quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

O processo judicial e o corajoso martírio de Santa Luzia

Santa Luzia foi uma mártir dos primeiros séculos do Cristianismo (304 d.C.). Dotada de grande beleza física foi cobiçada por um jovem que também vivia em Siracusa (Sicília). Como não correspondesse aos intentos desse jovem, este denunciou Luzia ao Tribunal de Pascácio por ser cristã.

Pascásio citou a donzela perante o tribunal e intimou-a a sacrificar aos deuses e a cumprir a palavra dada ao cidadão. 

“Nem uma, nem outra coisa farei”, respondeu Luzia. “Adoro a um só Deus verdadeiro, a Ele prometi fidelidade e a mais ninguém”.

Pascásio, então, disse: “Devo exigir que respeites a ordem imperial: de prestar homenagem aos deuses e cumprir o que prometeste”.

Luzia: “Fazes bem em cumprir as ordens do Imperador[2]; eu cumpro as que Deus me deu. Se tens medo dos poderes de um homem mortal, eu temo os juízos de Deus; a Ele devo sujeitar-me”.

Pascásio: “Deixa de falar fanfarronices, se não queres que a tortura te ensine usar de outra linguagem.”

E ela: “Aos servos de Deus não faltará a palavra, porque Cristo disse: ‘Se estiverdes diante de reis e governadores, não cuideis como haveis de falar; porque não sereis vós quem fala, mas por vós falará o espírito de Deus’.”

Pascásio: “Está em ti o espírito de Deus?”

Luzia: “Quem vive casta e santamente, é templo do Espírito divino”.

Pascásio: “Se assim é, farei com que deixes de ser templo de Deus, e verás como te haverás com a castidade”.

Luzia: “Sem a minha vontade a virtude nada sofrerá: Podes à força pôr incenso em minhas mãos, para que o ofereça aos deuses; de nada vale, porque Deus, que conhece o coração, não me julgará pelo que fiz sob coação. Não poderei resistir à força, mas a minha virtude receberá dupla coroa”.

A ordem do governador foi posta logo em execução.

Luzia saiu do tribunal, entregue à vontade e brutalidade dos homens, mas cheia de confiança em Deus e invocando-Lhe o auxílio.

E eis como Deus lhe recompensou a Fé: Quando os verdugos puseram mãos à obra, para levar a donzela ao lugar determinado, força nenhuma foi capaz de fazê-la mover-se de onde estava. O facto causou grande estupefação. 

Mas em vez de reconhecer nisto o poder de Deus, que defende os seus, os pagãos viram uma obra de feitiçaria. Foram chamados os sacerdotes e magos, para desencantar o feitiço, mas nada conseguiram. Luzia resistiu heroica e superiormente a todas as tentativas dos inimigos. 

Pascásio idealizou outro plano. Ordenou que despejassem sobre a virgem: azeite, piche e resina, e ateassem uma grande fogueira ao redor. Outra maravilha! Subiram as labaredas, e a densa fumaça encobriu a figura da donzela, a qual, porém, ficou ilesa.

Luzia foi então vítima de várias torturas, sendo que uma delas foi de arrancar os seus olhos, que foram colocados numa bandeja e entregues ao seu ex-pretendente. Mesmo assim, no dia seguinte os olhos de Luzia apareceram no seu rosto, intactos.

Ao ver isto, Pascásio, encolerizado e confuso, deu ordem a um soldado para que, com a espada, lhe cortasse a cabeça, atravessando a garganta daquela que, jubilosa e triunfante, exortava aos assistentes do espectáculo que abandonassem os falsos ídolos.

A ferida foi mortal. Luzia entregou o espírito a Deus, para receber a palma do vitorioso martírio.

3 comentários:

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