segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A felicidade de ter um filho 'sem querer' - Isabel Stilwell

Há umas semanas um estudo revelou que um grande número de mães planeiam a primeira gravidez, mas que engravidam de um segundo filho ‘sem querer’. Ou seja planeiam menos. Hoje publicamos uma outra sondagem que revela que as mulheres com filhos têm apenas 29 minutos por dia para si e que são extraordinárias gestoras da sua vida familiar e profissional. Sabendo, por experiência própria e observação alheia, de como ser mãe nos deixa de língua de fora, numa ginástica que supera tudo o que é imaginável, era mais lógico que as mulheres fossem ao primeiro filho ao engano, mas sabendo naquilo em que se tinham metido, evitassem ou programassem ao detalhe uma nova gravidez.

Mas não é assim e quem tem filhos suspeita bem porquê. É que a frieza do raciocínio de quem ainda não foi mãe desaparece para sempre depois de se ter tido um filho, e a ideia de nunca mais vir a ter um bebé nos braços é tão opressora que, se possível, encontra maneira de contornar o que a luz da razão poderia parecer mais sensato. Porque ter um filho é uma experiência que nos muda para sempre. Nunca mais dormimos uma noite seguida, nunca mais nos sentamos à mesa para uma refeição com princípio, meio e fim, já para não falar nos pensamentos constantemente interrompidos por uma exigência qualquer, mas também não voltamos a questionar o que fazemos neste planeta, nem a duvidar de que amamos e somos amados incondicionalmente.

Com momentos de desespero pelo meio, guerras e conflitos, amuos e birras, por vezes perdidos, mas sempre achados. E para sempre conscientes de que não podemos controlar tudo nas nossas vidas, para o mal, mas sobretudo para o bem. Sem me querer armar em psicanalista de serviço, há com certeza lapsos que tem uma explicação muito mais profunda do que aquilo que julgamos. E ainda bem, diz certamente qualquer mãe de um segundo ou mais filhos, porque nunca se arrependeram, de certeza absoluta, do dia em o teste de gravidez foi positivo (mesmo que no momento, e durante muito tempo depois disso, não tenham sabido o que fazer à vida).

Quanto às que pelas mais justificadas razões só quiseram ou puderam ter um filho, chegadas aqui suspiram. Suspiramos sempre, mesmo quando já pomos os olhos nos netos.

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