Confesso que nunca fui um Padre
que se especializasse em Liturgia. Acrescento que fui Ordenado Sacerdote numa
Missa de Paulo VI (Novus Ordo) e que até hoje até hoje sempre celebrei essa Missa.
Nascido em 1953, ainda tenho
vagas recordações da Celebração do Santo Sacrifício da Missa tal como oferecido
antes da chamada “Missa de Paulo VI”. O Missal que meus pais me tinham dado em
latim e com a tradução portuguesa tornou-se “inútil”. O altar antes usado foi
substituído por um outro, virado, não para Deus, mas para os fiéis,
aproximando-se deles. A Sagrada Comunhão, que era feita de joelhos e recebida
na boca, na balaustrada, dispensou esta, que demarcava o santuário da nave e
continuou, durante pouco temo, a ser realizada no mesmo modo. Brevemente
foi-nos mandado comungar de pé, em filas paralelas, sendo que se podia receber
Nosso Senhor na boca ou nas mãos.
Depois de alguns anos em que vivi
afastado da Igreja, ao ser tocado pela Graça, voltei e procurei empenhar-me,
não só na assistência aos desfavorecidos, mas também nas coisas intraeclesiais.
Assisti a conferências-pregações sobre a liturgia, chegando a participar numa
semana dedicada à mesma, em Fátima.
Depois de entrar no Seminário franciscano,
lia tudo o que saía da Santa Sé sobre liturgia - não somente os documentos a ela
dedicados, mas também as cartas admiráveis de S. João Paulo II aos sacerdotes
por ocasião das Quinta-feira Santa. Mais tarde, estudei com a máxima atenção e
gratidão as suas esplêndidas encíclicas sobre a Eucaristia.
Como, desde o Noviciado (1980/81),
depois de ter adquirido, em Assis, um livro sobre a Eucaristia do teólogo
Joseph Ratzinger, que eu desconhecia inteiramente. Maravilhado tornei-me num seu
grande entusiasta e, não obstante, as minhas limitações, procurei ser não ser
somente discípulo de S. João Paulo II, mas também do Cardeal Ratzinger.
Infelizmente, os ignorantes que não leram ou não estudaram, ou não
compreenderam, estes dois admiráveis filósofos e teólogos, cuidam que o Cardeal
Ratzinger era o mentor, influenciador, de S. João Paulo II, passando-lhes
despercebida a enorme influência teológica, aliás, confessada pelo próprio
Ratzinger, que S. João Paulo II nele exerceu.
Não obstante, a leitura de todos
os livros de Joseph Ratzinger publicados em francês, italiano e espanhol,
familiarizaram-me com as suas obras sobre liturgia; o que foi para mim
muitíssimo salutar.
De modo que, ao ser eleito Papa
Bento XVI, pareceu-me absolutamente normal e totalmente coerente com a Sagrada
Tradição da Igreja a sua iniciativa Magistral de promulgar o Motu Proprio SummorumPontificum.
A Sagrada Tradição da Igreja é fonte de Revelação, a par com a Sagrada
Escritura, sendo ela que elaborou o Novo Testamento e discerniu quais os livros
inspirados da Antiga Aliança.
Foi, pois, com um espanto desmedido,
enorme, que tomei conhecimento da promulgação do Motu
ProprioTraditionesCustodes[1], e da carta que o
acompanha, que contradiz ponto por ponto o Motu Proprio,
acima referido, de Bento XVI.
Uma vez que a contradição, entre
os dois, é patente e notória somos obrigados a perguntar-nos sobre qual será o
verdadeiro, isto é, aquele que se adequa à Realidade. Decidi por isso
aprofundar, nos últimos 3 meses, o assunto. Pessoalmente não tenho dúvidas. No
entanto, aqui vos deixo os livros que então estudei:
T&T
Clark Companion to Liturgy - Editor Alcuin Reid, mais 17 Autores, pp. 550
The
Organic Development Of The Liturgy - Dom Alcuin Reid, OSB, pp. 374
The
Voice of The Church at Prayer: Reflections on Liturgy and Language - Uwe Michael Lang, 225 pp.
Turning
Towards The Lord - Uwe
Michael Lang, pp. 180
The
Traditional Mass: History, Form, and Theology of the Classical Roman Rite- Michael Fiedrowicz, 350 pp.
Reclaiming
Our Roman Catholic Birthright: The Genius and Timeliness of the Traditional
Latin -
Peter A. Kwasniewski,
388 pp.
In persona Christi: La Messa unicotesoro e la sua
concelebrazione- EnricoZoffoli,
Athanasius Schneider, Nicola Bux, AurelioPorfiri, 90 pp.
Nothing
Superfluous -
James W. Jackson Fssp, 357 pp.
La distribuzione della comunione sulla mano: Profilistorici,
giuridici e pastorali
Padre Nuno Serras Pereira
[1] Este documento com a carta aos Bispos que o enquadra tem dados incorrectos, contraditórios e falsos. Acresce que somente 30% dos Bispos responderam ao inquérito da Sagrada Congregação da Doutrina da Fé - algo inédito. Enigmaticamente, as respostas estão na posse do Papa e em segredo Pontifício. Não se pode, pois, verificar da veracidade ou da falsidade das informações de Oficiais da Sagrada Congregação para a D. da Fé, as quais afirmam que muitas das respostas eram favoráveis, no que diz respeito aos grupos, comunidades e paróquias que celebravam a Missa de S. Gregório Magno, aperfeiçoada e confirmada por S. Pio V, após o Concílio de Trento.
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