Natal, não oficializado, daqueles homens, em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, que ficou conhecida como a Trégua de Natal e que ocorreu numa linha de 43 km que ligava Ypres até ao Canal de La Bassée.
Tiago Rodrigues
Tiago Rodrigues
Um verdadeiro Conto de Natal que, se não fosse real, dificilmente alguém teria conseguido imaginar tão PERFEITO!
ResponderEliminarMeu Deus, e toda esta cena nos comove e nos faz pensar, como tudo poderia ser melhor, se a Humanidade fosse liderada por pessoas diferentes, que em vez da GUERRA promovessem a PAZ!
Como aquele "pobres" soldados, talvez inocentes, relativamente ao motivo que os separava, longe das famílias, se UNIRAM e, tudo esquecendo, festejaram o Aniversário d/AQUELE, que-- para quem ACREDITA-- VEIO PARA ISSO MESMO: ENSINAR AOS HOMENS QUE TODOS SOMOS IRMÃOS, QUE TEMOS UM PAI QUE ESTÁ NOS CÉUS E QUE, POR ISSO, NOS DEVEMOS AMAR, EM VEZ DE NOS DESTRUIR, UNS AOS OUTROS...
Obrigada por nos recordar este belo acontecimento, numa Época em que, talvez, TUDO o que acabámos de ler, esteja prestes a repetir-se, mas, agora, de uma forma muito mais subtil...mas GENERALIZADA, invadindo a nossa vida, em toda a linha...OBRIGANDO-NOS CINICAMENTE, A AFASTAR-NOS DAQUELES QUE MAIS AMAMOS, para que, isolados, fiquemos mais vulneráveis e, assim, mais facilmente possamos ser escravizados e destruídos!
ResponderEliminarE a História repete-se!
Se há cento e tal anos, ainda havia sensibilidade Cristã, para que ambos os lados depusessem as armas e se abraçassem num Sinal Fraterno de concórdia, hoje, nem isso! Porque os "senhores da guerra", aqueles que a denunciam, enquanto veladamente a propagam, continuam a enganar os pobres incautos, provocando a CHACINA de um Povo inocente, que confiando nos algozes ainda se refugia em zonas que eles próprios lhe indica, para, depois, o massacrar sem dó nem piedade!
-"Ai Jerusalém, Jerusalém, se ao mesmo hoje, soubesses o que te traria a Paz..."
VEM SENHOR JESUS!!