quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Poema de São João da Cruz cantado pelas Carmelitas de Fátima

Embora seja noite 
(uma referência à noite espiritual)

Bem eu sei a fonte que mana e corre
Embora seja noite.

Aquela eterna fonte está escondida
mas sei bem d’onde é suprida
Embora seja noite.

A sua origem desconheço, pois não a tem
mas sei que toda origem dela vem,
Embora seja noite.

Sei que não pode haver coisa tão bela
e que céus e terra bebem dela,
Embora seja noite.

Sei bem que fundo nela não se acha,
e que ninguém pode atravessá-la,
Embora seja noite.

A sua claridade não é nunca escurecida
e sei que a sua luz toda já é vinda,
Embora seja noite.

Sei ser tão caudalosas suas correntes
que regam céus, infernos e as gentes,
Embora seja noite.

A corrente que nasce desta fonte
sei que é forte e omnipotente,
Embora seja noite.

E das duas a corrente que procede
sei que nenhuma delas a precede,
Embora seja noite.

E esta eterna fonte está escondida
neste vivo Pão para dar-nos vida,
Embora seja noite.

Aqui ela está chamando as criaturas
e se fartam desta água, ainda que às escuras
porque é de noite.

Esta viva fonte que desejo
neste Pão de vida a vejo,
Embora seja noite.

São João da Cruz, doutor da Igreja e reformador carmelita

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