quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Papa Francisco contra as ideologias destruidoras da Família

 
Hoje vemos e experimentamos, em várias frentes, como a família está a ser fragilizada e está a ser posta em discussão. Julgando-a um modelo já ultrapassado e sem lugar nas nossas sociedades, e, a pretexto de modernidade, favorece-se cada vez mais um sistema baseado no modelo do isolamento. E vão-se inoculando nas nossas sociedades – e dizem-se sociedades livres, democráticas, soberanas! – vão-se inoculando colonizações ideológicas que as destroem e acabamos por ser colónias de ideologias destruidoras da família, da célula da família, que é a base de toda a sociedade sã.

Sem dúvida, viver em família não é sempre fácil e, muitas vezes, é doloroso e árduo. Contudo, como disse já mais de uma vez (referindo-me à Igreja, mas penso que se possa aplicar também à família), prefiro uma família ferida que cada dia procura harmonizar o amor, a uma família e sociedade adoentada pelo confinamento e ou a comodidade do medo de amar. Prefiro uma família que procura uma vez e outra recomeçar a uma família e sociedade narcisista e obcecada com o luxo e o conforto. 

«Quantos filhos tendes?» «Nenhum; não temos porque, claro, gostamos de sair nas férias, fazer turismo, queremos comprar uma quinta». O luxo e a comodidade; e os filhos ficam para trás. E, quando quisestes ter um…, já o tempo tinha passado. Que grande dano faz isto. 

Prefiro uma família com o rosto cansado pelos sacrifícios à família com rostos maquilhados que não se entendem de ternura e compaixão. Prefiro um homem e uma mulher, como o senhor Aniceto e a esposa, com o rosto enrugado pelas lutas de todos os dias, que, passados mais de cinquenta anos, continuam a amar-se, como se vê; e o filho aprendeu a lição pois fazem vinte e cinco anos de casados. Estas são as famílias! Há pouco perguntei ao senhor Aniceto e à sua senhora, quem teve mais paciência nestes cinquenta e tantos anos: «Os dois, padre». Com efeito na família, para se chegar ao que eles chegaram, é preciso ter paciência, amor, é preciso perdoar-se. 

«Mas, padre, uma família perfeita nunca discute!» Mentira! Até é conveniente que discutam de vez em quando, e, se voar algum prato, não tenham medo. O único conselho é que não terminem o dia sem fazer a paz; porque, se acabam o dia em guerra, vão acordar já em guerra fria, e a guerra fria é muito perigosa na família, porque vai escavando por debaixo das rugas da fidelidade conjugal. Obrigado pelo testemunho de se amarem durante mais de cinquenta anos. Muito obrigado!

in Encontro com as Famílias - Estádio “Víctor Manuel Reyna” (México) - 15.II.2016

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