Um sacerdote singularmente original resolveu acusar ferozmente de apóstata
um amigo meu que se atreveu a advogar a possibilidade da Sagrada Comunhão na
boca, nestes tempos de pandemia. Um apóstata, para quem não o saiba, é alguém
que abjurou da Fé rejeitou-a inteiramente deixando, por isso, de pertencer à
única Igreja de Jesus Cristo. A incriminação resultaria da desobediência à
Conferência Episcopal Portuguesa (CEP)...
E argumentava argutamente, este inteligentíssimo e eruditíssimo padre, que
a lei universal da Igreja tendo sido elaborada antes desta pandemia carecia de
qualquer validade, sendo que as orientações da CEP a abrogavam. É
verdadeiramente extraordinário!
Na minha ignorância e obtusidade absolutas que poderei dizer senão isto:
1- A lei universal da Igreja sobre a Sagrada Comunhão tem, como deveria ser
evidente, atrás de si uma experiência secular que passou por muitas pandemias e
pestilências.
2- Qualquer indulto da lei universal da Igreja terá de ser pedido ao
Vaticano, o qual poderá ou não aprovar. O que não sucedeu.
3- A desobediência a uma norma disciplinar nunca poderá ser considerada uma
apostasia.
4- A CEP, e qualquer Bispo diocesano, não publicou nenhum Decreto que
impusesse que a Sagrada Comunhão só podia ser dada na mão.
5- A CEP, tendo em vista a saúde dos Fiéis, aconselhou aquilo que alguns
médicos lhe disseram ser de maior segurança. Tendo em conta que muitos outros
médicos discordam desse parecer, a decisão da CEP é do âmbito ‘prudencial’ e
poderá mesmo ser errónea. Os Senhores Bispos, enquanto tais, não têem
qualificações científicas que lhes permitam pronunciar-se sobre o assunto. Por
isso o seu parecer nada tem de Doutrinal.
6- A própria CEP qualifica a sua posição como Orientações. Estas indicações
são dadas em vista da salvaguarda da saúde dos fiéis. Se essa saúde for
salvaguardada por outros meios não se pode, de modo nenhum, qualificar os que
Comungam na boca, ou os Padres, que lhes concedem a Sagrada Comunhão, como
desobedientes.
7- Nenhum Sacerdote, tomadas as devidas precauções, pode negar a Sagrada
Comunhão a quem a queira receber de joelhos e na boca.
8- É uma grande infelicidade gravemente abusiva que alguns Cardeais, Bispos
e Superiores maiores obriguem os seus seminaristas e/ou noviços a Comungarem na
mão e de pé. As Excelências Reverendíssimas e as Eminências têm o mesmo dever
de acatar a lei da Igreja como os outros, ou mesmo mais que os outros, já que
deviam dar o exemplo.
À honra de JESUS Cristo. Ámen.
Padre Nuno
Serras Pereira
" Dirige-te para a sagrada mesa de olhos baixos, mãos postas e atitude respeitosa. Caminha com gravidade e modestamente. Ajoelha-te com alegria e felicidade no coração. Ao comungar, conserva a cabeça direita e imóvel, os olhos baixos, abre com modéstia a boca, põe a língua humedecida sobre o lábio inferior e conserva-a imóvel até que o sacerdote coloque nela a sagrada hóstia." (S. Pedro Julião Eymard, 1811-1868 em "Obras Eucarísticas")
ResponderEliminarA Igreja deixou de ser uma instituição espiritual com Padres para ser uma organização com funcionários muito fraquinhos.
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