No seguimento do 50º aniversário do novo Missal, promulgado pelo Papa Paulo VI, o Vatican News apresentou um texto do Padre Gerson Schmidt. O texto é um excelente resumo de como surgiu, e existiu ao longo dos séculos, o Rito Romano. No entanto a última frase parece não tirar a conclusão devida do resto do texto:
«Apenas três anos depois do término do Concilio Vaticano II, o Papa Paulo VI surpreendia o universo católico com a publicação de um novo “Ordo missae” – um novo missal Romano - que levava a data de 6 de abril de 1969. Os Papas, até Paulo VI, não modificaram o Ordo Missae– O Rito Romano, mesmo introduzindo-se modos próprios para novas festas, o que não destrói a chamada Missa Tridentina ou Missa de São Pio V.
Uma Missa Tridentina ou de São Pio V na verdade nunca existiu, já que, seguindo as instâncias do Concílio de Trento, não foi formado um Novus Ordo Missae, dado que a Missa de Pio V não é mais que o Missal da Cúria Romana, que foi se formando em Roma muitos séculos antes, e difundido especialmente pelos franciscanos em numerosas regiões do Ocidente. As modificações efectuadas em sua época por São Pio V são tão pequenas, que são perceptíveis tão somente pelos olhos dos especialistas.
O que fez, na verdade, Pio V? Não fez grande modificação. Tomou o missal em uso em Roma e em tantos outros lugares, deu-lhe retoques, especialmente reduzindo o número das festas dos Santos que continha. Não o tornou obrigatório para toda a Igreja. Respeitou até as tradições locais que pudessem se gloriar de ter, pelo menos, duzentos anos de idade.
Assim, propriamente: era suficiente que o missal estivesse em uso, pelo menos, há duzentos anos, para que pudesse permanecer em uso ao lado e no lugar daquele publicado por São Pio V.
O facto de que o Missale Romanum tenha se difundido tão rapidamente e tenha sido espontaneamente adoptado também em dioceses que tinham o modo próprio mais que bicentenário, deve-se a outras causas. Roma não exerceu sobre elas nenhuma pressão, e isto numa época em que, bem diferente do que acontece hoje, não se falava de pluralismo, nem de tolerância.
Portanto, deixando de lado a expressão imprópria de Missa Tridentina, falamos melhor de um Ritus Romanus. O rito romano remonta em suas partes mais importantes pelo menos ao século V, e mais precisamente ao Papa São Dâmaso (366-384).
O Canon Missae, com excepção de alguns retoques efectuados por São Gregório I (590-604), alcançou com São Gelásio I (492-496) a forma que conservou até há pouco. A única coisa sobre a qual os Romanos Pontífices não cessaram de insistir do século V em diante, foi a importância para todos de adoptar o Canon Missae Romanae, dado que dito cânon remonta nada menos que ao próprio Apóstolo Pedro.
O primeiro Papa que ousou inovar o Missal tradicional foi Pio XII, quando modificou a liturgia da Semana Santa. Seja-nos permitido observar, a respeito, que nada impedia de restabelecer a Missa do Sábado Santo no curso da noite de Páscoa, ainda que sem modificar o rito. João XXIII o seguiu por este caminho, retocando as rubricas. Mas nem um nem o outro, ousaram inovar sobre o Ordo Missae, que continuou invariável. Porém a porta tinha sido aberta, e por ela cruzaram aqueles que queriam uma substituição radical da liturgia tradicional e que a obtiveram.
Muitos não concordaram com as mudanças de Paulo VI com um novo Rito Romano e prevêem consequências desastrosas. Outros, no lado oposto, prefeririam ainda inventar uma liturgia totalmente nova, perdendo-se a tradição milenar. Mas sabemos que conservar o Rito Romano não é uma questão puramente de estética, de conservadorismo, mas de zelar pela natureza própria da Liturgia milenar, que remonda à comunidade primitiva. Por isso, o Papa Paulo VI trouxe essa renovação, conservando a tradição, com a publicação de um novo “Ordo missae” – o novo Missal Romano - em 1969, três anos depois do Concilio Vaticano II.»
Partilhar: Twitter..... para quando?
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