No seu novo (e impressionante) documento, que aumenta as restrições à Missa Tradicional, a Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramento (CCDDS) acusa muitos católicos tradicionais de não reconhecerem a validade da Missa de Paulo VI (Novus Ordo). Por causa disso, dizem, a adesão à liturgia tradicional representa uma séria ameaça à unidade da Igreja.
Mas a CCDDS não fornece qualquer evidência para apoiar essa acusação contra os "tradicionalistas" - assim como, no motu proprio Traditionis Custodes, o Papa Francisco não forneceu qualquer evidência de que o inquérito dirigido aos Bispos tivesse descoberto uma preocupação generalizada sobre os atritos supostamente causado pelo movimento tradicional.
Pessoas de dentro do Vaticano revelam que, nas suas respostas ao inquérito, a maioria dos Bispos não revelou qualquer dificuldade com os "tradicionalistas". E os católicos familiarizados com o movimento tradicional raramente encontram fanáticos que negam a validade da liturgia nova. Mas, ainda que a acusação da CCDDS fosse verdadeira, as medidas apresentadas no novo documento seriam desproporcionais. Deixem-me explicar.
Os católicos que frequentam regularmente a liturgia tradicional constituem apenas cerca de 1% da população católica geral do mundo. Se 1% desses "tradicionalistas" rejeitarem o Novus Ordo (e acho que essa estimativa seria muito alta), então o problema está confinado a uma minoria quase irrisória.
No entanto, entre os católicos que assistem à Missa regularmente nas paróquias "normais", uma esmagadora maioria rejeita a validade da liturgia Novus Ordo!
Pesquisa após pesquisa demonstra que mais de 70% desses católicos não acreditam que Jesus Cristo Se torna verdadeiramente presente - Corpo, Sangue, Alma e Divindade - na Missa. Mas, se Jesus não estiver presente então a Missa não é válida. Portanto, a maioria dos fiéis numa paróquia católica comum acredita que a Missa é inválida. QED.
Claro que poucos desses católicos “comuns” diriam que a Missa é inválida, porque não reconheceriam o o silogismo que fiz no parágrafo anterior. As mais recentes gerações de catequeses miseráveis deixaram milhões de católicos apenas com uma vaga ideia do que é a Eucaristia, do que realmente acontece na Missa. Ainda assim, é evidente que a maioria dos católicos rejeita - ou talvez, mais precisamente, seja indiferente a - esse dogma central da Fé. Se são indiferentes, mais uma razão pela qual se afastam da Igreja. Se rejeitam a doutrina católica, minam a unidade dos fiéis.
Felizmente, a maioria incrédula está enganada, como qualquer tradicionalista que negue a validade da nova liturgia. O Novus Ordo é válido; a Eucaristia é a presença real de Jesus Cristo. Mas, para o bem da unidade da Igreja - para não falar da clareza da doutrina - o facto de que mais de 70% dos fiéis negarem efectivamente os ensinamentos da Igreja sobre a Eucaristia, a "fonte e ápice da vida cristã", é certamente um preocupação mais urgente do que a alegação de que 0,01% nega a validade da nova liturgia.
Phil Lawler in Catholic Culture
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