A doutrina Católica das indulgências do século XVI, durante a revolta de Lutero, é exactamente igual à doutrina das indulgências do século XXI. Ensina o Catecismo da Igreja Católica (n. 1471) que:
"A indulgência é a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições pela acção da Igreja que, enquanto dispensadora da redenção, distribui e aplica, por sua autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos"
Ou seja, toda a ofensa cometida por alguém tem duas componentes que devem ser tidas em conta:
1. É preciso pedir desculpa à pessoa ofendida e
2. É preciso saldar a dívida com essa mesma pessoa, isto é, reparar o mal que se fez.
Basta pensar no caso simples em que se rouba dinheiro a alguém: não basta pedir desculpa, é preciso também devolver o dinheiro roubado, especialmente se for uma quantia bem grande.
Ora, nesta vida, todo o mal que se faz é, em última análise, uma ofensa a Deus - e, como em todas as ofensas, para voltar a estar em perfeita relação com Deus, tem que se cumprir os dois pontos acima.
O problema, claro, é que Deus é um ser simples, não tem partes, logo uma ofensa a Deus ofende-o em toda a sua medida, que é uma medida infinita. O homem, sendo finito, nunca consegue reparar os seus pecados. A verdade é que devolver 1 milhão de euros a alguém já é complicado, mas infinitos euros é impossível.
Felizmente a história que o Cristianismo nos ensina nos Evangelhos é uma história que acaba bem. Surgiu um Homem que conseguiu reparar na medida infinita de Deus, precisamente por também ser Deus. Com a Sua Paixão, Jesus permitiu a cada homem saldar a dívida que tem para com Deus, por muito grande que ela fosse!
Como em tudo na vida, a vontade pessoal tem um papel preponderante e, portanto, é preciso dizer a Deus que sim, que queremos usar mesmo essas graças conquistadas por Cristo.
A maneira de fazer isto é, claro, indo aos sacramentos, mas também ganhando méritos com obras - obras de caridade, de piedade, ... - que permitem ganhar indulgências. Rezar uma Ave Maria, por exemplo, dá-nos uma indulgência parcial.
As indulgências podem ser parciais ou plenárias e, como o próprio nome indica, as parciais reparam parte da dívida que temos para com Deus e as plenárias reparam totalmente essa dívida.
A Igreja Católica, no seu poder e função de santificar o povo de Deus, permite-nos ganhar indulgências plenárias com determinados actos de piedade. Alguns deles estão descritos aqui.
A Quaresma, culminando no Tríduo Pascal, é também um tempo rico para se ganhar indulgências plenárias e ficarmos Santos. Aqui ficam as indulgências plenárias que se podem ganhar só na Quaresma:
- Todas as 6ªs-feiras: Rezar a oração En ego, o bone et dulcissime Iesu (Ó bom e dulcíssimo Jesus) depois de receber a Sagrada Comunhão, diante de uma imagem de Jesus crucificado.
- Via-Sacra: Rezar as 14 estações da Via Sacra diante de estações legitimamente erigidas, meditando na Paixão de Jesus em cada uma delas;
- 5ª-feira Santa: Rezar o Tantum Ergo (Veneremos Adoremos) depois da Santa Missa da Ceia do Senhor;
- 6ª-feira Santa: Participar na celebração da Paixão, com a veneração da Cruz do Senhor;
- Sábado Santo: Renovar os votos do Baptismo na Santa Missa da Vigília Pascal (também há indulgência plenária a quem o faz no aniversário do próprio Baptismo);
- Domingo de Páscoa: Receber a benção que o Papa dá na Basílica de S. Pedro às 12h00m (GMT+1), ao vivo ou pelos meios de comunicação social, desde que seja em directo.
É importante lembrar que a indulgência não é o perdão dos pecados, mas apenas a reparação das penas que vêm dos pecados. Aliás, isso mesmo está explícito nas condições para se receber uma indulgência plenária. Para se a indulgência plenária ter efeito é preciso:
1. Ter uma disposição interior de afastamento total de todo o pecado, mesmo do pecado venial;
2. Estar confessado;
3. Receber a Sagrada Comunhão;
4. Rezar pelas orações do Santo Padre (pode ser qualquer uma, mas a Santa Sé recomenda um "Pai Nosso" e uma "Ave Maria).
A Santa Sé também diz que é preferível que a Confissão e a Comunhão relativas à indulgência aconteçam no dia em que se pede a indulgência, mas pode ser antes ou depois (num intervalo máximo de 20 dias).
As indulgências plenárias só se podem receber uma vez por dia e só se podem aplicar ou à própria pessoa ou a alguém que já tenha morrido mas que ainda tenha penas para reparar, ou seja, que ainda esteja no Purgatório. Mais informações detalhadas pela Santa Sé podem ser encontradas aqui.
É importante reforçar que a Confissão é necessária para se receber a indulgência!
Nuno CB
1. Ter uma disposição interior de afastamento total de todo o pecado, mesmo do pecado venial;
3. Receber a Sagrada Comunhão;
4. Rezar pelas orações do Santo Padre (pode ser qualquer uma, mas a Santa Sé recomenda um "Pai Nosso" e uma "Ave Maria).
A Santa Sé também diz que é preferível que a Confissão e a Comunhão relativas à indulgência aconteçam no dia em que se pede a indulgência, mas pode ser antes ou depois (num intervalo máximo de 20 dias).
As indulgências plenárias só se podem receber uma vez por dia e só se podem aplicar ou à própria pessoa ou a alguém que já tenha morrido mas que ainda tenha penas para reparar, ou seja, que ainda esteja no Purgatório. Mais informações detalhadas pela Santa Sé podem ser encontradas aqui.
É importante reforçar que a Confissão é necessária para se receber a indulgência!
Nuno CB
Se não fossem estes blogs, hoje ninguém fala nisso; e quantas graças se perdem, especialmente, para as almas do Purgatório!
ResponderEliminarObrigada