Em mais um episódio da exegese dos discursos do Papa Francisco, a imprensa veio proclamar em grandes títulos que o Papa disse - hoje na Audiência Geral - que é melhor ser ateu do que ser católico e odiar os outros.
As palavras do Papa que levantaram essa polémica foram estas (tradução nossa a partir do original em italiano):
«Quantas vezes vemos o escândalo criado por aquelas pessoas que vão à igreja e passam lá o dia, ou vão lá todos os dias, e depois vivem com ódio dos outros ou dizendo mal das pessoas. Isto é um escândalo! É melhor não ir à igreja: vive assim, como ateu. Mas se vais à igreja vive como filho, como irmão e dá um verdadeiro testemunho, não um contra-testemunho.»
Os meios de comunicação social interpretaram estas palavras à sua maneira, e tentaram passar a mensagem, tão comum hoje em dia, que um ateu é melhor do que um católico que peca. Mas isto não é verdade, porque também nenhum ateu é impecável. Na História da Humanidade existiram apenas duas pessoas impecáveis: Nosso Senhor Jesus Cristo e a Sua Mãe Maria Santíssima.
O Papa não fez qualquer comparação entre ateus ou católicos. Limitou-se a dizer que se algum católico vive diariamente na murmuração e na má língua cria escândalo. O escândalo é o que se diz, faz ou se deixa de fazer que causa nos outros uma ocasião de pecado ou alguma ruína espiritual. Ver alguém que é assíduo na igreja ser também assíduo na murmuração faz com que as outras pessoas pequem, e pode até fazer com que tenham dúvidas de fé (se forem mais frágeis). Essa pessoa está a dar um mau testemunho enquanto católica. O melhor seria que deixasse de murmurar. Caso não queira, o Papa diz que o melhor é deixar de fingir que é católica, indo à igreja, e viva como ateia.
Isto não é um elogio aos ateus e uma crítica aos católicos, ao contrário do que quiseram fazer passar os media. Isto é uma crítica aos ateus porque o Papa diz que um católico não pode ser coerente se vive a dizer mal dos outros, mas um ateu pode. A "solução" imediata dada para Papa ao mau católico que não quer corrigir o seu comportamento público, que causa escândalo aos outros, é viver tranquilamente como ateu. Se alguém se deveria sentir indignado com estas palavras são os ateus, não os católicos. Os meios de comunicação social não atingiram isso.
Claro que nós sabemos que os católicos vão à igreja porque são pecadores, não porque são perfeitos. É exactamente por serem pecadores que precisam da oração para terem uma relação pessoal com Deus; que precisam da confissão para demonstrarem arrependimento e serem perdoados pelos seus pecados; e que precisam da Santa Missa, e dos restantes sacramentos, para receberem a graça de Deus que os vai ajudar nesta luta contra o pecado e o mal.
O mau católico do exemplo do Papa não deveria deixar de ir à igreja, deveria continuar na igreja e deixar de murmurar. Mas o Papa fala de alguém irredutível no seu pecado público e que, com isso, faz com que outros pequem também. Esse católico não vive como católico mas como ateu, ou seja sem qualquer Superior moral. E foi isso que a imprensa não entendeu ou não quis entender.
João Silveira
Então em que sentido devo os levar estas palavras? ( É melhor não ir à igreja: vive assim, como ateu.)
ResponderEliminarDa forma como está: se for para viver como hipócrita,esquecido de Deus, então viva fora da Igreja e se assuma como ateu. A frase dele é clara. "Viva assim como um ateu, assim como ele descreceu. Na igreja deve se viver buscando Deus.
Eliminar'Conheço as tuas obras: não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas como és morno, nem frio nem quente,vou vomitar-te' Apocalipse 3, 15-16
ResponderEliminarSe aplica aos 'cristãos' que frequentam a igreja, mas vivem do jeito que o diabo gosta.
No meu entender, foi isso que o Santo Padre quis dizer
Todos os cristão são pecadores e na igreja se faz um caminho,mesmo que uma pessoa possa ir todos dias à missa não quer disser que não possa pecar e não possa cair.Entao para o Papa a melhor solução é virar ateu, entregar se completamente ao diabo?
ResponderEliminarSeque a citação abreviada de um fiel que acredito chegou também ao limite destas (ouso chamar) invenções de improviso do papa Francisco. É imposssível acompanhar dia a dia o conteúdo das citações papais ainda que fóssemos tocados com a santidade plena, como a de São Paulo, quando ficou cego por alguns dias. O meu grito é de chega! Continuarei a ir a Missa, rezar pelo papa, mas não vou mas ouvi-lo como uma pessoa que ensina o que a Igreja ensina durante todos esses séculos. Basta! Segue o comentário de Kay H. Larsen publicado no CWR: "When I pour out my heart to God with many words, I often see myself and my requests for what they are—selfish, misguided and not in line with God’s will for me. So, thank you, Holy Father for your advice, but God and I will continue to rub along as we have. He will listen and help me to separate the wheat from the chaff. He will take what is good in my words and grant me what I need, not necessarily what I asked for. I will have learned a little more about my spiritual condition. Do two lovers worry about the length of their conversations? Does a parent turn the child off and not listen lovingly to the child’s words? I don’t think our father does any less than another human would."
ResponderEliminarQue viagem ficar discutindo se ele disse ou não. Ninguém é melhor que ninguém... e BASTA!!
ResponderEliminarPodemos ficar dias e dias discutindo sobre o assunto no recorte da palavra "ateu" dita desgraçadamente pelo papa, mas não é esse o caso a meu ver. O papa Francisco, perdão, é um desastre praticamente toda a vez que abre a boca para falar seja ele mesmo ou mal assessorado. Inventa! E muito! Busquem as inúmeras falas desastradas ao longo de seu pontificado que causaram confusão cada vez que as pronuncia.. Para este caso específico, esqueçam o "ateu" como fundamento. Creio que a reflexão de hoje do bispo Robert Barron coloca alguma luz neste contexto:... "in today’s Gospel, Nathaniel recognizes Jesus as the Son of God and King of Israel. Like Nathaniel, once we make the decision for Jesus, once we determine that he is the supreme good, then every other claimant to supremacy must fall away. As I’ve argued many times before, every one of us has something or some set of values that we consider greatest. There is some center of gravity around which everything else turns.
ResponderEliminarPerhaps it is money and material things. Perhaps it is power and position. Perhaps it is the esteem of others. Perhaps it is your country or your political party or your ethnic identity. Perhaps it is your family, your kids, your wife, your husband.
None of this is false; and none of these things are bad. However, when you place any of them in the absolute center of gravity, things go awry. When you make any of them your ultimate or final good, your spiritual life goes haywire. When you attach yourself to any of them with an absolute tenacity, you will fall apart."
Christian love bears evil, but it does not tolerate it.
ResponderEliminarIt does penance for the sins of others, but
it is not broadminded about sin.
Real love involves real hatred:
whoever has lost the power of moral indignation and
the urge to drive the sellers from the temples
has also lost a living, fervent love of Truth.
Archbishop Fulton J. Sheen