Entrevista com Dr. Juan Francisco Sánchez Espinosa, membro da Sociedade Espanhola de Sindonologia, ou seja, estudos relacionados com o Santo Sudário. Este médico espanhol estuda há longos anos o mais singular tecido da cristandade.
O que é o Santo Sudário?
É um lençol
funerário. Alguns autores afirmam, com base nos vários tipos de estudos que já
foram feitos, que a sua origem remonta ao século I antes ou depois de Cristo,
pelo tipo de estrutura que tem. Curiosamente, as medidas não foram sempre
as mesmas, porque, ao longo do tempo, foi havendo várias sobreposições para
sustentar o tecido. As medidas actuais são de aproximadamente 4,36m x 1,10m. O
vocábulo grego “síndon”, que significa tecido, deu origem à palavra com que
chamamos o Santo Sudário, o “Sudário” de Turim. E a sindonologia é o estudo
desse tecido tão singular para toda a cristandade.
O que podemos ver no Sudário?
Vemos uma imagem dorsal
e frontal de um homem que foi morto mediante a crucificação. Vemos múltiplas
feridas disseminadas por todo o tórax, pelo abdómen, pelos membros superiores e
inferiores, do que parecem açoites; lesões na cabeça, mais de 600 feridas. E
também feridas de transfixação nos pulsos e nos pés.
Como descreveria a imagem que
podemos ver no Sudário?
É preciso estar a mais de um metro e meio de distância para conseguir visualizá-la. Não
se sabe onde começa e onde acaba. É uma imagem que se formou na superfície do
linho, de 4 ou 5 mícrones de profundidade, por uma desidratação da celulose do
linho; não existe nenhum resto de pigmento, como foi demonstrado num dos
exames feitos em 1978. É algo extraordinário porque, com toda a tecnologia do
século XXI, não somos capazes de saber realmente como é que a imagem se formou.
Alguns falam dela como a imagem impossível, porque não existe explicação
científica.
Também aparecem restos de sangue no Santo
Sudário, não é? Que explicação pode haver?
É curioso que o
sangue seja prévio à formação da imagem. E é curiosíssimo porque algumas partes
do tecido foram raspadas e ficou comprovado que não há imagem. Então podemos
concluir que a imagem se formou depois do sangue estar incrustado no tecido. O que
sabemos é que se trata de sangue do grupo AB. Mais ou menos 16% da população
semítica ou hebraica tem esse tipo de sangue. E, curiosamente, o sangue
detectado no Sudário de Oviedo (um pano com a imagem de um rosto) também é do grupo AB. Um detalhe
importante é que, no sangue, aparece uma grande quantidade de bilirrubina; e
isso acontece quando a morte é causada por muito stress.
Por que podemos dizer que o Santo Sudário é
um “negativo fotográfico”?
O primeiro que
reparou nisso foi o fotógrafo italiano Secondo Pia, em 1898. Alguns estudos dizem que
essa imagem pôde surgir por causa de uma radiação ortogonal; ou seja, que sai
verticalmente do corpo e produz a imagem. É como se o corpo tivesse emitido uma
radiação; mas, realmente, não se sabe exactamente como aconteceu.
Em 1988, foi feito o exame de Carbono 14 e
alguns dizem que o resultado não é determinante para precisar a idade do
tecido. Por quê?
Essa prova tem
uma fiabilidade de 67% e a única coisa que ela faz é medir o número de
átomos de carbono 14 que existem nesse organismo. O carbono é gerado pelos
raios cósmicos que formam o nitrogénio. Deram quatro mostras do Sudário, mas
todas cortadas do mesmo pedaço. E era o pedaço que foi chamado de “remendo
fantasma”, porque nele existem misturas. Isso é um erro de metodologia, porque
o lógico teria sido pegar vários pedaços de diferentes partes do Santo Sudário.
Quando se diz que a Sudário é da Idade Média, é porque nas mostras que foram
dadas às universidades que a estudaram havia tecido medieval misturado com o
tecido original. É uma técnica chamada "tecelagem francesa", que usa algodão tingido.
Que aspectos da imagem ressaltaria
do ponto de vista médico?
É uma imagem que
me diz o tipo de morte que aquele homem sofreu; que ele teve um sofrimento
brutal, que sofreu perfuração nos pulsos e nos pés. Isso causou uma dor horrorosa, porque, provavelmente, atingiu o nervo mediano; por isso o
dedo polegar ficou puxado para dentro. Também há mais de 600 lesões que devem
ter causado no homem da Sudário uma hemorragia descomunal, com uma perda de
sangue muito grande.
Há lesões de chicotadas compatíveis com o “flagrum
taxilatum”, que era uma espécie de chicote formado por tiras de couro
terminadas nos chamados “taxil”, formados por pedaços de ossos ou de chumbo que
se cravavam na carne; de facto, há pedaços de músculo que foram recolhidos do
Sudário, na altura das costas da imagem. Deve ter sido um espancamento
selvagem. Esse tipo de tortura podia destroçar a musculatura intercostal,
lesionar órgãos internos, etc.
Alguns estudiosos falam também do pólen
como prova de que o Sudário veio de Jerusalém, não é?
Sim, porque, nos
estudos, foi descoberto que muitas mostras de pólen do tecido vêm
da área de Jerusalém. Concretamente, quatro ou cinco espécies que são próprias
da região do Mar Morto e de Jerusalém. Alguns pesquisadores judeus da
Universidade Hebraica de Jerusalém, como Uri Baruh, concluíram que o Santo
Sudário esteve em Jerusalém durante a Primavera e, aproximadamente, há 2000 anos atrás.
O Santo Sudário é um milagre?
Para mim, sim, é
um milagre. Eu acredito que Deus deixa rastros neste mundo e um deles é o Santo
Sudário, porque não há explicação científica. O Santo Sudário interpela-nos porque, se é verdade que ele fala de Jesus Cristo morto e ressuscitado, o que a
Igreja diz também é verdade e, portanto, precisamos de mudar de vida. E se não nos interessa mudar de vida, então não vale a pena ouvir nada disto.
in Zenit
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