Diante do horror
de ver a Catedral de Notre-Dame ser devorada pelas chamas surge um sinal de
esperança: um grupo que diante da tragédia reza o terço cantado,
muitos deles de joelhos.
O incêndio que
destruiu parte da Catedral de Paris é uma imagem quase perfeita do estado da
Igreja em França e no Ocidente. No período pós-Concílio Vaticano II grande parte dos Bispos e sacerdotes traíram a sua missão. Deveriam
ter entregado o que tinham recebido: um tesouro inestimável; a maior
história de amor que o mundo alguma vez viu. Em vez disso fizeram da sua missão
destruir o que podiam e ocultar o resto desse tesouro.
Aos fiéis que
deles esperavam a verdade entregaram-lhes apenas meias-verdades, nada mais do
que um presente envenenado. Em lugar de ser a Igreja a mudar o mundo, um dos
três inimigos da nossa alma, passou a ser o mundo a mudar a Igreja, deformando-a.
Muitos dos fiéis deixaram de o ser, porque a salvação passou a ser tão fácil
como o pecado. Outros continuaram a ser “fiéis” mas de outra "fé"; não a que tinha sido
guardada religiosamente durante vinte séculos depois do próprio Jesus Cristo,
Deus feito homem, ter dito que sem aquela Fé ninguém se poderia salvar. E o
propósito da nossa existência é a salvação da nossa alma, é ficar para sempre
na presença de Deus, nosso Criador e Redentor. Nisso consiste a felicidade, e
não em algo que o mundo nos possa prometer.
Com as portas
escancaradas ao mundo, o Maio de 68 entrou e fez muitos estragos. A “homossexualidade”
e a libertinagem sexual começaram a fazer parte da vida de muitos que deveriam
viver como anjos. Não satisfeitos com a própria corrupção foram corromper os
mais fracos, os que não se podiam defender. O escândalo dos abusos sexuais nas
últimas décadas foi um dos maiores contra testemunhos que o Clero poderia dar.
Os rapazes adolescentes deveriam olhar para um sacerdote e ver um homem, um
exemplo a seguir, não um cobarde luxurioso pronto a aproveitar-se do seu corpo
para ter um prazer efémero que na eternidade se vai traduzir em sofrimentos inenarráveis.
Hoje em dia muitas
dioceses e muitas paróquias continuam a ser guiadas por pessoas com vergonha (e
até ódio) do passado da Igreja. Muitos deles falam da História como se a Igreja
tivesse começado verdadeiramente há 50 anos, e antes disso fosse apenas um bando
de malfeitores. Uns fazem-no por ignorância, outros por má-fé. Os pecados que
Deus nos disse que eram especialmente graves como a sodomia, o adultério e o
aborto são nas suas igrejas tolerados, quando não incentivados.
Mas a Igreja não
é deles, é de Jesus Cristo. E por isso vemos jovens como aqueles que ali
rezaram - cheios de fé, esperança e caridade - o rosário enquanto o mal parecia
vencer. Eles são a imagem dos jovens que muitos bispos e sacerdotes consideram tradicionalistas,
fundamentalistas, extremistas. Constroem muros para se afastarem deles,
enquanto se dedicam a construir pontes com os inimigos da Igreja, com os que a
querem destruir. A estes tudo é permitido, àqueles tudo é proibido. A estes
tudo é concedido, àqueles tudo é recusado. Fecham-lhes portas, declinam
recebê-los, traem a cultura de diálogo que propagam a plenos pulmões à frente
de qualquer microfone.
A Igreja está a
arder. Arde como ardeu ontem Notre-Dame. Somos muito menos do que éramos. Os
fiéis são muito mais ignorantes em relação à Fé. Há uma apostasia silenciosa. As
pessoas estão confusas. Já nada é certo, nada é garantido. Uma coisa é verdade
hoje mas amanhã pode ser mentira. Uma Igreja sem Fé não pode ter caridade,
ninguém pode amar o que não conhece.
Mas diante das
chamas que parecem tudo destruir eis que aparece um sinal de esperança, uma
nova geração que quer levar as coisas a sério. Esta geração quer aprender o que
a Igreja sempre disse para poder ensinar o mundo, para poder salvar o mundo, e
não perder-se no meio dele. Este “pequeno rebanho” estará disposto a dar a vida
para que a Igreja volte a ser o que sempre foi. Deus vult!
João Silveira
Bravo!!
ResponderEliminarBravíssimo!!!
ResponderEliminarDeus o ouça!
ResponderEliminarPobre de nós se um templo de pedras fosse a Igreja de Cristo. Quanta confusão anda por esses corações. E é bom que ajoelhemos e rezemos sim, não por causa de templos mas pela nossa conversão e do mundo. Deixo uma voz serena, é sempre bom escutar uma voz serena nestes dias tão confusos e de enganos que ainda não perceberam que a nossa salvação está só e só no Senhor:
ResponderEliminar"Todos os homens querem deixar vestígios duradouros. Mas o que permanece? O dinheiro não. Também os edifícios não permanecem; os livros também não. Depois de um certo tempo, mais ou menos longo, todas estas coisas desaparecem. A única coisa que permanece eternamente, é a alma humana, o homem criado por Deus para a eternidade. O fruto que permanece é portanto quanto semeámos nas almas humanas o amor, o conhecimento; o gesto capaz de tocar o coração; a palavra que abre a alma à alegria do Senhor. Então vamos rezar ao Senhor, para que nos ajude a dar fruto, um fruto que permaneça. Só assim a terra será mudada de vale de lágrimas para jardim de Deus. " (Santa Missa «Pro Eligendo Romano Pontífice» Homilia do Cardeal Joseph Ratzinguer)