Num lamaçal de ideias o cronista Henrique Raposo disse que existe um grupo de fariseus separatistas que defende erradamente que quem se encontra em relações extraconjugais não pode receber o sacramento da Eucaristia. O Henrique Raposo diz que eles estão errados, porque o verbo cristão por excelência é "recomeçar".
E o que significa este "recomeçar", perguntamos? O Henrique diz que está em jogo um duplo discernimento, um exame de consciência, sobre o compromisso com o Evangelho e com a ideia de família. Cabe ao sacerdote vigiar e avaliar este exame interno. Se o exame for honesto, se quem quiser receber o sacramento da eucaristia quiser crescer em caridade, se o sacerdote levantar o polegar para cima, então qual é o mal? Pergunta o Henrique Raposo.
O "recomeçar" que o Henrique tanto fala não vive sozinho num mundo de ideias bonitas sobre o cristianismo. Recomeçar apenas significa alguma coisa se existir arrependimento e propósito de não voltar a pecar. Isto estará assim, tal e qual, em qualquer pequeno e humilde catecismo que se preze. O Henrique Raposo faz uma interessante tentativa no artigo. Primeiro chama muitos nomes a quem tem uma opinião diferente da dele e depois manda um argumento completamente falacioso para o ar, para ver se alguém o apanha.
As respostas aos argumentos estão dadas, existia apenas um. Mas o Henrique Raposo também faz algumas perguntas. "Se a misericórdia do Senhor pode ser recebida por todos, até pelo violador e pedófilo, porque é que continuam a ostracizar o divorciado? Porque é que continuam a negar os mandamentos da reconciliação e da eucaristia ao divorciado recasado? Onde é que está escrito que o divórcio é o único pecado sem acesso ao perdão?"
O que nos diz o dicionário da doutrina católica sobre a palavra divórcio:
DIVÓRCIO é a separação dos cônjuges com a intenção de não tornarem a viver sob o mesmo tecto. Pode ser: a) — pleno, e consiste na separação para passar a outras núpcias, o que nunca é lícito; b) — semipleno, e consiste na separação dos cônjuges sem intenção de romperem o vínculo conjugal, o que é lícito havendo causa. As causas são: adultério de um dos cônjuges; afastamento da verdadeira Religião para a apostasia ou heresia; grave dano para a alma ou para o corpo; mútuo consentimento. O Matrimónio válido e consumado não pode ser dissolvido por nenhuma Autoridade humana (C. 1118).
Sobre a indissolubilidade do Matrimónio escreveu o Apóstolo São Paulo o seguinte: «Aqueles que estão unidos em Matrimónio mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido e, se se separa (por causa justa) que fique sem casar ou que se concilie com seu marido. E o marido, da mesma maneira, não deixe a sua mulher» (Ep. I Cor. VII, 10, 11).
E Jesus Cristo já tinha condenado o divórcio com estas palavras: «Qualquer que repudiar a sua mulher e se casar com outra comete adultério contra a sua primeira mulher. E, se a mulher repudiar o seu marido e se casar com outro, comete adultério» (Ev. S. Mar. X, 11). É, pois, absolutamente proibido por lei divina que os casados, se tiverem de se separar por causa justa, façam novo casamento, enquanto ambos forem vivos. Não podem os fiéis aceitar o divórcio pleno embora seja admitido pelo Poder civil.
O divórcio, por si só, não é o problema em causa. O problema prende-se no facto de o marido/mulher viverem ou não uma vida celibatária, depois de separados. Não viver uma vida celibatária após a separação é pecado grave e quem vive em pecado grave não pode comungar. Ou seja, o pecado de dormir com outra mulher, se existir arrependimento e intenção de não voltar a pecar, pode ser perdoado, mas se não existe arrependimento nem intenção de não voltar a pecar, então não existe perdão. O pedófilo e o criminoso são perdoados apenas se estas duas condições existam, se não existirem estão no mesmo caso que os divorciados.
Os nomes que o Henrique Raposo chama aos católicos também são engraçados. Vale a pena dizer que os fariseus são como Henrique Raposo, são os que põem as leis dos homens à frente das leis de Deus. Exactamente o que ele pretendeu fazer com o seu artigo.
Miguel P. Silva
Deixo aqui a mesma mensagem, ou desafio, que deixei na caixa de comentários da Rádio Renascença para que sirva de chave de leitura a quem ler o "misericordioso" artigo do sr. Raposo.
ResponderEliminarProcuremos no texto, por esta ordem, os seguintes insultos que ali são ditos de forma direta ou indireta: (1) resistentes; (2) separatistas; (3) pertencentes a "certos grupos"; (4) insurgentes; (5) puristas; (6) salvadores; (7) doentes; (8) fariseus; (9) legalistas de olhos mortos; (10) legalistas de Javert; (11) tribais; (12) mais papistas que o Papa; (13) perdoadores de assassinos; (14) ostracizadores; (15) negadores dos mandamentos; (16) presunçosos; (17) desonestos; (18) crentes sem mácula, ó santos; (19) desonestos; (20) burocratas do direito canónico. Os insultos não surpreendem na escrita do sr. Raposo, que antes se virou contra os alentejanos. Agora vira-se contra os católicos que acreditam na verdade cristã sobre o matrimónio, onde se incluem 265 Papas, um dos quais ainda é vivo. O artigo do sr. Raposo é tão pobre e ridículo que só não passa despercebido por aparecer absurdamente publicado na página da emissora católica portuguesa (ele confunde, por exemplo, sacramentos com mandamentos e carece de um conhecimento mínimo da Fé católica acerca dos sacramentos do Matrimónio e da Reconciliação). Convido ainda o sr. Raposo, que não sei se é católico mas, pelo menos, aprecia os ensinamentos do Papa Francisco, a ver este pequeno vídeo publicado pela Renascença onde o Santo Padre condena precisamente os insultos e também a "cobiça da mulher do próximo" (=adultério, recasamento...).
http://rr.sapo.pt/video/127981/papa-por-favor-nao-insultem
Esta pessoa, o sr Raposo, escreve na defeza dos projetos progressistas das esquerdas radicais, e diz-se católico? Então, todos esses adjetivos que vomitou no seu artigo, assentam nele bem como uma luva!
ResponderEliminarTrite convencido! Prescindimos totalmente da sua sabedoria!