Meu Deus do meu coração, da minha alma, da
minha vida, das minhas entranhas, a quem tanto ofendi: tanto meu Deus, e
Senhor, que não tem o mar areias, o céu estrelas, o campo flores, as plantas
folhas, cujo numero não exceda a multidão sem numero de meus pecados, a
variedade sem conto de meus delitos.
Pequei, Senhor, ofendi-vos, fiz mal na
face dos Céus e da terra; afastei-me de vossa Lei, dei as costas à vossa graça,
adorei a vossa ofensa, fiz ídolo da minha culpa, corri sem temor nem pejo pelos
caminhos do engano, da vaidade, da perdição. Ah meu Deus! quanto me pesa do
muito que vos ofendi! Pesa-me do pouco que me pesa, do muito que vos agravei:
mais me pesa pela muita ingratidão com que vos tenho agravado, que pelo grande
inferno, que tenho merecido.
Mas que digo, Senhor? nada me pesa, meu
Deus : um pesar que me não tira a vida, não é pesar; uma pena que me não
arranca esta alma, não é pena; uma dor que me não me parte o coração, ainda não
é dor. Quisera ter uma pena das culpas que cometi, tamanha como as minhas
culpas. Quisera ter uma mágoa da ofensa. Quisera ter uma dor igual à vossa
misericórdia. Quisera com lágrimas de sangue chorar meus grandes pecados, mais
pelo que tem de culpa e agravo contra vós, que pelo que tem de dano e perdição
contra mim. Quisera, Senhor, que assim como no agravo foi infinita a culpa,
fosse no arrependimento infinita a pena.
Mas onde achei esta ânsia, senão na fonte
de vossa graça? Onde acharei esta dor, senão no conhecimento de vossa bondade
imensa e de minha maldade infinita? De onde hão-de de vir estas lágrimas, senão
do mar de Vossa misericórdia?
Aqui venho a vossos pés; não olheis o
como; não estranheis o quando, não repareis no tarde, olhai somente que venho.
Oh que miserável que venho, Senhor! Oh que torpe, oh que abominável! vestido
das fealdades de meus pecados, coberto das torpezas de minhas culpas, cheio de
abominações e vícios de minha vida! Mas como venho a vossos pés, confiado
venho, meu Deus, de achar em vossa misericórdia porto, em vossa piedade amparo,
em vossa clemência refúgio, em vossa bondade remédio.
Por isso, tremendo de vossa justiça, não
me valho de outro seguro, mais que do de vossa clemência : não solicito outro
abrigo, senão vossa misericórdia : nesta me fio, meu Deus; porque ainda que eu por
minha culpa perdi o ser de filho, vós, Senhor, infinitamente bom não perdestes
o ser e condição que tendes de Pai.
Acabe pois, Senhor, em mim vossa graça
infinita esta obra, que começou em mim vossa piedade infinita : acuda vossa
clemência a esta miserável criatura : tende dó e compaixão desta pobre alma.
Proponho com vossa graça emendar a vida, confessar as culpas, perseverar na
emenda, perdoar agravos, esquecer-me de injúrias, aborrecer meus vícios,
restituir como posso, satisfazer como devo a vossos Mandamentos.
Espero, Senhor, em vossa bondade infinita
me haveis de perdoar todos meus pecados, pela morte e paixão de meu Senhor
Jesus Cristo: porque, se nas suas chagas tendes a justiça para me castigar,
também tendes a misericórdia para me favorecer. Misericórdia. Misericórdia.
Misericórdia.
Composto pelo Padre Frei António das
Chagas, Religioso do Seráfico Padre São Francisco da Província dos Algarves, e
Pregador Apostólico
Não gosto. A culpa é da vítima.
ResponderEliminarRezai por nós senhores que somos fracos
.
Na tua esperança, na tua misercórdia está a nossa salvação.
Em ti cremos, a ti nos entregamos
Bendito seja o Nome do Senhor.
Serve?
Abraço
Manuel