Na semana passada, o prefeito do Secretariado para as Comunicações, Mons. Dario Viganò, publicou parte de uma carta que o Papa Bento lhe enviou, sobre a obra teológica do Papa Francisco.
Lamentavelmente, os excertos foram publicados fora do contexto e distorceram o sentido original da carta para parecer quase o sentido oposto da carta. Por essa razão, e porque muitos estranharam a carta do Papa Bento, o Gabinete de Imprensa da Santa Sé (um outro órgão do Vaticano), decidiu publicar a carta na íntegra.
Lamentavelmente, os excertos foram publicados fora do contexto e distorceram o sentido original da carta para parecer quase o sentido oposto da carta. Por essa razão, e porque muitos estranharam a carta do Papa Bento, o Gabinete de Imprensa da Santa Sé (um outro órgão do Vaticano), decidiu publicar a carta na íntegra.
A versão integral da carta sugere que o primeiro parágrafo é uma resposta específica à carta que fora enviada originalmente a Bento XVI, num formato de repetição das ideas da pessoa a quem se dirige, e não um parágrafo inovador. Esses vêm a seguir.
O envelope onde se encontrava a carta dizia que era apenas para uso pessoal, e todas as circunstâncias levam a crer que o Papa Bento nunca planeou tornar esta carta pública. Por questões de transparência e amor à Verdade publicamos aqui uma tradução para português.
7 de Fevereiro de 2018
Reverendíssimo Monsenhor,
Muito obrigado pela sua amável carta do dia 12 de Janeiro e pelo presente em anexo dos onze volumes editados por Roberto Repole. Aplaudo esta iniciativa que quer opor-se e reagir ao tonto preconceito de que o Papa Francisco seria apenas um homem prático privado de particular formação teológica ou filosófica, enquanto que eu seria apenas unicamente um teórico da teologia que teria percebido pouco da vida concreta de um cristão de hoje. Os pequenos volumes mostram com razão que o Papa Francisco é um homem de profunda formação filosófica e teológica e ajudam-nos assim a ver a continuidade interior entre os dois pontificados, mesmo com todas as diferenças de estilo e temperamento.
No entanto não vou escrever sobre eles "uma breve e densa página teológica". Sempre foi claro em toda a minha vida que escreveria e expressar-me-ia apenas sobre livros que verdadeiramente li. Infelizmente, também por razões físicas, não estou em estado de ler os onze volumes no futuro próximo, ainda para mais porque tenho outras tarefas com as quais já me comprometi.
Só uma nota, gostaria de mostrar a minha surpresa pelo facto de que entre os autores está o professor Hünermann, que durante o meu pontificado se destacou por ter liderado iniciativas anti-papais. Ele participou de forma significativa no lançamento da "Kölner Erklärung" que, em relação à encíclica Veritatis splendor, atacou de modo hostil a autoridade magisterial do Papa, especialmente sobre questões de teologia moral. Também a "Europaische Theologengesellschaft", que ele fundou, inicialmente foi pensada como uma organização em oposição ao magistério papal. Seguidamente, o sentir com a igreja de muitos teólogos impediu esta orientação, tornando essa organização num instrumento normal de encontros entre teólogos.
Estou certo que compreenderá a minha negação e saúdo-o cordialmente.
Seu,
Bento XVI
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