Rendido com a ingenuidade, sinceridade e humildade da resposta, tudo inspirado pelo Espírito Santo, recebeu-os com muita alegria e agasalho, dispondo-se, além disso a acolhê-los sempre, e a todos os que pertencessem à sua Ordem.
Prosseguindo viagem os quatros confrades adiantou-se-lhes o demónio em forma humana persuadindo o castelão de uma terra por onde teriam de passar que por ali passariam quatro homens disfarçados com um hábito singular que não passavam de ser perversos traidores.
Quando eles se aproximavam do Castelo logo os soldados investiram ferocissimamente contra eles. Frei Junípero imediatamente ofereceu o pescoço desnudado à espada que o ameaçava enquanto os três companheiros se prostraram por terra esperando a morte iminente. Vendo o castelão que vinham desarmados desacreditou do que lhe fora dito. Mas, estúpido como Pilatos, que, não obstante, ter reconhecido a inocência de Jesus O mandou flagelar, ordenou que surrassem Frei Junípero. S. Junípero, sempre igual a si próprio no seguimento de Jesus, depois da tareia logo se ergueu, dando os agradecimentos ao castelão, e fazendo-lhe uma reverência, continuou, com seus confrades, o seu caminho para a povoação em que tinham de fundar o convento.
Passado algum tempo, sucedeu que o castelão foi assistir à Missa a esse convento. Frei Junípero, sem ser reconhecido, logo o topou. Informado da sua residência e despojado de bens temporais instou com um amigo que lhe fizesse o favor de lhe enviar um grande dom que fosse digno de presentear a um homem de grande honra que lhe tinha prestado um grande favor. Recebida a prenda, logo a mandou ao castelão instruindo o portador que informasse o destinatário que lhe era enviada da parte de um Frade Menor como reconhecimento e recompensa de uma enorme prova de amizade que em determinada ocasião lhe tinha demonstrado.
O castelão confundido, agradeceu ao portador, não imaginando quem o teria oferecido; e curioso, depois do repasto, encaminhou-se onde o convento para se informar do tal frade que o tinha presenteado com um sinal de tamanha amizade. Adiantando-se Frei Junípero, logo confessou ser ele e mais adiantou o seu reconhecimento pela excelência do modo como tinha domesticado o seu inimigo.
Mas que inimigo é esse? perguntou o castelão. Disponho-me inteiramente para fazer sempre o que é do teu agrado. “O meu inimigo - respondeu S. Frei Junípero - é este irmão corpo, que vós domastes muito bem, quando me fizestes espancar no vosso castelo, porque desde então me tem sido mais obediente do que dantes”.
À honra de Cristo. Ámen.
Pe. Nuno Serras Pereira
ResponderEliminarMas isto é que é a VERDADEIRA HUMILDADE!
Com estes exemplos, cada vez nos sentimos MAIS HUMILHADOS, pois, o nosso "amor próprio" quase se agonia, com tanto servilismo...É que o "santo" frade não deu somente a outra face, mas o corpo todo para ser açoitado, e ainda agradeceu!
Ele entendeu bem a Mensagem do Mestre, pois, nos tempos que correm, "as duas bochechas" já não são suficientes, para oferecer aos inimigos da Fé, tantas são as provocações, como li há tempos, num Comentário Espanhol, quando o Bispo de Madrid pediu que se oferecesse a OUTRA FACE ao Governo, que quer DEMOLIR a Cruz do Vale dos Caídos, apelando à Paz! E a resposta de um internauta foi: Mais? Mas eu só tenho duas bochechas...