Santo
Ambrósio diz que a pureza nos eleva até ao Céu e nos faz deixar a Terra,
enquanto é possível a uma criatura deixá-la. Ela eleva-nos por sobre a criatura
corrompida e, pelos seus sentimentos e desejos, faz-nos viver da mesma vida dos
anjos. Segundo S. João Crisóstomo, a castidade duma alma é de um preço aos
olhos de Deus maior do que a dos anjos, pois os cristãos só podem adquirir esta
virtude pelo combate, enquanto que os anjos a têm por natureza. Os anjos não
têm nada a combater para conservá-la, enquanto que um cristão é obrigado a
fazer uma guerra contínua a si mesmo.
S.
Cipriano acrescenta que a castidade nos torna apenas semelhantes aos anjos mas
dá-nos ainda um carácter de semelhança com o próprio Jesus Cristo. Uma alma
casta é uma imagem viva de Deus sobre a terra.
Quanto
mais uma alma se desapega de si mesma pela resistência às suas paixões, mais
ela se une a Deus; e, por um feliz retorno, mais o bom Deus se une a ela; Ele
olha-a, considera-a como sua esposa, como sua bem-amada; faz dela o objecto das
suas mais caras complacências, e fixa nela a sua morada para sempre.
'Bem-aventurados', diz-nos o Salvador, 'os puros de coração, porque eles verão
o bom Deus'.
Segundo
S. Basílio, se encontramos a castidade numa alma, encontramos aí todas as
outras virtudes cristãs, e irá praticá-las com uma grande facilidade, 'porque
para ser casto é preciso impor-se muitos sacrifícios e fazer-se uma grande
violência. Mas uma vez que se alcançou tais vitórias sobre o demónio, a carne e
o sangue, tudo o resto lhe custará muito pouco, pois uma alma que subjuga com
autoridade este corpo sensual, vence facilmente todos os obstáculos que
encontra no caminho da virtude'.
Vemos
também, meus irmãos, que os cristãos castos são os mais perfeitos. Nós vêmo-los
reservados nas suas palavras, modestos em todos os seus passos, sóbrios nas
suas refeições, respeitosos nos lugares santos e edificantes em toda a sua
conduta.
Santo
Agostinho compara aqueles que têm a grande alegria de conservar o seu coração
puro, aos lírios que se elevam directamente ao Céu e que difundem ao seu redor
um odor muito agradável; só a vista deles nos faz pensar naquela preciosa
virtude. Assim a Virgem Santa inspirava a pureza a todos aqueles que a
olhavam... Bem-aventurada virtude, meus irmãos, que nos põe entre os anjos, que
parece mesmo elevar-nos por sobre eles!
S.
João Maria Vianney (o Santo Cura d'Ars) in Sermão sobre a
Pureza
Quando ouço que a virtude da pureza ou castidade é o hábito de usar o sexo corretamente, pergunto-me se assim é. Bastará dominar-se a si mesmo para conquistar a intimidade com Deus? A castidade não se referindo apenas à abstinência sexual, mas atingindo todas as áreas da nossa vida, pensamentos, palavras, atitudes, não será acima de tudo proveniente e característica da própria relação com Jesus? Que a relação com Jesus, nos faz castos, não tenho dúvida, mas que a castidade nos leva obrigatoriamente a Ele, tenho algumas reticências que assim seja. Um católico pode usar o sexo corretamente uma vida, e não ser casto, porque o foco/motivo da sua ação não era Cristo. Será que um não crente, que viva a castidade na virgindade, conjugal, continência, será realmente casto, sem Cristo? A castidade é um dom facultado por Deus, como tantos outros, que não parece, aparentemente estar ao alcance de todos ou de ser atingido por todos. Bastará pedir-Lhe? E no caso das pessoas com tendências homossexuais, ainda que pelo domínio, pela oração e pela graça sacramental, se possam aproximar mais da perfeição cristã, será forma de resolução para a maioria? Se a castidade não pode ser conquistada pelas nossas forças, mas é dom, é graça, será que abrange a todos quantos a peçam? Quantas vezes passamos anos a pedir graças que nunca recebemos e muitos a lutar contra as suas inclinações e os seus vícios em vão? Será uma questão de confiança? Talvez, mas parece que por vezes vai além da confiança… Ou então somos simplesmente todos flores diferentes de um mesmo jardim (ref. Santa Teresinha) todas belas para Deus independentemente do maior ou menor grau de castidade…
ResponderEliminarEu penso que a verdadeira Castidade é a que é escolhida por Amor a Deus, em função de Um Bem Maior: por Amor ao Seu Reino. Depois, a Graça de Deus faz o resto e, quanto mais mergulhado n/Ele, mais o Homem se liberta de tudo o que o prende aos sentidos, em todos os aspectos, e vai aprendendo a viver, apenas, com o que lhe é indispensável-- somente Deus o sacia em Plenitude -- tal como afirma Santa Teresa de Ávila: Só Deus basta! Deus acaba por tomar essa alma, espiritualmente, como Sua Esposa e, aí, faz dela Sua Morada, como no Céu. A alma somente vive de Deus e para Deus, acabando por desejar ardentemente, morrer, para poder ir viver com Ele Face a Face e para sempre. Tudo o que existe no mundo, para ela, alma, não vale nada; tudo é lixo: morre porque não morre, embora saiba que deve aceitar a Vontade de Deus, porque somente Ele pode decidir pela sua vida.
ResponderEliminarEntretanto, uma alma, neste estádio, sofre com alegria tudo por Amor a Deus, e o seu único desejo é Amá-Lo, Consolá-lo e fazer com que todos o Amem de igual modo. Por isso, tudo aceita e até o sofrimento é relativizado. E porque está em Deus e se torna mais conhecedora dos Seus segredos e dos Mistérios Divinos, também, reconhece mais, a nossa miséria humana e a nossa podridão, perante a Perfeição de Deus. Assim, melhor entende, o quanto o Amor de Deus por nós é GRANDE e como só ALGUÉM INFINITAMENTE MISERICORDIOSO é capaz Amar tanto e perdoar tanto, seres tão desprezíveis, como nós!
E a melhor maneira de crescermos em Graça de Deus é através da oração, mortificação e vivência diária dos Sacramentos, esperando com Confiança o Tempo de Deus.
Gosto muito do segundo comentário.
ResponderEliminarPenso estar aí parte da explicação.
Se frequentarmos, os Sacramentos, especialmente a Confissão e a Eucaristia, assiduamente, e com Fé, por amor a Deus, Ele faz o resto e até nos dá sensações de Paz e de uma felicidade inexplicável , no meio da confusão, que nem mesmo nós percebemos. Uma doçura, que só pode vir Dele!
- Se conhecesseis o dom de Deus..."